Peter Sellers

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Portfólio

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Tamanduá, da família Bruel

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Leito de morte

Leito de morte. Seu Olair está moribundo, com sua família em volta.
MARA: Acho que ele tá fazendo passagem.
LAIS: Não, papai! Fica com a gente.
OLAIR: O pai de vocês tá partindo, Lais.
PEDRO: Ainda não, pai!
OLAIR: Chegou a minha hora. Só preciso revelar uma coisa. Eu guardei uma surpresa pra cada um de vocês. Pedro, você tá aí?
PEDRO: Tô aqui do seu lado, pai.
OLAIR: Eu te deixei um negócio.
PEDRO: O que, pai?
OLAIR: Diabetes. Essa sua vontade de urinar diversas vezes, sede frequente. Você herdou de mim. Isso é diabetes. Tá no começo. Vai piorar. Se cuida.
PEDRO: Tá.
OLAIR: Saulo.
SAULO: Oi, pai.
OLAIR: Eu te deixei uma dívida de 80 mil reais na Caixa Econômica. Quita pra mim?
SAULO: Quito, papai.OLAIR: Obrigado. Você é o único que tem emprego.
SAULO: Eu sei.
OLAIR: Lais.
LAIS: Fala, pai.
OLAIR: Pra você eu quero deixar um presente.
LAIS: Jura?
OLAIR: Juro. Minha moto.
LAIS (surpresa): Obrigada, pai.
OLAIR: Só tem que quitar. Promete que vai quitar?
LAIS: Prometo.
OLAIR: Eu peguei ela com um agiota. Mas ele é do bem. O nome dele é Gerson. Vai nesse endereço. Ele vai te dizer que é 20 mil reais. Mas é 8. Ele vai te ameaçar. Vai te bater. Daí vocês podem fechar em 10. Tá?
LAIS: Acho que eu não vou querer ficar com a moto, não, pai.
OLAIR: Não precisa ficar. Só precisa quitar, mesmo. Mara.
MARA: Puta merda.
OLAIR: Você tem que abrir a última gaveta.
MARA: Tá.
OLAIR: Da cômoda da sala.
MARA: Tá.
OLAIR: Embaixo da papelada.
MARA: O que é que tem?
OLAIR: Um maço de Derby.
MARA: Pra mim?
OLAIR: Não, só quero que você traga ele aqui pra mim.
MARA: Vou trazer, pai.
OLAIR: Jairo?
JAIRO: Fala, pai.
OLAIR: Você sempre foi o meu preferido. Pra você eu deixei aquilo que eu tenho de mais precioso: minha coleção de VHS. Só tem que me prometer que vai limpar o mofo de cada fita semanalmente. Sabe como é? Tem pegar o cotonete e esfregar o cabeçalho…
Olair morre.
JAIRO: Graças a Deus. A família respira aliviada.

Gregorio Duvivier – Folha de São Paulo

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Faça propaganda e não reclame

© Glória Flügel

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Vale a pena ver de novo!

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Tudo tanto

© Jorge Bispo

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Mural da História

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Sorria, você está sendo filmado

Felicidade, modo de usar: bata duas bananas no liquidificador, adicione uma cápsula de ritalina. Vista um jeans da Abercrombie, um boné da Abercrombie, uma malha da Abercrombie, um óculos da Abercrombie, um casaco da Abercrombie. Banhe-se na água de colônia da Abercrombie. Mais um ônibus é incendiado na zona leste. Beba o energético. Mire-se no espelho.

Revista Time considera “brilhante” campanha orquestrada por Neymar. Vista um jeans da Diesel, um boné da Diesel, uma malha da Diesel, um óculos da Diesel, banhe-se no perfume da Diesel.

Renan Calheiros é submetido a implante de cabelo. Coma uma banana nanica. Renan Calheiros é submetido a novo implante de cabelo. Coma uma banana prata. Renan Calheiros toma carona em jatinho. Vista o “black-tie” da Dior.

Mais dois policiais são baleados no Alemão. Lamba a joia da Tiffany. Tome mais um energético. Tire a pressão. Renan diz que vai instalar CPI da Petrobras na terça.

Faça uma visita turística ao Itaquerão. Dívida da construtora Odebrecht supera US$ 120 bilhões. Faça um brinde em nome de Emilio Odebrecht. Fume um charuto cubano. Fume um charuto dominicano. Dispare um míssil da Mectron, empresa da Organização Odebrecht.

Inadimplência menor eleva lucro de banco em 27%. Compre o álbum de figurinhas da Copa. Quebre o BNDES. Encomende uma missa para o Eike. Reze pela Sabesp.

Graça Foster manda cortar contrato com suspeita de superfaturamento na Petrobras. Compre a camiseta da campanha do macaco. Compre o agasalho da campanha do macaco. Coma outra banana. Seja brasileiro com muito orgulho com muito amor.

Troque a figurinha repetida. Nível do sistema Cantareira registra novo recorde negativo. Tome banho de jacuzzi. Tome banho de piscina.

Laudo aponta que menino foi envenenado. Tome um avião comercial. Investigue os deputados que investigaram condições da detenção na Papuda. Mais um ônibus é queimado na região central.

Investigue o site de compras. Compre um iPhone. Compre um Android. Compre uma TV de tela plana para assistir aos jogos da Copa.

Prefeitura proíbe circulação de vans ilegais pela orla. Compre uma bolsa Chanel. Experimente o vinho. Mais uma mulher é morta no Alemão. Sorria, você está sendo filmado. Publique sua foto no Instagram. Publique seu “selfie” no Facebook. Tome valium.

Repórter da Globo é xingada por manifestantes. Carros de reportagem são incendiados em protesto. Manifeste seu amor em 140 toques.

Advogado de amiga diz que madrasta confessou. Jogue GTA no Playstation. Ouça electrofunk usando fones Soundbeat. Aumente o volume. Aplauda o Sarney. Recite o electrofunk do bigode grosso. Dance, dance, dance. Use a hashtag #somostodospcc. Procure um emprego de horário integral. Procure estudo em horário integral. Procure o Papai Noel. Entre no Linkedin. Apague sua conta no Linkedin.

Dani Alves posa junto a capacete em homenagem a Senna. Engula um frontal. Aplauda o padrão Fifa.

Brasil tem dois dos 50 melhores restaurantes do mundo. Ame o jogador de futebol que dança o electrofunk do bigode grosso. Celebre a agência de publicidade que cuida da carreira do jogador de futebol. Dê um “curtir” na campanha feita pela agência de publicidade que cuida da carreira do jogador de futebol, que dorme com a dançarina do vídeo do funk proibidão.

Diga não ao racismo. Diga sim ao bigode grosso. Diga não à violência. Engrosse o coro contra os homossexuais. Adote um gatinho.

Barbara Gancia – Folha de São Paulo|02/05/2014

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Quaxquáx!

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7 de janeiro de 2015

© FrancePress

Bernard Verlhac (1957/2015), conhecido por Tignous. Era cartunista de longa data do jornal Charlie Hebdo e foi morto no atentado ao semanário francês.

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Mural da História

 

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Mural da História

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Tempo

A Casa das Cuecas, tradicional varejista de São Paulo, anunciou a abertura da primeira filial. Em Brasília. (Ruth Bolognese, Folha de Londrina) – 22 de novembro, 2006

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Tomando um ar

© Ricardo Silva

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De pé em pé

RIO DE JANEIRO – Foi num conclave de intelectuais a que compareci outro dia. Em meio à plêiade de senhores escutando a fala do presidente da mesa – fascinante como costumam ser as falas dos presidentes de mesas –, destacava-se um par de pernas cruzadas na fila de cadeiras ao meu lado. Pertencia a um senhor de calças de risca, meias brancas, sapatos pretos e… galochas. Galochas são calçados impermeáveis, de borracha, que se usam – ou usavam, pensei que estivessem extintas – por cima do sapato, para protegê-lo das poças d’água.

Mas era um daqueles fins de tarde no Rio em que o sol não quer ir embora, como tantos neste verão. Então, por que as galochas? Porque, na cabeça do cidadão, podia ser que chovesse. Com isso, fazia jus à expressão chato de galocha – o pessimista, o inconveniente, que segura o nosso braço e tenta nos convencer de que isto ou aquilo não vai dar certo. Enfim, o chato.

Olhando em torno na dita cerimônia, reconheci um sociólogo apto a ser chamado de anta de tênis – criação imortal de Ivan Lessa e Jaguar no “Pasquim”, e que todo mundo sabe o que significa. Alguns metros adiante, outro grupo incluía um historiador resmungão, habituado a subir nas tamancas, e, por acaso, outro que viera ao mundo calçando as sandálias da humildade, como dizia Nelson Rodrigues. Pé de chinelo, não vi nenhum – ao contrário, quase todos os presentes, atracados a empregos públicos, pareciam já ter garantido o seu pé de meia.

E só então me dei conta: galochas, tênis, tamancas, sandálias, chinelos, meias – todas as imagens se referindo ao pé e a seus acessórios. Dei uma panorâmica no ambiente e logo vislumbrei, num canto, uma animada rodinha de clientes da Sapataria Progresso.

Depois é que foi bom. Como é de praxe no Rio, saímos todos e fomos para um saudável pé sujo na esquina.

Ruy Castro – Folha de São Paulo 

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