Pela primeira vez estão disponíveis no Brasil os principais filmes do diretor e ator John Cassavetes, cujo trabalho teve importância notável nos Estados Unidos (por causa disso, ele é chamado de pai do cinema independente americano), embora eles tenham feito muito sucesso no exterior. Na França, nos anos 80, Gerard Depardieu comprou os direitos e lançou estes filmes no circuito de arte com enorme sucesso, ressuscitando a carreira de Gena Rowlands, viúva e musa de Cassavetes. Eles saíram em DVD pela distribuidora Cinemax e já podem ser encontrados nas lojas.Pena que neste pacote não tenha Os Maridos(The Husbands).Solda
Eu havia decidido: não iria atender o “convite” da Secretaria de Estado da Fazenda do Paraná para proceder a “autorregularização” de doação em dinheiro que fiz a meu filho e fazer o recolhimento “espontâneo” do chamado ITCMD em favor da Receita Estadual. Que viesse a Notificação Fiscal, que iríamos debater a questão na hora e na forma adequadas.
Se o leitor perdeu o capítulo anterior e não sabe do que eu estou falando, atualizo-o: nos últimos anos, ajudei meu filho a efetuar o pagamento das mensalidades escolares de meus netos. As contas eram salgadas, ele estava ainda consolidando a vida financeira da família dele, eu tinha condições e agi como entendi por bem. O dinheiro era meu, fruto do meu trabalho e ninguém tinha nada com isso! Fim. Fim coisa nenhuma. Caí na asneira de declarar essa doação ao Leão do IR. Pensei estar, assim, cumprindo não só o meu dever, mas justificando o acréscimo no rendimento de meu filho. Foi uma estupidez. A Receita Federal delatou-me à Receita Estadual e aquela despretensiosa ajuda familiar transformou-se em doação tributável. Prenhe de satisfação e transpirando orgasmo por todos os poros, a atuante e eficiente Secretaria do doutor Mauro Ricardo Costa “convidou-me” a proceder a “autorregularização, prevista na Lei nº 17.605, de 20 de junho de 2013 e disciplinada por meio da instrução SEFA/ITCMD nº 10/2013, efetuando o recolhimento do ITCMD espontaneamente até 31/08/2015, sem multa e com os benefícios de redução de 60% dos juros estabelecido na Lei nº 18.468/2015, utilizando a Guia de Recolhimento do Estado do Paraná – GR-PR anexa”.
Levei um susto, fiquei com uma bruta raiva, sobretudo de mim mesmo por ter sido, a vida toda, um sujeito idiota, correto, cumpridor da lei e dos meus deveres. E anunciei que não sabia se quitaria a “autorregularização” por não considerá-la justa, aceitável e devida. Sobretudo em favor de um governo que não merece a minha consideração nem o meu respeito e muito menos a minha contribuição financeira. Pelo contrário, é ele – tão cioso de suas obrigações e de seus direitos – que me deve o pagamento de um precatório desde 2001, quando foi prenotado por decisão judicial.
Não sabia, mas a dúvida durou apenas algumas horas. No mesmo dia, decidi: não vou pagar coisa nenhuma! E não vou permitir que meu filho o faça. Não reconheço a dívida e não acho que eu ou meu filho tenha a obrigação de fazer a tal “autorregularização” pretendida pelo dr. Mauro Ricardo.
Iria dizer mais, a despeito de o leitor Thiago Hart – que se manifestou neste espaço na quinta-feira passada – achar que eu o errado sou eu, pois “a lei existe” e “quem se informar minimamente sabe que doação resulta em pagamento de ITCMD”. Olha aqui, prezado Thiago; escuta aí, doutor Mauro: atuei por 35 anos na administração pública e, modéstia à parte, jamais fui (desculpe-me, mestre Zé Beto) um burocrata de merda, assim como são esses seus funcionários que expedem esses “comunicados de autorregularização”, ilustre secretário da Fazenda. Não há aí na secretaria alguém capaz de interpretar a lei do Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doações? Qual o espírito da referida legislação? Taxar a transmissão de bens através da sucessão patrimonial (inventário, arrolamento) e de valores obviamente consideráveis, não ínfimas quantias de circulação doméstica.
Doação de pequenos valores a pessoas da família para suprir determinada necessidade financeira transitória, não pode ser alcançada pela tributação. Até em cumprimento do princípio constitucional da razoabilidade. No Estado de São Paulo, só são tributadas doações superiores da R$ 50 mil. O Paraná é um dos poucos Estados em que não existe isenção. Nem razoabilidade. Mas igrejas e partidos políticos são imunes ao ITCMD. Tem cabimento, doutor Mauro?
Ademais, o dinheiro objeto da doação advém dos proventos regulares do doador, como servidor público inativo. Essa remuneração já sofreu a devida tributação na fonte (e também é objeto da declaração anual de ajuste do imposto de renda). Se parte desse dinheiro, quando de sua transferência a outrem, em forma de doação, sofrer nova tributação, estará sendo caracterizada dupla tributação, ou bis in idem, de forma não autorizada pela Constituição Federal do Brasil.
Nesse exato ponto do raciocínio, antevendo os lances futuros, gelei. Um arrepio percorreu-me a espinha. Muito bem, não vou “autorregularizar” a minha situação perante o fisco estadual nem permitirei que meu filho o faça. E o que acontecerá? Receberei a Notificação Fiscal, apresentarei a minha defesa prévia, que obviamente não será considerada, e iremos todos parar no Judiciário… Onde?! No Judiciário?! Ah, esse eu conheço bem, por dentro e por fora!… Melhor abreviar o sofrimento.
Ok, doutor Mauro; ok, menino Richard, vocês venceram. No próximo dia 31, farei um depósito de exatos R$ 3.407,80 em favor dos senhores. Façam bom uso do dinheiro que não lhes devo e que me fará falta. Mas os senhores nunca saberão oficialmente que eu continuo dando vintinho toda semana para a minha neta Fernanda comprar uns docinhos no recreio do colégio dela!
Alvaro Clark, filho da pintora e escultora Lygia Clark, está questionando o recorde batido pela venda de um quadro de Alberto da Veiga Guignard, que se tornou a obra mais cara de um artista brasileiro já vendida em um leilão. Antes, a marca era de sua mãe. De acordo com ele, o valor alcançado neste mês, de R$ 5,7 milhões, se deve à variação cambial do dólar.
Tradução Literal
“Meu intuito não foi desmerecer os amigos contemporâneos de Lygia, mas evitar uma falsa deturpação com proveito próprio criando um mercado irreal não traduzindo a realidade, atitude de gangsterismo”, diz, referindo-se à operação realizada pela Bolsa de Arte, de Jones Bergamin.
Grande Equívoco
Segundo o proprietário da casa de leilões, os recordes são considerados em valores absolutos. “As vendas são no Brasil e a moeda é o real. O leilão é público e a venda é legítima. Fui eu também que vendi o quadro da Lygia por R$ 5,1 milhões. Álvaro está totalmente equivocado”, diz.
Brilhante filme de Pablo Larraín, sobre a ditadura de Pinochet. Terrível, como a realidade que o país viveu sob o controle do “Pinochile”, como eu o citava nas charges que fazia. Nas locadoras e boas casas do ramo.Solda
No seu primeiro discurso de posse, vosmicê me chamou de “poeta da minha terra” e lembrou umas linhas que escrevi (“O correr de vida embrulha tudo. […] O que ela quer da gente é coragem”). Não mencionou meu nome. No Itamaraty, cansei de escrever para os outros sem que me lembrassem. Era meu ofício. De qualquer forma, obrigado pelo “poeta”. Chamo-me João, há quem diga Guimarães, ou mesmo Rosa.
Estive ontem com o Raul de Vincenzi, diplomata como eu, mas homem bonito. Lustrava o governo do Juscelino porque o acompanhava como chefe do cerimonial. Ele foi embaixador no Chile do general Pinochet. Nessa função, em janeiro de 1980 defendia o interesse do nosso país para que empreiteiras nacionais construíssem a hidrelétrica de Colbun-Machicura. Os amigos do Planalto queriam que a obra fosse entregue sem licitação, pelo sistema de porteira fechada, que os americanos chamam de turn-key. Os ministros civis de Pinochet não gostavam da ideia, e o chanceler disse ao Raul que a norma chilena era a da licitação, mas sabia que o presidente João Batista Figueiredo tinha “interesse especial” pela escolha de uma empresa brasileira. Não lembrava o nome, mas saiu da sala e voltou com a informação: “Engesa/Odebrecht”. (A Engesa, a senhora sabe, fabricava armas e já faliu.) No mesmo dia, o Raul encontrou-se com o general-chefe do gabinete pessoal de Pinochet, mencionou o assunto e ele lhe disse: “Vocês não estão dando nome aos bois”. Raul pôs tudo isso no papel. O chanceler Ramiro Guerreiro, que também está aqui mas não fala, só mexe a cabeça, acrescentou outra informação durante um despacho com Figueiredo: “O coronel Sérgio Arredondo, ex-adido militar do Chile em Brasília, teria aludido que a preferencia de Vossa Excelência recairia sobre o consórcio Engesa/Odebrecht, dada a tradição mantida no Chile e o estrito relacionamento da primeira empresa com autoridades militares chilenas”.
Deu redemoinho no Planalto. As coisas eram como eram, mas não deveriam ser ditas. Figueiredo contou que o coronel Arredondo tratou do assunto com ele, mas tinha dito apenas que a Odebrecht era uma empresa de confiança. Um embaixador que contou o que lhe disseram e um chanceler que mostrou o que sabia desarmaram os poderes do mundo. Os chilenos licitaram a hidrelétrica e a manobra da porteira fechada falhou. Digo-lhe que esse Arredondo, antes de montar cavalos com Figueiredo, estivera na “Caravana da Morte”, uma tropa de jagunços que saiu pelo Chile matando gente.
Fazem falta gente como o Raul e o Guerreiro? Sinais a senhora teve, mas mandaram que calassem a boca. Sei mas não digo.
A senhora sabe que eu escrevi: “O diabo na rua, no meio do redemoinho”. Não faça mau juízo do redemoinho da rua que a senhora viu no domingo. No meio dele não estava o Tinhoso. O Capeta, Coxo, Capiroto, Coisa Ruim, finge que está, mas não está. No meio do redemoinho da rua estavam o juiz Sérgio Moro e o Ministério Público. Entre nesse espetáculo. Proclame por uma vez que não tem diabo nenhum, não existe, não pode. Viver é negócio muito perigoso, mas as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas. Tenha coragem, é tudo o que a vida lhe pede.
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