Thomas (David Hemmings) é um fotógrafo de moda que não suporta mais o mundo em que vive, no qual jovens mulheres o perseguem para serem fotografadas na esperança de se tornarem grandes modelos.Um dia, ao passar por um parque de Londres, ele vê um casal à distância e resolve fotografá-los. Ao vê-lo Jane (Vanessa Redgrave) corre ao seu encontro, pedindo que lhe entregue os negativos das fotos. Ele se recusa e vai embora, mas ela descobre o endereço de seu estúdio e vai visitá-lo. Lá Jane tenta seduzi-lo e Thomas a engana, entregando outro rolo fotográfico. Ao revelar as fotos, Thomas percebe que pode ter documentado, sem querer, um assassinato.
Blow Up – no Brasil, Blow Up – Depois Daquele Beijo, Michelangelo Antonioni, edição otimizada, restaurada, Reino Unido|Itália, 1966. Vanessa Redgrave, David Hemmings, Sarah Miles. MGM.
Há dias (“Opinião”, 16/1), falando da leitura de jornais pela internet, escrevi que, agora, podia-se ter acesso a qualquer um, da Folha ao “Shinbone Star” e ao “Figaro-Pravda”. Era uma brincadeira, claro. Alguns leitores a decifraram de estalo e riram muito. O “Shinbone Star” e o “Figaro-Pravda” são dois famosos jornais que nunca existiram.
O “Shinbone Star” é o jornal de “O Homem Que Matou o Facínora” (1962), de John Ford, que o bandido Lee Marvin empastela antes de sair para duelar com o indefeso advogado James Stewart. E o “Figaro-Pravda” é o jornal do qual Eddie Constantine se diz repórter ao chegar à metrópole futurista no filme de Jean-Luc Godard, “Alphaville” (1965). O “Figaro” era o jornal mais reacionário da França, e o “Pravda”, o órgão oficial do Partido Comunista soviético –Godard anteviu que os dois um dia seriam a mesma coisa.
Eu poderia ter citado o “Daily Inquirer” ou o “Herald-Examiner”, mas temi que só os melhores ratos de cinemateca os identificassem. O “Inquirer” é o pasquim que Orson Welles compra e torna uma potência em “Cidadão Kane” (1941). E o “Herald-Examiner” é o jornal de “A Primeira Página” (1974), de Billy Wilder, em que o editor Walter Matthau faz todas as sujeiras para impedir que seu melhor repórter, Jack Lemmon, peça demissão para casar.
Nada supera um jornal de ficção, não? Vide o poderoso “Planeta Diário”, composto apenas de um diretor (Perry White), dois repórteres (Clark Kent e Miriam Lane), um “foca” (Jimmy Olsen) e zero fotógrafos.
Mas bom mesmo é o jornal romano não identificado para o qual Marcello Mastroianni trabalha em “A Doce Vida”. Não lhe exige entrevistar ninguém, nem tomar notas, nem mesmo ir à redação. Ao contrário, permite-lhe viver na noite, desfilar pela Via Veneto e tomar banho na Fontana de Trevi com Anita Ekberg.
A proposta de “reforma fiscal de longo prazo” de Dilma Rousseff, divulgada na sexta, elevou a níveis inéditos a tensão entre ela e o PT. O texto prevê, entre outras coisas, a “suspensão de aumento real do salário mínimo” em caso de elevação de gastos acima de limite ligado ao crescimento do PIB.
DE SAÍDA
“É quase um rompimento explícito dela com o partido”, afirmou um senador petista à coluna, que colheu também as seguintes afirmações de diferentes lideranças: “Dilma atravessou o Rubicão”; “há um descasamento cada vez maior entre ela e o partido”; “a presidente está fazendo um movimento deliberado para sair do PT”.
NO FRONT
Em artigo assinado com o economista João Sicsú, cujo título é “O que é isso, Dilma?”, o senador Lindberg Farias (PT-RJ) diz que o governo cede cada vez mais a “elites adeptas do neoliberalismo” e cita frase de Winston Churchill ao então primeiro-ministro do Reino Unido, Neville Chamberlain, quando o país negociava territórios com Hitler em 1938 para evitar um confronto com a Alemanha: “Entre a guerra e a desonra, você escolheu a desonra. E terá a guerra”.
NO FRONT 2
As propostas devem ser duramente criticadas na reunião do diretório nacional do PT, na sexta. Rui Falcão, presidente do partido, diz que não se manifestará sobre elas antes do encontro.
LINHA DIRETA
Caso sustente a tese, como se espera, de que a Odebrecht fez pagamentos a ele no exterior por campanhas eleitorais realizadas em outros países, o marqueteiro João Santana estabelecerá a ligação entre as offshores que abasteceram contas dele e de ex-diretores da Petrobras com a empreiteira. A construtora nega ser a controladora dessas empresas.
PEÇO PERDÃO
A admissão de que as contas no exterior, não declaradas, são mesmo de Santana não configuraria, em tese, um crime. Anistia aprovada recentemente pelo Congresso admite que o cidadão que escondeu recursos no exterior confesse a omissão, pague multa e nem sequer responda a processo.
DINHEIRO LIMPO
É preciso, no entanto, provar que os recursos provêm de fonte lícita.
EM CASA
O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), liberou para votação processo que discute se a funcionária pública que adota um bebê tem direito a até seis meses de licença-maternidade, como ocorre com a servidora que engravida. Hoje, a adotante tem direito a três meses, prorrogáveis por 45 dias, se adota um bebê, ou a apenas 30 dias, se o filho for maior de um ano.
Acompanhar o que políticos e autoridades fazem em pé dá um trabalho danado. Deveria bastar. A desavença da jornalista Mirian Dutra com Fernando Henrique Cardoso reabriu a questão das relações perigosas na corte, que é velha como a Nação. Um filho da marquesa de Santos com d. Pedro 1º nasceu em 1823. Há poucos dias o ex-presidente perguntou: “Por que discutir como se fosse pública uma questão privada?”
Porque contém elementos que justificam sua discussão. Alguns aspectos do episódio são privados, compondo uma trama de folhetim. Segundo Mirian Dutra, ela teve um filho com FHC em 1990. Dois exames de DNA indicaram que a criança não era dele. O ex-presidente aceitou a paternidade e amparou o jovem, educando-o no exterior e presenteando-o com um apartamento em Barcelona.
Mirian Dutra informou que o pai da criança era um biólogo e a palavra da mãe merece respeito. Hoje ela reconhece que isso era mentira e, retomando a linha do folhetim, contesta os exames de DNA. Seu argumento –”uma mulher sabe quem é o pai”– é insuficiente. Aí termina a parte que poderia ser vista como privada.
A questão pública surge quando Mirian Dutra revela que em dezembro de 2002, no último mês de FHC na Presidência, assinou um contrato com a empresa Brasif, que suplementou seus rendimentos com cerca de US$ 100 mil ao longo de três anos. A Brasif era a concessionária de lojas de “duty free” em aeroportos brasileiros. Ela nunca prestou qualquer serviço à empresa. Nessa época, vivia na Europa a serviço a TV Globo, onde trabalhava desde 1985.
A concessão de lojas de “duty free” no desembarque de passageiros de voos internacionais é assunto de natureza pública, além de ser uma jaboticaba. O dono da Brasif, Jonas Barcellos, tinha boas conexões políticas. Em 1997 o tucanato baixou de US$ 500 para US$ 300 o teto de compras permitidas aos viajantes. Pouco depois, recuou. Na República dos comissários, a Brasif reciclou-se e teve como consultor o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Em 2006 a operação de lojas de aeroportos da Brasif foi vendida à empresa suíça Dufry.
Barcellos reconheceu que Mirian Dutra foi contratada “para realizar pesquisas sobre preços em lojas e free shops na Europa”. Se foi assim, como o contrato previa depósitos mensais de US$ 3.000, a empresa poderia ter suspendido os pagamentos ao ver que ela nada pesquisava.
Esse episódio é um indicador de quanto o Brasil melhorou. Em 1974, Roberto Campos, o corifeu do liberalismo brasileiro, ex-ministro do Planejamento e embaixador na Inglaterra, tinha uma namorada. Chamava-se Marisa Tupinambá. Para tê-la por perto, aninhou-a na embaixada do Brasil em Paris. Um ano depois, demitida, ela foi para Londres, onde recebia uma mesada da Odebrecht. Campos voltou ao Brasil em 1978 e os dois continuaram a encontrar-se até que brigaram na noite de 28 de abril de 1981.
Na dia seguinte, informou-se que Campos fora assaltado e esfaqueado no centro de São Paulo. Dezenas de pedestres suspeitos foram presos. Era tudo mentira. Tupinambá o esfaqueara num apart-hotel a quilômetros de distância do “assalto”. Ela publicou sua história no livro “Eu fui testemunha”. Conta a lenda que outra empreiteira comprou toda a edição.
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