Gente fina de Ponta Grossa

roque-by-fernandesRoque, de Ponta Grossa, por Fernandes, de Avaré

Meu pai me registrou como Roque Sponholz. Portanto este é meu nome. Sou uma porção de já fui e outras tantas de pretendo ser e continuar sendo. Já fui piá de andar descalço, estilingue no pescoço, na minha pequena grande Imbituva. Já mijei em vidro, que meu Vô Eduardo mandou para o laboratório de análises, como se fosse o mijo dele (claro que os médicos não o proibiram de continuar bebendo e comendo tudo o que lhe aprazia).

Gosto de estudar. Ainda não consegui me livrar de universidades. Numa delas, a Federal do Paraná, em arquitetura e urbanismo me formei. E desde então, em outra, a Estadual de Ponta Grossa, ministro aulas de planejamento urbano para o curso de engenharia civil, e de desenho técnico para o curso de engenharia de alimentos. Já ganhei concursos de logomarcas, símbolos, cartazes, pinturas, cartuns, arquitetura e até de frases. Milito na Política, (com “P” maiúsculo), com mandato ou sem mandato, desde a infância. Atuei em diretórios acadêmicos, fui vereador, presidente de autarquias de habitação popular e urbanismo, e de pesquisa e planejamento urbano.

 Tive a satisfação de ser eleito por duas vezes presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de P. Grossa, a qual vi nascer, forte crescer e para a qual, criei sua logomarca, fiz seu projeto e construí sua sede.

Em dezembro de 2010, completei 35 anos de exercício profissional, e nestes trinta e cinco, já projetei quase de tudo em arquitetura e urbanismo com obras espalhadas por alguns estados. Exalto o traço do Loredano, o cérebro do Millôr, o trabalho e o caráter do mestre Niemeyer. Acho o automóvel a praga deste e do passado século. O transporte individual é o cancro de nossas cidades. Abomino áulicos e covardes. Sou criativo: Crio brigas, confusões e não fujo delas. … Enfim, não tenho nada. Só tenho o que me falta.

E o que me falta, é o que me basta. Sem lenço e sem documento, nada nos bolsos e só grafite nas mãos, eu quero seguir vivendo pelos campos, cidades, em pequenas ou grandes construções, caminhando, desenhando, projetando e seguindo a canção.

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Mural da História – 1999

No dia 9 de dezembro de 1999, poetas, músicos, publicitários, jornalistas, artistas plásticos, cartunistas, fotógrafos e professores se reuniram no Memorial de Curitiba, no Largo da Ordem, em plena quinta-feira, para fazer uma grande festa. Foi o Bazar do Solda – Brechó Cultural, sob a batuta de Antonio Thadeu Wojciechowski e o pessoal da Oss Propaganda.

Todos os que lá compareceram Me deram as flores em vida/ o sorriso, a mão amiga/ para amenizar meus ais, como na música do Nelson Cavaquinho. Selaví, diria o Boczon. Eu não estava lá, mas confesso que vivi.

Solda, eternamente agradecido

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Barbeta

Barbeta pode dizer que vive para Curitiba. Desde adolescente, morando na Vila Hauer, ele vem todos os dias “pra cidade”, pintar as praças e situações que nela lhe sensibilizam. Aos domingos, expõe suas telas na Feira do Largo da Ordem. O que acha que mudou em Curitiba? O número de pedintes. Sensibilza-se mas nada pode fazer, já que vive de sua arte que lhe garante um sustento imediato.

No dia em que passou na Praça Tiradentes a pintar essa paisagem urbana, parecia estar naquele programa Praça da Alegria. Muitos transeuntes paravam para admirar e dar palpites. Uma senhora, de origem alemã, quase lhe tira o pincel para uma intervenção que lhe parecia mais adequada. Terno, pero sem perder a dureza, o artista a impediu, convidando-a a trazer seu cavalete e fazer ali sua própria obra, à sua imagem e semelhança. Isso é cidade! Lina Faria, que também fez a foto.

Salvador Barbeta foi meu vizinho na Vila Hauer, por muitos anos, década de 1960. Juntos, traduzíamos as letras de “Os The Beatles”, como dizíamos, eu e Manoel Carlos Karam, primeiro para o espanhol, depois para o português. Éramos ouvintes da BBC de Londres, Ritmos del Pop Británico, ondas curtas, em espanhol. Fizemos, inclusive, na época muitas traduções de Roberto Carlos para espanhol. Éramos os ídolos da gurizada, na época. Diferentes. La madre de Barbeta me fez gostar muito de “garbanzo” — grão-de-bico — Luiziño, le gusta garbanzo? Grande Barbeta! Concorda, Reinaldo Godinho?

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Elas

Yelena Vsevolodovna Safonova –  Елена Всеволодовна Сафонова – atriz de Taxi Blues

Uma noite estrelada no sul da Rússia. No banco, está sentado, curvado, um homem idoso, magro e careca, quase sem os dentes da frente, de jaqueta cinza e sapatos simples, parecido, ao mesmo tempo, com Steve Jobs e o rei russo Ivan, o Terrível. “O mundo é um organismo único, se uma célula dói, todo o corpo dói, se me dói um dente, eu estou todo doente”, diz Piotr Mamonov, figura icônica do rock underground russo da década de 1980.

Taxi Blues é um filme russo inovador, um dos primeiros a examinar as divergências entre a antiga União Soviética e da sociedade russa pós-comunista. O filme diz respeito a amizade de um alcoólatra, músico de jazz judeu independente, Liocha (Piotr Mamonov Nikolajevitch) e Schlikov (Pyotr Zaitchenko), taxista conservador. Liocha não paga Schlikov por uma corrida à noite, o motorista de táxi acompanha o músico e leva seu saxofone como pagamento. Apesar do tratamento inicial de Liocha, Schlikov torna-se fascinado pelo músico e oferece-lhe uma cama em seu apartamento. Os dois encontram-se novamente e ficam amigos. Liocha consegue um emprego no depósito de táxi, a fim de pagar sua dívida. No entanto, a amizade entre eles torna-se estranha quando a namorada de Schlikov fica encantada com o músico e Liocha  parte para uma para uma turnê pelos Estados Unidos.

Quando Liocha retorna, rico e bem sucedido, ele luta com o seu velho amigo, o que leva a uma conclusão triste. Taxi Blues e recebeu grande aclamação da crítica e vários prêmios, incluindo o diretor Pavel Lungin ganhar o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes em 1990. 

Direção de Pavel Lungin|1990|110m|União Soviética|

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História em revisão apaga a memória dos Crimes da Ditadura

Uma operação articulada que constitui verdadeira afronta às instituições, à legislação vigente, à democracia e à memória dos filhos, netos e demais familiares dos mortos e desaparecidos na ditadura. Um atentado que reproduz na sociedade o impacto semelhante ao de um golpe de Estado, porque muda o transcurso da História, apresentada em versão adulterada pelos negacionistas

O mesmo país desmemoriado que anistiou seus torturadores, deixando-os livres de responder na Justiça por seus crimes, garantindo-lhes um futuro risonho e tranquilo junto a seus familiares, inicia um espantoso processo de revisão histórica, que consiste em censurar e alterar trechos de documentos oficiais da CNV arquivados. Nomes de pessoas são ocultados e parágrafos inteiros suprimidos, numa operação que se assenta sobre a negação da prática da tortura e a mistificação da história recente.

Numa decisão sem precedentes, a Justiça Federal determinou ao Arquivo Nacional, órgão do Estado, que partes do relatório final da Comissão Nacional da Verdade fossem cobertas com tarjas pretas, ocultando os nomes dos “santos” dos choques elétricos e do pau de arara denunciados. O processo correu sigiloso. Encarregada de defender a integridade do relatório, a AGU omitiu-se, e o Arquivo Nacional cumpriu rapidamente a decisão, que já transitou em julgado.

Uma operação articulada que constitui verdadeira afronta às instituições, à legislação vigente, à democracia e à memória dos filhos, netos e demais familiares dos mortos e desaparecidos na ditadura. Um atentado que reproduz na sociedade o impacto semelhante ao de um golpe de Estado, porque muda o transcurso da História, apresentada em versão adulterada pelos negacionistas.

Processos de revisionismo histórico ocorreram em outros países e em outros tempos, geralmente em países que passaram por guerras ou ditaduras. E não apenas na Europa e no Leste Europeu sob Stalin, mas aqui mesmo em nossa América de tantas ditaduras patrocinadas por intervenções americanas no Cone Sul.

São dois casos de revisão histórica denunciados pela imprensa, em reportagens bem documentadas das jornalistas Fernanda Mena, da Folha, e Juliana dal Piva, colunista do UOL. No primeiro, o juiz Hélio Campos, da 6ª Vara Federal de Pernambuco, determinou que as menções ao ex-coronel da Polícia Militar Olinto de Sousa Ferraz fossem retiradas do relatório. Rigoroso, o magistrado orientou para a “cobertura do nome e de qualquer menção à tortura com sua participação direta ou indireta, por ação ou omissão, para preservar a imagem honrada do militar e de sua família”.

Honra esta que o juiz não reivindica para si. A ação foi movida por três filhos do militar, que dirigiu a Casa de Detenção do Recife quando o preso Amaro Luiz de Carvalho, militante do PCR, foi morto no cárcere, em agosto de 1971. A polícia divulgou que o preso havia sido envenenado por seus próprios companheiros de cela. Versão contestada por perícia posterior. O atestado de óbito do militante assassinado registra que sua morte se deu “por hemorragia pulmonar decorrente de traumatismo de tórax por instrumento cortante.” Continue lendo

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“O Brasil não merece”, diz Marinho sobre Dino no STF

Líder da oposição no Senado criticou a “forma debochada e militante” do ministro da Justiça, cotado para assumir a vaga de Rosa Weber

O senador Rogério Marinho (foto), líder da oposição no Senado, usou as redes sociais neste domingo (1º) para criticar a militância do ministro da Justiça, Flávio Dino.

“A forma debochada e militante que o ministro da Justiça tem demostrado no exercício do cargo é prenúncio de sua atuação caso seja indicado ao STF. O Brasil não merece”, escreveu.

Em entrevista ao jornal O Globo, Dino afirmou que “jamais” voltaria à política caso a nomeação ao Supremo Tribunal Federal se concretize. No fim de sua resposta, ele ainda ironizou:

“Se um dia, talvez, eu fosse para o Supremo e pensasse em retornar à política, haveria uma premissa de que eu usaria a toga para ganhar popularidade. Isso eu não farei, ou faria. Jamais. Seria uma decisão definitiva. Ou será, sei lá.”

Dino é apontado como favorito para assumir a cadeira de Rosa Weber.

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El Negro

 

Roberto Fontanarrosa – Rosario, 1944 – 2007

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O louco sempre tem razão

Gosto muito de um autor inglês, Gilbert Keith Chesterton, que, sendo também um exímio humorista, era não apenas um grande escritor como um escritor grande. De físico volumoso e avantajado, se movia com a agilidade de um jovem potro, sobretudo quando se tratava de esgrimir com ideias.

Não é sem motivo que Chesterton tenha passado despercebido pelos quatro ou cinco leitores que restam no Brasil. Ocorre que, além de gordo, ele era confessadamente um conservador, um pensador católico – se autodenominava um católico ortodoxo – fiel às concepções filosóficas de Santo Thomas de Aquino, seu santo de devoção, que, aliás, era também um tipo muito gordo, de barriga imensa, tanto que em sua mesa de trabalho foi recortada uma meia lua na qual ele se inseria pacientemente para poder ler e escrever – caso contrário não alcançaria nem os seus livros nem seus lápis. É o que consta a respeito desse pensador em cuja obra Chesterton busca se ancorar.

Cabe aqui um parêntesis.

Certa vez estava eu escolhendo livros numa livraria (claro, me refiro a um tempo em que havia livrarias, ou seja, um lugar onde era possível pesquisar assuntos, livros e autores) quando chegou um amigo, professor de filosofia, que de imediato veio bisbilhotar um dos livros escolhidos por mim.

– Ah, lendo autores da direita!

Não digo o nome do professor porque é um grande amigo, embora vítima de um equívoco político que já vicejava robusto no Brasil de todos os equívocos.  Militantes acham que devem ler só livros com os quais concordam – a esquerda com seus prediletos e a direita idem. Pois eu acho o contrário, com o que já entro no motivo pelo qual comecei citando Chesterton. Ao amigo, respondi assim:

– Como no futebol, é preciso saber o que pensam os adversários.

Pois Chesterton está entre os meus adversários que mais admiro. É um homem culto, inteligente, intelectualmente honesto – e que tem todo o direito de discordar de mim, pobre mortal. Por isso fico estarrecido quando vejo políticos e militantes esbravejando xingamentos uns contra os outros, muitas vezes sem ter a menor ideia do que o outro está dizendo. Bastam os chavões, as palavras de ordem, os berros histéricos. Nesse circo dos horrores, as divisões são claras: de um lado está a verdade, do outro não há verdade alguma.

Tento me explicar melhor. Um dos jornalistas que eu mais admirei foi Paulo Francis, o feroz polemista. Seu texto era um ringue, sobravam diretos de direita e de esquerda. No entanto, eu discordava de 80% do que o Francis escrevia. Mas ele era brilhante e isso me bastava. Era com o que eu arejava minhas próprias ideias.

Agora vamos ao Chesterton. Grande criador de frases fulminantes que não eram jogos gratuitos de palavras, mas estocadas que sintetizavam longas reflexões, com o que ele combatia os medíocres lugares comuns que circulam nos debates políticos e filosóficos.

Um desses lugares comuns reza que o louco é alguém que perdeu a razão. Diante da obviedade, Chesterton tragava prazerosamente seu inseparável charuto e fulminava:

– Não. O louco é alguém que perdeu tudo, exceto a razão. Continue lendo

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Faltou a Guajajara

Além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a ministra Sonia Guajajara (Povos Indígenas) também passou a ser queimada dentro do governo por conta da aprovação do marco temporal no Senado.

O Bastidor informou dias atrás que a articulação do governo esperava que a ministra atuasse para dissuadir a base no Senado a votar a favor. Ela não entrou.

Segundo senadores ouvidos pelo Bastidor e um interlocutor de Pacheco, ninguém foi procurado nem pela ministra Guajajara, nem por seus interlocutores para impedir a tungada nos povos indígenas.

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Você conhece a Família Thimpor?


Pepita Thimpor – Fabricante de suspensórios, amante incansável, Pepita descobriu o significado moral das medidas anticoncepcionais ao ter um coito interrompido em 1962, em virtude de um forte temporal que caiu sobre Palermo que enclausurou seu parceiro de noitada dentro de um tonel de vinho.

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Fraga

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O irritante guru do Méier

mãe-solteira

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Metástase do atraso

Se alguém não sabe, tem dúvida ou faz questão de continuar cego, eis a causa maior do atraso brasileiro: o Centrão dá prioridade às áreas de influência de seus deputados na entrega de recursos para obras de canalização e distribuição de água no Nordeste. Funciona assim: os políticos continuam levando dinheiro nas obras sobrefaturadas e ganham votos com essa falsa generosidade, que nada mais é que investimento na continuidade dos mandatos na eleição e reeleição pelo povo iludido. E mantêm a reserva técnica da ignorância e do analfabetismo com as migalhas que sobram para as populações que nada recebem. Ninguém ousa quebrar esse sistema, que subsiste desde a instalação da república e se perpetua, agora fortalecido pela associação de Lula com os políticos parasitas. Ao não ousar, optando por sobreviver e resgatar em vida sua glória tisnada pelo Mensalão e pela Lava Jato, não enfrentando a degradação institucional em suas causas, Lula alimenta o atraso – do qual é produto e exemplo, seja por nascer no Nordeste, seja porque, devido à realidade da região, migrou com a família para o Sudeste.

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Leia-se!

ficção-onívoraProgramação gráfica: Jorge de Menezes; foto da capa: Zap Fotografias; modelo da capa: Alvino Cruz, o Smaga; Edição do autor, 1978.

“Dou de graça, na capa, um signo para a leitura deste livro: nossa desdentada guia latinoamericana do supermercado da cultura. Mais não digo, nem me foi perguntado”. Jamil Snege.

Quem procurar, acha.

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