BRASÍLIA – As lágrimas rolaram no carpete da Câmara. Na tarde de 11 de agosto de 2005, deputados da esquerda do PT choraram copiosamente no plenário. Eles estavam abalados com revelações de Duda Mendonça, marqueteiro da campanha que levou Lula à Presidência.
Naquele dia, o publicitário admitiu à CPI dos Correios ter recebido R$ 11,9 milhões do partido no exterior. “Esse dinheiro era claramente de caixa dois”, afirmou. O relato chocou petistas que ainda empunhavam a bandeira da ética na política.
“Nós nos sentimos apunhalados”, disse o deputado Chico Alencar. “Entramos em parafuso”, reforçou Ivan Valente. Desiludidos com o mensalão, os dois deixaram o PT. Onze anos depois, a maldição do marqueteiro volta a assombrar o partido.
A ordem de prisão de João Santana é mais um duro golpe no petismo. O publicitário foi responsável pelas últimas três campanhas presidenciais da sigla. Em 2014, ajudou a reeleger Dilma Rousseff com um bombardeio impiedoso aos adversários Marina Silva e Aécio Neves. Até ontem, continuava entre os únicos conselheiros ouvidos pela presidente.
A Lava Jato rastreou depósitos de US$ 7,5 milhões (cerca de R$ 30 milhões) numa offshore atribuída ao marqueteiro. O dinheiro foi repassado pela Odebrecht e por um lobista acusado de desvios no petrolão.
Em nota, João Santana disse que as acusações são “infundadas” e que o país vive um “clima de perseguição”. O juiz Sergio Moro viu “fundada suspeita” de que os pagamentos eram para “remunerar, com produto de acertos de propina em contratos da Petrobrás, serviços prestados ao Partido dos Trabalhadores”.
Ainda não está claro se o caso atingirá a campanha de Dilma, mas já é possível apontar ao menos uma diferença entre os escândalos com marqueteiros do PT. Há 11 anos, muitos políticos do partido tinham motivos sinceros para se chocar. Agora, ninguém pode mais derramar lágrimas de surpresa.
Nas conversas que tem tido com o Ministério Público Federal sobre a possibilidade de fazer delação premiada, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) teria prometido falar de Lula, de Dilma Rousseff e também de ministros do governo dela.
CONEXÃO ATIBAIA
Delcídio do Amaral é próximo de José Carlos Bumlai, o fazendeiro amigo de Lula que já admite até ter participado da reforma do sítio frequentado pelo ex-presidente em Atibaia (SP).
CONEXÃO BRASÍLIA
O senador poderia revelar informações também sobre como o governo de Dilma Rousseff teria buscado nomear para tribunais superiores magistrados que seriam simpáticos às teses de defesa das empresas envolvidas na Operação Lava Jato. Dois ministros estariam na mira de Delcídio: José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Edinho Silva, da Comunicação Social. Jaques Wagner também pode ser citado.
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Em janeiro, Delcídio enviou vários recados ao governo afirmando acreditar que a Justiça só não autorizava sua saída do cárcere porque Dilma, Cardozo e Lula não se moviam para que ele obtivesse o benefício. Citá-los na delação seria a revanche pelo menosprezo com que acreditaria estar sendo tratado.
PASSA BATIDO
Integrantes da equipe de Dilma que receberam os recados acreditavam que a história de que o governo tentou interferir nos tribunais não “colaria”, especialmente por envolver Cardozo. O ministro é criticado justamente por não interferir nos trabalhos da Polícia Federal nem mesmo quando há queixas de excessos nas operações.
AMIGO RENAN
Há parlamentares também na explosiva lista de Delcídio. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), seria um dos poupados.
AMIGA DILMA
Antes de ter a prisão decretada, o marqueteiro João Santana repetia até aos mais próximos declarações de afeto e fidelidade à presidente Dilma Rousseff.
Elles é um registro sobre prostituição de estudantes universitárias de Paris em uma versão de revista feminina. Além disso, a forma como o tema foi abordado levou simultaneamente ao foco da sexualidade do homem casado. Esse enviesamento é interessante porque o roteiro é assinado por duas mulheres, inclusive a diretora, Malgorzata Szumowska. Uma explicação para esse viés seria a terceira protagonista, a jornalista interpretada por Juliette Binoche, que vive problemas conjugais e familiares e tem sua vida sexual alterada com esse trabalho. Para os fãs da atriz francesa, vale a pena conferir o seu desempenho.
Os segredos da prostituição em “Elles”
O tema de Elles se encaixa na agenda de manifestações de mulheres como a Slutwalk, que teve início em abril de 2011 em Toronto e se espalhou no mesmo ano por cidades de vários países. Essa relação é importante porque posiciona o filme em um contexto histórico e social, embora não seja intencional. Mas, nesse longa, não se trata de uma defesa ou afirmação da prostituição; ao contrário, as garotas administram vidas duplas, mantendo a atividade de prostituta escondida de namorados e parentes.
A forma como Szumowska apresenta o tema tem algumas passagens semelhantes a um documentário, já que as garotas são entrevistadas pela jornalista Anne (Juliette Binoche, de Cópia Fiel). Lola (Charlotte, Anaïs Demoustier) e Alicja (Joanna Kulig) responderão a perguntas do tipo “como foi a primeira vez”, “como são os clientes”, “por que se prostituem” etc.
As respostas são recebidas por Anne com certa imparcialidade, sem que haja julgamentos. No entanto, o que se delineia é um filme ao estilo da revista Elle, com um pouco menos de glamour. Não há um aprofundamento na questão da prostituição, quase não há espaço para o lado negativo da atividade e mesmo a sexualidade feminina acaba sendo revelada em função da masculina. Isso acontece porque as práticas sexuais trazidas nas entrevistas estão muito ligadas ao cliente, “como ele é”, “do que gosta”, como se a entrevistadora quisesse resolver a relação com seu marido.
Encadeamentos narrativos são base do filme da diretora Malgorzata Szumowska. Elles pode apresentar uma dificuldade, entender a montagem das cenas. O resumo do filme é simples: a jornalista vai fazer entrevistas para um artigo da revista Elle sobre prostituição, envolve-se com as garotas e muda sua vida pessoal. Mas às vezes é difícil acompanhar o encadeamento de um dia na vida familiar de Anne com as duas entrevistas e as cenas que retratam os relatos de Lola e Alicja. Além disso, a trama é aberta e há espaço para interpretações em algumas passagens. Deixar que a audiência preencha lacunas não é um problema, na verdade é bastante produtivo. No entanto, às vezes o encadeamento das cenas pareceu aleatório e isso dificulta um pouco a compreensão da sequência dos eventos.
Um outro aspecto do filme que pode ser destacado diz respeito à trilha musical: a personagem descabelada de Juliette Binoche escuta uma rádio de música clássica. Assim, o longa contava com música na própria cena. Quando isso não acontecia, podia aparecer algo bonito como o segundo movimento da sétima sinfonia de Beethoven durante um programa de Lola. Enfim, o melhor do filme é que algumas cenas com interpretações de Binoche são memoráveis.
A notícia deve ser confirmada nos próximos dias: a família Lemanski vendeu por um real a sua participação acionária no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, para a família Cunha Pereira, que já era acionária da empresa.
O motivo deve ter sido, segundo minhas fontes, os prejuízos acumulados nos últimos anos pelo jornal (que teriam sido de R$40 milhões no ano passado), os quais vinham sendo cobertos com lucros da RPC TV (sociedade dos Cunha Pereira com os Lemanski).
A sociedade entre as duas famílias não se altera na rede de TV, mas nos jornais acaba. Além da Gazeta do Povo os Cunha Pereira agora também são os únicos donos da Tribuna do Paraná, que vem perdendo circulação ano após ano (da mesma forma que a Gazeta do Povo, o que deve ter se ampliado com a transformação do jornal do formato standard para berliner).
Na semana passada a Gazeta demitiu 12 funcionários sênior, inclusive o competente diretor de redação, Eduardo Aguiar, e outros que tinham sido contratados em Rio e S.Paulo, muitos deles com salários de R$50mil.
Minhas fontes revelam que a Tribuna deverá deixar de circular até junho (se não reverter suas perdas em circulação e receita)..e que a Folha de Londrina enfrenta também uma situação delicada, com uma dívida da ordem de R$40milhões.
O mercado de garotas de programa só cresce. Muita gente acha estranho devido aos “avanços” nos costumes sexuais. Não acredito nesses “avanços”, apesar de que está na moda dizer que hoje todo mundo transa com todo mundo e que está tudo muito legal.
Acho que a atividade sexual “não remunerada” deve estar decrescendo na humanidade, se contarmos do Alto Paleolítico pra cá.
Duvido mesmo de que haja qualquer mudança na sexualidade dos mais jovens (voltarei a esse tema em seguida). Acho, sim, que há um novo mercado “psi” que fala disso o tempo todo, inclusive, gerando fantasmas, que a mídia alimenta e reproduz como “pauta”.
O próprio fato de que o mercado das garotas de programa só cresce é, de alguma forma, prova de que uma insistente ancestralidade permanece no fundo desse rio de modinhas que encanta esse mundinho de ricos e entediados.
Outro dia, uma aluna, assustada, perguntava pra mim como era possível que ainda existissem garotas de programa, mesmo depois da emancipação feminina e da conclusão, que se tira normalmente (e que julgo equivocada), de que as mulheres “ficaram mais livres e, por isso mesmo, o sexo ficou mais fácil e satisfatório”. E pior: o mercado só cresce!
Que horror nos olhos dela, coitada! Exemplo claro de uma juventude pouco informada que tem sido, sistematicamente, enganada por seus professores pastores de Marx, Foucault e Jesus. Ela teria lido algo numa revista sobre isso, talvez de fora do Brasil. Ao ouvi-la, lembro da reportagem que a revista inglesa “The Economist” fez alguns poucos anos atrás sobre o crescimento desse mercado, inclusive, defendendo que o PIB do Reino Unido passasse a somar o mercado de garotas de programa.
Uma das razões para o crescimento seria apenas tecnológico, devido à “uberização” do mercado das meninas. Com as redes sociais, elas se tornaram livres dos intermediários. Podemos dizer, com todo respeito, é claro: “Graças a Deus” que as meninas estão ficando livres desses atravessadores violentos.
Mas, e esta era a razão do horror da jovem em questão, uma das causas para o crescimento seria, justamente, a emancipação feminina. Como pode uma coisa dessas ser verdade?
Por que a emancipação feminina tornou a garota de programa mais desejável? Se pensarmos que uma mulher emancipada é uma maravilha, já que “ela se paga”, por qual razão dos céus alguém pode imaginar uma maior procura pelo sexo profissional justamente depois que as mulheres ficaram mais “fáceis”?
Simples responder: aumentou a cobrança. A garota de programa só pede mil reais. Uma mulher pede tudo. Homens sempre tiveram medo das mulheres e, agora, com as meninas superpoderosas à solta, ficou pior. A garota de programa é a mulher mais confiável que existe. Homens odeiam cobrança feminina, e as meninas adoram cobrar o caras. Emancipadas, as mulheres se tornaram verdadeiros dragões de cobrança. Mulher emancipada estressa todo mundo. A garota de programa acalma todo mundo.
Quando uma mulher deixa de “custar” só dinheiro, ela passa a custar muito mais caro. Por isso, eu disse à minha querida aluna: é que a emancipação feminina estimula o mercado do sexo. E mais: no mercado do sexo só corre dinheiro, e dinheiro é a coisa mais honesta, sincera e reta do mundo. Por isso ele dá tanta raiva.
Mas, voltando à suposta mudança na vida sexual dos mais jovens. Se há alguma mudança de fato, é um maior “encaretamento” dos jovens. Nunca houve uma geração mais careta do que esta, de Y a Z. Confunde-se perder a virgindade com deixar de ser careta. Confunde-se beijar alguém do mesmo sexo com deixar de ser careta. Os jovens de hoje são um poço de moralismo, por isso se levam tão a sério.
As meninas do passado davam lição de safadeza pra essas meninas descoladinhas de hoje. Podiam casar virgens (será?), mas davam tudo que tinham antes, generosamente e sem medo…
Com tanta gente jovem careta querendo sexo saudável sem sangue, só uma garota de programa mesmo pra tocar o fundo de nossos corações solitários sedentos de alguma sinceridade no mundo.
Luiz Felipe Pondé, escritor, filósofo e ensaísta, é doutor em Filosofia pela USP e professor do Departamento de Teologia da PUC-SP e da Faculdade de Comunicação da Faap.
A jovem irlandesa Ellis Lacey (Saoirse Ronan) se muda de sua terra natal e vai morar em Brooklyn para tentar realizar seus sonhos. No ínicio de sua jornada nos Estados Unidos, ela sente falta de sua casa, mas ela vai tentando se ajustar aos poucos até que conhece e se apaixona por Tony (Emory Cohen), um bombeiro italiano. Logo, ela se encontra dividida entre dois países, entre o amor e o dever.
Irlanda|Reino Unido|Canadá|2016|Direção de John Crowley|Saoirse Ronan, Domhnall Gleeson, Emory Cohen|Baseado no romance de Colm Tóibín|
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