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Vai lá!
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Sombra de um brasileiro
Publicado em zé do fole
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Poça
Publicado em zé do fole
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Hoje é sexta-feira sem controle de natalidade. Portanto, ela pode dar à luz um sábado, um domingo, uma segunda-feira ou porre de lascar. Todos com certidão de nascimento e vacinas em dia. Teste do pezinho é muito importante. Se você tem alguma expectativa de vida, vá até os setenta anos e dobre à direita. A isso se dá o nome de Evolução, com direito a faroeste e tecnologia. Se quiser chegar ao happy end, tente happy hour antes. Aliás, nunca se viu ninguém que conseguisse chegar às dez da noite sem passar por todas as horas, minutos e segundos anteriores. Bom mesmo se a gente pudesse ser herói por acaso. Estar passando diante de uma confeitaria, dessas bem suntuosas, e ver que uma deliciosa bomba de chocolate, recheada com o mais delicado creme, está prestes a se jogar na boca de uma daquelas madames empimponadas. Você corajosamente se atira recinto adentro e salva a bomba. Diante dos olhares de outras dezenas de madames de olhos arregalados, você vê a bomba se derretendo toda por você. O chocolate manchando os dedos e o creme quase saindo todo para agradecer. A madame empimponada, de boca aberta, não sabe o que fazer depois do flagrante delito. Tentativa de suicídio ou homicídio doloso? Você olha para os lados, com sorriso de satisfação pelo ato, e acena para todos. Nem espera por nenhum tapinha nas costas. Sai da confeitaria com a sensação de ter sido herói e carrega a sensação por algumas quadras. Sem esquecer de mordiscar a bomba que já está toda derretida de amores. Na esquina das duas ruas mais importantes, aproveita para conferir o set list da banda favorita que vai agitar uma espelunca tocando clássicos em doses jurisprudenciais. A galera vai estar lá. Bom motivo para se vestir à Hamlet e divertir-se com as tiradas dos amigos à roda de uma cerveja bem gelada. Palmas para os copos espumantes e suas intrínsecas qualidades diuréticas, existenciais e assistenciais!
Publicado em werneck
3 comentários
Vai lá!
Publicado em vai lá!
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Broto legal
Publicado em "fotas"
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Pé na estrada
Em Sampa, Guarabyra aparece à esquerda na foto de Paulo Meira
Depois de 12 dias fazendo lançamentos do Solar da Fossa e oficinas de texto pelo sul, estou de volta ao Itanhangá, RJ. Em Curitiba, o Solar reuniu muitos amigos no charmoso shopping Estação. Foi ótimo. A livraria tinha programado um bate papo do autor sobre a Pensão Santa Teresinha, para que se pudesse entender melhor a história do Solar. Funcionou, pois a plateia tinha muitas perguntas a fazer.
Em Sampa, o lançamento do Solar da Fossa contou com o auxilio luxuoso do Guarabyra, personagem forte do livro que, sentado ao meu lado, assinou o mesmo número de autógrafos que o autor. E com o mesmo espírito de turma que revelava nos tempos dos festivais de música. O Gut (este é o apelido dele) aliás, foi quem compôs, com Sá e Rodrix, a verdadeira trilha do pé ne estada. Juntos, na livraria, recepcionamos o irmão do Jacks Wu, único oriental a morar no Solar, que veio buscar autógrafo para o livro do irmão, que mora em Recife, e para o músico Frankie, da dupla solariana Tony e Frankie.
A Oficina de texto em Araçatuba estava concorrida, com 23 alunos bem compenetrados. Prevista para durar três horas, passamos quarenta minutos do prazo regulamentar. A conversa estava boa.
Toninho Vaz, do Itanhangá
Publicado em t.vaz
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Berlim é uma festa. Desde o final do século passado, começaram a pipocar na cidade festas regadas a Russen Soul ou Russen Disko, como vocês preferirem. Sabendo disso a Trikont, selo e editora alemã, sediada em Munique, lançou no mercado, a sua coletânea, bem cuidada, como todas as outras desse coletivo bávaro. Já disse aqui, as coleções da Trikont são uma jóia. Também conhecido como Our Own Voice, é o selo independente mais antigo do país. Seus “flashbacks” são pérolas pinçadas por Werner Pieper, editor experimental de contracultura, psychonauta, gay e ex-traficante. “Nenhuma arte é mais potencialmente emocional e democrática do que a música popular”, afirmou Eva Mair-Holmes, fundadora do selo. “Como nos primeiros dias deste selo, há mais de 30 anos, continuamos comprometidos com a liberdade de viver as nossas idéias”. Mesmo as mais obscuras, que se refletem na seleção, sem concessões, dos discos da Trikont.
Mas eu andava pelas ruas de Berlim e sempre me deparava com os hiper-coloridos lambe lambes das festas onde tocam RussenDisko. Wladimir Kaminer é o principal reponsável pelo efeito viral lançado nas noites do Kaffe Burger na Torstraße. Como nós, os Russos parecem adorar músicas melancólicas e nostálgicas. Usei algumas dessas nas fitas (fita?) de introdução de Não Sobre o Amor, quando voltei em 2008. Ontem foi nossa reestreia e elas estão lá ainda. A idéia faz sentido porque essas músicas são derivadas da tradição folk russa e ucraniana. Ouvi, também, algumas delas no canto dos imigrantes do sul do nosso país. Com o passar do tempo e a desintegração do regime do leste, a música soul russa se misturou ao dancehall e ska jamaicano e ao punk rock. Como já disse, artistas americanos das margens do rio Mississippi influenciaram a música jamaicana que, por sua vez, influenciou o desenvolvimento do rap e da cultura da música eletrônica. No “far east”, os Russos adaptavam suas balalaikas no tom da soul music americana. É como em Commitments, obra prima de Roddy Doyle. Lá estavam os irlandeses, apaixonados. Na Russia, garotos andam às margens do rio Neva carregando seus exemplares de Rejuvenation do The Meters, Music of My Heart de John Heartsman & Circles, Damn Right I am Somebody Fred Wesley & The J.B.’s, Curtis, There’s a Riot Goin’ on Sly & The Family Stone, Winter In America de Gil Scott-Heron, I Want You Marvin Gaye, Tim Maia Volume 3.
No início do século XX, os russos moravam ao redor do zoológico, hoje a cara região de Charlottenburg, a oeste da cidade, cortada pela Ku’Damm. Diziam se reconhecer nos animais, exilados de seu habitat natural. Na impossibilidade de voltar para casa. Já contei aqui também que minha vida cruzou esse lugar durante a criação de Insolação, além de Não Sobre o Amor. Insolação carrega a mesma melancolia do inalcançável. Da distância, da utopia falhada, das paixões imensas e irrealizáveis. A música de Arthur Faria para o filme (ele, um explorador do leste) está carregada desse sentimento. Quando Declan Donnellan, respeitado fundador do Cheek By Jowl, trouxe sua montagem, com atores russos, de Noite de Reis pra cá, vi, porque conheço, algumas das cenas de olhos fechados. O russo falado, percebam, se parece muito, sonoramente e ritmicamente com o português galego. Um ator russo me explicou que a letra “o” vira “â”, quando não está presente nas sílabas tônicas e que isso sugeriria, sensorialmente, a doçura no jeito dos portugueses falarem. Acreditei nisso e repito o que me parece errado. Como disse Chico Buarque, no recente vídeo do lançamento de seu disco, “chuto muito em russo”.
É claro que, com o tempo, os russos cruzaram rumo ao lado leste da cidade. E hoje é pelas ruas de Prenzlauer Berg e Kreuzberg que ando para ver os cartazes colados anunciando as festas de RussenSoulDisko. Porque nestas ruas foram morar, pós-queda, boa parte da juventude de Berlim, atrás dos bons preços do mercado imobiliário da região. Os turcos andam por lá também, reunidos nos bares e cafés de Kottbusser Tor. Nostálgicos, os alemães orientais, e até os russos, compram pepinos da Spreewald, café Mokka Fix Gold, cookies Othello. Fui até uma dessas lojas e, é claro, não reconheci nada. Amanheci na região boêmia conhecida como SO36 (código postal), mesmo nome do clássico bar de shows punks (espécie de CBGB de Berlim), e conheci um pouco do que eles chamam de quinta onda de imigrantes russos. Muitos, judeus. Continuam isolados ou protegidos por carros da polícia alemã, acreditem. A reunificação não é a pacificação das idéias, mas uma nova organização topográfica. Nas suas festas, livrarias, squats, novos guetos, os russos de Berlim se divertem com a música de seu país e dos negros da América. Continuamos para sempre na era dos Samizdats (edições caseiras das obras primas proibidas, da literatura russa, distribuídas de mão em mão durante o início do século XX em Berlim). Agora eles são usados, só para citar um exemplo, pelo povo persa e repassados pela internet.
Felipe Hirsch (O Globo)
Publicado em felipe
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Todo dia é dia
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