De novo: Geração Pedreira

A ideia de transformar uma pedreira desativada em local para grandes shows, se não me engano, foi do publicitário Sérgio Mercer, quando presidente da Fundação Cultural de Curitiba. Lembro-me dele falando com entusiasmo sobre “rock pedreira” e do seu sonho de trazer para a cidade grandes eventos, que na época, como hoje, passavam ao largo. Os shows que perdemos por não dispor de espaços apropriados engordam os cofres do turismo de eventos em Florianópolis e Porto Alegre.

A pedreira, mais tarde chamada de Paulo Leminski, foi implantada, quase ao mesmo tempo que a Ópera de Arame, por Jaime Lerner, que sempre se pautou pela atitude: “Se é preciso fazer, devemos fazer rápido, mais tarde a gente arruma”. Na época, o poder público não tinha tantas leis, regras e regulamentos para engessar suas iniciativas. As duas obras, feitas a toque de caixa, apresentaram defeitos, mas isso jamais deveria ser motivo para deixá-las ao abandono. Criatividade é trabalhar com o pouco que temos à disposição. Esperar que o ambiente atinja o estado ideal para favorecer a arte, não deve ser motivo para se deixar de fazer a arte. Quem quer fazer, faz com o pouco que tem. Muitas cidades invejam os equipamentos culturais que o curitibano tem à disposição e não utiliza. O artista local olha para a Ópera de Arame com certo fastio e diz: “Tem um defeitinho.”

E um desses defeitinhos – o do palco não ter paredes laterais – ainda na inauguração possibilitou momentos de pura magia quando, encantados, assistimos, durante a encenação de Sonhos de uma Noite de Verão, à invasão de barulhos de grilos e sapos e à presença de mariposas se misturando aos sátiros, ninfas, fadas e outros seres encantados da peça. Meninos, eu vi! Parecia um sinal, os seres encantados – reais e imaginários – estavam querendo nos dizer: “Este é o lugar dos seus encontros, aproveitem.”

Pedreiras, se abandonadas, viram depósitos de entulhos, de carcaças de carros roubados e local de desova de “presuntos” (vocês sabem o que é isso). A população curitibana não percebe esse triste destino porque já se acostumou a ver as suas pedreiras ocupadas e ordenadas em criativos e charmosos espaços públicos. Tivessem suas existências em outras cidades, as Pedreiras Paulo Leminski, Tanguá e Unilivre, com certeza seriam motivo de orgulho, veneração, promoção e funcionariam em tempo integral. A população, incentivada pelo poder público, ocuparia os locais.

Mas a autofágica Curitiba precisa falar mal de si e fechar a sete chaves aquilo que tem de mais precioso: seus cenários de encontro. É melhor ficar em casa assistindo à TV, embaixo do cobertor e resmungando: grandes shows são ruidosos, atraem o povo da periferia e geram lixo. Ora, o que são alguns momentos de barulho em benefício de uma atividade cultural, seja ela uma ópera, um show de rock ou de música sertaneja? Aos vizinhos reclamões: que tal trocar comigo os sermões que sou obrigado a ouvir aos domingos pela manhã, aqui perto do Centro Cívico?

A nossa pedreira já foi palco para gente de peso, como o tenor José Carreras. Paul MacCartey, AC?DC, Bom Jovi, Sepultura, David Bowie, The Killers, Peal Jam, Björk, Milton Nascimento, Iron Maiden e Roberto Calos. A contabilidade parece fechar 13 grandes shows em 17 anos de atividade, menos de um por exercício, muito pouco pelo tamanho da obra e da cidade.

Em boa hora, é o momento de tentar uma solução para o correto uso desses espaços culturais, seja por meio de ações da iniciativa privada, governo ou parceria público/privada, tanto faz, desde que a privatização não inflacione o preço dos ingressos e possa privilegiar a produção e a população local. Os Titãs em frase simples resumem tudo: “A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte…”

Eloi Zanetti

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Para secar

Fotos de Roberto José da Silva

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Mural da História

7 de outubro, 2010

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Teresina

Oficina do jornalista, cartunista e fotógrafo Duayer, Iniciação À Arte Fotográfica, na Casa da Cultura, Salão Internacional de Humor, 2012. Foto de Wanessa Jansen

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Teresina

Oficina “Correndo o Risco”, charges e cartuns, do cartunista que vos digita na Casa da Cultura. Foto de Wanessa Jansen

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Playboy – Anos 70

1971|Cris Cranston. Foto sem crédito

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Que bom te ver

Foto de Roberto José da Silva

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Sérgio Augusto

Mas já que você, mordido pela curiosidade, caminhou mais sete palavras para vislumbrar onde essa lereia vai dar, esclareço: serifa é aquele traço ou espessamento que remata os terminais das letras. O logo do Sabático, por exemplo, tem serifa; o do jornal, não.

O texto que você teimou em seguir foi composto em Freight Text Book (corpo 10.3), para o jornal impresso, e em Freigth Text Light (19 pixels), para a versão online, e originalmente digitado em Calisto MT (corpo 13,5), fonte também com serifa. Dois anos atrás, o teria digitado em Caslon, Georgia, Cyan ou Mrs. Eaves, igualmente serifadas.

Sim, sou um tipomaníaco. E daqueles que não só mudam de fonte (ou tipo) como quem troca de camisa, mas até as baixam na internet, grátis e no cartão. Talvez seja uma forma de transtorno obsessivo compulsivo, tão grave quanto comprar ou refugar um livro exclusivamente pela capa, piração de que também padeço.

Se um tipo me intriga, tento identificá-lo através do fórum WhatTheFont. Foi assim que descobri qual a fonte utilizada nos créditos dos filmes de Woody Allen (Windsor) e no Kindle (PMN Caecilia), e também a existência de uma versão pirata do tipo usado nas titulações da revista The New Yorker. O que me faltava conhecer – afinal, não sou designer nem estudei paginação – aprendi com um livro que a Zahar acaba de traduzir: Esse É Meu Tipo, do jornalista inglês Simon Garfield (359 págs., tradução de Cid Knipel, R$ 44,90), um tratado de tipologia cheio de histórias saborosas, cuja leitura encherá de prazer mesmo aqueles que não sabem o que é uma ligatura ou uma palavra em versal.

Se, a exemplo da arquitetura, a tipografia expressa uma civilização, uma fonte pode definir um produto, uma instituição, e até reorientar uma campanha política, como aconteceu com a de Barack Obama, deslanchada com a britânica, “formal e dura”, Gill Sans, logo substituída pela “descontraída e mais solta” Gotham, célebre por haver sido projetada para a revista GQ, na virada do milênio.

Quando a Ikea, a Tok Stok sueca, trocou seu visual (saiu Futura, sem serifa, entrou Verdana, idem), foi um deus nos acuda no mercado. Parte da frontovérsia deveu-se ao fato de a família Verdana haver sido concebida pelo britânico Matthew Carter para a Microsoft. Carter também desenhou outro must da era digital, a já citada Georgia, a de melhor leiturabilidade na tela do computador, segundo os entendidos.

A preferência por determinados tipos pode não determinar o sexo e o caráter de uma pessoa, mas esclarece um bocado sobre sua personalidade. De todo modo, assim como os homens são de Marte e as mulheres, de Vênus, as fontes grossas pesadas e com arestas pontiagudas são, tendencialmente, masculinas, e as fantasiosas, mais leves e curvilíneas, vocacionalmente femininas. Se letras usassem roupa, as cursivas vestiriam saia e todos os negritos, bombachas.

Ao primeiro sinal de insatisfação com o que escreveu ou de desânimo para iniciar um novo texto, experimente trocar sua fonte habitual (New Times Roman ou Arial, aposto) por outra, pelo tempo necessário à recuperação e à manutenção daquela velha chama. A adoção de uma nova aparência gráfica já resolveu até casos de bloqueio. Não se envergonhe de ser um Casanova tipográfico, fadado a nunca encontrar o tipo ideal, uma fonte para o resto da vida.

Das mais de 100 mil fontes existentes no mundo, as melhores e piores costumam vir de brinde nos sistemas operacionais e editores de texto. Acredita-se que com apenas meia dúzia delas (Times New Roman, Helvetica, Garamond, Calibri, Gill Sans, Verdana) conseguiríamos sobreviver condignamente.

Arial? Redundante. É a Helvetica da Microsoft. Já lhe tive afeição (na versão Narrow, uma estroinice, reconheço), como já me enrabichei por outros espécimes sem serifa (destaque para Trebuchet e Optima), que ainda considero ideais para anotações e rascunhos. Parecem menos formais e mais contemporâneas, mas a elegância não é seu principal atributo.

Os escritores americanos se amarram no Courier, corpo 12, que lhes recorda os caracteres medidos em paicas das máquinas de escrever e transmite um certo ar de transitoriedade, adequado a textos ainda abertos a alterações e aprimoramentos. Todos, sem exceção, execram o popular e infantilizado Comic Sans, que, aliás, virou judas de uma agressiva campanha na internet, aparentemente infrutífera.

Anne Fadiman se diz eclética, mas em seus livros e manuscritos rejeita qualquer fonte sem serifa derivada da Helvetica, cujo longo prestígio, notadamente em Nova York (as bancas tkts, a Bloomingdale’s, a Gap, a Knoll, o metrô, as caixas de correio), inspirou um documentário dirigido por Gary Hustwit. Nenhuma outra fonte logrou semelhante façanha.

Nossos escritores preferem, quase por unanimidade, a Coca-Cola tipográfica do Windows, o New Times Roman, concebida há 80 anos por Stanley Morison para o Times de Londres. Nesse pormenor, Rubem Fonseca não foge à regra. Seus e-mails, em Calibri, corpo 11, tampouco destoam do gosto majoritário. João Ubaldo Ribeiro quase adotou o Courier New, pelos mesmos motivos de seus colegas americanos, mas embora tenha fechado com o indefectível New Times Roman, corpo 14, dotou seu teclado dos plict-plocts-plim! das máquinas de escrever, ruídos que o rejuvenescem e o levam de volta a Salvador dos anos 1950, “entre a gritaria, a barulheira e a fumaceira das redações”.

Ubaldo tentou, debalde, me converter ao nostálgico artifício. Se há algo de que não sinto a menor saudade é de máquina de escrever.

Estadão|30/06/2012 

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Deu no jornal O Dia — Teresina — 8|7|21012

Coluna do Thiago E.

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Dupla impagável!

Wanessa Jansen e Thiago E, no sítio dos Jansen. Foto de Vera Solda.

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Elas

Marilyn Monroe. Foto de Andre de Dienes

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Tempo

Luiz Fernando Veríssimo, Millôr Fernandes e Zuenir Ventura: Os Três Carnavalescos, em algum luhar do passado. Foto de Sabbesselah Diqueihm.

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Três perdidos numa cidade quente

Oscar Bettio, Vera Solda e Soruda, Teresina, 38 graus à sombra. Foto de Duayer

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Revelando O Contestado

Imagens do mais sangrento conflito social do Brasil nas lentes do fotógrafo sueco Claro Jansson. Brincadeira em SC. Década de 1910. Dois sertanejos fazem pose para o fotógrafo, mostrando como usavam os facões de madeira em combate. Esses facões eram utilizados no corte das ramas de erva-mate, num exercício que além de fortalecer os músculos (tinham que subir em árvores) dava agilidade para os caboclos no seu manejo, transformando-os em hábeis esgrimistas. Durante a guerra, levavam vantagem sobre os soldados na luta corpo a corpo.

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Otávio Duarte

Todo mundo lá!

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