Petistas que defendiam a escolha de Jorge Messias para o STF (Supremo Tribunal Federal), mas veem em Flávio Dino o favorito para a vaga, agora trabalham pela indicação de Bruno Dantas.
Dantas, que preside o TCU (Tribunal de Contas da União), já contava com apoio de nomes como o do senador Renan Calheiros (MDB-AL), seu padrinho, e do ex-presidente José Sarney (MDB).
Lula chegou a fazer consultas sobre Dantas a aliados, como o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que também é bem avaliado por empresários após idealizar a Secretaria de Controle Externo de Solução Consensual e Prevenção de Conflitos do TCU, que busca estreitar o diálogo entre os setores público e privado.
O esforço de petistas às vésperas da escolha de Lula envolve ainda a tentativa de criar outro ministério, da Segurança Pública, que ficaria com alguém indicado pelo grupo.
Há, ainda, o isolamento de Messias, que só conta com apoio do PT de São Paulo, que busca maior influência no governo, e com o grupo Prerrogativas.
A indicação de Lula para a vaga de Rosa Weber só deve ser divulgada após o presidente escolher o novo PGR (Procurador-Geral da República).
Um atropelo dos espíritos de fogo, escada acima, desde o estômago até o cérebro e vice-versa, de roldão escada abaixo. E lá vamos nós perdendo os pés do chão. Quanto mais forte o arrebatamento, mais se dilatam nossas pupilas. O melhor do entusiasmo é quando contagia os que estão por perto. E uma onda de contrações estomacais conjuntas faz vibrar o ar, agitar as nuvens. O grito é quase irreprimível e as efusões de sorrisos e de abraços torna o ambiente dançante e colorido. Onde foi parar? Sim, onde foi parar o entusiasmo? Sabe o que Goethe disse?
Mas é outro assunto… Não importa. Goethe disse que um grande homem é exatamente igual aos outros, exceto que tem maiores virtudes e maiores defeitos. Diz Somerset Maugham que o poeta estava falando dele mesmo. E com razão. E agora, sim, voltando ao assunto, digo poucos homens no mundo foram tão entusiasmados como Goethe. Em tudo o que fazia, botava alma e coração, além de uma boa dose de cérebro. Ele podia ser exemplo para que a gente redescobrisse as delícias de um estado de espírito que faz o sangue dar pinotes nas veias e de cada gota de Sol, um paraíso inteiro. Em 1832, Goethe estava com 74 anos e viúvo. Um pouco adoentado foi para a estação de águas de Marienbad (lembra do filme L’année dernière au Marienbad, de Alain Resnais? Não tem nada a ver com o assunto aqui, mas é uma pulsante lembrança.) O poeta chegou lá e enamorou-se de uma garota graciosa e fascinante de 17 anos chamada Ulrique von Leventzov. Ele a cativou totalmente e pediu-a em casamento: ela aceitou.
Mas a mãe da garota foi contra, como sempre, e estragou a paixão. Tirou dele o que seria seu último entusiasmo viril. Ele se retirou e foi passear e conversar com Eckermann até morrer em 22 de março daquele ano, pedindo ‘mais luz’. Ou, mehr Licht! Eckermann registrou tudo e lançou o livro Conversations with Goethe, que é outro ponto alto do entusiasmo humano. Será que te entusiasmei um pouco?
*Rui Werneck de Capistrano é autor de Nem Bobo nem Nada
Ex-vice-presidente da República, senador classifica reunião descrita pelo ex-ajudante de ordens em colaboração como “mero blá-blá-blá”
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-DF) classificou como “mero blá-blá-blá” a reunião entre Jair Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas que teria sido detalhada em delação premiada pelo ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid. “Se for verdade a delação do Mauro Cid sobre essa suposta reunião, o que houve foi uma discussão. Segundo ele, uns disseram que eram contra e outro disse que era a favor [de um golpe de Estado]. Isso é um assunto que vai pertencer à História apenas”, disse o ex-vice-presidente da República em entrevista a O Globo.
“Vão dizer que uma tentativa de homicídio tem que ser punida, mas uma investida de golpe é diferente de homicídio. No caso de quase assassinato, eu te dou um tiro e erro. Uma tentativa de golpe seria o quê? A Força Armada sair para a rua e ser derrotada, a exemplo do que ocorreu na Turquia. Isso não aconteceu no Brasil”, comparou Mourão.
O senador comparou a situação à do governo Juscelino Kubitschek para provar seu ponto: “Quando Juscelino foi eleito, vivíamos um processo tumultuado por causa da morte do Getúlio [Vargas]. Na ocasião, houve três presidentes interinos e duas tentativas de golpe para impedir a posse do Juscelino: Jacareacanga, Aragarças. Todas foram revoltas de militares da Força Aérea. Ali realmente você teve uma investida. Agora o que há é um mero blá-blá-blá…”
Mourão disse que não vê nenhuma parcela de culpa das Forças Armadas nos distúrbios de 8 de janeiro, causados, segundo ele., por um “grupo de baderneiros”. Apesar de admitir que Bolsonaro poderia ter reconhecido mais cedo o resultado da eleição do ano passado, o senador também não enxerga responsabilidade no ex-presidente nas invasões dos palácios na Praça dos Três Poderes. “Aquela movimentação já estava em determinados grupos dos nossos apoiadores, aqueles mais insatisfeitos com o processo eleitoral.”
Mourão também comparou a rigidez para a prisão de Mauro Cid — “Prender um cara sob o argumento de que falsificou um cartão de vacina” — à conduta da Operação Lava Jato, tão critica pela esquerda, e questionou: “Então, agora vale?”.
Sobre o governo Lula, o senador elogiou a conduta do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, na condução das relações com os militares, mas apontou um “complicador”: “O ministro [da Justiça, Flávio] Dino. Ele fala demais”.
Em que Dino complica? Mourão responde: “Acho que em questões da Polícia Federal nessas investigações. Posso citar as ações sobre alguns militares, como foi a própria prisão do Cid. Essas coisas não estão sendo bem conduzidas”.
O prefeito deveria ser obrigado a entregar ou espalhar para todos os bairros essa Curitiba que vende e promove com as placas espalhadas pelo centro da cidade. A propaganda é tão enganosa, desnecessária e onerosa que os figurantes das placas, com sorrisos entre o alugado e o iludido, ainda serão corridos das ruas como mentirosos e inocentes úteis do prefeito – que em vez de fazer seu dever garganteia sua ficção.
Procurador-geral foi criticado por não investigar ex-presidente e por não reagir a manifestações golpistas
Augusto Aras chega ao término de seu segundo mandato no comando da PGR (Procuradoria-Geral da República) dedicado à tentativa de apagar a imagem, amplamente difundida, de ter sido leniente com abusos de Jair Bolsonaro (PL) e com a resposta errática do ex-presidente à pandemia da Covid-19.
A gestão de Aras se encerra nesta terça-feira (26) sem que o presidente Lula (PT) tenha indicado alguém para substituí-lo —o nome do escolhido será submetido ao Senado Federal. A PGR será comandada interinamente pela subprocuradora-geral Elizeta Ramos, que atualmente ocupa a vice-presidência do Conselho Superior do Ministério Público Federal.
Desde o retorno de Lula ao Palácio do Planalto em janeiro, Aras intensificou, seja em canais institucionais ou em intervenções públicas, o discurso de que ele não foi tolerante com os poderosos e com os arroubos golpistas de Bolsonaro e aliados.
Em uma de suas derradeiras manifestações, ele disse que seus dois mandatos foram desafios “cercados por incompreensões e falsas narrativas”.
A fala ocorreu no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) na última quinta (21), diante de ministros que em algumas ocasiões cobraram ação do chefe da PGR em diferentes temas, entre eles a inação de Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.
As cobranças não se restringiram aos bastidores. Magistrados do STF criticaram métodos da PGR sob Aras em decisões públicas, como as chamadas “apurações preliminares” conduzidas pelo órgão sem a devida supervisão da corte.
Ao se despedir do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) nesta segunda (25), Aras voltou a se apresentar como o fiador do “equilíbrio democrático” no país.
Ele chegou ao topo da carreira do MPF (Ministério Público Federal) em 2019 sem se submeter à votação interna (lista tríplice) tradicionalmente promovida pela entidade que representa a categoria. Contou com apoios de políticos próximos de Bolsonaro.
Ainda no seu processo de indicação, direcionou críticas à Lava Jato e, tão logo tomou posse, atuou para enterrar forças-tarefas da operação existentes no MPF. A justificativa para isso era desarticular grupos que, segundo ele, tinham se empoderado na estrutura da instituição. O movimento agradou a classe política.
O tom nas cobranças a Aras subiu ao longo de 2020 com o avanço da pandemia e as manifestações de caráter golpista nas ruas promovidas por apoiadores de Bolsonaro.
Aliados do ex-presidente miraram sobretudo o STF e seus integrantes após a corte assegurar a governadores e prefeitos poderes para decretar medidas de isolamento social, uma política criticada por Bolsonaro.
Em nome do que considerou liberdade de expressão, Aras relutou em agir mesmo diante da escalada do teor golpista nas manifestações, incentivadas por nomes do bolsonarismo no Executivo e no Legislativo. Foi cobrado pelos próprios pares para que investigasse o ex-mandatário.
Bolsonaro terminou o segundo ano da pandemia responsabilizado pela CPI da Covid do Senado, que sugeriu enquadrá-lo em crimes como prevaricação e epidemia com resultado morte. Mas o relatório da comissão e o material franqueado pelos senadores não vingaram na Procuradoria.
Em um relatório divulgado neste mês sobre os quatros anos de gestão, Aras afirma que uma das frentes da atuação criminal da PGR junto ao Supremo foram “medidas tomadas contra pessoas acusadas de práticas como ameaças a ministros da Suprema Corte, incitação ao crime e tentativa de abolição do Estado de Direito, entre outras”.
Ele citou dois casos: Daniel Silveira (PTB-RJ) e Otoni de Paula (MDB-RJ), acusados de ataques ao ministro Alexandre de Moraes, relator das apurações dos atos antidemocráticos, e a outros integrantes da corte. Silveira foi condenado e o tribunal abriu ação penal contra Otoni.
O PGR também fez menção ao caso de Carla Zambelli (PL-SP), denunciada após perseguição, com arma em punho, a um homem nas ruas de São Paulo na véspera do segundo turno das eleições. A acusação foi recebida, e o Supremo tornou a parlamentar ré.
Após as eleições, bolsonaristas inconformados com o resultado das urnas bloquearam rodovias país afora logo após o anúncio da vitória de Lula. Acampamentos foram montados em frente a quartéis das Forças Armadas. Esses movimentos desaguaram depois nos ataques golpistas de 8 de janeiro.
Procuradores da República nos estados se mobilizaram e criaram grupos para lidar com a situação dos bloqueios nas estradas, mas Aras foi contra a iniciativa pulverizada. Preferiu que a ação fosse centralizada em Brasília.
Na época, ele chegou a se reunir com Anderson Torres, então ministro da Justiça, e Silvinei Vasques, então chefe da Polícia Rodoviária Federal. Vasques —que está preso— e Torres hoje são alvos de investigações da Polícia Federal por supostamente terem atuado em prol dos movimentos antidemocráticos.
Apesar da postura durante a gestão Bolsonaro, o procurador-geral começou a acenar a Lula ainda nos primeiros dias do mandato.
Aras criou um grupo na PGR para responsabilizar os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro e designou o subprocurador Carlos Frederico Santos para a tarefa, e não a vice-PGR, Lindôra Araújo —nome na cúpula do MPF identificado com o bolsonarismo.
O procurador-geral esteve em meados de agosto no Planalto para conversar com Lula. Disse que estava à disposição para seguir no posto se esse fosse o desejo do mandatário. O petista afirmou nesta segunda que não tem pressa de fazer a indicação do substituto.
Elizeta, interina no comando da PGR, foi designada para o posto de corregedora-geral do MPF em outubro de 2019, logo após a posse de Aras para seu primeiro mandato.
Ela coordena colegiado na estrutura da Procuradoria responsável pelo controle externo da atividade policial. Elizeta foi 1 dos 3 signatários do pedido de investigação contra Silvinei Vasques.
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