Legolá na deprê

Legolá-na-deprê

Foto de Roberto José da Silva

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Mural da História

20 de abril, 2011

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Portfólio

Cartaz oficial da 20ª Bienal Internacional de São Paulo e anúncio do Bamerindus, by Rettamozo e Solda, foto de Márcio Santos. Umuarama Publicidade (década de 90)

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OstRacismo

Extra! Extra! O fim do humor no mundo está próximo

Se essa charge não viesse assinada, poderia ser lida de qualquer maneira. Mas mesmo que essa charge não viesse assinada, seria impossível – pelo menos para quem gosta do radical humor dos chargistas – deixar de considerar, numa leitura mais demorada: que é exatamente o que esse tipo de texto pede, qual a real intenção do artista. Além de o traço do Solda ser inconfundível, todos que o conhecem sabem que ele também é poeta dos bons. E curte brincar com os jogos de sons que as palavras podem render. Coisa que qualquer criança de rua cantaria em suas brincadeiras. Obama: Banana.

Aí o cara inventa a humor: Banana pros States! Mas o fato é que não vivemos no melhor dos mundos. A patrulha está atenta e com os dedos apontados para julgar no outro o preconceito que pratica com violência cruel nas ruas: a polícia dá batida em adolescentes negros, empregadas domésticas são espancadas, nordestinos são interessantes só se forem artistas, homossexuais de BBB podem até ganhar prêmio, mas nas esquinas da night são espancados e assassinados por bichas enrustidas que procuram se aliviar com esses garotos. Se toda essa escrotice está disseminada nesse mundo em que os meninos e meninas bem nascidos são contra (nem todos!) cotas pra negros e estudantes de escola pública, alegando que estes também têm inteligência pra competir de igual pra igual, o que resta, então?

Vamos escrachar com o chargista! Vamos condenar sua arte ao ostRACISMO. Foi isso o que aconteceu com o Gregório de Matos, expulso de sua Sé da Bahia, por ele ter afiado a língua em todas as castas. Monteiro Lobato, crucificado postumamente. Machado de Assis, julgado por ser o preto que não defendia os pretos. Lima Barreto pagou com a vida seu preço por expor a sociedade às suas verdades. Enquanto isso, em Curitiba … deu a louca na macacada!

A primeira interpretação que surge da charge do Solda atende a essa linha manipulada pelos patrulheiros: Negro, Banana, Macaco= racismo? Se é assim, então o grande favor que o jornalista deveria ter prestado aos que foram por essa linha da patrulha teria sido ler a charge o mais próximo da intenção do chargista. Em vez disso, o cara se identifica como aquele que vai se safar perante seu público apontando o racismo onde não houve intenção. O Solda não previu isso talvez porque ele já tenha atravessado o tempo em que a censura era algo praticado às claras. Agora a censura é obscura e tão perigosa quanto àquela época. Todos somos preconceituosos. Todos somos de alguma forma pratulheiros atentos a reconhecer no outro o preconceito que degustamos às escondidas. Criar é muito perigoso.

Assionara Souza – 2 de abril, 2011

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A felicidade é deprimente

É possível que a depressão seja o mal da nossa época.

Ela já foi imensamente popular no passado. Por exemplo, os românticos (sobretudo os artistas) achavam que ser langoroso e triste talvez fosse o único jeito autêntico de ser fascinante e profundo.

Em 1859, Baudelaire escrevia à sua mãe: “O que sinto é um imenso desânimo, uma sensação de isolamento insuportável, o medo constante de um vago infortúnio, uma desconfiança completa de minhas próprias forças, uma ausência total de desejos, uma impossibilidade de encontrar uma diversão qualquer”.

Agora, Baudelaire poderia procurar alívio nas drogas, mas ele e seus contemporâneos não teriam trocado sua infelicidade pelo sorriso estereotipado das nossas fotos das férias. Para um romântico, a felicidade contente era quase sempre a marca de um espírito simplório e desinteressante.

Enfim, diferente dos românticos, o deprimido contemporâneo não curte sua fossa: ao contrário, ele quer se desfazer desse afeto, que não lhe parece ter um grande charme.

Alguns suspeitam que a depressão contemporânea seja uma invenção. Uma vez achado um remédio possível, sempre é preciso propagandear o transtorno que o tal remédio poderia curar. Nessa ótica, a depressão é um mercado maravilhoso, pois o transtorno é fácil de ser confundido com estados de espírito muito comuns: a simples tristeza, o sentimento de inadequação, um luto que dura um pouco mais do que desejaríamos etc.

De qualquer forma, o extraordinário sucesso da depressão e dos antidepressivos não existiria se nossa cultura não atribuísse um valor especial à felicidade (da qual a depressão nos privaria). Ou seja, ficamos tristes de estarmos tristes porque gostaríamos muito de sermos felizes.

Coexistem, na nossa época, dois fenômenos aparentemente contraditórios: a depressão e a valorização da felicidade. Será que nossa tristeza, então, não poderia ser um efeito do valor excessivo que atribuímos à felicidade? Quem sabe a tristeza contemporânea seja uma espécie de decepção”¦

Em agosto de 2011, I. B. Mauss e outros publicaram em “Emotion” uma pesquisa com o título: “Será que a procura da felicidade faz as pessoas infelizes?” (migre.me/rWgNC). Eles recorreram a uma medida da valorização da felicidade pelos indivíduos e, em pesquisas com duas amostras de mulheres (uma que valorizava mais a felicidade e a outra, menos), comprovaram o óbvio: sobretudo em situações positivas (por exemplo, diante de boas notícias), as pessoas que perseguem a felicidade ficam sempre particularmente decepcionadas.

Numa das pesquisas, eles induziram a valorização da felicidade: manipularam uma das amostras propondo a leitura de um falso artigo de jornal anunciando que a felicidade cura o câncer, faz viver mais tempo, aumenta a potência sexual –em suma, todas as trivialidades nunca comprovadas, mas que povoam as páginas da grande imprensa.

Depois disso, diante de boas notícias, as mulheres que tinham lido o artigo ficaram bem menos felizes do que as que não tinham sido induzidas a valorizar especialmente a felicidade.

Conclusão: na população em geral, a valorização cultural da felicidade pode ser contraprodutiva.

Mais recentemente, duas pesquisas foram muito além e mostraram que a valorização da felicidade pode ser causa de verdadeiros transtornos. A primeira, de B. Q. Ford e outros, no “Journal of Social and Clinical Psychology”, descobriu que a procura desesperada da felicidade constitui um fator de risco para sintomas e diagnósticos de depressão (migre.me/rWhcK).

A pesquisa conclui que o valor cultural atribuído à felicidade leva a consequências sérias em saúde mental. Uma grande valorização da felicidade, no contexto do Ocidente, é um componente da depressão. E uma intervenção cognitiva que diminua o valor atribuído à felicidade poderia melhorar o desfecho de uma depressão. Ou seja, o que escrevo regularmente contra o ideal de felicidade talvez melhore o humor de alguém. Fico feliz.

Enfim, em 2015, uma pesquisa de Ford, Mauss e Gruber, em “Emotion” (migre.me/rWhp4), mostra que a valorização da felicidade é relacionada ao risco e ao diagnóstico de transtorno bipolar. Conclusão: cuidado, nossos ideais emocionais (tipo: o ideal de sermos felizes) têm uma função crítica na nossa saúde mental.

Como escreveu o grande John Stuart Mill, em 1873: Só são felizes os que perseguem outra coisa do que sua própria felicidade.

Contardo Calligaris – Folha de São Paulo

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TV de cachorro

Quem aqui se lembra como era a vida há cinco anos? A gente acordava, lia o jornal, trabalhava, faltava na academia, via TV, fazia ou não umas coisas (se era namorado recente, talvez a gente transasse; se era marido, talvez a gente lesse; se era nada, talvez a gente saísse) e dormia. Ah, sim, e entremeando esses momentos, a gente se alimentava.

Hoje inverteu tudo. Agora o importante é comer como as celebridades fitness do Instagram ou como os chefs renomados dos reality shows e, nos intervalos, quiçá, trabalhar, respirar, transar, ler e dormir. Hoje eu já acordo com uma espécie de carrasco dentro do meu cérebro: sem pressa, sem glúten, sem farinha, sem açúcar, sem lactose, sem hormônios, sem agrotóxicos, sem sódio, sem sal nenhum, sem gordura trans, sem gordura nenhuma, sem transgênicos, sem parabeno (ops, esse é na maquiagem), sem o animal ter sofrido, sentada, sentindo o sabor, sementes. Às vezes tudo isso me dá tanta tristeza e preguiça que apenas bebo água. Ainda vão inventar a água orgânica. Putz, acabei de procurar água orgânica no Google e… tarde demais!

Quem aqui se lembra como era a televisão há cinco anos? Artistas faziam novelas, seriados, plásticas. Agora eles fazem moqueca de redução de escalope de avestruz cru, salpicão de feijão tropeiro reeditado a partir da espuma de feijão carioca que na verdade é um tofu com algas e penne ao limone, mas a massa do penne é feita de lula que é feita de nozes e o limão é abacaxi revisitado. Todo mundo tem um programa que ensina a cozinhar. Cozinhar hoje é o novo “atacar de DJ”. Não foi escalado pra próxima das nove? Não conseguiu nem um papel como amiga da alma penada da novela espírita das seis? Então mostra pra gente a sua versão da panqueca de camarão! Nem tudo está perdido!

Sábado fui almoçar no restaurante de um chef que admiro muito. Um lugar que eu sempre ia e era quase um segredinho meu. Fui avisada logo na entrada por uma produtora: “Estamos documentando a vida dele para um reality e todo mundo que vem aqui pode aparecer no programa”. Eu só queria comer. O sucesso é muito brega. Sim, tem que ganhar dinheiro, tem que aproveitar, eu faria o mesmo, mas, ainda assim, o sucesso continua sendo muito brega. Fui comer no restaurante ao lado.

Onde foi parar aquele iogurte que a gente bebia, de manhã, enquanto enfiava uma roupa porque estava atrasada? Tenho a impressão que se eu comer “qualquer coisa” hoje, só pra “resolver a fome”, pandinhas bebês morrerão de depressão. Aquele almoço “vou ali na esquina engolir um troço” já já vira crime, homicídio doloso “não tinha a intenção de matar, mas machucou muita gente proferindo aquelas palavras”. Hoje a gente vê fotos da Xuxa com crianças, trajando um maiô PP e saia transparente e acha estranho. Que doideira esses anos 80! O que vamos achar, daqui a 20 anos, de um reality que estressa crianças de oito anos para que elas saibam fazer pato trufado?

Que minuto foi esse em que todas as pessoas e programas de TV e revistas e sites e redes sociais decidiram que comida é a coisa mais importante do mundo? Por que vocês vão pra Roma, Paris, Buenos Aires, sei lá, qualquer cidade linda, e só tiram fotos de pratos e cardápios e da cara de espertões que vocês fazem porque estão em algum lugar que o guia Michelin mandou? E os guias que falam sobre pracinhas, pessoas, parques, museus e arquitetura?

Tati Bernardi – Folha de São Paulo

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Vai lá!

Clica!

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Os filhos dos outros

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Ele

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No banco da sogra

No banco da sogra viajei num Karman Ghia. Eu não era nem sogra, nem sogro do dono do carro. Apenas uma criança que, encantada com aquele carrinho vermelho, foi do Rio de Janeiro e a Vassouras. O motorista era um desconhecido, mas a namorada dele morava com uma tia querida que me dava o colo que nunca tive em casa. Nunca mais esqueci o possante e a praça antiga da cidadezinha. Anos depois, num dia de sol em que fui à janela do prédio público para olhar as árvores, tive uma visão – e alucinei. No pátio coalhado de carros novos, mas em cores sóbrias, estava lá o esportivo tão vermelho quanto aquele onde sonhei acordado nas retas e curvas de uma estrada sem trânsito. Desci correndo e, ao segurança, perguntei sobre o dono. Fui lá falar com ele. O carro era do pai e estava guardado há tanto tempo que os pneus ressecaram. Foi a única reposição que fez depois de tirar da cabeça do velho a ideia de vender a joia. No final de semana seguinte acabei com minha inveja boa que senti. Fui à feira e comprei vários, cada um com uma cor diferente. Entraram na coleção de um sonho de verão.

Do blog Cabeça de Pedra|Zé Beto

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Sem silicone

Foto de Roberto José da Silva

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O paraíso para as empreiteiras

Se a doutora Dilma não vetar um gato colocado na tuba da Medida Provisória 678, as grandes empreiteiras de obras públicas ficarão com um pé no inferno e outro no paraíso. O inferno é a carceragem de Curitiba. O paraíso será a conquista de um passe livre em futuros contratos, sem as restrições impostas pela legislação. Coisa jamais vista.

A história desse gato é uma viagem ao mundo de Brasília, onde fazem-se leis que se transformam em privilégios e, às vezes, acabam em escândalos.

Os fornecedores do governo odeiam a lei das licitações. Quando podem, esburacam-na. Em 1998, criou-se para a Petrobras um “procedimento licitatório simplificado”. Deu no que deu. Em 2011, com o objetivo de acelerar as obras para a Copa do Mundo, surgiu o “Regime Diferenciado de Contratação” para as empreitadas dos jogos. Nele, entrou o conceito de “contratação integrada”, permitindo que uma obra seja licitada apenas com um anteprojeto. As empreiteiras ganhariam liberdade para definir materiais e até mesmo os testes de qualidade de seus serviços. A maluquice do trem-bala poderia ter sido transformada num “projeto integrado”. Felizmente o BNDES matou-a.

Até aí, tudo bem, pois havia pressa para a Copa. Ela se foi e o VLT de Cuiabá, previsto para custar R$ 1,8 bilhão, está com os trabalhos parados. Se tudo der certo, ficará pronto em 2018, o ano da Copa na Rússia. Até lá, 40 trens continuarão estocados nos pátios. Passaram-se cinco anos da criação do RDC e ele expandiu-se, valendo também para obras do PAC, presídios ou mesmo postos de saúde.

No ano passado, o Planalto preparou um projeto de lei que mudava a lei das licitações, embutindo o conceito de “projetos integrados”. Jogo jogado, admita-se que a ideia é boa, modernizadora, globalizante ou seja lá o que for. O governo e os peões das empreiteiras poderiam botar a cara na vitrine defendendo-a. Com a Lava Jato na rua, o projeto sumiu.

Agora, sem maiores discussões, os “projetos integrados” reapareceram no texto da conversão da Medida Provisória 678. Originalmente, ela permitia um regime especial de contratação para empresas de segurança durante a Olimpíada do Rio. Virou uma árvore de Natal e incluiu no regime especial de contratação obras de infraestrutura como estradas, portos ou aeroportos. Empreitadas desse porte acabam entregues a grandes empreiteiras, precisamente aquelas que trocaram as capa de revistas de negócios pelas páginas de notícias policiais.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que não se podem colocar jabutis em Medidas Provisórias, mas os peões do Congresso podem argumentar que a Medida Provisória já estava em tramitação e, portanto, está fora do alcance do veto.

A doutora Dilma tem todo o direito de dizer que não respeita os delatores que destamparam o bueiro da Petrobras. Desde os primeiros dias da Lava Jato, ela manteve uma posição de antipática neutralidade pelo trabalho dos investigadores. A Polícia Federal e os procuradores estão atrás da indústria de gatos em Medidas Provisórias e já pegaram alguns negócios esquisitos. Em relação à Lava Jato, a doutora repete que nada teve a ver com a história. Se o Ministério Público e a Polícia Federal chegarem a atos que ela sancionou, a conversa será outra.

Elio Gaspari – Folha de São Paulo

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Mural da História

3 de setembro|2011

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Tempo

August Bruel e amigo. Foto do acervo de Beto Bruel

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Mural da História

Em algum lugar do passado

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