A metamorfose da Operação Zelotes

Em março do ano passado, quando começou, a Operação Lava Jato investigava uma rede de doleiros e sua lavanderia de dinheiro. As prisões do operador Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, resultaram na descoberta do maior escândalo de corrupção já visto no país. A Operação Zelotes, deflagrada em março deste ano, investigava a venda de sentenças e manobras no Conselho de Administração de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda. Um braço das investigações levou a Polícia Federal e o Ministério Público à salsicharia onde se embalam medidas provisórias.

Se a juíza Célia Bernardes, da 10ª Vara Federal de Brasília, estiver no mesmo caminho de seu colega Sergio Moro, a Zelotes se transformará numa Serra Pelada da corrupção. Ela foi o maior garimpo de ouro a céu aberto do mundo.

A expansão das investigações da Zelotes é uma novidade, e nos poucos passos que a juíza deu percebe-se que sabe de onde vem o cheiro do feijão. Ela associou um pleito que estava no Carf a gatos colocados em medidas provisórias. Bingo.

À primeira vista, os pixulecos do Carf nada teriam a ver com os embutidos das medidas provisórias. Na realidade, são uma modalidade refinada. O recurso ao Carf paralisa a cobrança da autuação da Receita até sabe-se lá quando. Se alguém conseguir mexer na lei que ampara a autuação, o caso acaba, sem que o sonegador tenha que pagar um só centavo. Uma medida provisória que está sendo investigada, relacionada com matéria tributária, teve 400 emendas e seu relator foi o deputado Eduardo Cunha.

Está na cadeia o ex-conselheiro José Ricardo da Silva, irmão de uma conselheira e filho de um ex-secretário-adjunto da Receita. Na advocacia auricular que beneficiou montadoras de veículos, estava no lance Alexandre Paes dos Santos, o APS, um dos mais notórios lobistas de Brasília. Ele também está preso.

Desde abril, conhece-se a frase do conselheiro Paulo Roberto Cortez apiedando-se dos “coitadinhos” que pagam impostos e não recorrem ao Carf: “Quem não pode fazer acordo –não é acordo, é negociata–, se fode”. À época, o juiz que estava no caso recusou-se a prender quatro suspeitos. Continue lendo

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Mural da História

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Defesa e família aguardam chegada de Marin nos Estados Unidos

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Foto de Alexandre Durão

Se fechar o mesmo acordo que outros envolvidos no caso, ex-presidente da CBF nunca mais poderá falar com Marco Polo Del Nero

A defesa e a família do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, esperam que ele seja extraditado da Suíça para os Estados Unidos já nesta terça-feira. A pedido de autoridades americanas, Marin foi preso em Zurique no dia 27 de maio junto com outros dirigente da Fifa acusados de corrupção, e depois de cinco meses aceitou ser extraditado para os EUA. O prazo para sua chegada a Nova York – o caso corre na Corte Federal do Brooklyn – termina no final desta semana, mas tanto seus advogados quanto sua família trabalham com a informação de que Marin chegará aos EUA no máximo até quarta-feira.

Assim que desembarcar, Marin ficará um ou dois dias preso nos EUA e então passará por uma audiência, na qual vai se declarar inocente, mas vai aceitar o acordo proposto pelos promotores americanos: entregar o passaporte, pagar uma fiança milionária, não entrar em contato com os outros acusados e cumprir pena em prisão domiciliar. José Maria Marin tem, desde 1989, um apartamento na luxuosa Trump Tower, na 5ª Avenida, em Nova York.

Marin tenta acordo para cumprir pena em apartamento na 5ª avenida em NY

Outros dois envolvidos no mesmo escândalo fecharam acordos semelhantes. O empresário argentino Alejandro Burzaco – que segundo as acusações era um dos corruptores – pagou uma multa de US$ 20 milhões (cerca de R$ 80 milhões). O ex-presidente da Concacaf Jeffrey Webb fechou um acordo por US$ 10 milhões (R$ 40 milhões, aproximadamente). Os valores negociados pela defesa de Marin são mantidos em sigilo tanto pela defesa quando pelas autoridades americanas.

Martín Fernandez –  G1.com

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Dia de aniversário

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Foto de João Bittar

Foi o pior aniversário de Lula desde os tempos em que, de calça curta e dedo no nariz em sua Garanhuns (PE) natal, ele torcia pelo Vasco e matava aula para caçar calango. Com um agravante: hoje, aos 70 anos, Lula deve ter menos amigos para lhe soprar velinhas do que aos 10, em 1955.

Em compensação, ninguém tem uma lista mais ilustre de ex-amigos, vivos ou mortos: Hélio Bicudo, Chico de Oliveira, Cristovam Buarque, Fernando Gabeira, Vladimir Palmeira, Plínio de Arruda Sampaio, Marina Silva, Erundina Silva, Chico Alencar, Cesar Benjamin, Francisco Weffort, Paulo de Tarso Venceslau, Beth Mendes, Airton Soares. Juntar esse time a seu favor foi uma façanha; fazê-lo desertar em massa, outra. Sem contar os que, por terem se tornado cadáveres políticos, ele abandonou, como José Dirceu.

Em lugar deles, Lula poderia ter convidado para sua festa os empreiteiros, banqueiros e pecuaristas com quem se dá tão bem. Mas boa parte estava impedida de comparecer, por cumprir temporada em Curitiba ou estar reunindo ou apagando documentos. É compreensível também que, subitamente, muitos não queiram ser vistos ao seu lado. O jeito, para fazer quorum, seria Lula convidar antigos aliados, como Sarney, Collor, Maluf –mas estes bem sabem quando e com quem devem se aliar.

Diante dessa evasão humana, só restou a Lula passar o aniversário com seus filhos, noras, sobrinhos e irmãos, com a recomendação de que eles não levassem os amigos, os quais, por coincidência, têm estreitos laços comerciais entre si e com órgãos da administração pública. Devido a esse caráter de festa íntima, não fazia sentido fechar um restaurante de luxo ou mesmo uma churrascaria –o feudo do Instituto Lula era suficiente.

E quem esteve lá pode ter presenciado um fato histórico: a última vez que Dilma e Lula foram vistos juntos.

ruy castro

Ruy Castro – Folha de São Paulo

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Mural da História

O EX-TADO DO PARANÁ 2virgíliodois

6 de março de 2005

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Brasíliaouim

Brasilouim

Eduardo Cunha.  Foto de Myskiciewicz

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Da Natureza

Sou católica, mas rejeito o mea-culpa cristão, estranho o sotaque andrógeno dos padres, não creio em redenção pós-mortem e sou propensa às tentações da carne.

Na missa de sete anos da morte do meu pai, no belo Mosteiro de São Bento, tentei, mais uma vez, me ater ao rito, mas foi em vão.

Na saída, padre Matias, um clérigo de vocação, permitiu que visitássemos o claustro.

Na calma atemporal do pátio interno, admirei a dedicação do sacerdote à biblioteca do mosteiro. Ali, sim, comunguei de sua devoção à Igreja.

A arte e o intelecto são a luxúria de Matias, prazeres que não enxergo como pecado.

Meu filho, ainda mais avesso à cruz do que eu, acha impossível conciliar a compaixão de Cristo com a morbidez dos dogmas e a riqueza acumulada do clero.

Não o condeno.

O caráter maniqueísta, culposo, masoquista de uma crença nascida do fundo arcaico do Mediterrâneo, destoa do histórico de opulência do Vaticano e do paganismo greco-romano que, ainda hoje, nos rege.

Ganhei de aniversário do poeta Antonio Cicero um livraço que esclarece o paradoxo.

“A Virada” (Companhia das Letras), do teórico e professor de Harvard Stephen Greenblatt, narra a descoberta, em 1417, do poema “De Rerum Natura”, “Da Natureza”, de Tito Lucrécio Caro, por um dos primeiros humanistas, calígrafo e caçador de livros, Poggio Bracciolini.

Escrito no séc. 1 a.C., o poema permaneceu esquecido em um dos tantos monastérios que, depois do apagão do Império Romano, guardaram o que restou do saber da antiguidade.

“Da Natureza” resistiu aos incêndios das bibliotecas, à fúria bárbara e à censura cristã. Seu conteúdo é fiel ao atomismo de Demócrito, ao prazer de Epicuro e à ideia de que o destino dos homens não é regido pela vontade dos deuses.

A ligação entre o poema de Lucrécio e Epicuro veio à luz muito tempo depois do feito de Poggio. Em 1753, rolos de papiro com trechos de “Da Natureza” foram encontrados nas escavações do balneário de Herculano, vizinho à Pompeia, também soterrado pelo Vesúvio em 79 d.C.

A biblioteca da casa abastada de Herculano pertenceu a uma elite epicurista que cultivava uma existência livre do medo da danação divina.

“A Virada” explica o porquê de Platão e Aristóteles terem sido absorvidos pelo cristianismo, enquanto Epicuro foi jogado no lixo da história.

Seu universo sem ideal ou alma transcendente, regido por partículas, com deuses indiferentes à necessidade humana e espécies evoluindo ao acaso não caberia na fé cristã. Difamado, a felicidade terrena que pregava foi transformada em escárnio e excesso.

Os 7.400 versos de Lucrécio serviram de estopim para a Renascença e a modernidade. Bruno, Galilei, Shakespeare, Maquiavel e Botticelli os leram, e também o avô de Darwin, Montaigne, More, Moliére e Thomas Jefferson.

Quem diria que, 600 anos depois de “Da Natureza” renascer das cinzas, a Guerra Santa voltasse à baila e o humanismo caísse em desuso?

Preservamos muitos dos pavores medievais, mas evoluímos ateus. Somos materialistas que rezam o Pai Nosso.

Vem daí a minha dificuldade de comungar na missa, vem de Poggio o prazer intelectual do padre Matias e de Epicuro a profunda empatia que sinto ao caminhar por Pompeia e pensar que, sim, eu poderia ser um deles.

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Fernanda Torres – Folha de São Paulo

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Banho de Sol

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Foto de Roberto José da Silva

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Nosso Alouim

pepsipererêFaça propaganda e não reclame

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A liturgia do cargo

diuma-rucefa

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Veja-se!

Anna Muylaert vai do quarto de empregada ao tapete vermelho

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Que vida maravilhosa essa

As maçãs sem agrotóxico brilham na fruteira. Que vida maravilhosa essa. O quadro ficou realmente melhor nessa parede. Que vida maravilhosa essa. O marido ficou realmente melhor naquela mesa. Que vida maravilhosa essa. A janela só metade aberta porque está só meio calor. Que vida maravilhosa essa.

Agora, dez da manhã não cabe desmaiar, tem sal na cozinha. Agora, 11 da manhã não cabe ter crise de pânico, tem Rivotril no banheiro. Agora, meio-dia não cabe chorar, tem batata. Agora, uma da tarde não cabe passar mal, tem Vonau. Agora, duas da tarde não cabe ter azia, tem magnésia.

As roupas ficaram ótimas com esse amaciante. O cachorro ficou ótimo com esse condicionador. O cabelo ficou ótimo com essa hidratação. O sofá ficou ótimo com essa capa. A virilha ficou ótima com esse laser. O cheiro que vem lá de fora, e que nunca sabemos bem o que é, ficou ótimo com esse difusor cítrico.

Agora, três da tarde não cabe se apaixonar, tem 37 anos no RG. Agora, quatro da tarde não cabe trepar, tem que ter é um filho logo. Agora, cinco da tarde não cabe morrer, tem psiquiatra. Agora, seis da tarde não cabe parar, tem muita coisa me distraindo e eu acabei de começar a trabalhar. Agora, sete da noite não cabe ficar louca, tem que arrumar tudo que está fora do lugar. Agora, oito da noite não cabe sentar, tem uma mancha na cadeira que não sai por nada.

As meias agora ficam numa divisória para meias dentro da gaveta de meias. As calcinhas agora ficam numa divisória para calcinhas dentro da gaveta de calcinhas. Os talheres agora ficam numa divisória para talheres dentro da gaveta de talheres. Às nove da noite não cabe desmaiar, tem sal na bolsa. Às dez da noite não cabe ter crise de pânico, tem Rivotril no bolso. Às 11 da noite não cabe chorar, tem o resto da batata na geladeira. À meia-noite não cabe passar mal, tem magnésia. À uma da manhã não cabe ter azia, tem Vonau.

Maravilhoso edredom de penas. As maçãs nunca vou saber, misturaram a orgânica com a da Mônica porque a fruteira é democrática. Maravilhosa manta antialérgica. Eu realmente gosto desse quadro? Eu tenho alguma opinião sobre quadros? Eu sou uma imbecil no quesito arte? Ter medo de ser imbecil me ataca a rinite? Maravilhosa mão quentinha dele. O embrulho que eu sinto quando vejo meus vestidos de sair esmagados por paletós que nunca saem é porque não sei dividir, ou porque quero mais vestidos ou as duas coisas são a mesma? Maravilhoso pijama nem de inverno e nem de verão e nem aperta e nem fica caindo. Maravilhoso filme, tem silêncio. Maravilhoso pouco sono, tem só uma frestinha aberta.

Depois das duas da manhã não cabe acordar, tem Stilnox no criado mudo. Depois das três da manhã não cabe sonhar, tem Effexor no criado mudo. Depois das quatro da manhã não cabe trocar de posição, tem Miosan no criado mudo. Depois das cinco da manhã não cabe ser infeliz, tem 37 anos no RG. Depois das seis da manhã não cabe sentir dor, tem que ter é um filho logo. Depois das sete da manhã não cabe mais nada no criado mudo, tem que empurrar os paletós. As maçãs sem agrotóxico na fruteira. Tem edredom de penas. O quadro na parede. Tem manta antialérgica. Depois das oito da manhã tem que tirar a mancha da cadeira que não sai por nada, tem muita coisa distraindo. Depois das nove da manhã a mancha sai, tem que ter opinião sobre os quadros. A janela está totalmente fechada. Que vida maravilhosa essa.

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Tai Bernardi – Folha de São Paulo

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Dia das Bruxas

pepsiDia-das-bruxas

Faça propaganda e não reclame

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Mural da História

O EX-TADO DO PARANÁ 2virada-do-ano-29-12-2010

29 de dezembro, 2010

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Água n’água

clique zé do fole 300água-n'águaFoto de Ricardo Silva

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