Chiaroscuro

ricardo-silva

© Ricardo Silva

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Uma aula da fantasia oligárquica

Num ridículo episódio de caipirice cosmopolita, ao passear no teleférico do morro do Alemão, Christine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional, disse que estava se sentido “numa estação de esqui” dos Alpes. A doutora achou que viajara ao futuro, mas estivera a bordo das maquinações do passado e das empulhações do presente. Em breve o teleférico será operado pela empresa de Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União, o veterinário e ex-deputado Aroldo Cedraz.

A obra custou R$ 253 milhões e foi inaugurada duas vezes (em 2010 e 2011) sem que o serviço estivesse em plena operação. Funcionando, ele reduz para 19 minutos uma caminhada que pode durar até duas horas. Quando madame Lagarde esteve nos Alpes cariocas, o governo do Rio já começara a atrasar os repasses para a manutenção do serviço e a concessionária se desinteressara pela renovação do contrato, dispensando alguns funcionários. O colapso financeiro do Rio já havia começado.

No mundo da fantasia, dera tudo certo no andar de cima. As empreiteiras Odebrecht, OAS e Delta orgulhavam-se da obra. A Delta foi apanhada nas traficâncias do bicheiro Carlinhos Cachoeira e foi declarada inidônea pela Controladoria-Geral da União. A OAS, apanhada na Lava Jato, está em recuperação judicial. A empresa Supervia, filhote da Odebrecht, ficou com a exploração do serviço.

À época, Lula, Dilma, Sérgio Cabral e Pezão saciaram-se na publicidade. Sobrou um teleférico para ser operado. Essa, a parte que exige trabalho e não rende propaganda, tomou outro curso, o dos serviços públicos para o andar de baixo. Às vezes o teleférico funcionava num horário proibitivo para quem precisava pegar no batente de manhã cedo.

A Supervia desistiu da operação e devolveu a maravilha à Viúva. O repórter Ítalo Nogueira revelou que o governo do Rio concluiu a licitação para escolher a nova operadora do teleférico do Alemão. Venceu-a uma empresa do advogado Tiago Cedraz, criada em abril passado. Sem licitação, a prefeitura do Rio já entregara a Cedraz a operação de outro teleférico, menor, no morro da Providência.

Ricardo Pessoa, um dos empreiteiros presos pela Lava Jato, contou ao Ministério Público que deu R$ 1 milhão a Tiago para ajudar na liberação de um contrato de R$ 2 bilhões para obras da usina nuclear de Angra 3. Pessoa pagava também R$ 50 mil mensais ao escritório do advogado para cuidar de seus pleitos. Ele confirma ter trabalhado para a UTC, mas nega ter tocado em propinas.

Tiago Cedraz tem 33 anos e diplomou-se em 2006. Entre 2009 e 2013, formou um patrimônio imobiliário avaliado em R$ 13 milhões, mais um jatinho Cessna de dez lugares. Teve um conversível vermelho, mas seu pai fez com que o devolvesse.

Vive em Brasília e seu escritório acompanha 35 mil processos. Em 182 atuou no Tribunal de Contas. Em julho, a Polícia Federal visitou-o, cumprindo um mandado de busca e apreensão. Cedraz informa que criou a empresa Providência Teleféricos “quando surgiu a oportunidade de participar das concorrências”.

Quando madame Lagarde for esquiar nos Alpes, poderá perguntar se há por lá algum teleférico que tenha passado por tantas peripécias, com personagens tão pitorescos.

Elio Gaspari – Folha de São Paulo

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Tomi Ungerer

Publicado em Geral | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Ova-se!

Publicado em ova-se! | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Obra de Patricia Piccinini exposta no CCBB/SP

©Roberto José da Silva

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Os políticos que temos

Fotos de Diácono Joyce

Renan Calheiros, presidente do Senado, e Eduardo Cunha, no comando da Câmara dos Deputados, são evidências mais do que suficientes de que a política brasileira não é muito exigente em matéria de qualificação moral de suas lideranças. Ambos ostentam currículos que são uma festa para a banca criminalista. Renan já teve de renunciar ao posto que hoje ocupa, à frente da Câmara Alta, para salvar o mandato de senador. Tanto um como outro, em resumo, frequentam investigações da polícia e do Ministério Público. E Cunha teve recentemente seu afastamento da presidência da Câmara solicitado pelo procurador-geral da República. Só continua onde está porque o ministro Teori Zavascki, que coordena no Supremo Tribunal Federal (STF) as ações da Operação Lava Jato, preferiu só pensar no assunto em fevereiro, depois do recesso do Judiciário.

Dos dois presidentes em que a polícia está de olho o mais aflito é, disparado, Eduardo Cunha. Seja porque sabe onde lhe apertam os calos, seja por conta de seu temperamento inquieto e pela inclinação a atos de ousadia, seja, finalmente, porque se deu conta de que se esgotaram suas manobras de bastidores, Cunha decidiu esquecer o recesso parlamentar, botar fé no velho bom alvitre de que o ataque é a melhor defesa e partir para cima de dois alvos simultaneamente: Renan Calheiros e a Operação Lava Jato. Convocou os jornalistas na terça-feira passada para, entre outras coisas, acusar os policiais e procuradores federais de estarem poupando o presidente do Senado com a divulgação seletiva de informações sobre seu trabalho.

Cunha revelou aos jornalistas que num relatório de 632 páginas da Lava Jato sobre ligações telefônicas feitas pelo presidente da empreiteira OAS, Leo Pinheiro, 60 páginas tratam de conversas com o presidente do Senado e sobre essas “ninguém publicou uma linha”. O deputado quer fazer crer que a PF e o MPF estão deliberadamente protegendo Calheiros, que estaria politicamente composto com o Planalto, a quem ofereceria, em troca, o seu poder de barrar o processo de impeachment da chefe do governo. O presidente da Câmara usou também o encontro com os jornalistas para repetir os argumentos com os quais repele todas as acusações que lhe são feitas, inclusive a de manter contas secretas no Exterior. Nesse assunto, Cunha insiste em comportar-se como o marido da anedota que, surpreendido pela própria mulher em flagrante de adultério explícito, suplica: “Calma, querida, não é o que você está pensando!”. Inspirado no exemplo do notório Paulo Maluf, que contra todas as evidências, inclusive decisões judiciais, também insiste em afirmar que jamais possuiu contas bancárias fora do País, Cunha agora promete “dar de presente”, a quem vier a encontrar, qualquer conta no Exterior cuja titularidade lhe seja atribuída.

Eduardo Cunha está seriamente ameaçado de perder, além da presidência da Casa, o mandato de deputado federal, em decorrência do processo que tramita no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Por isso, não hesita em usar todo o poder que os cargos lhe conferem para tentar salvar a própria pele. Além disso, está empenhado numa disputa interna de poder no PMDB, que se encontra dividido em torno da decisão de manter ou romper a aliança com o PT e o governo Dilma. Renan Calheiros é uma das principais lideranças que se alinham com o Planalto e essa é a principal razão pela qual acabou se tornando alvo da hostilidade de Cunha. Nesse conturbado contexto de crise política, uma das poucas certezas, do ponto de vista institucional, é a de que tanto a Justiça quanto o aparelho policial e de defesa pública do Estado têm procurado agir, dentro dos limites da falibilidade humana, para garantir o império da lei. As insinuações de Eduardo Cunha contra a Operação Lava Jato são apenas teorias conspirativas cuja credibilidade está à altura do respeito merecido por quem as articula. Quanto a Renan Calheiros, com base na mesma convicção pode-se até admitir que a Justiça tarda. Mas não há de falhar.

O Estado de São Paulo – Editorial

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

E…

Revista Ideias|Janeiro 2016|#171|Travessa dos Editores

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Flagrantes da vida real

O eterno sorriso de Paulo Pena, o Peninha. Foto de Maringas Maciel

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Playboy – Anos 60

1967|Angela Dorian, Playboy Centerfold 

Publicado em playboy - anos 60 | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Pião

© Roberto José da Silva

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

 O ano que acaba e o que começa

Nos anos 1950, na Itália, circulava uma piada.

Um padre transita de bicicleta pela praça de um vilarejo e quase é atropelado por um caminhão. Um guarda de trânsito, que é membro do Partido Comunista, comenta: “Padre, você teve sorte, hein?”. E o padre: “Não foi sorte, não. É que você não consegue enxergá-lo, mas aqui comigo, na garupa, sempre vem Deus”. O guarda, triunfante, tirando do bolso seu carnê de multas: “Dois numa bicicleta? Lamento, padre, esta é uma infração grave”.

Penso nessa piada a cada vez que alguém me diz que, na sua vida, algo está certo “graças a Deus”.

Tudo isso para dizer que a nossa vida e o estado do mundo dependem de nós —com um pouco de sorte, eventualmente.

Nestes dias, os jornais e a televisão nos oferecem as tradicionais revisões conclusivas do ano que passou. Todos gostamos de um balanço. Qual é, para mim, o fato dominante de 2015? (Não é Eduardo Cunha; lamento, mas, à vista do que é para mim o fato do ano, a política nacional não passa de um pastelão ruim).

Neste ano, mais de um milhão de refugiados foi da Ásia e da África para a Europa —metade deles da Síria.

Admiro especialmente a coragem dos que fugiram com os filhos pequenos. Graças a eles, reaprendi o que significa ser humano: o medo de morrer e de destinar seus filhos à morte não bastou para pará-los. Eles me lembraram assim que, para os homens, existem coisas mais importantes do que a vida (por ex., a liberdade, a dignidade, a honra).

Três corolários do fato do ano.

1) Os europeus terão que decidir quem eles querem ser. Se o que os define for um conjunto de religião, costumes, tradições e língua, eles só poderão se sentir ameaçados pelos recém-chegados. Se eles se definirem pelos valores que eles mesmos inventaram —liberdade, igualdade e solidariedade—, eles, portanto, ajudarão e acolherão os recém-chegados.

Ou seja, na resposta aos refugiados, os europeus decidirão quem eles são e seu próprio futuro.

2) Os que chegam à Europa fogem de seu país e de seus costumes. Essa mudança, que eles desejam, não deixa de ser um conflito interno dilacerante. Será que eles e os descendentes deles, mesmo se forem acolhidos, conseguirão um dia se sentir em casa na Europa? Ou, obcecados pelo sentimento de ter traído suas origens, ficarão numa mistura eterna e contraditória de inveja e sentimento de exclusão?

3) O fundamentalismo do Estado Islâmico, do qual muitos refugiados fugiram, foi de grande ajuda para reconhecer que nossos inimigos são os que querem converter o mundo, impor sua fé. Tenho igual respeito por evangélicos, ateus, muçulmanos, satanistas ou adoradores do sexo selvagem —contanto que ninguém sonhe em exigir que todos sigam seus preceitos.

O fato dominante do ano tem dois cartões-postais. Um vale para o ano passado; o outro, para o ano que começa amanhã.

Há a imagem do pequeno Alan Kurdi, de dois anos, deitado de bruços entre a água e a areia de uma praia da Turquia. A fotografia comoveu o mundo. Na primeira vez que eu a vi, meu desespero não foi só pelo corpo inerte do pequeno Alan; imaginei que o policial estivesse escrevendo algo, uma multa por sujar as praias da Turquia? Uma lista dos corpos encontrados naquele dia? A burocracia de um gesto que imaginei me revoltou. Soube logo que o policial estava aos prantos.

Depois de Alan, dezenas de crianças se afogaram na tentativa de atravessar o mar e chegar à Grécia, à Turquia, à Itália.

E há uma outra foto que me arranca as lágrimas; é de Tyler Hicks, e o “New York Times” a escolheu para introduzir as fotos do ano. A imagem faz parte de uma série sobre a chegada de um grupo de refugiados à ilha de Lesbos, na Grécia. Há uma espécie de justiça histórica, aliás, pela qual, fugindo do horror do Estado Islâmico, os refugiados encontram salvação na ilha onde nasceu Safo e que é ainda hoje um lugar de peregrinação para os homossexuais, ou seja, para aqueles que o fundamentalismo condena à morte.

Na fotografia, vemos um menino, com uma salva-vidas a tiracolo, como se ele estivesse a salvo só pela metade.

Ele adotará e será adotado pelo novo país, seja ele qual for? Não sabemos o futuro, mas, naquela praia, o olhar dele é vivo, cheio de sonhos e de alegria.

Meu voto para o ano que vem é que a gente consiga pensar e agir à altura da esperança estampada na cara deste menino.

Contardo Calligaris – Folha de São Paulo

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Poluicéia Desvairada!

Par ou ímpar? No açougue da esquina. Foto de Lee Swain

Publicado em poluicéia desvairada! | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Duelo de Banjos em Amargo Pesadelo

Amargo Pesadelo (Deliverance, 1972) é um daqueles filmes de suspense que põem uma faca bem afiada na garganta do espectador desde o início, deixando-o imóvel, tenso, suando frio. O longa conta a história de quatro amigos que se reúnem para descer o rio Cahulawassee desde a nascente até a foz, aproveitando que em breve o rafting na região será inviabilizado pela construção de uma hidrelétrica. Até aí, nada demais, parece ser um filme de aventura estrelado por dois galãs do cinema no auge de suas formas: John Voight (Ed) e Burt Reynolds (Lewis). Só parece. Logo no começo, quando os quatro param em um pequeno vilarejo, o ambiente lúgubre deixa claro que algo desagradável está por vir.

Depois de algum tempo procurando uma alma viva naquele vilarejo, finalmente um senhor taciturno aparece, ressabiado, pensando que o grupo estava envolvido com a construção da hidrelétrica no local – na verdade, eles queriam alguém que levasse seus dois carros até Aintry, na foz do rio, onde os quatro chegariam após o rafting. Quando Lewis pergunta se aquele senhor poderia fazer esse favor, recebe como resposta “vocês são loucos”. A partir daí, fica claro que entre os habitantes da região há um consenso: não é uma boa ideia descer o rio Cahulawassee, embora os quatro amigos não pareçam dar muita ideia para isso, para desespero de quem está assistindo…

Esse ruído de comunicação só é interrompido quando, no alpendre da casa que funciona também como posto de gasolina, um garoto com um banjo surge e chama a atenção de Drew (Ronny Cox), único dos quatro que carregava um violão. A desconfiança mútua se desfaz a partir do momento em que os dois começam a tocar juntos, um respondendo ao riff do outro. Em meio ao duelo, Bobby (Ned Beatty) observa que o garoto com o banjo aparenta ter deficiências genéticas, ao que um dos moradores do vilarejo responde: “quem está tocando o banjo aqui?”. A cena, eternizada como o “duelo de banjos”, é lembrada pelo Frames para Sempre da semana.

Aliás, essa é uma boa oportunidade para desfazer uma das lendas criadas em torno desta parte do filme: o garoto que toca banjo não é autista. Seu nome é Billy Redden, e ele foi selecionado durante um teste de elenco na Clayton Elementary School, na Geórgia. Os traços de deficiência genética que eram descritos no livro homônimo de James Dickey, que deu origem ao filme, foram simulados com uma maquiagem especial aplicada em Billy. Ele também participou do filme Peixe Grande e sua histórias maravilhosas (Big Fish, 2003), de Tim Burton. E o autor do livro, por sinal, faz uma ponta no filme como um xerife da comunidade.

Amargo Pesadelo fez um sucesso inesperado para o orçamento do filme, de U$ 2 milhões; foram três indicações aos Oscar, nas categoria de melhor filme, diretor e edição, além de um faturamento de U$ 46 milhões. O caráter low-profile do filme se evidencia na falta de dublês mesmo para as cenas mais arriscadas – Burt Reynolds chegou a quebrar o cóccix em uma das cenas que escorrega pela cachoeira. Sem grandes efeitos ou enredo mirabolante, o filme retrata pessoas normais que envolvem-se em situações insólitas, tendo que tomar medidas drásticas para continuarem vivas, a despeito de suas convicções morais e éticas. Um filme imperdível, especialmente para quem gosta do gênero suspense/thriller. A direção é de John Boorman.

Resenha no Divã

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Eleições mais limpas

As eleições para prefeito este ano se darão sob regras bastante diferentes daquelas que vigoraram em pleitos passados. A nova legislação eleitoral, sancionada em outubro passado, impõe dificuldades muito maiores aos partidos e aos candidatos. Em compensação, os eleitores serão bem menos castigados pela xaropeira própria das campanhas.

Para começar: o período de campanha eleitoral foi reduzido de 90 para 45 dias, a contar a partir do dia 16 de agosto. Nada de cavaletes espalhados pelas ruas e praças, muito menos outdoors. Apenas carros de som (com baixos limites de decibéis) e caracterização mínima na lataria. Mesas e barraquinhas para distribuição de panfletos são permitidas, desde que não atrapalhem o tráfego de pedestres.

O tempo dos programas de propaganda eleitoral em rádio e televisão também foi reduzido à metade. Serão apresentados durante os 35 dias finais da campanha, a partir de 26 de agosto. E em vez de 20 minutos, eles terão apenas dez minutos – como sempre, duas vezes ao dia, um no começo da tarde, outro à noite, no horário nobre da televisão.

Segurança 1

No mundo inteiro, a medida de segurança pública se faz pelo índice de homicídios dolosos – número de vítimas por grupo de 100 mil habitantes. Até a ONU usa esse método. Neste fim de semana, no entanto, a revista Veja publicou um ranking que coloca o Paraná em primeiro lugar em segurança pública, com 100 pontos, a nota máxima dentre todos os estados do país.

Segurança 2

Como pode? O índice de criminalidade do estado, de acordo com o critério universal, foi de 23,3 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2013, o quinto maior do Brasil, segundo o último Mapa da Violência. Ficou acima da média nacional, de 20,4, e com o dobro da taxa de São Paulo. O “truque” (inédito) foi incluir acidentes de trânsito e roubos como parâmetros de medição de segurança pública, o que fez melhorar a média paranaense em relação aos demais estados.

Os debates televisivos tendem a ser melhores, já que as emissoras não se obrigam a convidar candidatos de partidos pequenos – só os daqueles que conseguiram eleger mais de nove deputados federais no último pleito. Estaremos livres dos costumeiros debatedores folclóricos?

Outra notícia alvissareira: já não adiantará aos candidatos ter aquelas coligações quilométricas, que às vezes chegavam a quase duas dezenas de partidos, para aumentar seus tempos de participação nos programas de rádio e tevê. Na eleição de 2016, será de seis a quantidade máxima de legendas que somarão para definir o tempo de cada coligação/candidato.

Trata-se de boa medida: até a eleição passada, todo partidinho que integrasse uma coligação certamente teria filiados seus ocupando cargos na administração do candidato que tenha ajudado a eleger. A nova regra limita esses escambos e liberta os eleitos de compromissos muito amplos.

Estão também proibidas as doações de pessoas jurídicas, o que deve escassear os recursos aplicados nas campanhas. Em princípio, elas serão mais pobres – desde que, porém, se faça rígida fiscalização quanto ao uso de caixa 2, crime que já era previsto nas leis anteriores.

Por outro lado, é de se imaginar que também diminuam os compromissos do eleito em retribuir com obras superfaturadas as doações recebidas de empreiteiras – a menos que estas se “disfarcem” em pessoas físicas.

Além disso tudo, há limites de gastos. Nenhum dos candidatos a prefeito em 2016 poderá gastar mais do que 50% do valor aplicado pelo mais “rico” dos candidatos na eleição passada. No caso de Curitiba, por exemplo, quem mais gastou em 2012 foi Luciano Ducci, R$ 14,2 milhões. Assim, em 2016, o maior gastador terá de provar à Justiça Eleitoral que suas despesas não ultrapassaram R$ 7,1 milhões.

Ao que tudo indica, teremos eleições mais limpas e menos cansativas.

Celso Nascimento – Gazeta do Povo

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mural da História

1980

Publicado em mural da história | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter