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Ultimas semanas do espetáculo Paranã
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Foto de Roberto José da Silva
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Três em um
Paulo Vítola, o cartunista que vos digita e Retta Rettamozo, no John Bull. Foto de André Bastos
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Collor, a seu dispor
Se Rodrigo Janot seria sabatinado para averiguação das condições de continuar como procurador-geral da República, o único senador que o questionou para esclarecer obscuridades foi Fernando Collor. Foi útil, contra sussurros malévolos. Mas a inquirição foi pouco menos do que um numeroso bate-papo. Ainda assim, Rodrigo Janot tornou necessárias duas restrições a resposta suas.
Ao negar que uma tal “lista Janot”, de políticos delatados, tivesse sido difundida por vazamento, o atual e futuro procurador-geral estendeu o alcance de sua negativa. “Não houve vazamento. Houve especulação da imprensa.” Do modo como reiterou e enfatizou essa explicação, resultou a ideia de negação geral a vazamentos de nomes acusados nas delações premiadas. Mas houve. Muitos, frequentes. O que não exclui a existência de especulações do noticiário e de comentaristas.
Na verdade, especulação é, no caso, um nome sob o qual estão acobertadas a especulação, propriamente dita, e invenções mesmo. Práticas que tiveram o seu auge na ditadura e retornam com força crescente, à falta de iniciativas para reprimi-las. O que permite a impressão de estarem consentidas, em razão de determinados direcionamentos.
Nos vazamentos tornados públicos há, claro, o segundo participante, composto de vários contribuintes para o mesmo fim – repórteres, redatores e editores. Mas, se o ponto de partida é um vazamento de fato, as responsabilidades dos lados são muito diferentes. Em natureza e grau. Os jornalistas têm o dever de buscar e publicar informações de interesse público, tanto mais se são sensacionais e presenteadas. Quem representa o Estado e vaza algo de um inquérito ou processo sob segredo de Justiça comete infração grave. E não se tem conhecimento de providências do procurador-geral Rodrigo Janot para prevenir, sustar ou reprimir indícios daquela infração.
Janot falou com ânimo especial sobre a delação premiada. Como deve (ou deveria) ser em seu papel de poupar investigações, por ele postas em segundo plano como procuras incertas nos acertos/erros/acertos. Silenciou sobre o essencial, que é a impunidade como prêmio ao criminoso por delatar comparsas.
Os delatores já condenados na Lava Jato estão livres da cadeia. O ladrão chinfrim, sem ter a quem delatar, vai ocupá-la.
Janio De Freitas – Folhas de São Paulo
Publicado em Geral
Com a tag fernando collor, folha de são paulo, Janio de Freitas
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Após sabatina de 10 horas, CCJ aprova recondução de Janot
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é sabatinado por comissão do Senado. Foto de Geraldo Magela|Agência Estado
Após uma sabatina de mais de 10 horas, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou a recondução do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para mais um mandato à frente do Ministério Público. Ele recebeu 26 votos favoráveis e apenas um contrário.
A votação foi secreta, mas todos os 27 titulares da CCJ votaram, o que significa que oito senadores alvos de inquéritos na Lava Jato, conduzidos por Janot, deram sua opinião sobre a recondução dele.
Denunciado por Janot na semana passada, sob a acusação de ter participado do esquema de corrupção da Petrobras, o senador Fernando Collor (PTB-AL) chegou a votar mas, por ser suplente na comissão, não teve sua opinião considerada no resultado final. Seu voto só seria contabilizado caso algum titular do seu bloco parlamentar tivesse faltado à sessão.
A indicação de Janot ainda será votada pelo plenário do Senado, onde ele deverá obter, pelo menos, 41 votos favoráveis dentre os 81 senadores. A votação ainda pode acontecer nesta quarta-feira (26).
Durante a sabatina, Janot defendeu a legalidade da Operação Lava Jato e disse que nunca viu nada tão grande. “A Petrobras foi e é alvo de um mega esquema de corrupção. Um enorme esquema de corrupção que, eu com 31 anos de Ministério Público, jamais vi algo precedente”, disse. “Eu costumo dizer que o petróleo, desde a época do “‘O petróleo é nosso!'”, que esse mega esquema de corrupção chegou a roubar o nosso orgulho. E é por isso que a gente investiga e investiga sério mesmo essa questão da Petrobras”, completou.
O procurador também negou que tenha aceitado fazer parte de um “acordão” entre a PGR (Procuradoria-Geral da Republica), a presidência da República e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para poupar alguns políticos com o intuito de garantir a governabilidade no Congresso (veja o vídeo). “Se eu tivesse condição de fazer um acordão desses, eu teria de combinar com os russos antes. Vamos convir que isso é uma ilação impossível”, afirmou.
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Em sua fala inicial, disse não querer a recondução por “ego” mas para “servir à minha nação”. E afirmou que as investigações do órgão, sem citar nominalmente a Lava Jato, ocorrem “sem desviar-se da legalidade”.
Respondendo às primeiras questões do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), relator da sua recondução, Janot defendeu as delações premiadas e disse que, no caso da Lava Jato, 79% delas foram firmadas por investigados que não estavam presos.
“[A delação] traz essa ajuda para orientar a coleta de prova e, de outro lado, tornar mais célere o processo penal. Acho que é um instrumento poderoso”, afirmou.
No momento mais esperado, dos questionamentos de Collor, o procurador-geral enfrentou diversas acusações, como a de ser um “catedrático em vazar informações”.
O senador fez outras quatro ponderações: disse que Janot advogou para a empresa Orteng em processo contra os cofres da Petrobras; que contratou uma empresa de comunicação sem licitação e, depois, contratou seu diretor para ser secretário de comunicação da PGR; que alugou um imóvel sem alvará para a PGR; e que deu abrigo a um parente “contraventor”.
Enquanto Janot respondia, Collor chegou a interrompê-lo e, segundo senadores que assistiam, sussurrou as ofensas “calhorda” e “filho da puta”.
Janot pediu ao presidente da CCJ, senador José Maranhão (PMDB-PB), que lhe assegurasse a palavra, e falou duramente com Collor: “Vossa Excelência não me interrompa então”. O procurador-geral negou ser um “vazador contumaz” e se definiu como “discreto” (assista ao vídeo).
Na sabatina, senadores tucanos como Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes (SP) criticaram o entendimento de Janot de que a presidente Dilma Rousseff não podia ser investigada por atos alheios à função presidencial enquanto esteja no exercício do cargo, justificativa dada para arquivar as citações a Dilma na Lava Jato.
Já petistas como Lindbergh Farias (RJ) e José Pimentel (CE) criticaram uma suposta diferença no tratamento da Justiça a acusações contra petistas e contra tucanos, citando o mensalão petista que já foi julgado e o mensalão mineiro que foi enviado para a primeira instância.
A essas questões, Janot repetiu que uma investigação é “técnica e não se deixa contaminar por nenhum aspecto político”.
Janot também revelou um novo detalhe sobre a Lava Jato, dizendo que houve um aumento da multa imposta ao delator Julio Camargo, por ter omitido inicialmente a acusação de US$ 5 milhões de propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que nega.
Folha de São Paulo
Mural da História
16 de setembro, 2009
O olho da crise está no bunker
Tendo produzido uma crise econômica e política, a doutora Dilma e o PT mostram-se dedicados a agravá-la. Chamaram Joaquim Levy para cuidar das contas e puxaram-lhe o tapete. Chamaram Michel Temer para cuidar da articulação política e cortaram-lhe as asas. Nos dois casos, os doutores contribuíram para a própria fritura. Levy esqueceu-se de traçar a linha da qual não recuaria. Temer saiu-se com a sibilina declaração de que se precisava de “alguém que tenha capacidade de reunificar a todos”. (Ele?) Por mais que esses episódios tenham feito barulho, não justificam a encrenca que deles resultou.
Antagonismos fazem parte da rotina de qualquer governo, em qualquer época. O que distingue a barafunda da doutora Dilma é a sua capacidade de criar novos problemas magnificando os velhos. O governo não demorou para perceber a gravidade da crise econômica que alimentou, tentou negá-la e deu no que deu.
A crise política tem duas peculiaridades. Uma vem do PT, a outra é de Dilma. O PT não faz alianças, recruta súditos ou sócios. Dilma, por sua vez, chegou à Presidência da República sem jamais ter vivido o cotidiano de um Parlamento.
A experiência parlamentar parece uma trivialidade, até um desdouro. Não é bem assim. Tome-se o exemplo de dois hierarcas do Executivo: Delfim Netto e Roberto Campos. Como czares da economia, mandaram como ninguém. Foram para o Congresso e viraram outro tipo de pessoa, mais tolerantes, livres de algumas certezas que o poder lhes dera. No Executivo, o sujeito acha uma coisa, manda fazer e ponto final. O Trem-Bala, por exemplo. No Congresso, o mesmo sujeito vai para uma reunião, expõe seu ponto de vista e é contraditado por outro parlamentar, um idiota, talvez ladrão. Deverá ouvi-lo respeitosamente e habituar-se a perder calado, caso seu adversário consiga mais votos que ele. No palácio, manda quem pode e obedece quem tem juízo. No Congresso, manda quem tem maioria.
A falta de experiência parlamentar (o caso de Dilma) ou a incapacidade de preservar alianças (o caso do PT) influi no metabolismo dos palácios, transformando-os em bunkers: “Nós estamos certos e todos os outros estão errados”. Em seguida, dentro do bunker, estabelece-se uma competição de egos. “Eu estou certo e meu rival dentro do governo é a causa de todos os males.”
Desgraçadamente, uma vez criada a mentalidade do bunker, o mundo em volta deixa de ter importância. Briga-se pela briga. O exemplo extremo dessa patologia pode ser encontrado no bunker mais famoso de todos os tempos, o da Chancelaria do 3º Reich, em 1945. Aquilo é que era bunker, a oito metros de profundidade. Hitler e seu “núcleo duro” enfurnaram-se nele em janeiro e de lá o Führer comandava sua guerra, tendo Martin Bormann como seu braço direito. Velho rival do espalhafatoso marechal Herman Goering, Bormann teve o seu momento de esplendor no dia 25 de abril e conseguiu demiti-lo de todos os cargos, expulsando-o do partido.
Os russos estavam a poucos quarteirões de distância. No dia 30 de abril, o Führer matou-se e, uma semana depois, o poderoso Bormann deixou o bunker. Enfim, vencera e fora designado testamenteiro de Hitler e chefe do partido nazista. Morreu na rua, a pouca distância do bunker.
Publicado em Sem categoria
Com a tag Elio Gaspari, folha de são paulo, política
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