Rui Werneck de Capistrano

CLICHÊ-dois

Estou preocupado com a classificação de fragmentos rechaçados de culturas falidas ou obsoletas. Recolho tudo como se fossem pequenas conchinhas sem defeito que o mar atira na praia. Ponho-as por ordem de tamanho sobre a mesa. Enredo-me com frangalhos e espanto o frio da alma com uma taça de vinho tinto das palavras. Quero entender que a palavra símbolo vem do grego symballein que quer dizer “jogar juntos” e que uma chaleira só não faz verão. As coisas isoladas não são símbolos. A escrita chinesa sempre associa coisas para que tenham valor de símbolo. Um pássaro não simboliza liberdade, mas um pássaro na gaiola simboliza prisão. Toda cultura já produzida está desenterrada, fedendo à flor da terra. Cheiramos Idade Média e comemos Iluminismo. Basta abrir a geladeira e temos tudo à mão: de Darwin a Lewis Carroll. O centro está em todas as partes e as margens não estão em lugar nenhum. Procuramos o elo faltante da nossa vida para nos tornarmos símbolos de alguma coisa maior. Trabalhamos na recuperação, reavaliação e reaproveitamento de todas as civilizações numa simples escolha de um tecido na loja.

Acho que já cansei do monólito, do fechado, do sólido. As migalhas caem sobre nós, os resíduos nos habitam, os retalhos nos vestem. Um punk comendo x-salada. Um xavante ouvindo tecno-pop. Tudo o que está ao nosso alcance se converte em nossa extensão para chegar ao plenimundo. Na linguagem, a mistura se acentua ao escrevermos lava car com jet espuma ou happy hour com petiscos. Uma tentativa da expressão total em linguagem coloquial. Apreender tudo para não ficar fora de sintonia. Dizemos tranquilamente faça um full banner para hot site e vamos tomar um café. O grande liqui-dificador do mundo moderno está ligado — tá ligado? — na mais alta rotação. Somos ou não apenas farrapos humanos? Nossas reações ancestrais diante de situações super-hiper-mega-modernas não devem nos constranger. Vestidos a rigor, ainda nos arrepiamos numa rua escura se ouvimos passos perfeitamente humanos atrás de nós.

Rui Werneck de Capistrano masca clichês e chicletes.

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Mural da História

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Governo Alckmin brincando de esconde- esconde

Blog do Orlando

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Portfólio

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Lula, o sem-celular

Como todo mundo já está sabendo, foi descoberta uma antena de telefonia celular da operadora Oi a menos de 150 metros do famoso sítio de Atibaia. Pela posição diferente dela, fora do padrão de instalação inclusive de outras operadoras, a imprensa deu cobertura ao assunto. Já na primeira matéria publicada no jornal Valor, as respostas obtidas foram suspeitas. A Oi foi procurada e optou por “não comentar a demanda feita pelo jornal”, reação muito esquisita se for algo normal. Bastaria dar a explicação técnica sobre a disposição da antena.

Outra resposta de desconfiar foi a do Instituto Lula, que informou que “o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não possui celular”. Grande novidade. Não é supresa para ninguém o Lula não ter celular. Por que é que teria celular o sujeito que não tem triplex no Guarujá, mesmo com a mulher dele acompanhando reformas bancadas pela empreiteira, e nem é dono do sítio de Atibaia, para onde foram suas caixas de bebida e de onde ele não sai? Ora, o Lula deve estar usando o celular de alguém, talvez até de capinha laranja.

José Pires|Brasil Limpeza

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Justiça que tarda já falhou

BRASÍLIA – Um velho ditado diz que a Justiça tarda, mas não falha. No Brasil, a prática mostra que a Justiça que tarda já falhou. Os criminosos sempre contaram com o tempo para escapar do castigo. A regra favorecia os réus mais ricos, com advogados capazes de estender seus processos até o infinito.

Até aqui, todo condenado podia recorrer em liberdade enquanto a sentença não fosse confirmada em definitivo pelo Supremo Tribunal Federal. A corte alterou a regra nesta quarta, ao permitir a prisão após julgamento em segunda instância.

A mudança deve reduzir a longa demora dos processos. Causas que se esticavam por 20 anos poderão ser encerradas em 5. É o que previa o ex-ministro Cezar Peluso ao defender um freio à farra dos recursos.

“Nenhum país exige mais do que dois graus de jurisdição para que se dê efetividade a uma decisão criminal”, disse nesta quarta o ministro Luís Roberto Barroso. “A sociedade não aceita mais a presunção de inocência de uma pessoa condenada que não para de recorrer”, emendou o ministro Luiz Fux.

Casos como o do ex-senador Luiz Estevão mostram como o sistema brasileiro era aliado da impunidade. Campeão em recursos protelatórios, ele nunca foi preso pelas fraudes na construção do TRT paulista, cometidas há mais de duas décadas.

Como era de se esperar, as grandes bancas de advocacia protestaram contra a mudança. O presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, também ficou contrariado. Ele disse que a nova regra mandará mais gente para presídios superlotados.

O sistema carcerário é mesmo uma vergonha, mas isso nunca impediu a prisão de quem não tinha dinheiro para recorrer longe da cadeia.

*

Com as revelações da jornalista Mirian Dutra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso descobriu o que Lula e Renan já sabiam. Na política brasileira, ex é para sempre.

Bernardo Mello Franco – Folha de São Paulo

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Bananão

Fernando Henrique Cardoso. © Myskiciewicz 

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Mural da História

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Vai lá!

Aqui!

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Reprovados em Delfos

Lições importantes são aprendidas ao se comparar declarações, idéias, teorias ou conceitos separados pelo tempo, que em certos casos podem chegar a séculos e, em outros, poucos anos e poucas décadas.

Na edição de agosto de 1999 da revista praga estudos marxistas (Editora Hucitec, SP), foi publicada uma das muitas entrevistas do sociólogo Francisco de Oliveira, mais conhecido como Chico de Oliveira, cuja carreira foi iniciada ao sair da universidade ao se tornar colaborador direto de Celso Furtado na organização da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), no governo Goulart e, anos depois como pesquisador do Centro Brasileiro de Análises Políticas (Cebrap), onde trabalhou por 25 anos, dirigido inclusive por Fernando Henrique Cardoso.

Foi também professor concursado da Universidade de São Paulo (USP) na cadeira de sociologia, na qual também presidiu o Centro de Estudos sobre Direitos da Cidadania (Cenedic), além de escrever vários livros sobre economia e política.

Um dos primeiros intelectuais a participar das discussões que resultaram na criação do Partido dos Trabalhadores e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Chico valeu-se de sua sólida formação socialista para engajar-se sem reservas no projeto político-ideológico defendido pelo novo partido, fazendo inteira justiça à condição de intelectual de esquerda desde os tempos da colaboração com Furtado, que o convidara a fazer parte da equipe nos anos 60, no Recife, exatamente por essa característica.

Crítico contumaz do neoliberalismo – o país vivia o segundo mandato de FHC – na citada entrevista o sociólogo reconhecia a vigência do processo de democratização, mas via no caminho uma pedra que denominava de “destituição da fala”. E explicava: “O nó, a contradição implícita nessa conexão das formas aparentes da política (a armadura institucional) com sua ineficácia real, passa, certamente, pela destituição dos significados. Durante a ditadura, justamente por ser um regime de força, a desqualificação do adversário chegava a extremos, mas deixava implícito que havia uma força militar a sustentá-la. O caso agora é diferente. Trata-se de uma desqualificação sistemática do interlocutor, acusado de burro, de atrasado, de ter perdido o bonde da história etc. Hoje, mesmo no âmbito puramente intelectual, há uma pressão para destituir a fala do oponente”.

O ciclo militarista já estava no passado, mas Oliveira fazia questão de lembrar que mesmo em sua fase mais pesada, o sistema “não anulava a fala do oponente”, ressaltando que “os maiores programas de política social no Brasil, excluído o período varguista, ocorreram durante a ditadura militar, com o Banco Nacional de Habitação, o Estatuto da Terra etc”, a seu ver “tentativas, muitas vezes malogradas, de resolver a questão social” concluindo, entretanto, que “tudo isso, de certo modo, procurava responder às demandas da oposição” e, mais, ao esclarecer que o próprio movimento sindical de São Bernardo (SP) se fortaleceu a partir da brecha aberta por essa aparente contradição. Continue lendo

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FHC pagou ex-amante no exterior e bancou abortos

A jornalista Mirian Dutra afirma que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mandava dinheiro para ela e seu filho, Tomas Dutra, no exterior, através da empresa Brasif S.A. Exportação e Importação; ela disse ainda que o contrato foi viabilizado pelo lobista Fernando Lemos, um dos mais influentes de Brasília durante o governo FHC e que políticos como Jorge Bornhausen e Antônio Carlos Magalhães agiram para que ela permanecesse em silêncio e não atrapalhasse a carreira política de FHC; segundo ela, FHC disse ter depositado US$ 100 mil na conta da Brasif no exterior: “O dinheiro não saiu dos cofres da Brasif e sim do bolso do FHC”, diz; “Por que ninguém nunca investigou as contas que o Fernando Henrique tem aqui fora?”, questiona Mirian; quando engravidou ela conta ainda que FHC disse que ela poderia ter o filho de qualquer pessoa, menos dele; “ele também pagou dois abortos que fiz”

247 Brasil

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Faz de conta

A reação da Lava Jato à medida provisória sobre acordos com empreiteiras acusadas tem uma peculiaridade: volta-se contra a Lava Jato. E traz dela um reforço, de procedência portanto privilegiada, às críticas ao recurso e à prodigalidade de delações premiadas na Lava Jato, em detrimento de investigações e provas.

Um ponto foi objeto de maior indignação na Lava Jato. Ao menos em parte, por ter sido retirado da MP antes de sua liberação por Dilma Rousseff. Foi o que exigia “reparação integral” do dano, financeiro ou outro, causado pela empresa. Porta-voz da Lava Jato, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima mostra-se a respeito, como de hábito, pessoa de certezas absolutas: “Não tenho dúvida de que o objetivo dessas alterações foi facilitar a vida dessas empreiteiras”.

A palavra “integral”, na lei, se oferecia como uma criadora de caso. Comprovar certas integralidades, para concluir a chamada leniência (a delação premiada em versão para empresas), estaria sempre sujeito à exigência de alguma insignificância insuspeitada, e no entanto capaz de paralisar a retomada do trabalho. Mas, sobretudo, para exigir a reparação de todo o dano basta cobrar, no acordo de leniência, tudo o que seja possível, sem necessidade da palavra “integral” na lei.

Bem, já se sabia que a Lava Jato é mais voltada para palavras do que para atos e fatos. Até em relação aos seus. Pois também se sabe que a Lava Jato não exige dos corrompidos da Petrobras, nas respectivas delações premiadas, a devolução integral do que extorquiram de dinheiro saído da Petrobras. Paulo Roberto Costa, por exemplo, está em sua recém-concluída casa na Costa Verde. O que pôs em nome das filhas lhe foi deixado. E ainda há a possibilidade de dinheiro não revelado.

O conceito do Brasil, compreende-se, é muito baixo na Lava Jato: “É um país de faz de conta”, define o procurador Santos Lima. “Fingimos que vamos punir, que vamos fazer a coisa certa, mas realmente não é esse o objetivo”. O plural foi um tanto traiçoeiro. “Fingimos que vamos punir”, dito por um procurador que articula punições, e com tanta gente mandada para a liberdade pelas delações premiadas, pode parecer aos maldosos uma delação premiada da própria Lava Jato. E, quanto a punir, dizer que “realmente não é esse o objetivo” é um endosso à ideia de que destruir Lula é o objetivo real da Lava Jato.

Mas o procurador dava a visão que os integrantes da Lava Jato têm do Brasil, não da própria força-tarefa. Se bem que não haja como os dissociar. E o que vale para um, ainda que em doses diferentes, vale para a outra. Como se pode constatar dos que recebem penas pelo dano causado à Petrobras, enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro são condenados pelo juiz Sergio Moro a anos e anos de cadeia –e em seguida vão para casa. Em um bairro rico “no país do faz de conta”, “que finge que pune”, como diz o procurador.

O PODER

Foi a primeira derrota de fato de Eduardo Cunha. Decepcionante. Ou o recesso não lhe fez bem, o que é improvável, ou Eduardo Cunha, o grande faz-tudo das artes brasileiras, está assolado pela decadência. O que fez do dinheiro das evangélicas? E dos prefeitos e cargos públicos que controla pelo país afora? Dos seus seguidores nos fundos, dos seus aliados em tantas empresas com interesses no Estado? Trinta e sete a trinta. Decepcionante.

Mas difícil é crer que o destino da Presidência da República deste país de 200 milhões esteve potencialmente pendurado, como um possível enforcado à espera da decisão do carrasco, da escolha entre um líder e outro de um partido sem compostura, que mal passa de 12% em 513 deputados. Qual é o caráter de um partido a que pertencem os dois extremos que se enfrentaram em oposição de vida e morte? Não por acaso, o seu presidente, Michel Temer, está tão derrotado quanto Eduardo Cunha. Mas não decepciona.

Janio de Freitas – Folha de São Paulo

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Mural da História

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Boa sorte!

© Roberto José da Silva

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Mural da História

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