Tempo

recchia-e-rené

3/8/2008. Os ciclistas Marcos Recchia e René Scholz – irmão do José Wille – urbenautas noturnos acabaram no Bacacheri ontem à noite, devidamente trajados. Eu estava cochilando e quem fotografou os heróis foi a Vera, em frente à minha casa. Grande abraço aos dois! Solda.

Publicado em tempo | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mural da História

este-ex-tado

rigor-da-lei-da-gravidade-26-3-2010

Publicado em mural da história | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Em defesa do rigor

Os donos e dirigentes das grandes empreiteiras começavam a ver a Folha pela página A5. Em várias delas, eu soube também, havia encarregados de examinar todos os pequenos anúncios, todos os dias. Procuravam, no lugar então fixo desta coluna hoje volátil, e também em possíveis anúncios cifrados, a revelação da fraude na próxima grande licitação de obra pública. Foi preciso usar outros jornais, com modalidades diferentes, e um desequilibrado dirigente do “Globo” até me prometeu, literalmente, acabar comigo, porque usei os classificados do jornal -não para provocar o neurótico, claro, mas pela urgência de usar o jornal que encerrava mais tarde a recepção de anúncios.

Foram muitas fraudes bem arquitetadas entre governo e empreiteiras, e no entanto frustradas na Folha. Em jogo, dinheiro público equivalente a vários bilhões de dólares. Neles incluídas, por exemplo, todas as licitações do metrô carioca no governo Moreira Franco, forçado a anulá-las.

Foram também vários processos contra mim, dois inquéritos policiais (um da Polícia Federal, a mando do diretor Romeu Tuma, outro da polícia fluminense, a mando de Moreira) e uma CPI no Senado. Nenhuma condenação. Fui defendido por alguns dos mais brilhantes advogados, sem ser cobrado em um centavo sequer. Palavras de Márcio Thomaz Bastos: “Defender você foi serviço público”.

Por si mesmos, esses fatos não têm mais interesse. Mas têm uma função. Atestam que advogados aptos a ganhar muito bem na defesa das ricas empreiteiras, alguns procurados por elas, provaram não ser meros mercenários. Entre esses advogados, há quem tenha clientes na Lava Jato. E esteja entre os inconformados com alguns procedimentos de procuradores e do juiz Sergio Moro. Suas ponderações, formais ou pessoais, porém, são recebidas com menosprezo, quando não com mal disfarçada arrogância. Tal atitude não é rara na magistratura e no Ministério Público, mas se a Lava Jato ostenta a pretensão de estar corrigindo costumes inadmissíveis, só pode ter autoridade moral se não incorrer, ela própria, em alguns deles.

A carta pública da centena de advogados foi emocional, sim. Mas as questões que levantou eram infundadas, a ponto de só merecerem da Lava Jato umas poucas e duvidosas ironias? Tanto não era o caso, que logo viria a reclamação do ocorrido ao depoimento do delator premiado Paulo Roberto Costa. Sua frase inocentando um acusado, com ênfase e convicção, foi omitida na transcrição e substituída por uma afirmação frágil.

A meio do Carnaval, a Folha trouxe respostas de Roberson Henrique Pozzobon, procurador integrante da Lava Jato, a diversos questionamentos à operação. O problema com a frase de Paulo Roberto, a seu ver, é “tempestade em copo d’água”, decorrente de releitura equivocada de advogado de defesa. Não houve erro de leitura nem de releitura: o texto da Lava Jato é muito claro. O erro foi de redação na Lava Jato, precedido de erro ético, ou mais, muito grave.

A percepção de que prisões duradouras são feitas como coação para obter delações premiadas é, segundo Pozzobon, “uma falácia gigante”. Não. É uma evidência. Com repetições numerosas. Evidência que os procuradores e o juiz da Lava Jato não demonstraram ser ilusória, antes fortalecendo-a com novas repetições.

Pozzobon recupera o argumento de que “mais de 70% dos acordos celebrados [de delação premiada] com réus da operação ocorreram enquanto estes estavam soltos” (texto da Folha). Os 70% soltos não provam a inexistência de coação sobre os 30% que estavam presos. E nada prova que, soltos, muitos dos 70% não se entregaram ao acordo por medo à ameaça de serem presos.

Já disse Sergio Moro que os advogados reclamam por interesse dos seus clientes. Óbvio, não? Mas enganoso. Na defesa de procedimentos judiciais corretos, o suspeito, o acusado e o condenado são circunstanciais, são apenas instrumentos. O que é defendido é o Estado de Direito, é a democracia, é a Constituição. É cada cidadão, cada um de nós.

O rigor nos procedimentos não impede e nem mesmo dificulta investigações e a condenação de quem deva tê-la. O contrário do rigor foi o que começou como mau uso de poder, na Petrobras, e levou à criação da Lava Jato.

janio de fretitas

Janio de Freitas – Folha de São Paulo

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Elogio da Loucura

Historiadora resgata relação entre arte e loucura na obra de Arthur Bispo do Rosário. Uma trajetória composta pela esquizofrenia, paranóia, inspirações que alegam outro sentido à vida, emoção. Essa é a história do artista Arthur Bispo do Rosário. Sergipano descendente de negros católicos, passou boa parte de sua jornada desenvolvendo objetos como miniaturas, escritos, vestimentas, bordados e seu principal trabalho, o Manto da apresentação.

Inspirada na relação entre a arte e a loucura, Marta Dantas resgata, em Arthur Bispo do Rosário – a poética do delírio, a vida e obra do artista falecido em 1989 e revela o objetivo de Rosário como análogo ao seu projeto surrealista: a vida transformada em arte. Articulando Ciências Humanas, Estética e História da Arte, este lançamento da Editora Unesp trabalha com uma perspectiva que transcende o convencional, com base nas trilhas nebulosas e rastros biográficos do artista, a fim de extrair seus temas, materiais, técnicas, tendências estilísticas e seus compromissos críticos que autodefinem sua singularidade.

Em busca das interpretações do imaginário coletivo, Marta Dantas recorre ao desvio do olhar técnico do espectador em função de uma percepção mais familiarizada à obra de Bispo, caracterizada por sua intensa expressividade. Questiona, portanto, sua categorização como arte racionalista, que tem como referência a racionalidade artística. Em A poética do delírio, Marta Dantas trabalha justamente com o desvio da racionalidade artística e a própria relação entre a arte e a vida.

De acordo com a autora, “muitas vezes, a experiência artística nasce da interrogação da vida pela perspectiva da morte. Para recuperar a história desse artista é preciso falar da morte, ou melhor, analisar a sua atitude perante a finitude da vida nos dará a dimensão da relação que sua obra tem com a vida, pois ela nada mais é do que a finitude desta se abrindo para a infinitude da arte.”

Este livro de Marta Dantas sobre a vida e a obra de Arthur Bispo do Rosário fará o leitor pensar, sobretudo aquele que estiver habituado às tradicionais monografias sobre artistas cultos que têm lugar indiscutível na história da arte. Respeitando a particularidade da poética bruta a ser estudada, a autora analisa os objetos, as miniaturas, os escritos, as vestimentas, os bordados e o principal trabalho do artista, o Manto da apresentação, que é a “síntese da mitopoética do artista, de uma vida transformada em ilusão”; e articula Ciências Humanas, Estética e História da Arte, numa perspectiva refinada que transcende o convencional.

Marta Dantas é mestre em História e doutora em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Editora Uniesp, 2010.

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Faça propaganda e não reclame

pepsicoca bananas

Publicado em Faça propaganda e não reclame | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mural da História

este-ex-tado

vale-cultura-refeito-16-10-2009

Publicado em mural da história | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Sessão da meia-noite no Bacacheri – Revendo Dente Canino

kynodontas-dogtooth

Dá pra xingar o grego Dente Canino de tudo, menos de ser dissimulado. Eleito melhor filme da mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes deste ano, o trabalho de estreia do diretor Yorgos Lanthimos não esconde que faz cinema para sadomasoquistas. Na verdade, deixa isso tão claro que uma cena até envolve uma surra com fita VHS. Metáfora fina.

A trama é uma provocação contra quem acha que games, cinema, TV – o mundo, enfim – ajudam a corromper as pessoas. Três filhos adultos, um rapaz e duas mulheres, são mantidos em casa por seus pais como se fossem detentos. A ideia é lhes preservar a inocência. Na TV, só assistem aos filmes caseiros que a família faz. Na vitrola, o pai apresenta Sinatra como sendo o avô dos meninos, e traduz para o grego a letra de “Fly me to the Moon” como bem entende.

E é isso, em resumo. Lanthimos passa o filme subindo ou diminuindo, com intentos de chocar ou fazer rir, o nível de absurdo dessas situações. Os filhos matam um gato porque nunca tinham visto um bicho daqueles, desejam que aviões caiam no jardim para colecioná-los, brincam com água como crianças de fato. E evidentemente a curiosidade inata dos filhos uma hora dá em merda…

Dente Canino é uma versão acrítica de A Vila. Melhor dizendo, é uma versão escrachada de Dogville – a proximidade do cinema de Lanthimos com o de Lars von Trier  é maior, e não está só na semelhança dos títulos. Os dentes caninos têm uma certa importância para a trama, mas sua imagem é inicialmente simbólica – dentes caninos são triangulares, pontudos, afiados, porque foram projetados há gerações para rasgar carne. O que o pai da família de Dente Canino está tentando fazer, de novo metaforicamente, é transformar sua gente carnívora em bebedores de leite.

De novo, um simbolismo que só reafirma uma proposta inicial. Esse é o grande problema do filme: sua provocação, além de reiterativa, tem alcance curto (e passa por clichês do Estado repressor, como as roupas todas brancas). Como na cena em que o treinador de cachorros explica que eles são amestrados “como queremos que eles se comportem”. Ora, o filme já está batendo nessa tecla desde o começo… Não há uma evolução de ideias, mas uma reafirmação de premissa e uma graduação de tolerâncias. Sadismo puro e simples.

No fim, o cinema, representado pelo citado VHS, interpreta um papel de catalisador da anarquia. É curioso que Lanthimos o enxerge assim, e é o tipo que cinema que ele almeja. Em Dente Canino, filmes são tratados como dados pré-existentes, objetos fechados, que desde sempre foram uma marca de rebeldia. O erro do diretor é não entender que o cinema, para se tornar rebeldia, primeiro precisa passar por um processo de reflexão.

No fim, o cinema, representado pelo citado VHS, interpreta um papel de catalisador da anarquia. É curioso que Lanthimos o enxerge assim, e é o tipo que cinema que ele almeja. Em Dente Canino, filmes são tratados como dados pré-existentes, objetos fechados, que desde sempre foram uma marca de rebeldia. O erro do diretor é não entender que o cinema, para se tornar rebeldia, primeiro precisa passar por um processo de reflexão.

 Omelete – Marcelo Hessel

Dente Canino (Kynodontas). Direção: Yorgos Lanthimos|Roteiro: Yorgos Lanthimos, Efthymis Filippou. Duração: 94 min. País: Grécia. Ano: 2009. Elenco: Christos Stergioglou, Michelle Valley, Aggeliki Papoulia, Mary Tsoni, Christos Passalis, Anna Kalaitzidou.

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Só neste país é que se diz neste país

Sou apaixonado por Portugal. Mas (ou talvez por isso mesmo) acho um país difícil de entender. O bacalhau, por exemplo: como pode o prato típico de Portugal ser um peixe que só se encontra no mar da Noruega, Islândia ou do Canadá? Como pode ser preciso navegar milhares de quilômetros pra se pescar a matéria-prima das suas datas festivas? Que tipo de peixe é esse que já nasce salgado e sem cabeça?

Visitar Portugal é —no mínimo— vertiginoso —como se olhar num espelho que deforma— muitas vezes pra melhor. Percebemos que nosso vinho é pior, nosso queijo é pior, mas que nosso apego às vogais, por exemplo, é muito maior. Na palavra confortável: temos carinho pelo primeiro “o”, pelo segundo “o”, pelo “á”, e até pelo “e”. Os portugueses não têm nenhuma relação afetiva com as vogais. A palavra confortável, em Portugal, pronuncia-se cnfrtávl. Nada menos confortável. Parece que querem logo chegar ao final da frase. Quase todas as vogais caem no esquecimento, de modo que o resultado final frequentemente parece que se está lendo uma palavra digitada por alguém que na verdade só esbarrou no teclado. Kdsrfsts.

Perceba que, se alguém disser “chlént!”, não estará falando o dialeto iídiche, mas “excelente”. Acharam que a palavra já tinha “e” demais. Por que pronunciar o “e” quatro vezes? Basta uma! É a chamada austeridade vocálica.

Difícil dizer que somos iguais, falando dialetos tão diferentes. No entanto, algumas semelhanças são inegáveis.

Herdamos no sangue lusitano (além do lirismo, é claro) a vocação para o fatalismo. Conforta-nos pensar que vivemos num país amaldiçoado —e gostamos de repetir isso, como se isto melhorasse algo à nossa condição. Como diz o (português, claro) Sergio Godinho: “Só neste país é que se diz ‘só neste país'”. Engana-se o Godinho. O que mais se diz no Brasil é “só mesmo no Brasil”.

Não há um português que não se refastele em enumerar as mazelas do país. E nisso brasileiros somos idênticos: na certeza de que estamos fritos. “É por isso que o Brasil não vai pra frente.” Se tem algo que sabemos fazer, além de não ir pra frente, é enumerar os motivos pelos quais não estamos indo pra frente.

Numa eleição popular que visava escolher o maior português de todos os tempos, em que concorriam Camões e Infante D. Henrique, quem ganhou foi o Salazar, ditador por 40 anos. Até nisso nos parecemos: na saudade de tempos piores.

Talvez seja por isso a gente não vai pra frente. Será mesmo que a gente quer?

 

gregorioduvivier

Gregorio Duvivier – Folha de São Paulo

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mural da História

jornal do estado 2

delfim-jornal-do-estado-1980

Publicado em mural da história | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Tempo

alfabetobatata-dois

Publicado em tempo | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Vício

Vício-dois

© Orlando Pedroso

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Poluicéia Desvairada!

Casa-das-Heras

Já era. Em alguma travessa da Joaquim Floriano.  © Lee Swain

Publicado em poluicéia desvairada! | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Antonia Santana da Silva, a Mãe Tonha, adeus

Mãe-Tonha

© Ricardo Silva

Não quero mais despedidas finais. Descobri isso depois de dar adeus ao meu pai na porta de uma UTI. Há pouco foi embora quem eu também chamava de mãe, por ser mãe e irmã da minha Zefinha que já foi há tempos, depois do Zé Luis – e eu só a encontrei pouco antes do enterro do corpo lá na origem, Alagoas. Há 20 dias foi embora o irmão do meu pai, o Mané Luis, marido da Mãe Tonha, como eu chamava a Antonia Santana da Silva, que está lá no hospital. Poucas horas antes cheguei aqui em Campinas com meus dois filhos mais velhos, o Yuri e a Ticiana. Ela nos recebeu lúcida, sentada na sala da casa da filha, Estela, mas com o olhar distante, como se estivesse numa mundo só seu, onde sentia a morte do marido e, agora penso, como só se pensa nessas horas, sabendo que estava na hora do descanso. No início da madrugada passou mal, meu irmão, Ricardo Silva, foi me acordar e, agora penso, foi aí que decidi, sem pensar, que não queria mais o tipo de despedida final, a que tive com meu pai, depois de vê-lo com dificuldade de respirar, uma semana depois de ficar com ele na enfermaria de um hospital. Dormi. Yuri apareceu, me sacudiu, disse que ela teve uma parada cardíaca, que estavam reanimando-a no hospital. Fui para a sala da casa, sozinho, e pensei nessas coisas, antes do telefonema definitivo. Não chorei. Apenas esperei a chegada da filha, do genro, dos netos dela. Misturamos lágrimas em abraços e eu fiquei pensando o que escrever e veio isso aí, uma coisa descritiva, porque não consigo dimensionar o que minha alma e coração guardam, às vezes escondem lá no fundo. Sempre a chamei de mãe, porque nestes 62 anos que nos conhecemos, penso agora, ela me deu a proteção que, por motivos que depois entendi, não tive em casa. Para a casa dela eu ia sempre, atravessando apenas um pequeno quintal, na Vila Alpina onde nasci. Morei com ela é o Mané Luis quando meus pais construíram a casa própria em outro bairro e decidi continuar no colégio público que me deu um pouco de base para a caminhada em busca do conhecimento, que é o aprendizado do dia-a-dia. Depois, a vida separou nossos corpos, mas jamais o pensamento e o sentimento de gratidão que eu consegui dar, apesar dos atrapalhos. Meus filhos eram seus netos também. Depois que veio para Campinas nos falamos muitas vezes ao telefone, vim aqui algumas vezes, talvez para me sentir mais seguro nesta vida montanha-russa. Quando podia, ajudava financeiramente – e ouvia tanto agradecimento por tão pouco… Ela era muito decidida e muito forte. Costureira como a irmã Josefa, minha mãe, mas muito mais rápida na máquina que pedalava ou depois acionava o moto. Ela e o marido viveram duas décadas mais que os irmãos, meus pais. Penso agora que era para continuar a proteção, delegada, sem querer, pelos meus pais, mas consentida de coração pelos meus pais. Não quis me despedir por isso e muito mais. Os quatro estão juntos. Sim, aqui, dentro, no sentimento. E como é bom agradecer. Porque eles nos deram tudo. E a Mãe Tonha me deu a certeza do quanto foi importante, porque, na verdade, era prova de amor a seres humanos – fundamental na vida. Amém.

Zé Beto

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Sessão da meia-noite no Bacacheri

Novísimo-Testamento

O Novíssimo Testamento. Deus (Benoît Poelvoorde) está vivo, mora em Bruxelas e é um senhor rabugento e malvado com uma filha de 10 anos de idade. Cansada da natureza abusiva do pai, a menina invade o computador dele e envia para todos os habitantes do planeta as datas de suas respectivas mortes, ação que gera consequências inimagináveis. Comédia engraçadíssima e inteligente. 

1h54min|Bélgica, França e Luxemburgo|2016|Jacob van Dormael|

Publicado em Sessão da meia-noite no Bacacheri | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Desregulamentar a lei

SÃO PAULO – Leio no Painel que ao menos 33 dos 35 partidos políticos em funcionamento no Brasil irão ao Supremo Tribunal Federal contra uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que determina que não poderão participar das eleições deste ano as agremiações que não tiverem na cidade em que lançarem candidatos um diretório municipal formalmente registrado.

Estamos diante de um retrato do Brasil. Não há muita dúvida de que a regra é estúpida. Coloca o formalismo cartorialista acima do processo pelo qual a população escolhe tão livremente quanto possível quem serão seus governantes e representantes. Mas, como a resolução 23.455, motivo da celeuma, nada mais faz do que reafirmar dispositivo que consta da Lei Eleitoral, a 9.504/97, as siglas estão no fundo pedindo ao STF que derrube normas que foram escritas e aprovadas por parlamentares pertencentes a seus quadros.

Ora, se o conteúdo da lei vai contra seus interesses, deveriam ter gritado antes, ou mesmo pedido a seus parlamentares que dessem um jeito de revogar o dispositivo. O mais provável, porém, é que ninguém se tenha dado conta das reais implicações da lei, até que o TSE as tenha escancarado. Frise-se que este não é o único caso em que o Congresso não sabe muito bem o que aprova.

Como não sou um legalista compulsivo, não veria grande mal em o Supremo reverter a norma ou adiar sua aplicação, ainda que ache difícil encontrar um argumento constitucional convincente para que o faça.

De toda forma, se a ideia é mesmo melhorar as coisas, minha sugestão é que, com o perdão do paradoxo, desregulamentemos a legislação eleitoral. Ela já foi feita para não dar certo. Pretende regular tudo, do dia em que o candidato pode dizer que é candidato ao tamanho da pintura eleitoral que posso afixar no muro de minha casa, e tão de perto que acaba criando uma longa lista de razões irrelevantes para judicializar as eleições.

hélio-schwartsman

Hélio Schwartsman – Folha de São Paulo

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter