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Cavalgando e andando
Foto de Roberto José da Silva
Publicado em Sem categoria
Com a tag blog do zé beto, Cliques do Zé Beto, roberto josé da silva, zé beto
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O incrível homem que encolheu
Jovem, dono de bons atributos pessoais e morais e, sobretudo, de um carisma excepcional junto aos estratos mais periféricos da sociedade, o deputado Ratinho Jr. reúne todas as qualidade para fazer uma boa carreira política e alçar voos mais altos. Não fosse um inesperado segundo turno, no qual esperava enfrentar Luciano Ducci e não Gustavo Fruet, já teria conquistado a prefeitura de Curitiba em 2012.
Tropeçou neste trampolim, mas não perdeu a condição de continuar nadando com algum brilhantismo. Tanto que, na eleição seguinte, em 2014, se elegeu deputado estadual com uma votação histórica – 300 mil votos – e ajudou a eleger a maior bancada da Assembleia para o seu partido, o PSC, com 12 deputados.
Sua ambição imediata naquele momento era se tornar presidente da Assembleia e estava perto de conseguir chegar ao posto se não tivesse optado por uma viagem ao exterior no momento em que deveria estar aqui para dar os pontos finais na costura política. A presidência da Alep escapou-lhe pelos vãos dos dedos e caiu nas mãos do deputado Ademar Traiano, apoiado pelo Palácio Iguaçu.
Nem por isso seu balão se esvaziou completamente: ganhou o cargo de secretário de Desenvolvimento Urbano, pasta com orçamento bem fornido de verbas e aparelhada para mexer com a vida de os prefeitos de todo o Paraná. Alguns paralelepípedos aqui, outros asfaltinhos acolá e, pronto, já estaria com meia campanha feita para o governo estadual na sucessão de Beto Richa em 2018.
O ano de 2015 parecia sorrir para ele – mas bastaram algumas semanas da nova gestão, agora comandada pelo secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, para que ele perdesse o domínio do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU), principal e maleável fonte de recursos para agradar prefeitos gregos e troianos. Ficou com a escada, mas tiraram-lhe o pincel.
Em seguida, veio a crise que assolou o governo Richa a partir, principalmente, de fevereiro. Foi ali que começou a briga com os professores (que culminou com o massacre de 29 de abril) – três meses em que viu se esfarelar a coesão da sua numerosa bancada. Pelo menos quatro de seus deputados libertaram-se da cega obediência que lhe devotavam.
Ao mesmo tempo em que passou a ser também hostilizado em praça pública, Ratinho Jr. não conseguiu evitar a derrocada do transporte metropolitano integrado. Sem condições de manter o subsídio estadual para as linhas que servem os municípios vizinhos a Curitiba, acabou se tornando refém das empresas que prestam o serviço. Hoje, com o controle da bilhetagem, são elas que recebem antecipadamente e informam à Comec (órgão da Sedu) o quanto arrecadaram. A palavra das empresas virou uma questão de fé.
Quem mais está sofrendo com os efeitos da desintegração do transporte são os passageiros/eleitores – agora obrigados a ter dois cartões – que antes lhe garantiam as maiores votações a Ratinho.
O desgaste político, por esta e pelas demais razões, já se observa nas pesquisas. Quando citado entre os candidatos à prefeitura de Curitiba, por exemplo, Ratinho Jr. foi o que proporcionalmente mais perdeu substância (caiu de 38% para 25% na sequência das três últimas sondagens do Paraná Pesquisas), embora ainda mantenha a liderança.
Governo do estado em 2018? Com apoio de Beto Richa? Tarefa a cada dia mais difícil, sobretudo porque os bônus de estar secretário são, até o momento, bem menores do que os ônus. Principalmente quando vê surgir na raia uma desenvolta (e bela) vice-governadora, Cida Borghetti, que estará no comando do estado se Richa renunciar aos nove meses finais do seu mandato para concorrer a outro cargo e manter a imunidade.
Neste caso, Cida Borghetti com certeza será candidata à reeleição, concretizando o projeto que ela e seu marido, o deputado Ricardo Barros, desenharam quando seu nome foi imposto para compor a chapa de Beto Richa na eleição de 2014. Aliás, foi nesta ocasião que o nome de Ratinho Jr., também cotado para a vice, foi preterido pela primeira vez.
Mas, com Cida candidata e representando basicamente o mesmo grupo político, estreitam-se (ou se anulam) as chances de Ratinho disputar o Palácio Iguaçu. De eleição majoritária sobra concorrer à do Senado, quando terá de se defrontar com nomes de peso – dentre os quais o próprio Beto Richa, além de Roberto Requião, Osmar Dias e até mesmo Gleisi Hoffmann.
A história de Ratinho, se ele não souber dar a volta por cima, pode lembrar o título de um filme famoso: o incrível homem que encolheu.
Celso Nascimento – Gazeta do Povo
Mural da História
12 de setembro, 2008
Publicado em mural da história
Com a tag mural da história, o ex-tado do paraná, Seleção Brasileira
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Italiensk for begyndere
Italiano Para Principiantes. Título original: Italiensk for Begyndere. Direção: Lone Scherfig. Tempo de duração: 112 minutos. Ano de lançamento: 2000.
Filme do Movimento Dogma 95. No subúrbio de uma cidade dinamarquesa, um jovem pastor chega para trabalhar na igreja local e é persuadido por um assistente a freqüentar aulas de italiano em um curso noturno. Não demora muito e o sacerdote torna-se o centro de um grupo de pessoas para quem o destino reservou golpes um tanto duros, e, aos poucos, cada uma delas vai tentando superar seus problemas, buscando a melhor solução.
O pastor recentemente viúvo, o funcionário de um hotel e o gerente de um restaurante vivem histórias de amor incomuns, respectivamente com a funcionária de uma padaria, uma cozinheira italiana e uma cabeleireira. Urso de Prata em Berlin/2001.
Cartunista gaúcho denuncia ameaça por charges contra governo Sartori
De acordo com a ocorrência, um homem teria ligado para o telefone residencial do chargista e feito ameaças nos seguintes termos: “tu para com essas charges, com essas gracinhas, ofendendo o governador Sartori, se não eu vou danificar os teus instrumentos de trabalho, eu vou quebrar os teus braços”. A ligação ocorreu na segunda-feira (3), às 20h.
O Jornalismo B conversou com Bier, que disse que não vai se intimidar: “Vou continuar criticando. Alguém tem que fazer esse trabalho, já que toda a grande imprensa tá comprometida. Se quebrarem meus braços, vou engessar e esperar soldar. Depois volto e vou transformar a agressão num ato político, colar nas práticas da ditadura. Os caras tem os chargistas deles ainda precisam ameaçar os dos adversários. É muita pobreza”, afirma.
Com seu trabalho já tendo sido publicado em diversos veículos de mídia, Bier é jornalista e membro da Grafar, entidade que reúne alguns dos principais chargistas do Rio Grande do Sul.
Marcelo Odebrecht critica delatores e diz ser “provável” conversa com Lula e Dilma
Foto revista Época
O presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, sinalizou nesta terça-feira (1º) que não deverá fazer um acordo de delação premiada no âmbito da operação Lava Jato. Questionado pelos parlamentares da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras sobre se ele faria o acordo, ele disse que “dedurar” não está entre seus “valores morais”. “Na infância, eu talvez brigasse mais com quem dedurou do que quem fez o fato”, afirmou.
Aparentando confiança, o executivo, que está preso desde 19 de junho deste ano, disse que irá se defender das acusações na Justiça. Ele é acusado de crimes de corrupção, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro pela operação Lava Jato, que investiga irregularidades em contratos da Petrobras com empreiteiras.
Marcelo Odebrecht voltou a se referir aos delatores do esquema da operação Lava Jato como “dedos-duros” ao responder que não teme os efeitos das delações. “Primeiro: para alguém dedurar, ele precisa ter o que dedurar. Esse é o primeiro fato. Isso, eu acho que não ocorre aqui”, afirmou.
Marcelo disse também que é “provável” que ele tenha conversado com a presidente Dilma Rousseff (PT) e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a relação da Odebrecht e a Petrobras. “É provável, é óbvio, eu acho que tratando-se dessa relação (…). Evidentemente, que todas foram conversas republicanas”, afirmou referindo-se ao contato com a presidente Dilma.
Marcelo também disse que conversou com Lula sobre as relações entre as duas empresas. “É provável e mais do que natural”, disse. “É difícil um empresário, sobretudo de uma das maiores empresas brasileiras […] é provável que se eu encontrar comum amigo, empresário, político, vem à tona o tema Petrobras”, disse.
O depoimento de Marcelo Odebrecht era o mais esperado desta terça-feira na CPI, que está em Curitiba para ouvir alguns dos presos pela operação lava Jato.
Diferentemente de outros executivos do grupo Odebrecht que também prestaram depoimento à comissão na manhã desta terça e ficaram em silêncio, Marcelo Odebrecht se mostrou comunicativo no início de seu depoimento. Segundo ele, como a CPI ocorre no mesmo momento em que os processos contra ele tramitam na Justiça, ele se disse “engessado” ao não poder falar do processo. “Estou amarrado pela questão do processo penal”, disse.
Em documento enviado à Polícia Federal, a Odebrecht, maior empreiteira do país, negou ter feito parte de cartel para fraudar licitações e ter pago propinas a dirigentes da Petrobras.
“Nem a Organização Odebrecht nem as empresas que a compõem, como tampouco seus empregados, participam de esquemas ilícitos, menos ainda com a finalidade de pagar vantagens indevidas a servidores públicos ou executivos de estatais”, diz um trecho do documento.
Ontem, a CPI tentou colher depoimentos de cinco presos na Lava Jato, entre eles José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, mas todos se recusaram a responder às perguntas.
UOL
Publicado em Sem categoria
Com a tag dilma rousseff, luiz inácio lula da silva, Marcelo Odebrecht, Operação Lava Jato, uol
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Brad Holland
http://www.bradholland.net/
Dibujo
Desenho de Hamid Bahrami. IranCartoon
Beco
Foto de Ricardo Silva
Publicado em Roberto Prado
Com a tag alagoas, cliques do zé do fole, fotografia, ricardo silva
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Pés no ar, olhos na terra
Lula vai voar. De maneira mais terráquea e menos poética, há meses comunica essa decisão de percorrer o país. Mas não decola. Se afinal o fizer, não terá dificuldade em reavivar o entusiasmo de velhos lulistas e de agraciados por melhorias de vida que seu governo proporcionou. Não é imaginável, porém, que obtenha o mesmo resultado na defesa de Dilma e, muito menos, do governo.
A admitir-se que Lula fala com seriedade ao se dizer disposto a “ir para a disputa em 2018, enfrentar a oposição”, como fez na conversa com o uruguaio José Mujica (acentua-se o “u”, não o “i”), o seu propósito bifurca-se. Reativar os ânimos por sua volta não é o mesmo, e em grande medida é até o contrário, que defender o governo Dilma.
O desemprego já ceifa na ordem dos milhões, a remuneração do trabalho diminui, “o consumo das famílias é o pior desde 2001”, as manchetes proclamam a recessão, as greves retornam multiplicadas, o arrocho atinge saúde e educação –é o público de Lula pagando o desajuste neoliberal do governo Dilma. É o público que depositaria em Lula a esperança de reverter a obra do governo Dilma.
Ou uma ou outra: fazer o trabalho preliminar para eventual candidatura ou pregar uma inútil tolerância com o governo. O desastre do governo é desastre do PT, e deste duplo desastre Lula não sai incólume. Criou Dilma, acobertou-a e ao governo, e aceitou, ao menos para todos os efeitos públicos, tanto o que houve no mandato anterior como no atual.
Mas existe uma alternativa para Lula, e não só para ele. Está em uma forte mudança na Fazenda. Não da concepção neoliberal de política, que isso não ocorreria. Mas de atitude. Joaquim Levy não é de fazer as poses de suficiência de Pedro Malan, nem tem a conversa de vendedor de calçada de Antonio Palocci. É tímido, sereno, educado. Fala pouco e baixo: seja lá o que diga, não tem ênfase, nunca. Não demonstra convicção e não convence.
Se Levy não convence, o poder de argumentação de Dilma é ainda mais incapaz de suscitar confiança, sobretudo depois de tantas inversões factuais de suas palavras. O resultado é que ninguém acredita que os desarranjos crescentes levem à arrumação da economia, ou lá do que for, em tempo de evitar uma situação extremada. Isso está nítido até no empresariado identificado ideologicamente com a política de Levy.
Para o governo e para Lula, uma forte mudança de atitude, a ponto mesmo de parecer outro governo, neoliberal embora, convicto e determinado, tudo indica ser a única porta para o futuro. Ainda assim, futuro incerto. O que já será muito bom para eles, se comparado com o futuro dos que a cada dia perdem, e continuarão perdendo, mais do pouco que melhorara as suas vidas.
A não ser assim, a direção dos fatos indica que não tardará a inauguração, no Ministério da Fazenda, de mais um retrato de ex-ministro. Se bem que não poucos, nas proximidades de Lula, considerem que o seu futuro político não dispensará a ruptura com sua criação.
Publicado em Sem categoria
Com a tag folha de são paulo, Janio de Freitas, luiz inácio lula da silva, política
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Mujica apaixona o Brasil porque fala o óbvio: é preciso decência na política
Aos 80 anos, a simplicidade do ex-mandatário uruguaio fascina uma juventude com novos valores e que exige mudanças. José Mujica e a prefeita de Madri, Manuela Carmena.|Elvira Megías (Ahora Madrid)
José “Pepe” Mujica anda encurvado, devagar. Dirige um Fusca, veste um terno meio surrado, não corta a unha do pé, possui uma pança imensa e evita a todo o momento o contato visual. Sua fala é mansa, doce. Diz coisas óbvias, sensatas, que qualquer outro velho camponês poderia dizer. A última neste sábado, ao lado do ex-presidente Lula: “Os políticos devem aprender a viver como a maioria do país, não como a minoria”.
Suas palavras são pronunciadas, sílaba por sílaba, com a potência similar de um cisco no olho. Foram elas, acompanhadas de uma conduta pessoal que condiz com o que prega, que fizeram que esse ex-guerrilheiro, tão normal e tão humano, alcançasse a presidência do Uruguai em 2009 e o status de guru e filósofo internacional de toda uma geração. Sua simplicidade fascina, sua sabedoria assombra. Especialmente uma juventude com novos valores, menos materiais, e que exige mudanças. E tudo isso aos 80 anos de idade.
Mujica esteve no Brasil nesta semana e brilhou como um astro pop. Em tempos de tanta desilusão política, quase 10.000 jovens lotaram a concha acústica da UERJ —uma fã relatou ter chegado duas horas antes do ato para conseguir lugar, como em um concerto— apenas para ver um senhor normal, pacato, e escutar um show de sensatezes. Quase um sermão de avô. E a explicação para isso —a parte, claro, de que ele regularizou a maconha— é tão simples quanto suas palavras: existem determinados elementos do nosso cotidiano político que deixaram de ser naturais e se tornaram insultantes.
Só para ficar no âmbito da política brasileira: já não é natural que os cofres públicos de um país em desenvolvimento paguem 324.000 reais em 52 quartos de luxo e 17 carros para uma comitiva, como fez a presidenta Dilma Rousseff em Roma em 2013 para a missa inaugural do Papa Francisco. Ou que, em tempos de ajuste fiscal, haja uma fatura de 100.000 dólares em limusines nos Estados Unidos neste ano. É uma aberração que deputados, senadores e vereadores ganhem, somados todos os benefícios, quase 100.000 reais por mês, trabalhem três dias por semana e ainda perambulem com carros pretos de suas repartições pela cidade —e ainda querem proibir o Uber. Insulta ver Lamborghinis e obras de arte escondidas nas mãos de quem foi eleito para zelar pelo bem público.
A austeridade de Mujica representa o contrário disso tudo. Ele dá um show de normalidade ao mesmo tempo em que toda essa normalidade acaba virando um show. “Um presidente não deve se confundir com um monarca”, disse neste sábado. Tão óbvio, né? Mas no Brasil talvez isso aconteça porque todo mundo vive num palácio: do Planalto, dos Bandeirantes, da Liberdade, da Guanabara…
Quando presidente, Mujica doava parte de seu salário, continuava a viver em sua chácara na periferia de Montevidéu, ia de Fusca para o trabalho, não usava gravata —às vezes nem sapato!— e ainda abria as portas do palácio presidencial no inverno para os moradores de rua. De quebra, apoiou a regularização da maconha, a liberalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo —já não é normal no Uruguai que as mulheres estejam proibidas a fazer o que querem e que as pessoas não possam se amar livremente, mas isso é papo para outro dia.
E não nos façamos de bobos: Mujica se identifica como um socialista, não renega suas origens de esquerda. Mas suas palavras são carregadas de uma sensatez tão sincera —perdão pela insistência— que até mesmo um conservador desprevenido acaba caindo na sua rede. Por exemplo: “Os estudantes tem que se dar conta que não é só uma mudança do sistema, é uma mudança de cultura, é uma cultura civilizatória. E não tem como sonhar com um mundo melhor se não gastar a vida lutando por ele. Temos que superar o individualismo e criar consciência coletiva para transformar a sociedade”, disse na UERJ.
A notícia boa é que as pessoas estão, finalmente, cada vez mais seguras desse seu estado de saco cheio. Vários analistas e estudos coincidem que os protestos, estejam eles travestidos de esquerda (junho de 2013) ou de direita (2015), são claros ao repudiar o tipo de conduta dos políticos. Basta ver a quantidade de compartilhamentos nas redes sociais do Brasil de fotos do primeiro-ministro inglês David Cameron indo trabalhar de metrô. Dez entre dez analistas políticos vêm repetindo desde 2013: a cabeça do brasileiro mudou, mas os políticos ainda não entenderam isso. “O Brasil que foi às ruas é um país que quer que o político ande de ônibus, que seja igual ao que ele é”, já explicava o cientista político Alberto Carlos Almeida, diretor do Instituto Análise, naquela época.
Mujica representa essa mudança de mentalidade não apenas no Brasil, mas no mundo todo. E já não está sozinho. A Espanha, que viveu massivos protestos em 2011 e só agora começa a sair da crise econômica, já colheu alguns frutos nas eleições municipais deste ano, ao eleger prefeitos e prefeitas de plataformas cidadãs nas principais capitais do país. Todos e todas com o mesmo perfil de Mujica. O caso de Madri é o mais emblemático. Em seu primeiro dia de trabalho, a prefeita e ex-juíza Manuela Carmena, de 71 anos, foi capa dos jornais por ir ao trabalho de metrô. Cortou salários, cargos, carros oficiais e outros privilégios. “Jamais poderia imaginar que os jovens depositariam suas esperanças em uma avó já aposentada como eu”, chegou a dizer.
Existe um certo mal-estar generalizado e a juventude, do Brasil e de todo o mundo, pede o fim de “tudo isso que está aí”. Uma geração com novos valores e hábitos mais austeros que seus pais, que prefere viajar e compartilhar um carro ao invés de pagar caro por um. E o curioso é que, como nos casos de Mujica e Carmena, às vezes buscam a regeneração política nos cabeças brancas porque não se encontra quem entendeu o recado nem entre as novas lideranças. Afinal, não se trata de pegar em armas e mudar todo o sistema. A revolução que exigem é silenciosa: se chama decência.
El País – 31|9|2015
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Submersos
Foto de Roberto José da Silva
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