Prezados alunos, professores, fotógrafos e amigos

Prezados Osvaldo, Stephani, Glen e Evary,

Faço deste o comunicado oficial do meu afastamento do Centro Omicron de Fotografia, onde tive a grande satisfação de dar aulas e compartilhar minha experiência durante alguns anos, agradeço o companheirismo de todos e amizade de alguns. Em função de pesquisa realizada entre alunos, a empresa, visando seus interesses, decidiu reduzir minhas aulas de fotografia documentaria, de cinco a seis, para duas, num momento que eu pensava em reivindicar mais duas ou três aulas. Sei que fui substituído por outros professores pelos quais tenho o maior respeito, mas a minha proposta de curso ficou inviabilizada, com apenas duas aulas. Embora eu tenha, durante os anos que colaborei com a Omicron, recebido manifestações de satisfação significativas, principalmente entre os melhores alunos (alguns dos quais integram hoje o quadro de professores dessa escola), considero que deve ter sido uma pesquisa bastante confiável e me curvo diante do seu resultado. Entendo de fotografia e de vida, não entendo muito de questões empresariais. Para mim, esse tempo que colaborei com a escola foi muito produtivo, devo confessar que aprendi bastante com os alunos. A prática do ensino é realmente gratificante, por isso agradeço tanto aos alunos que me reprovaram na citada pesquisa e principalmente aos que sempre me deram apoio. Continuo pondo a minha experiência de fotógrafo disposição de todos. O Osvaldo sempre teve uma atitude muito correta em tudo que acordou comigo, mesmo que verbalmente, nada tenho a reclamar, só lamento que em nossos dias, os interesses empresariais sejam tão contundentes. Os meus portfólios, com tiragem limitada em 60 exemplares, também conforme acordo verbal, continuarão a ser comercializados pela Omicron, assim como o filme “João Urban, um contador de histórias”, realizado pelo cineasta Eduardo Baggio.

Entendo que o jurídico da empresa, sempre ciente dos seus interesses, conforme informação do Osvaldo, está providenciando contratos adequados para ambas as partes. Peço desculpas aos novos alunos que contavam com minhas aulas, estarei a disposição para qualquer esclarecimento adicional e também para alguma ajuda que julguem necessária. Peço também ao Osvaldo que me dispense das aulas de “corte de portfólio” que constam em meu horário do mês de abril, pois por uma questão de agenda não terei condições de ministrar, não será difícil encontrar pessoas mais competentes para me substituir nessa matéria. Não peço desnecessárias desculpas ao Osvaldo por minha decisão peremptória, pois acho que minha “imagem” de “fotógrafo contador de histórias” colaborou sobejamente com os interesses empresariais da Omicron. Pretendo continuar “frilando” na área de ensino da fotografia, agradeço a compreensão de todos, e como já disse, estarei a disposição para esclarecimentos adicionais que julguem necessários.

João Urban

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Nora Drenalina recomenda

O Espírito da Colméia. Victor Erice, 1973. Imperdível. Nas boas locadoras e casas do ramo. Solda

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Bandarilheiro

Foto revista Carta Capital

Ele tinha cara e corpo de toureiro. Ou então não de toureiro, que mata o touro. De bandarilheiro, que o irrita. Afinal, o Millor era só meio espanhol. O touro dele era qualquer coisa grande ou metida a grande, qualquer coisa com chifres que assustavam os outros mas não ele, qualquer coisa pomposa e ridícula, qualquer coisa prepotente. Mas acima de tudo, o touro dele era a burrice.

No lombo da burrice ele espetava suas bandarilhas coloridas, seus epigramas pontudos, suas parábolas incisivas, suas frases marcantes, sua inteligência afiada, esquivando-se dos chifres da besta. No fim ele só não conseguiu driblar a coisa mais burra que existe: a morte.

Especulação dolorosa: o que teria passado pelo seu cérebro nestes últimos dias, preso a um corpo inutilizado? Que memórias, que imagens ocuparam sua mente antes do fim? Ele na sua última arena, diante do seu último touro. Arena vazia, só os dois, num cara a cara final. Ele sem seus instrumentos: sem lápis, sem teclado, sem defesa. E na sua frente a burrice na sua forma definitiva.

A burrice total, a burrice imune a argumento ou súplica, a burrice irreversível, a burrice triunfante. Não adianta ele sugerir que ao menos dancem uma valsa, a burrice não tem senso de humor. Nem se pode chamá-la de vingativa — ela sabe que no fim, depois das bandarilhas coloridas e de todas as piruetas, a vitória será dela. Por mais ridicularizada que ela seja, a vitória é sempre dela. E depois vem a burrice eterna.

No seu sonho terminal, o touro começa sua carga. E o bandarilheiro não consegue sair do lugar.

Bozó e Coalhada

Cada um tinha seu personagem do Chico Anisio favorito. Os meus eram o Bozó e o Coalhada. O Chico era, antes de mais nada, um grande ator e cada personagem que ele criava vinha completo, não só com trejeitos e personalidades meticulosamente observados mas com biografia e destino claramente subentendidos.

Você adivinhava toda a vida do Bozó, sonhando eternamente com o status de ser da Globo, e do Coalhada, lembrando uma carreira no futebol que tinha pouco a ver com a realidade. Uma dentadura falsa bastava para fazer o tipo do Bozó, mas o Coalhada requeria um estrabismo meio desvairado que não podia ser simulado, era recurso do grande ator.

 Chega! Chico Anisio e Millor, um depois do outro. Ninguém está achando graça.

Luis Fernando Verissimo

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Vale a pena ler de novo – Burrice: passado glorioso, futuro promissor

O também ex-seminarista Roberto Campos disse certa vez, numa de suas famosas boutades, que no Brasil a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor.

O jornal O Estado do Paraná  demitiu o cartunista Luiz Solda. Motivo: ele fez uma charge mostrando um macaco dando banana ao presidente dos EUA, Barack Obama. O desenho mostra um macaco fazendo o simbólico gesto de “banana” com os braços e traz a inscrição: “Almoço para Obama terá baião de dois, picanha, sorvete de graviola…e banana, muita banana”. Seus acusadores dizem que ele chamou de macaco o presidente norte-americano. Solda disse: “Jamais faria isso. Nas eleições, eu usei camiseta do Obama, vi que era a renovação”.

Foi um terrível erro de seus editores. O tema é pertinente, a brincadeira é muito apropriada, vez que o Brasil durante muitas décadas foi chamado pelos EUA de Banana Republic. Sem contar que expressões “politicamente corretas” impedem o humor. Já escrevi sobre o tema no Observatório da Imprensa. Volto a ele nessas linhas.

Em minha infância sofri um tipo de preconceito étnico muito singular. Como era moreno, da cor do meu pai, de ascendência portuguesa, era chamado preconceituosamente de “caboclinho”. E, por outros, de “gringuinho”, “filho daquela italiana”: a minha mãe era filha de italianos. A escola representou redenção étnica e social. Passei a ser respeitado por uns e outros pelo meu desempenho escolar. Os boletins acabaram com esses preconceitos.

Em recente reunião de intelectuais, um dos escritores que mais combate o racismo referiu-se a Barack Obama como “ fabuloso negão”. E quando o escritor Václav Havel era presidente da Tchecoslováquia, e depois da República Tcheca, dizíamos tratar-se de um “ polaco maravilhoso”. E ele era tcheco!

Se escrevêssemos isso, seríamos demitidos também? Que horror esse “ politicamente correto”! Vai matar o humor, a graça, a brincadeira!

Vocês já notaram que Barack Obama jamais se vangloria de ser o primeiro presidente negro dos EUA? Inteligentíssimo e bem formado, ele sabe que apelar para a cor o diminui muito! Ele não foi eleito por ser negro, foi eleito por ser bem preparado, culto! Representou um avanço na sociedade americana, que aos poucos deixa de ser excludente e passa a inclusiva, respeitando a pessoa como ela é, independentemente de sua cor, sua opção sexual, sua religião etc.

Pelo mesmo motivo, mulheres e gueis estão sendo eleitos mundo afora para cargos importantes, não por serem o que são, mas porque a sociedade está diluindo preconceitos milenares.

Por que só se lembram de punir? Cá para nós, esse “ politicamente correto” vai deixar o mundo muito sem graça. Sem contar que, na bela síntese de Otávio Ianni, “o polaco é o negro do Paraná”, e os mesmos que criticam racismo onde não existe, jamais se incomodam quando as etnias atingidas são outras!

Deonísio da Silva, jornal Primeira Página, São Carlos

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Vale a pena ler de novo — Ao Jornal Paraná Online a/c Srs. Editores

Prezados Senhores: a SIB – Sociedade de Ilustradores do Brasil, vem por meio desta carta manifestar sua indignação quanto ao episódio da demissão do cartunista Solda do jornal Paraná Online.

Entendemos que no episódio da charge que motivou a polêmica e a consequente demissão desse profissional reconhecido nacionalmente, faltou aos editores do Paraná Online assumirem a responsabilidade do ato da publicação do material, uma vez que todo o conteúdo publicado deveria passar pelo aval dos mesmos. Como poderia, então, somente o autor ser responsabilizado pela repercussão negativa da charge publicada?

Recentemente, uma charge publicada pelo cartunista João Montanaro na Folha de S. Paulo acerca do tsunami no Japão também gerou protesto dos leitores do jornal. A Folha, no entanto, corroborou a visão do cartunista sobre o fato e, em matérias publicadas sobre tal repercussão, buscou discutir o papel dos cartunistas dentro dos veículos de imprensa, oferecendo a oportunidade de toda a sociedade pensar de forma mais ampla sobre o espaço tão popular das charges de jornal.

Pensamos por fim, que no episódio da charge polêmica do Solda, os diretores do jornal Paraná Online repensem a atitude tomada e todos os responsáveis assumam publicamente seu envolvimento no caso, tratando este de uma forma mais justa e positiva.

 Cordialmente,
SIB- Sociedade dos Ilustradores do Brasil
www.sib.org.br
CNPJ: 06.005.723/0001-60

 Postado em 02/04/2011

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Meu tipo inesquecível

Na moldura, Amy Winehouse, Adegão. Grosby Group

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Vai lá!

Rico Rocking

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Boris Karloff vai chegar!

Foto de Roberto José da Silva

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Imperdível!

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Tchans!

Shalom Harlowow. TaxiDriver

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Mural da História

10 de janeiro, 2012

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Tchans!

Rosy Dilettuso. TaxiDriver

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Nora Drenalina recomenda

Filme de 1991, de Krzysztof Kieslowski, com Irene Jacob e Felippe Volter. Veja-se!

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Mural da História

8 de março, 2009

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Delirium tremens

Foto de Roberto José da Silva

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