Hoje, sexta, 22 de setembro. Amanhã é 23, são oito dias para o fim do mês… Aliás, são 100 dias até o fim do ano, sabia? Plural também é cultura!
Curitiba, a quente
Teve um camarada chamado Fernando Pessoa Ferreira que morou por aqui um tempo e depois se vingou escrevendo um texto com o título “Curitiba, a Fria”. Deixando de lado toda a crítica, só dá pra dizer nos últimos dias que uma coisa mudou – anda difícil chamar a cidade de “fria”.
O Simepar anda falando em 38 graus nos próximos dias. Tem que ver, mas acho que nem em dezembro faz tanto calor por aqui (eu sei, sou repórter, já devia ter checado, mas quem consegue ter coragem de pegar o telefone e ligar pro Simepar neste calor?)
Pra cidade deixar de ser fria mesmo só falta as pessoas passarem a se cumprimentar no elevador. Mas acho que esse risco, pelo menos, não corremos por enquanto.
E como o dia 5 de dezembro de 2008 é um dia e tanto, pela manhã morreu o Valêncio Xavier. Aos 75 anos. Outro guerreiro. Lembranças? A longa batalha que foi escrever e dirigir “Paisagem de Meninos”, em 1993, baseada num livro belíssimo, escrito, idealizado e elaborado nas ilustrações e palavras, por ele, Valêncio: “Poty – Trilhos, Trilhas e Traços”. O tema? Claro, a biografia de Poty Lazarotto. Eu estava desenvolvendo um espetáculo com texto a quatro mãos, (minha e do Enéas Lour), e um dia o Valêncio, na Cantina do Teatro Guaíra, me entrega um lay-out completíssimo, do livro que iria ser editado no ano seguinte pela Fundação Cultural de Curitiba.
Era um livro segredo, um tesouro que ninguém podia ver antes da edição. Já estávamos ensaiando há quase um mês, mas o livro mudou minha leitura para o espetáculo e eu resolvi começar tudo de novo. Foi uma boa decisão, mas na época, quase me deixou maluco. Perdi noites de sono por ansiedade, desespero e dúvidas. O livro é um escândalo, uma exuberância que mistura todas as linguagens gráficas possíveis. Uma obra-prima em quase 200 páginas de lembranças, relatos, pensamentos, pranchas, ilustrações que pareciam perdidas no tempo, fotos, manias curitibanas e mais centenas de outras imagens, fruto de associações que só o Valêncio com sua imaginação delirante poderia ter.
Uma biografia originalíssima de Poty Lazarotto e imagino que poucos artistas, em vida, tiveram um homenagem/presente daquela grandeza. E voltando ao espetáculo de teatro. Verdade é que o tempo foi curto demais e eu não tive como elaborá-lo e depurá-lo como merecia. Ainda assim, iluminado pelo grande Poty e pela paixão que o Valêncio tinha pelo artista; paixão clara e evidente, no livro, o espetáculo saiu; e com grande beleza plástica, graças também ao cenário de Rosa Magalhães e à luz surrealista de Beto Bruel. Um milagre das artes cênicas não ter sido um completo desastre, já que eu não conseguia, por inexperiência e pressão dar um formato definitivo a ele.
O livro é, ao estilo do Valêncio, um mosaico de colagens, de espírito gráfico e moderno e isto influenciou o espetáculo que também seguiu esse caminho. Muitas das pranchas de Poty Lazarotto estavam vivas, em movimento, no palco do Guairinha e muitas de suas reminiscências infantis e adolescentes também estavam lá. Meio caóticas, como o livro. Mas conscientes também. Depois, graças à “Paisagem de Meninos”, título que dei à peça em homenagem a Theo Angelopoulos e seu filme “Paisagem na Neblina”, o Fernando Severo pediu pra transformar um fragmento do texto, num roteiro de cinema.
A cena de Haroldo, o Homem Relâmpago, que ajuda o menino, Francinha, a entrar no cinema, porque não tinha sapatos e no seu tempo, só punha os pés na sala quem estava calçado. Num dia doloroso, de esperanças perdidas, de adeus definitivo a um tipo de amor, eu escrevi o roteiro com o coração apertado e muitas lágrimas escorrendo pelo rosto. Um olho no cinema e outro no meu coração partido e em frangalhos. O roteiro também chamou “Paisagem de Meninos” e virou um filme grandioso e sensível em seus 30 minutos, pelo talento do Fernando Severo.
E foi para Gramado e eu ganhei um Kikito como roteirista. O efeito borboleta. Rs! E ainda uma outra lembrança desses tempos. Esta brejeira, mas tão deliciosa quanto as outras. Porque lembrança, se você prestar bastante atenção, é sempre boa. Porque você sobreviveu pra lembrar e aos sobreviventes, a vida! Eu, na casa do Valêncio, sentado em sua mesa de cozinha, almoçando com ele e sua mulher. Ela tinha feito uma abobrinha recheada com carne moída. Uma das comidas mais deliciosas da minha lembrança. Fecho os olhos e sinto ainda hoje, o gosto daquele prato. E sempre, sempre que me deparo com abobrinha num cardápio de almoço, lembro desse dia na casa do Valêncio.
Era um homem intenso, dominado pela paixão e de ego fortíssimo. Radical, a ele era atribuída a frase “aos meus amigos tudo, aos meus inimigos nada!” Foi um dos criadores da Cinemateca de Curitiba, também por seu amor ao cinema. Então? Então que eu também lembro do dia em que fui fazer a minha Carteirinha da Cinemateca (que tenho até hoje), com fotografia e tudo, e agora, como um relâmpago, me recordo de estar sentado em suas modestas instalações, lá pela década de 70, assistindo em preto e branco, por exemplo, “A Montanha dos Sete Abutres”, do Billy Wilder.
Nascia em mim a maior das paixões: o cinema. E não dá pra dizer, com segurança, que o senhor Valêncio Xavier também tem culpa nesse cartório? Valêncio Xavier, irascível, difícil, quase estrela, um criador de pensamentos. Então que a cultura dos curitibanos passa pelas suas mãos e pela sua inteligência. Seus amigos, talvez, ressaltem essa verdade, seus inimigos vão enterrá-la. Assim é a vida. Assim é ser, viver e morrer em Curitiba.
Poema para Grande Orquestra Parada Um Silêncio Bem Alto
Você já amou uma mulher brilhante. Você já amou uma mulher formosa. Você já amou uma mulher Silenciosa? Que fala pouco. E bem, E baixo, Que não eleva a voz por raiva Nem má educação, Que anda com seus pés de seda Num mundo de algodão. Que não bate, fecha a porta, Como quem fecha o casaco De um filho (Ou abre um coração)? Que quando fala, se aproxima Ao alcance da mão Pra que a voz não se transforme emgrito? E que absorve o mundo Sem re-percussão Num olhar de preguiça Num colchão de cortiça Como um mata-borrão? Mas um dia ela sai Levando o seu silêncio De pingüim andando solitário em sua Antártica (ou Antártida), No eterno Gelo sobre gelo No infinito Branco sobre branco E dos cantos e recantos Onde habitou calada – entre oniausente – Brotam aos poucos, Os ruídos Pisados, Colocados embaixo do tapete Guardados na despensa Na gaveta mais funda De uma vida em comum. Os trincos falam, A cafeteira chia, A espreguiçadora range, O telefone toca, As louças tinem, O relógio bate, O cão ladra, O rádio mia, Toda a casa ressoa, reverbera e brada E a orquestra em pleno do teu dia-a-dia Ataca a algaravia Fabril Escondida no lençol de silêncio Com que ela partiu.
Paulo Francisco de Souza Vítola nasceu em Curitiba, em 13 de abril de 1947. Fez o Primário no Grupo Escolar 19 de Dezembro e no Instituto de Educação, completando o Curso Clássico no Colégio Medianeira. Cursou Direito na UFPR.
Compositor desde jovem, criou sambas-de-enredo para a Escola de Samba Não Agite, e participou como letrista, em parceria com Palminor Ferreira, o Lápis, dos festivais O Brasil Canta no Rio, da TV Excelsior, Internacional da Canção, da TV Globo e do Festival de Músicas de Carnaval da TV Tupi. Fez parte do grupo que produziu o Show de Jornal, na TV Iguaçu.
Em 1972, criou as canções da peça Cidade Sem Portas, de Adherbal Fortes, encenada no Teatro Paiol e nos bairros de Curitiba e, dois anos depois, as canções de Paraná, Terra de Todas as Gentes, também de Adherbal Fortes, para a inauguração do Grande Auditório do Teatro Guaíra. Autor do auto de Natal Canto de Paz, encenado na Catedral de Curitiba. Com Marinho Gallera, apresentou o show Diário de Bordo, no Paiol, trazendo músicas criadas por ambos, e gravou o LP Onze Cantos. As canções, editadas pela Fundação Cultural de Curitiba, foram utilizadas como trilha sonora do filme A Escala do Homem, de Silvio Back, a exemplo de diversos temas musicais que criou com o mesmo Marinho Gallera para o espetáculo Ó Curitiba, Nossa Tribo, Salve, Salve, que inaugurou o Teatro de Bolso. Essas canções compuseram a trilha sonora do documentário Curitiba, Uma Experiência em Planejamento Urbano, do mesmo cineasta.
Ainda com Marinho Gallera gravou o álbum duplo Cidade da Gente e, com Reinaldo Godinho, o CD Cantares. Em 2008, foi responsável pela curadoria da programação de reabertura do Teatro do Paiol.
Na publicidade trabalhou na P.A.Z., Múltipla, Exclam e OpusMúltipla, assim como foi sócio diretor de criação das empresas Casulo e Bits, até criar a PauloVitola Scriptorium. Coordenou a área de publicidade e propaganda do governo do Paraná. Ao longo da carreira, recebeu mais de cem premiações publicitárias, regionais e nacionais.
Foi redator de programas audiovisuais no Rio de Janeiro, consultor de comunicação do Ministério da Agricultura e conselheiro estadual de Cultura do Paraná. É conselheiro da Fundação Criança Renal.
Publicou as colunas semanais Balas Perdidas, com Luiz Antonio Solda, e Chope Duplo, com César Marchesini, ambas em O Estado do Paraná. É roteirista da coluna Casos e Causos do Paraná da Revista RPC (Rede Globo/PR). Seu livro autobiográfico Chucrute & Abacaxi com Vinavuste, traz encartada uma coletânea das canções de Cidade Sem Portas e Terra de Todas as Gentes e as canções inéditas de Velhos Amigos. Foi diretor-presidente da Rádio e TV Educativa do Paraná e é secretário de comunicação da Prefeitura de Curitiba. Tomou posse na APL no Teatro Paiol, em 27 de junho de 2011, saudado por René Dotti. (EB)
Conhece a cifra octilhão? Claro que existe, mas só em tese, pois não há dinheiro suficiente para expressá-la na realidade. Mas era a realidade do ganho que a quadrilha de pastores evangélicos prometia para tirar dinheiro de seus fiéis. Vigarista existe em toda parte, mas crente a tal ponto só os desses pastores. Nem Jesus, Maomé, Buda e Zoroastro atingiram tamanho fanatismo e credulidade.
Conheci o humorista Bione em 2004. Descobri que ele era meu fã há tempos e quase me torno paciente dele, pois além de humorista, ele é também psiquiatra. Nossa conversa só não se transformou em consulta porque eu não havia marcado horário.
Em depoimento, o tenente-coronel afirmou que Filipe Martins entregou ao ex-presidente um decreto para convocação novas eleições
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, disse à Polícia Federal que Jair Bolsonaro (PL) recebeu das mãos de Filipe Martins a minuta de um decreto para convocação novas eleições, registrou o Uol.
O documento foi entregue ao ex-presidente logo após a derrota no segundo turno da eleição.
Segundo o depoimento, que compõe a delação premiada fechada com a PF, Bolsonaro submeteu o documento a militares de alta patente, mas apenas o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, manifestou-se favorável ao plano.
Cid também disse aos investigadores que a reunião com Filipe Martins, ex-assessor especial para Assuntos Especiais da Presidência, contou com a participação de um advogado constitucionalista e de um padre. No entanto, o militar não soube informar o nome de nenhum deles.
O tenente-coronel afirmou ainda que a minuta autorizava a prisão de adversários e sugeria a convocação de novas eleições. Em posse do documento, Bolsonaro não externou sua opinião sobre o plano, segundo Mauro Cid.
A Polícia Federal investiga se a minuta entregue a Bolsonaro por Filipe Martins é a mesma encontrada na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, em janeiro. O documento apreendido na casa de Torres determinava a decretação de um “estado de defesa” na sede do Tribunal Superior Eleitoral e autorizava a prisão de adversários.
O site diz que o relato de Mauro Cid consta em um dos depoimentos prestados pelo tenente-coronel à Polícia Federal e que, devido a detalhes inéditos sobre as tratativas para um possível golpe de Estado, os investigadores decidiram assinar o acordo de delação premiada.
O governo vai encaminhar ao Congresso, ainda este mês, um projeto de lei previsto no programa de Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento, quando candidata a presidente: a garantia de uma bolsa a estudantes de ensino médio que concluírem os estudos.
Desenvolvida no Ministério da Educação, a proposta prevê que os estudantes ganharão uma parte do valor no primeiro ano do Ensino Médio e, depois, a outra metade, ao concluírem os estudos. A articulação política do governo não prevê dificuldade em aprovar o projeto.
Será a segunda proposta do programa de governo de Tebet incorporada por Lula. O primeiro foi a igualdade de salário entre homens e mulheres. Apresentado no Dia Internacional da Mulher, em março, já está valendo.
Ao contrário da igualdade salarial, a nova iniciativa prevê gasto público em um orçamento com déficit zerado.
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