Golpe cego

Em gesto irresponsável, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acabou por considerar admissível o pedido de impeachment contra a presidente da República. Uma peça jurídica artificial, manipulada sem escrúpulos, joga agora o centro das decisões nacionais em guerra estéril. Convém afastar as ilusões: não haverá ganho nesta refrega.

Quanto a Cunha, o destino está traçado. Será cassado pelos pares e, depois, esquecido pela história, que não se ocupa de personagens menores. Mas, como homem-bomba, deixa abacaxi e tanto. Já pequena diante dos desafios da crise econômica e da Lava Jato, a política fica mais perdida na cerração provocada pela admissibilidade do impedimento.

Vozes até aqui sensatas da oposição e do mundo jurídico sabem que não há base consistente para a solicitação de impeachment. Repetidas declarações de personagens insuspeitos como Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, Carlos Ayres Brito e Joaquim Barbosa atestam a fragilidade da iniciativa. As supostas pedaladas fiscais não passam de operação cotidiana de qualquer Executivo.

Existe, é verdade, em parte da opinião pública, a crença de que este governo carece de condição para seguir e deve ser interrompido, mesmo que para isso seja necessário forçar a mão das leis. Trata-se de um golpismo branco, autojustificado pela expressão moral do “assim não dá mais”. Ocorre que, em política, a frase é incabível, pois à política compete sempre indicar caminhos alternativos e não a impossibilidade moral de continuar.

Qual o projeto nacional do senador Aécio Neves, presidente do PSDB, que na quarta (2) saudou a decisão de Cunha? O que ele faria diferente de cortar e cortar gastos, esperando que ao fim do austericídio comece a haver uma recuperação, como agora parece ser o caso, por exemplo, na Espanha? A impopularidade da gestão Aécio seria similar à atual.

Que perspectiva oferece o vice-presidente Michel Temer que, na hora simbólica do pronunciamento presidencial, evitou postar-se ao lado da companheira de chapa? Até FHC considerou a “ponte para o futuro”, carta-programa firmada por Temer como garantia aos mercados, liberal demais. Se chegar a acontecer, o mandato do PMDB terminará em isolamento semelhante ao que acomete hoje o Planalto.

Operando no fio da navalha, o PT procura, com enormes dificuldades, reencontrar o prumo. A decisão de apoiar a cassação de Cunha, que precipitou a explosão do deputado carioca, bem como a recusa em defender o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), mostra alguma vida no interior da legenda. Resta ver se haverá força para mudar também a política econômica. Nesse caso, a batalha que se aproxima ganharia algum sentido positivo.

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André Singer – Folha de São Paulo

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Gotas

Foto de Ricardo Silva

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Absolut

Foto de Myskiciewicz

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Planeta Água

Foto de Ricardo Silva

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A coisa pública

Ao contemplar de lá de cima (ou de onde quer que esteja, se estiver) o país que foi obrigado a deixar há 126 anos, D. Pedro 2º deve se perguntar como o Brasil conseguiu avacalhar até o fundamento básico da República: o conceito de “res publica”, a coisa pública, que, por ser de todos, não é de ninguém. E como um país tão grande aceita se curvar à mesquinha disputa entre Dilma Rousseff e Eduardo Cunha, ambos tentando salvar a pele pelas lambanças que fizeram com o dinheiro público.

Ele, D. Pedro, foi impecável nesse departamento. Imperou de verdade durante 48 anos, de 1841 a 1889, sem deixar que aumentassem sua dotação. Era com este dinheiro que sustentava a si próprio e à sua família, pagava os estudos no Exterior de brasileirinhos em quem acreditava (como o músico Carlos Gomes e o pintor Pedro Américo) e financiou suas duas viagens aos EUA, Europa e Oriente Médio, com comitivas de apenas quatro ou cinco pessoas –para a segunda dessas viagens, teve de tomar dinheiro emprestado.

Em vez de criar impostos, cortava despesas. Seu palácio imperial, em São Cristóvão, era o mais desmobiliado do planeta. Seus trajes oficiais, puídos de fazer dó. Ao ser deposto pelos militares e ter de ir embora em 24 horas, D. Pedro recusou o dinheiro que o governo da República lhe ofereceu para seu exílio em Paris. E ainda lhes passou uma descompostura por estarem dispondo de recursos que não lhes pertenciam, mas ao povo brasileiro.

Poucos dos sucessores republicanos de D. Pedro seguiram o seu exemplo de austeridade. Prevaleceu a ideia de que a coisa pública é para isto mesmo –para se meter a mão em benefício pessoal (Cunha) ou para falsificar contas, disfarçar a incompetência e avalizar mentiras (Dilma).

1- Pedro nasceu há 190 anos na última quarta-feira. Fará 124 de morte amanhã.

Ruy Castro – Folha de São Paulo

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Irmãos

Foto de Roberto José da Silva

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Calúnia social

Abdel Hamid Abaaoud. Foto de ***

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Mural da História

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Fiofó

Fernando Collor teve seu mandato da presidência cassado, perdeu seus direitos políticos por 8 anos e foi substituído pelo vice-presidente Itamar Franco. E deu no que deu.  (Agora, nem o passado é previsível. Ex-Ministro Pedro Malan)

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Faça propaganda e não reclame

Retícula sobre foto de Tânia Meinerz

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Assim rasteja a humanidade…

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Diuma Rucefa

O motorista do táxi, ao passageiro: “Por que não acabar com isso Dilma vez por todas?” Solda, pela transcrição.

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A presidenta. E o vice-versa…

Michel Temer.  Foto de Myskiciewicz

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A mãe de todas as crises

Comecei a ler jornais cedo na vida, primeiro A Gazeta, O Estado e A Verdade, publicados em Florianópolis e, anos depois aos domingos um jornal carioca – lembro-me de O Globo ou O Diário de Notícias, que meu pai comprava apenas no final da semana. Lia tudo incluindo o noticiário político e foi nesse tempo (anos 50 do século passado), que me veio o gosto pela observação das atividades político-partidárias. Eu sabia o nome dos principais políticos de então.

Em agosto de 1954, aos 14 anos de idade, no dia seguinte ao suicídio de Getúlio Vargas lembro-me da disputa quase a tapa por um exemplar do Correio do Povo, de Porto Alegre, na banca do seu Beck, na praça 15 de Novembro, em Floripa, diante da ansiedade pela leitura das notícias sobre o ato final de Gegê. Mal os jornais de fora apareciam nas bancas eram vendidos na mesma hora.

Na campanha que levou Jânio Quadros à presidência da República em 1960, minha estréia como eleitor, descobri na mesma banca O Estado de S. Paulo, o jornalão dos Mesquita, por sinal, engajado na campanha janista, por coincidência, ao lado de Carlos Lacerda, um dos meus ídolos políticos. Até hoje leio esse jornal, que considero o mais importante da América do Sul e, seguramente, um dos mais importantes do mundo.

Na ocasião, inaugurado o meu título eleitoral foi duro absorver o fel da derrota de Irineu Bornhausen, candidato da União Democrática Nacional (UDN) – o único partido a não reviver com a redemocratização – para o governo de Santa Catarina. O vencedor foi Celso Ramos, do Partido Social Democrático (PSD). Mesmo com a vitória de Jânio a ressaca custou a passar e acabou redobrada quando da renúncia sete meses depois da posse.

Assim, acompanhei as crises do suicídio de Vargas, as tentativas de golpe militar (Jacareacanga e Aragarças) contra Juscelino Kubitschek, a renúncia de Jânio e a posse de João Goulart e, em 1964, o golpe que o derrubou da presidência da República, marco inicial dos 20 anos de dominação militar. Continue lendo

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Pamela Anderson é a última mulher a posar nua na ‘Playboy’ americana

Ellen von Unwerth/Playboy

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