Dieffenbachia seguine. Eduardo Cunha, também conhecido como “Comigo-ninguém-pode”. Foto de Myskiciewicz
Dieffenbachia seguine. Eduardo Cunha, também conhecido como “Comigo-ninguém-pode”. Foto de Myskiciewicz
a luz se põe
em cada átomo do universo
noite absoluta
desse mal a gente adoece
como se cada átomo doesse
como se fosse esta a última luta
o estilo desta dor
é clássico
dói nos lugares certos
sem deixar rastros
dói longe dói perto
sem deixar restos
dói nos himalaias, nos interstícios
e nos países baixos
uma dor que goza
como se doer fosse poesia
já que tudo mais é prosa
Desde a Segunda Guerra Mundial, com o morticínio de europeus e as bombas atômicas norte-americanas, só as mentes aprisionadas na ignorância podem surpreender-se com a ferocidade humana.
Os antigos gregos, ao tempo mesmo em que fundavam com genialidade a filosofia, faziam guerras entre si e com vizinhos. Os romanos, enquanto elaboravam o Direito e davam o nome de bárbaros aos alheios à evolução latina, submetiam imensidões e povos às suas armas. Registro ainda anterior, o Velho Testamento, nascente religiosa, é uma crônica das guerras feitas pelos hebreus aos povos da região. Estavam legados aos milênios do Ocidente os pilares da sua história: a cultura, a religião e os extermínios humanos.
O Ocidente nunca esteve sem guerra. Mudam as formas. Muçulmanos ensandecidos invertem hoje as Cruzadas medievais dos cristãos sanguinários. Paris: a matança foi de inocentes. Todas as guerras são para dominar ou exterminar os inocentes. É tão triste –e tão sem remédio.
UMA FONTE
A resistência da corrupção é muito mais forte do que o ataque que lhe é feito. E a primeira fortaleza da resistência está no Congresso, onde se formam diferentes maiorias, a depender da ocasião, que usam o poder de legislar para criar, proteger e restabelecer vias de acesso à corrupção. Assim se explica que, tão logo derrubadas pelo Supremo Tribunal Federal, na quinta (12), as chamadas doações ocultas para candidatos eleitorais, parlamentares começaram a conversar sobre o seu restabelecimento. Entre eles, Eduardo Cunha.
Aprovadas entre as alterações da legislação eleitoral feitas pelo Congresso, as “doações ocultas” foram vistas pela OAB como inconstitucionais, por impedirem que os eleitores saibam quem financia os seus candidatos. A identidade do doador desapareceria com a entrega do dinheiro ao partido, que o repassaria em seu nome ao candidato. O Supremo acatou a ação da OAB, mas é uma decisão sua que dá oportunidade ao restabelecimento das “doações ocultas”. Por meio de emenda ao projeto, em trânsito no Congresso, que pretende restabelecer as doações de empresas a candidatos já nas eleições de 2016.
É notório o uso de campanhas eleitorais para enriquecimento pessoal, dada a impossibilidade de controle real das doações recebidas pelos candidatos, muitas vezes extorquidas. Depois de eleições, inúmeros patrimônios de candidatos crescem, de repente, com novas residências, sítios, fazendas, e isso não é segredo, nem haveria como ser. Além de crime eleitoral, é crime comum. Mas nunca se soube de quem coletasse de doações de campanha, desviasse o dinheiro, e por isso fosse preso e condenado por estelionato.
É explicável que tantos parlamentares, de quase todos os partidos, não se conformem com a proibição às gordas doações de empresas e, agora, também às doações ocultas.
DE PALAVRA
O deputado Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara, fez o seu espetáculo de rompimento com o apoio a Eduardo Cunha. O jornalista Ilimar Franco (“O Globo”) desmascarou-o. Contou, com precisão até de horários, que na terça-feira Carlos Sampaio foi cedo à casa de Eduardo Cunha, acompanhado de Mendonça Filho, do DEM, e Paulinho da Força, do Solidariedade, e os três garantiram o apoio da oposição à defesa de Cunha em troca do impeachment de Dilma. No começo da noite, “dobrado pela bancada”, Carlos Sampaio “procurou microfones, câmeras e luzes” e “anunciou o rompimento”.
Eduardo Cunha, mais uma vez, depois de “mais de cinco encontros secretos” com aqueles oposicionistas nos últimos 30 dias, disse-lhes que responderia até quinta-feira. O negócio imoral ficou sem resposta.
Janio de Freitas – Folha de São Paulo
Um sábio certa vez escreveu: “A palavra foi dada ao homem para esconder o seu pensamento.” Portanto, nem tudo o que lhe parece é. Vejamos o que dizem (em palavras) alguns notáveis políticos do Paraná a respeito das eleições municipais de 2016 e estaduais de 2018 para esconder o que realmente pensam:Senador Roberto Requião: “Serei candidato a governador em 2018”.
O que de fato pensam:
Política, além de poder ser definida como a arte de governar, tem muito a ver também com a arte de dissimular, isto é de ocultar ou disfarçar, sob palavras, os verdadeiros sentimentos.
Celso Nascimento – Gazeta do Povo
BRASÍLIA – Não foi um súbito acesso de ética que levou o PSDB a abandonar o deputado Eduardo Cunha. Os tucanos só pularam do barco furado porque começaram a sentir a água nas próprias canelas.
A aliança já afetava a imagem do partido. Ao voltar a seus Estados, os parlamentares passaram a ser cobrados pelos eleitores. Era cada vez mais difícil se dizer indignado com a corrupção do governo e ignorar as provas contra o correntista suíço.
Ao mesmo tempo, o PSDB se deu conta de que foi enrolado por Cunha. O deputado usou o apoio do partido e a ameaça do impeachment para forçar o governo a negociar. Deu certo. Conseguiu um encontro com o ex-presidente Lula e conversas frequentes com o ministro Jaques Wagner.
Com atraso, os tucanos perceberam que o impedimento de Dilma Rousseff se tornou uma hipótese distante. O enfraquecimento de Cunha, as liminares concedidas pelo Supremo e a reforma ministerial fizeram o vento virar a favor do Planalto.
Isso não significa que a presidente deixou de correr riscos, mas obriga a oposição a lidar com um cenário em que o cenário mais provável é sua permanência até 2018. Foi por isso que Aécio Neves admitiu, nesta quinta, que o impeachment “não pode ser a pauta única” da oposição.
A ficha caiu para o senador, mas continua entalada na garganta do deputado Carlos Sampaio. No discurso em que anunciou o rompimento com Cunha, o líder do PSDB afirmou que o peemedebista não pode mais presidir a Câmara, mas ainda “tem todos os elementos” para deferir o pedido de impeachment.
Sampaio é um deputado criativo.
“Quem é que não tem briga dentro de casa? Quem não tem um descontrole? Quem não exagera numa discussão?” Na tentativa de defender o indefensável, o deputado Pedro Paulo fez cariocas se lembrarem de uma frase do goleiro Bruno: “Quem nunca saiu na mão com a mulher?”
Stephane de Sakutin/Pool/AFP Photo
Paris, 14 nov (EFE).- O pedido de união nacional do presidente da França, o socialista François Hollande, após os atentados de ontem à noite em Paris foi neste sábado confrontado cpor múltiplas vozes da direita e da extrema direita para que o chefe de Estado promova uma mudança radical na ação antiterrorista.
O líder da oposição conservadora e antecessor de Hollande no cargo, Nicolas Sarkozy, foi comedido na forma, e duro no teor, ao afirmar que “são necessárias grandes mudanças para que a segurança dos franceses seja garantida plenamente”.
Sarkozy insistiu que a política externa e a de segurança interna devem ser preparadas com base em que o país “está em guerra” e avançou que seu partido, Os Republicanos, defenderá “todo reforço drástico das medidas de segurança que permitam proteger” a vida dos cidadãos.
O ex-presidente não quis antecipar medidas concretas, mas alguns membros da ala mais à direita da legenda questionaram a livre circulação na Europa e reivindicaram a detenção de suspeitos de fundamentalismo ou a expulsão de estrangeiros que mostrem conivência com o radicalismo islâmico.
O deputado Jacques Myard pediu uma “total revisão” do direito para adquirir a nacionalidade francesa, assim como dos acordos de Schengen de livre circulação para “restabelecer as fronteiras” nacionais.
O secretário-geral dos Republicanos, o ex-ministro Laurent Wauquiez, se pronunciou a favor de que sejam levadas a “centros de detenção” as 4 mil pessoas que estão fichadas pelos serviços de informação franceses como suspeitas de proximidade com movimentos terroristas.
“Estamos em guerra, e são eles ou nós”, ressaltou Wauquiez em entrevista à rádio “France Bleu”.
Algo similar disse o defensor da soberania Nicolas Dupont Aignan, que acredita que “para ganhar esta guerra do Estado Islâmico” é preciso “dar mais meios às forças policiais” e “deter todos os terroristas fichados pelo Ministério do Interior”.
Quanto à presidente do partido ultradireitista Frente Nacional, Marine le Pen, reiterou ser “indispensável que a França recupere o controle de suas fronteiras nacionais definitivamente”.
Segundo ela, é preciso destruir “o fundamentalismo islamita”, e isso passa por “proibir as organizações islamitas, fechar as mesquitas radicais e expulsar os estrangeiros que predicam o ódio sobre o solo francês, assim como os clandestinos”.
Ángel Calvo – UOL