© César Marchesini

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você é o colírio
dos meus ouvidos
meus olhos só escutam gritos
uivos, balas perdidas
tímpano alucinado
enxerga de longe
um coração apaixonado

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Penso, logo existo

Cartesiano é um adjetivo referente a Descartes, filósofo, físico e matemático francês, “considerado o pai da filosofia moderna”, cujo nome latino era Cartesius, que deu nome ao pensamento cartesiano.

O racionalismo cartesiano é um pensamento estabelecido por Descartes em suas obras o “Discurso do Método” (1637) e “Meditações Metafísicas” (1641), onde expressa sua preocupação com o problema do conhecimento.

O ponto de partida é a busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida. Por isso, converte sua dúvida em método para se bem conduzir a Razão e procurar a verdade nas Ciências.

O pensamento cartesiano começa duvidando de tudo, convencido de que tanto a opinião tradicional como as experiências da humanidade são guias de mérito duvidoso, resolveu adotar um novo método inteiramente isento da influência de ambos.

O método cartesiano é baseado na dedução pura, consiste em começar com verdades ou axiomas simples e evidentes por si mesmos, e depois raciocinar com bases nele, até chegar a conclusões particulares.

Cartesiano é um adjetivo referente a Descartes, filósofo, físico e matemático francês, “considerado o pai da filosofia moderna”, cujo nome latino era Cartesius, que deu nome ao pensamento cartesiano.

O racionalismo cartesiano é um pensamento estabelecido por Descartes em suas obras o “Discurso do Método” (1637) e “Meditações Metafísicas” (1641), onde expressa sua preocupação com o problema do conhecimento.

O ponto de partida é a busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida. Por isso, converte sua dúvida em método para se bem conduzir a Razão e procurar a verdade nas Ciências.

O pensamento cartesiano começa duvidando de tudo, convencido de que tanto a opinião tradicional como as experiências da humanidade são guias de mérito duvidoso, resolveu adotar um novo método inteiramente isento da influência de ambos.

O método cartesiano é baseado na dedução pura, consiste em começar com verdades ou axiomas simples e evidentes por si mesmos, e depois raciocinar com bases nele, até chegar a conclusões particulares.

Descartes afirmava que tudo era duvidoso, nada podendo ser considerado “a priori” como certo, a não ser uma coisa: “Se duvido, penso, se penso, existo”: “Cogito, ergo sum”, “Penso, logo existo”, ponto de partida da Dúvida Metódica, de onde se constrói todo o seu pensamento.

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Acreditar que não acreditamos em nada é crer na crença do descrer

© José Medeiros – Acervo-IMS

“Millôr Fernandes nasceu. Todo o seu aprendizado, desde a mais remota infância. Só aos 13 anos de idade, partindo de onde estava. E também mais tarde, já homem formado. No jornalismo e nas artes gráficas, especialmente. Sempre, porém, recusou-se, ou como se diz por aí. Contudo, no campo teatral, tanto então quanto agora. Sem a menor sombra de dúvida. Em todos seus livros publicados vê-se a mesma tendência. Nunca, porém diante de reprimidos. De 78 a 89, janeiro a fevereiro. De frente ou de perfil, como percebeu assim que terminou seu curso secundário. Quando o conheceu em Lisboa, o ditador Salazar, o que não significa absolutamente nada.

Um dia, depois de um longo programa de televisão, foi exatamente o contrário. Amigos e mesmo pessoas remotamente interessadas – sem temor nenhum. Onde e como, mas talvez, talvez — Millôr, porém, nunca. Isso para não falar em termos públicos. Mas, ao ser premiado, disse logo bem alto – e realmente não falou em vão. Entre todos os tradutores brasileiros. Como ninguém ignora. De resto, sempre, até o Dia a Dia”.

(“Currículo” publicado por Millôr quando de sua estreia no jornal “O Dia”, Rio (RJ).

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© Nicole Tran Ba Vang

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Palíndromos

Falo aqui de vez em quando sobre a arte do palíndromo, a frase que lida ao contrário é a mesma coisa. O exemplo-padrão, que conheço desde guri, é “Roma me tem amor”.

Fazer palíndromos é uma arte barroca, cuja característica principal é um excesso de complexidade no processo para um excesso de perplexidade com o resultado. Uma matéria recente no “Globo” (http://tinyurl.com/pr8b8hu) lista entre os praticantes da Grande Arte o escritor e ator Gregório Duvivier (autor de “Soluço-me sem óculos” e do fescenino “E até cu buceta é”) e o cartunista Laerte (autor de “Rir, o breve verbo rir”). A matéria também cita palíndromos de Chico Buarque (“Até Reagan sibarita tira bisnaga ereta”), Millôr Fernandes (“A grama é amarga”), Paulo Henriques Britto (“Ótimo, só eu, que os omito”), Marina Wisnik (“Lá vou eu em meu Eu oval”).

Brincadeira de gente desocupada? Não acho. Acho que é brincadeira de gente ocupada – e doida para achar um pretexto qualquer pra não começar a trabalhar. Para adiar o instante terrível do trabalho, o cara se dedica à invenção de palíndromos. Eu diria quase “a descoberta”, em vez de “invenção”, porque um palíndromo tem algo de inevitável: se a palavra “lâmina”, lida ao contrário, dá “animal”, todos os sujeitos que perceberem isso vão fazer palíndromos parecidos. É como se essas frases se formassem a si mesmas, precisando apenas de uma ajudazinha de uma equipe de seres humanos.

A literatura não deixou de perceber as propriedades mágicas de fórmulas tão enigmáticas. Osman Lins usou o palíndromo latino “sator arepo tenet opera rotas”, “o lavrador mantém com cuidado a charrua nos sulcos”, como mote gerador de seu romance Avalovara (1973). Tim Powers, em Expiration Date (1996) conta sobre caçadores de fantasmas que escrevem palíndromos em folhas de papel para aprisioná-los: os fantasmas começam a ler o palíndromo e ficam indo e voltando, em loop, sem conseguir sair dali.

Fraga, um dos maiores frasistas brasileiros, inaugurou mês passado em Porto Alegre uma exposição de palíndromo, entre os quais façanhas como esta: “Será sol e pane para plano Ícaro. O voo racional para. Pena pelos ares”. Ao me avisar, mandou-me este: “Ser avatar: ele duplica fácil. Pude ler a Tavares”. Que eu respondi assim: “A semana à toda: a garfada, Fraga adota-a na mesa”. Brincadeira de desocupados? Não, acho que é um exercício de mentes capazes de pequenas proezas em atividades para as quais o Capitalismo, esse vagaroso dinossauro rumo à extinção, não conseguiu conceber recompensas pecuniárias à altura do tempo, do esforço, do talento envolvidos.

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Noblesse oblige

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Mural da História – 2011

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O conde do estábulo

Arthur Lira, presidente da câmara dos deputados, chiou com a posse envergonhada e quase clandestina dos ministros que obrigou Lula a nomear. Queria foguetório e festa, não para celebrar os afilhados, mas a si mesmo como condestável* da república. Lira dispensa a faixa presidencial, mas sem votos na eleição geral, extrai do poder benefícios sem responsabilidade. Graças a isso limita-se a chantagear Lula, que teme sofrer impeachment – o que é sempre possível, vide os precedentes, possíveis porque os presidentes não cediam aos apetites do Congresso ou não tinham sócios por lá. A posse envergonhada prova que a Lula resta algum pudor.

Na história política os condestáveis eram os nobres responsáveis pelos cavalos dos reis absolutos (de condes dos estábulos), época em que os cavalos e a cavalaria eram símbolos de poder. Isso dava-lhes proximidade e influência sobre o soberano, razão porque a palavra perdeu a ontologia e atravessou os séculos para identificar, já nas repúblicas, os auxiliares influentes e poderosos. No Brasil republicano, governo Hermes da Fonseca, o senador Pinheiro Machado, gaúcho e general da Revolução Federalista, ficou conhecido como condestável e foi decisivo na derrota de Rui Barbosa como candidato à presidência da República. Morreu apunhalado na rua.

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“Cabelo branco não é idade, cabelo branco é vaidade”

Lina Faria, sempre fazendo. Autorretrato

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Elétron – Parte I

Em 432 voltimetranos houve uma movimentação muito sutil na vida dos moradores de um vilarejo na região norte de Watts. Nesta época havia muitas divisões no vilarejo e ninguém percebeu que a cada anoitecer a escuridão ficava mais e mais densa de modo que até os dias já não eram mais claros como antes. Neste mesmo tempo havia muitas discussões entre todos os luzeiros locais discutindo sobre a noite e o que eles podiam fazer para influenciar o escuro de modo que se tornassem como a luz, lugar onde há sempre trabalho e movimentação.

Todas as lâmpadas, todas as lanternas, todos os faróis e tudo aquilo que iluminava aquiesceram em montar um plano para dirimir o aumento da escuridão no que resultou em várias reuniões, que por sinal eram sempre muito alegres, com muita música, muita festa e literalmente muitas luzes. A princípio a ideia que todos os luzeiros tiveram, pareceu-lhes muito interessante e fazia muito sentido, sabendo-se que se todos se reunissem no mesmo lugar a sua intensidade de luz seria (como a de um farol) muito mais forte e o alcance muito mais longe, sem contar que a cada reunião aumentava-se mais o número de luzeiros que consequentemente fazia com que aumentassem o número de reuniões semanais.

No entanto algumas coisas haviam passado despercebidas debaixo dos olhos dos luzeiros; A cada encontro a sua felicidade era maior que a sua dor, embora o seu mestre havia avisado que a intensidade da luz de cada um se aumentaria à medida da pressão que cada um era submetido, os mesmos ignoraram essas palavras e passaram a perder paulatina e imperceptivelmente a sua luz. Antes, quando estavam espalhados pelo vilarejo, a sua indignação com o escurecer fazia com que eles buscassem o seu mestre que muitos chamavam de Big Bang, mestre este que muitos não sabiam explicar quem ele era e nem o segredo de como que cada vez que cada indivíduo entrava em seu quarto para escutar a sua voz, a intensidade de sua luz se aumentava. Uma das poucas coisas que se sabia era que da primeira vez que o Big Bang falou, ele deu origem a todos os luzeiros, muitos também falavam que de tempos em tempos Bang batia na porta das reuniões dos luzeiros mas eles não a abriam porque já não conheciam a sua voz por Ele sempre estar se apresentando de forma diferente.

Outro ponto despercebido era que a escuridão do lado de fora, não era simplesmente trevas e estas eram densas como uma forte neblina; e como um carro que aciona a luz alta na serra e acaba enxergando menos por causa do reflexo que a torna uma cortina de fumaça, assim eram os encontros dos luzeiros; além de que mesmo estando todos esse luzeiros juntos, a sua luz não alcançava mais do que poucos metros de seu local de reuniões. Antes o que acontecia, era que essas poucas luzes que estavam espalhadas iluminavam o seu perímetro mas agora a ótima ideia de se reunirem e se tornarem um canhão de luz não surtira o efeito esperado. Ao sair de uma reunião dois pequenos irmãos, um se chamava Próton e o outro Elétron, conversavam. – Ei mano próton você percebeu que depois que começamos a frequentar as reuniões nossa alimentação mudou e além de estarmos mais inchados a nossa massa estranhamente diminuiu, sim respondeu seu irmão e logo o interpelou:

Você reparou que nossa velocidade diminuiu e começamos a ser mais vistos e lembrados? Antes iluminávamos e realçávamos a cor de todas as coisas visíveis, mas agora somente a nós mesmos e isto já me cansou.

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Após CFM liberar selfies, médicos atendem com dancinhas do Tiktok

Como em salões de beleza, fotógrafos irão registrar resultados de procedimentos

Uma nova resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina) libera os médicos a usarem mais recursos das redes sociais para divulgar seus trabalhos. A medida autoriza mostrar ambiente de trabalho, equipamentos, antes e depois, fazer promoções, postar selfies e fotos de procedimentos.

Se antes os médicos já se promoviam nas redes sociais como influencers posta-foto fazendo namastê no pôr do sol, agora liberou geral.

A expectativa é ver médicos fazendo post de campanhas com o mesmo critério que a advogada Gabriela Prioli tem ao fazer “publi” contra a reforma tributária.

O famoso “antes e depois”, tão usado por cabeleireiros e decoradores, será adotado também pelos profissionais de saúde. O público poderá ter o prazer de ver o resultado de procedimentos como operação para retirada de vesícula e cirurgia de ponte de safena.

As consultas poderão ser feitas por caixinhas de perguntas. O paciente poderá mandar ao seu médico, pelo stories, perguntas como: “Estou com dor na virilha. É apendicite ou ovulação?”. “Doutor, é alergia ou câncer?”

Os diagnósticos serão dados com dancinhas do TikTok, como a “Dança da Amoxicilina”, a “Dança da Curetagem” e a dança do “Saiu o Resultado da Biópsia: é maligno”. A nova trend dos médicos do TikTok será a dança da hemorroidectomia ao som do hit “Sentadona”.

Se os blogueiros tradicionais fazem tutoriais de receitas e artesanato, os médicos poderão mostrar o passo a passo de uma traqueostomia e da melhor forma de espremer um furúnculo.

Assim como salões de beleza, clínicas deixarão fotógrafos a postos para registrar resultados de procedimentos. O paciente poderá publicar seu ensaio após operar uma hérnia ou queimar uma pinta.

Seguindo o caminho dos cabeleireiros e decoradores, médicos publicarão seus desafios do dia a dia. “Hoje eu receitei omeprazol. Gostaram?”

“Ela correu bêbada de salto alto e rompeu o ligamento. Mas meu bisturi mágico vai salvar esse tornozelo estropiado. Vem comigo para conferir!”

Os especialistas também poderão fazer promoções, como sorteios de próteses de silicone, e convidar o público para taguear aquele amigo narigudo em troca de uma rinoplastia.

Por fim, os pacientes escolherão seus médicos não mais pela quantidade de especializações, mas pelos consultórios mais “instagramáveis” e pela melhor capacidade de “biscoitar” na internet.

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© Jan Saudek

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As reformas

Todo começo de governo é a mesma coisa. Vêm à baila as reformas. É reforma política, reforma econômica, reforma trabalhista, reforma social, reforma fiscal. Tudo balela, para ganhar tempo e enganar a patuleia. No Brasil, todo mundo fala em reformas, mas ninguém as quer de verdade.

Sabe quando se fará reforma no Brasil, leitor? Mas reforma-reforma mesmo, para beneficiar a população? Nunca. Político não faz reforma. Administrador menos ainda. Só se lhes trouxer benefício pessoal. Pois o tema está novamente na ordem do dia. Aliás, sempre esteve e sempre estará. Sem nenhum resultado real, como se verá.

Aí, uma vez mais, lembro-me do grande Erico Veríssimo, pai do Luís Fernando e uma das figuras maiúsculas deste país, que muita falta nos faz. Erico não foi só um escritor. Ou “um contador de estórias, fascinado pelas pessoas e pelos problemas humanos” – como autodefinia-se. Ele era isto e muito mais.

Erico Veríssimo foi, sobretudo, um humanista. Jamais transformou seus romances em panfletos políticos, mas poucos intelectuais foram capazes, como ele, de se manifestar publicamente, com tanta firmeza e intransigência, contra os desmandos dos poderosos. A supressão das liberdades, a institucionalização da mentira e da violência política e a repressão aos dissidentes sempre lhe causaram repugnância. Aliás, em vida, confessava ter apenas um medo: o de perder a capacidade de indignação e cair na aceitação, que julgava perniciosa para a vida em sociedade.

Dizia:

— Não quero ser indiferente. Dentro de mim ouço sempre meu grito de indignação. Quando choro pelo outro, estou chorando por mim. Quando tenho receio pelo outro, tenho também por mim. Não sou santo, sou homem.

Modestamente, tenho procurado mirar-me em Erico. Como pessoa e como crítico do cotidiano. Aprendi com ele – que foi capaz de desagradar, ao mesmo tempo, a direita, a esquerda, a igreja e os poderosos de plantão – que é sempre necessário expor publicamente as mazelas e a hipocrisia das classes dominantes, preocupadas, pobrezinhas!, em manter o poder e o lucro; do mesmo modo que personagens esquerdistas são, em regra, apenas tristes criaturas, retorcidas e complicadas demais para servirem de vetores para um mundo novo. Prova disso tem-se quando conseguem alcançar certo destaque na vida político-administrativa do país.

— O mundo capitalista está podre – acentuava Erico, acrescentando, no mesmo tom: “Mas o mundo bolchevista, que nasceu em meio a tantas promessas e esperanças, também já se deteriorou”.

Coisas tão atuais, ditas por Erico Veríssimo há mais de sessenta anos.

E as tais reformas, apregoadas, anos a fio, por reiterados governos, inclusive pelo atual? O diagnóstico do escritor é perfeito:

“As reformas são necessárias, mas só solucionarão os nossos problemas econômicos e sociais se forem planificadas e realizadas a sério, por gente competente e honesta. Quanto à reforma básica mais urgente, a meu ver, é a reforma do caráter. Isso não é apenas uma frase. Ora, como não acredito em milagres, acho que, com essa gente que até hoje nos tem governado, não é possível reformar nada a não ser promissórias. A reforma agrária é, em princípio, um imperativo de ordem moral. Mas não conseguiremos nada nesse terreno sem a uma planificação bem feita. Pouco, nada mesmo, adiantaria ao homem do campo ter uma terra em seu nome se ele correr o risco de morrer de fome em cima dela. Claro que é preciso começar, e o melhor momento é reconhecer a necessidade dessa reforma, votar uma lei que a legitime e a torne mandatória e ir estudando os meios de pô-la em prática, mas sem açodamento, sem ódios políticos e ideologias e sem perder de vista o fato de querermos resolver um grande problema e não criar outros… É uma tarefa para homens de capacidade técnica e administrativa e não para demagogos. Mas apenas a reforma agrária não solucionará nossos problemas. Temos que acabar com a ‘espoliação por causas internas’, como o empreguismo, a roubalheira pura e simples, a malversação dos fundos públicos, o desgoverno, os contratos lesivos à nação, feitos em benefício de grupos econômicos. Se há uma hemorragia externa que nos debilita, a hemorragia interna não é melhor. (…) Enquanto, porém, tivermos no governo homens de negócios e não estadistas, não vejo nenhuma esperança de melhores dias para a economia nacional”.

Sabe, o prezado leitor, quando o sábio Erico Veríssimo disse isto? Em meados de 1963…

Publicado em Célio Heitor Guimarães | Deixar um comentário
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