meu amor
não é fácil nem difícil
é apenas impossível
como essa voz que me chama
todas as noites
em meu quarto vazio
paulo vitola
meu amor
não é fácil nem difícil
é apenas impossível
como essa voz que me chama
todas as noites
em meu quarto vazio
paulo vitola
Desenho de Reinaldo
orelha sf – 1. é uma casa na cabeça – encerada se sem madeira não tem porta para entrar: recebe a ressonância e esse som reside lá. 2. clareia o ir do cego – seu sentido mais aberto. e mostra-lhe a cara do barulho ali por perto. 3. maquinaria que me deixa ereto. 4. canteiro de obras – estribo martelo bigorna. 5. caixa do tímpano aos cuidados do otorrino. 6. – vontade não te põe em pé – e sim o interno ouvido. 7. quem tem transtorno de equilíbrio passa a se precocupar com isso. vai aprender a palavra nova no hospital: vectonistagmografiadigital. 8. com vertigem e mal estar, suplica algo pra amparar, mas onde? não há nada com com o que se pareça: é uma queda dentro da própria cabeça. 9. reabilita o labirinto – deitado, em pé, sentado – com roupas confortáveis – pra cima, pra baixo. 10. você precisará fixar o olhar – é o gancho para agarrar. 11. piracetam e cinarizina ajudam na circulação central três vezes ao dia. 12. sua frequência se distancia da violência da microfonia. 13. mora também na página do livro antigo, mas essa não sabe dos brincos. 14. lugar para compor o segredo de liquidificador. 15. criança danada tinha a orelha puxada para lembrar do certo – diz a história: a orelha é a deusa memória. 16. onde começa o saber. 17. ultraleve. 18. é concha sem mar na praia da pele e sob o cabelo espera um gesto que a revele
Thiago E – é driblador da gagueira – motorista com restrição z – professor com problemas de visão – músico em reabilitação labiríntica – integrante da banda Validuaté, com quem lançou 2 discos: Pelos Pátios Partidos Em Festa|2007|e Alegria, Girar|2009|membro da AO|autor do livro Cabeça De Sol Em Cima Do Trem, em parceria com o artista plástico Joniel Veras, ainda inédito.
Keith Richards. O pop-star que cheirou o pai. Foto Life
Talita do Monte, Teresina, Piauí. Foto de Vera Solda
Greta Celeste Gerwig (Sacramento, 4 de agosto de 1983), atriz, roteirista e diretora americana de ascendência alemã. Mais conhecida pelo seu envolvimento com o movimento cinematográfico nova-iorquino Mumblecore e por filmes como To Rome with Love de Woody Allen e Frances Ha, de Noah Baumbach. Foto LePress
The Humbling (O Último Ato)
Simon Axler (Al Pacino) é um ator consagrado que, aos 65 anos, sente que perdeu a capacidade de interpretar. Em crise, ele se interna em uma clínica de repouso e passa a ter consultas via Skype com um terapeuta. Ao deixar o local para viver sozinho em uma casa enorme localizada em Connecticut, ele reencontra Pegeen Stapleford (Greta Gerwig), a filha de um grande amigo, que não via desde quando ela era uma criança. Pegeen sempre nutriu uma paixonite por Simon, mas há 16 anos decidiu se assumir como lésbica e mantém um relacionamento estável com Louise Trenner (Kyra Sedgwick). Ao perceber que Simon está solitário, ela joga tudo para o alto e decide ter um relacionamento com ele. Lisonjeado pelo súbito interesse de alguém bem mais jovem, Simon embarca na relação mas logo percebe que diferenças de idade e de pensamento são grandes problemas a serem enfrentados. Direção de Barry Levinson. Imperdível!
9 de junho, 2010
June Palmer & Eve Eden. Life
Os ouvidos são as janelas da alma
Soruda e Lavínia Andrade em Parnaíba, 30º Salão Internacional de Humor do Piauí. Foto de Vera Solda
Foto de Misquici
Foto de Antonio Chagas
Brados retumbantes como “o povo unido jamais será vencido!” arrepiavam o saudoso Rubem Alves. E ele tinha razões de sobra para isso. Sabia, por experiência de vida, que a vontade do povo, “além de não ser confiável, é uma imensa mediocridade”. E citava, como exemplo, os programas de TV que o povo prefere – eis aí os Faustões, os Gugus, os Ratinhos, os Silvios Santos, as Reginas Casés e, particularmente, os BBBs da vida –, como bem poderia ter citado os políticos que o povo elege.
Segundo Rubem, que estudou teologia a fundo e foi pregador protestante, “na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas”. Tanto que bastou Moisés se demorar um pouco mais no alto da montanha para que o povo passasse a adorar um bezerro de ouro.
Os césares de Roma sabiam disso e enrolavam o povo com pão e circo. No circo, os cristãos eram devorados pelos leões, sob aplausos do povo. Depois os cristão viraram donos do circo e levaram à fogueira bruxas e hereges. E o povo continuou festejando em praça pública.
Reinhold Niebuhr, também pastor, também evangélico e também citado por Rubem, afirma que indivíduos, seres isolados, têm consciência e se sentem responsáveis pelos seus atos. Mas basta reunirem-se em grupos para perderem a consciência e passarem a se reger pelas emoções coletivas.
Outra característica do povo é a facilidade com que é enganado. E também aí a melhor prova são as eleições. Não se elege o melhor candidato nem a melhor ideologia ou a melhor proposta, mas a campanha mais bem elaborada, de imagens mais bonitas e sedutoras, e, em regra, o candidato que mente melhor ou maiores vantagens oferece e até confere ao eleitor. E a isso se costuma chamar democracia.
No recente movimento dos professores do Paraná, que faziam reivindicações concretas, justas e merecidas e protestavam contra um governo desastrado, incompetente e débil, as bandeiras da APP Sindicato misturavam-se às da CUT, braço sindical do PT, como se os reivindicantes precisassem de monitoramento e não fossem capazes de raciocinar e reivindicar por si próprios. Eram, mas os oportunistas não perderam a oportunidade. Deveriam ter sido espantados, como foram aqueles que macularam as marchas de junho de 2013.
De igual modo, nenhuma bandeira encarnada foi agitada durante o panelaço nacional de domingo à noite, durante a fala presidencial. Mas aquele – como disse o venerando Juca Kfoury – partiu das “varandas gourmets” da “elite branca” (nós, por conseguinte), que não se conforma com os avanços sociais e econômicos do PT… Como bom corintiano, Juca sabe que a coisa não é bem assim. E a prova aconteceu nessa terça-feira, na visita de Dilma a São Paulo. Continue lendo →