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Delator recua de acusações a José Dirceu em depoimento
José Dirceu preso em Ibiúna, UNE, 1968. ©Amancio Chiodi
O lobista Fernando Moura praticamente voltou atrás de diversas revelações que fez antes de assinar seu acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
Em depoimento ao juiz Sergio Moro, na última sexta, Moura não apenas não confirmou como isentou José Dirceu e empresários beneficiados pela indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras.
Fernando Moura gaguejou, gargalhou e pareceu demonstrar espanto sobre as próprias declarações.
Resposta
O advogado de Fernando Moura, Pedro Iokoi, não quis comentar as mudanças no depoimento do cliente.
Roberto Podval, que defende José Dirceu, disse que pedirá os vídeos do depoimento para checar a fala.
Dono da Etesco, Licínio Machado Filho disse que não conhecia Renato Duque em 2002 e, portanto, não poderia tê-lo indicado para ocupar a diretoria de Serviços da Petrobras.
“Parece que ele agora está dizendo a verdade”, afirmou o empresário.
Folha de São Paulo
Rá!
Alice e Luana Rettamozo. © Myskiciewicz
O presépio da doutora Dilma
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social foi criado em 2003 e é composto por 90 membros. Para a reunião de amanhã, dois titulares tiveram que ser substituídos, pois Marcelo Odebrecht e José Carlos Bumlai estão na cadeia. Também estão trancados o ex-conselheiro João Vaccari Neto e José Dirceu, que assinou o ato de criação do organismo. É difícil imaginar outro grupo de noventa pessoas com semelhante desempenho. Para se ter uma ideia do que significa uma porcentagem de 2% de presos, vale lembrar que a taxa de brasileiros encarcerados para cada 100 habitantes é de 0,3%.
O Conselhão pretendia ser um foro de debates. Tornou-se um pastel de vento a serviço da propaganda de um governo cuja titular diz que “o Brasil não parou, nem vai parar”. Os pibinhos e a recessão aconteceram no Burundi. É uma marquetagem tão inútil que, desde julho de 2014, a doutora Dilma não o convocava. Uma reunião de 88 pessoas serve para apenas fotografias de um consenso inexistente. A menos que se considere consenso o fato de estarem todas sentadas.
Quando o Conselho foi criado, nele estava a atriz Lucélia Santos. Foi substituída por Wagner Moura. Pelo lado dos empresários, lá estará Jorge Paulo Lemann. Certamente ele tem algo a dizer, mas da última vez que foi ao Planalto a doutora deu-lhe um chá de cadeira de mais de uma hora. Até aí pode-se pensar que tenha surgido algum imprevisto. O problema muda de figura quando se sabe que mandaram uma funcionária fazer-lhe sala e ela dirigiu-se a Lemann em inglês. Coube a ele explicar que foi criado nas ondas de Ipanema. O surfista do século passado tornou-se o homem mais rico do Brasil porque a AB InBev produz e exporta gestão, exatamente o que falta ao governo da doutora.
Ele acaba de anunciar que adiou o cumprimento da meta anunciada em novembro de visitar todos os domicílios do país até o fim deste mês para combater o mosquito do zika. Lorota. O que houve foi o colapso de uma promessa impossível de ser atingida. Na melhor das hipóteses foram a 15% das casas. Houve burocrata sugerindo que, para evitar o risco da microcefalia, as mulheres não engravidem. Como o mosquito está no Brasil há mais de um século, a providência extinguiria a população de Pindorama. Depois veio o ministro da Saúde, torcendo para que as jovens sejam infectadas pelo vírus antes da idade fértil, pois assim adquiririam imunidade.
Como Brasília comanda espetáculos, em dezembro a doutora assinou o Decreto 8.612, criando uma Sala Nacional de Coordenação e Controle para cuidar do mosquito. Ela funcionaria no Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres da Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional. A sala mágica seria habitada por representantes de seis ministérios, dentro do Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia que por sua vez tem três “eixos”: “Mobilização e Combate ao Mosquito, Atendimento às Pessoas e Desenvolvimento Tecnológico”.
Aí está a essência da gestão da doutora: havendo um problema (o mosquito), lança-se um plano de enfrentamento, cria-se uma sala de controle anexa a um centro de gerenciamento e daí em diante o assunto é dos outros. Se nada der certo, convoca-se uma reunião do Conselhão para mudar de assunto em busca do que o Planalto chama de “agenda positiva”.
Elio Gaspari – Folha de S.Paulo
Para Federico Fellini
© Roberto José da Silva
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Com a tag Cliques do Zé Beto, roberto josé da silva, zé beto
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Jornal Zelote
O termo zelota ou zelote (do grego antigo ζηλωτής, transl. zelotés, “imitador”, “admirador zeloso” ou “seguidor”, em hebraico קנאי, kanai (frequentemente usado na forma plural, קנאים, kana’im) significa literalmente alguém que zela pelo nome de Deus. Apesar de a palavra designar em nossos dias alguém com excesso de entusiasmo, a sua origem prende-se ao movimento político judaico do século I que procurava incitar o povo da Judeia a rebelar-se contra o Império Romano e expulsar os romanos pela força das armas, que conduziu à primeira guerra judaico-romana (66-70).
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Coelho e borboleta
© Ricardo Silva
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Com a tag fotas, palmeira dos índios, ricardo silva, zé rico
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Uma noite no mar Cáspio
RIO DE JANEIRO – Na semana passada, uma aluna da Sorbonne foi encarregada de fazer um estudo sobre a literatura latino-americana, mal informada de tudo, inclusive sobre a América Latina. Veio entrevistar algumas pessoas e, não sei por que, pediu-me que a recebesse para uma conversa que pudesse explicar o Brasil com apenas um título que serviria de roteiro para o trabalho que deveria apresentar.
Já me pediram coisas extravagantes, recusei algumas, aceitei outras. A moça era bonita, do tipo que geralmente definimos como “gostosa”. Aleguei minha incompetência para titular qualquer coisa, confesso sem falsa modéstia, que pressionado por uma editora, cheguei a fazer um romance de 250 páginas em uma semana, mas levei uns três meses para dar-lhe um título que não me agradou nem agradou a ninguém.
No entanto, o romance saíra de minha cabeça, o que não era o caso do Brasil, por mais idiota que fosse, jamais faria qualquer coisa que definisse o nosso país. Mas não quis decepcionar a moça. Pensando na atual crise do governo com a oposição, sugeri “Garruchas e punhais” –era o nome da briga entre os meninos da rua Cabuçú contra os meninos da rua Lins de Vasconcelos. Morei nas duas e era considerado um espião a soldo de uma ou de outra. O que no fundo era verdade, considerava idiotas os dois lados.
A moça riu mas não gostou. Todos os países têm garruchas e punhais. Dei outra sugestão: “O mosteiro de tijolos de feltro”. Ela não gostou –nem eu. Parti então para uma terceira via, por sinal, a mais estúpida. Pensou um pouco, inicialmente recusou. Olhou bem para mim e aprovou: “Uma noite no mar Cáspio”. Para meu espanto, ela aceitou.
Acredito que os professores da Sorbonne também gostarão. E eu nem sei onde fica o mar Cáspio, embora também não saiba onde fica o Brasil.
Carlos Heitor Cony – Folha de São Paulo
Tempo
Sérgio Mercer e seu bandoneon imaginário. © Retta Rettamozo
Três pedras
© Ricardo Silva
Publicado em Sem categoria
Com a tag cliques do zé do fole, fotas, palmeira dos índios, ricardo silva, zé rico
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