Lava Jato e pau-de-arara

A imprensa repercute a estranheza de generais sobre a prisão preventiva do coronel Mauro Cid, na qual veem “métodos da Lava Jato”. Pode ser, inclusive o Insulto escreveu sobre isso. Mas os métodos da Lava Jato não incluíam pau de arara, torturas, mortes e desaparecimentos como os da época em que os hoje generais aprendiam na escola militar a combater o comunismo no Brasil. Se Bolsonaro fosse bem sucedido no golpe – que os generais de hoje fingiram não ver – um Mauro Cid lulista ou legalista estaria preso e incomunicável. E olhe que Bolsonaro aprendeu no tempo em que foi colega desses generais na escola militar, inclusive do pai do coronel Mauro Cid, hoje general da reserva e ex-corretor de joias sauditas.

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Absolut

Gisere Hishida, curiancinha, né?

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Fake news e coligações fora

As discussões em torno da minirreforma eleitoral com regras que passarão a valer em 2024 tem dois assuntos tabus que são evitados pelo grupo de trabalho que trata do tema na Câmara dos Deputados.

Um deles é a regulamentação das fake news. Nos últimos dias, o relator do PL das Fake News, Orlando Silva (PcdoB-SP), pressionou pela inclusão do projeto na minirreforma, mas a posição dos integrantes do grupo de trabalho foi de que não há consenso sobre o assunto.

O outro veio após reunião de deputados com ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, que são contra a volta das coligações nas eleições proporcionais, extintas desde 2017.

A avaliação de deputados que discutem as mudanças na legislação eleitoral é que a tendência nos próximos pleitos é o fortalecimento das federações partidárias.

O Bastidor já mostrou que o grupo de trabalho virou palco para cada partido defender seus interesses momentâneos. As siglas menores se preocupam com as federações porque sozinhas correm o risco de não atingirem as cláusulas de desempenho.

Já partidos do Centrão querem anistia para quem não gastou ao menos 30% dos recursos do fundo partidário para financiar candidaturas femininas e negras.

O relator Rubens Pereira Jr (PT-MA) apresentará seu texto esta semana.

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Lygia

Vez em vez, e sempre aos domingos, converso longamente ao telefone com Lygia Fagundes Telles, a quem o saudoso Caio Fernando Abreu chamava de “fada-madrinha”. Ela é, sem erro, a primeira-dama da literatura brasileira, o equivalente, para nossas Letras, a Fernanda Montenegro.

Uma quanto a outra, diga-se logo, exemplares em sua simplicidade.Não foi de outro modo domingo passado, com a diferença de que colho os seus 86 anos (!) numa azáfama invejável: Lygia às voltas com a revisão de sua obra que está sendo reeditada pela Cia.das Letras. Aliás um dos grandes acontecimentos editoriais deste ano no Brasil. De Ciranda de Pedra, o romance com que estreou em 1954, ao Conspiração de nuvens lançado recentemente. Em nossa conversa não poderia deixar de vir à tona a tragédia que a abalou profundamente: a precoce morte do único filho, o cineasta Goffredo Neto.

E o que me causou maior pasmo: Lygia Fagundes Telles, creiam, ainda sofre a morte da mãe, ocorrida há mais de quatro décadas! Lembramos Drummond: “(…)Mãe não morre nunca/ e o filho velho embora/ ao lado dela/para sempre/ pequenino feito um grão de milho.”

A partida, sem aviso, de Goffredo, diz a escritora que só não a enlouqueceu porque salvou-se, ainda outra vez, pela via da literatura. Escreveu o belo Conspiração de Nuvens, uma (doce) miscelânea que vai de relatos de viagem a inventivos contos que só a mão – e o coração – de Lygia Fagundes Telles alcançam escrever.

Uma pergunta cai como uma gargalhada (minha) pelo telégrafo sem fio da tarde de domingo: “Ainda não estou com voz de velha?” Claro que não, respondo de pronto. E como estaria se, aos 86 anos, em seu apartamento da Consolação, em São Paulo, com fôlego de menina, revê vírgulas e travessões, adjetivos e verbos, aspas e reticências? É que, ao longo do tempo, me explica, os revisores, no afã de arrumar o “inarrumável”, descaracterizaram trechos inteiros de seus livros…

Mas surpresa mesmo foi no meio da semana quando recebi, pelo Correio, alegria de passarinho!, o romance As Meninas, um dos pontos altos da bibliografia da escritora, na que ela considera a versão definitiva. E junto, nova alegria de passarinho, o DVD com o documentário Narrarte, sobre sua vida e obra, assinado por Goffredo Neto e Paloma Rocha, filha de Glauber e uma das “noras” eternas de Lygia.

Inda no portão, viro e reviro o pequeno embrulho, a letra redonda de Lygia. Canta num galho o sabiá de inverno. Chove uma chuva fininha a umedecer a tarde e o tempo dentro dela. Lembro, lá longe,os olhos verdes de Lygia Fagundes Telles, então casada com Paulo Emílio Salles Gomes. Me chamava de cigano. Eu só tinha 20 anos e ela aí uns 46…

26|7|2009

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A Justiça é colonizadora

Foi o que eu pensei vendo os brancos no STF decidindo o marco temporal

A Justiça não é igual para todos nós. Bem verdade é que essa tal de Justiça é colonizadora e continua a nos oprimir, era o que eu pensava ao assistir a sessão do Supremo Tribunal Federal sobre o marco temporal, vendo os brancos decidirem sobre nossas vidas e futuro.

Com 132 anos de existência, o STF nunca teve uma ministra negra ou indígena em sua composição. Apenas três magistrados negros integraram a corte. O último deles foi o ministro Joaquim Barbosa, aposentado em 2014. Com a aposentadoria compulsória da ministra Rosa Weber, que faz 75 anos em outubro, o presidente Lula indicará quem vai ocupar o cargo de protetor da Constituição pelas próximas décadas.

Com quase 40 anos de redemocratização no Brasil, existem espaços apenas com pessoas brancas e em maioria homens, e esses espaços são espaços de poder, como o STF. Como nos ensina o ministro Silvio Almeida em livro, nós normalizamos o racismo, pois, aceitando ou não, ele faz parte das nossas relações, praticado cotidianamente, não apenas por indivíduos, mas estruturado e institucionalizado.

Naturalizamos a ausência dessas pessoas. O encarceramento em massa do povo preto não causa espanto. O assassinato de líderes indígenas e quilombolas não choca. A morte de crianças yanomami engolidas pelas dragas de garimpo não revolta, mas um ministro do STF defende que nossos territórios sejam abertos para grandes empreendimentos, como a mineração, sem o nosso consentimento.

Antes mesmo da indicação e posse de seu ex-advogado Cristiano Zanin, Lula já vinha sofrendo pressões para indicar uma mulher negra para o Supremo. Sociedade civil e entidades jurídicas lançaram manifestos a favor da indicação de uma ministra negra. Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos, Anielle Franco, da Igualdade Racial, e Cármen Lúcia, do STF, também se posicionaram favoráveis à indicação. Mas o presidente já tem seus favoritos, outros dois homens brancos, Jorge Messias e Bruno Dantas.

Não podemos aceitar mais um ministro conservador. Para falar de redemocratização dos espaços de poder no Brasil precisamos de uma mulher indígena ou negra e progressista na Suprema Corte. A luta contra o racismo passa pela desconstrução do racismo estrutural.

Como falaremos de um sistema justo se não há uma mulher indígena e uma mulher negra discutindo os temas de uma sociedade plural, mas em maioria feminina? Ainda nos chamarão de identitaristas quando falamos de democracia.

Uma boa escolha política é a que torna o país um lugar mais justo, menos racista e menos machista. Precisamos parar de tratar o racismo apenas no âmbito moral e entender que é uma questão política e econômica.

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A menina de Caicó

Assionara Souza (1969-2018) – Nascida em Caicó (RN), viveu em Curitiba desde a infância. Sua obra mais conhecida é Alice Não é um Cachimbo (2005). Escreveu a peça As Mulheres de Antes e idealizou o projeto Translações: literatura em trânsito, para divulgar a produção literária paranaense. Era formada e pós-graduada em Letras pela UFPR.

Dezenas de autores, todos já falecidos, não demonstraram interesse em participar da Academia Paranaense de Letras, por diversos motivos: porque achavam que a entidade não os representava (por motivos estéticos, ideológicos ou por diferenças pessoais com acadêmicos), por proibição estatutária (caso da presença feminina), por viver longe do Paraná, por timidez do escritor ou por desinteresse da própria Academia em estimular possíveis candidaturas. Sem esquecer que o limite de 40 membros sempre se mostrou um permanente limitador. Entre esses, selecionamos dezenas de nomes que fizeram parte da vida científica e cultural do Paraná, sem passar pela nossa instituição. Exceto Júlia Wanderley, autora de artigos e textos diversos, mas sem obra em volume, os demais tiveram livros publicados. Outros nomes podem ser sugeridos.

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Faça propaganda e não reclame – 2009


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O irritante guru do Méier

PREDESTINAÇÃO

Tinha no nome seu destino líquido: mar, rio e lago.
Pois chamava-se Mário Lago.
Viu a luz sob o signo de Piscis.
Brilhava no céu a constelação de Aquário.

Veio morar no Rio.
Quando discutia, sempre levava um banho.
Pois era um temperamento transbordante.
Sua arte preferida: água-forte.

Seu provérbio predileto: “Quem tem capa, escapa”.
Sua piada favorita:
“Ser como o rio: seguir o curso sem deixar o leito”.
Pois estudava: engenharia hidráulica.

Quando conheceu uma moça de primeira água.
Foi na onda.
Teve que desistir dos estudos quando
já estava na bica para se formar.
Então arranjou um emprego em Ribeirão das Lajes.
Donde desceu até ser leiteiro.
Encarregado de pôr água no leite.

Ficou noivo e deu à moça uma água marinha.
Mas ela o traiu com um escafandrista.
E fugiu sem dizer água vai.
Foi aquela água.
Desde então ele só vivia na chuva
Virou pau de água.
Portanto, com hidrofobia.

Foi morar numa água furtada.
Deu-lhe água no pulmão.
Rim flutuante.
Água no joelho.
Hidropsia.
Bolha d’água.
Gota.
Catarata.
Morreu afogado.

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Pressão sobre Lula – e nada

Lula tentou. Escolheu uma mulher preta para a Comissão de Ética da Presidência da República. Espera, com isso, diminuir a pressão para a escolha de uma mulher preta para o Supremo Tribunal Federal na vaga da ministra Rosa Weber, que se aposenta este mês.

O governo já recebeu mais de dez mil e-mails direcionados à Presidência da República com pedidos para que o presidente fuja da escolha de um homem branco para o STF. Lula, porém, não está sensibilizado.

Como mostrou o Bastidor, até a primeira-dama, Janja da Silva, entrou na tentativa de persuasão. Mas, no final, o escolhido deverá ser mesmo um homem branco.

O presidente tem se alinhado a correntes dentro do PT que defendem deixar para o PSOL as pautas identitárias e focar na tradicional disputa de classes para ficar acima do bolsonarismo. E, na escolha para o Supremo, Lula deve preferir o mais seguro – inclusive para si.

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© Jan Saudek

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Mural da História – 1980

© Dico Kremer

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Metamorfose ambulante ou barata maquiavélica?

Lula vomitou grosseira e tosca metáfora de futebol sobre a demissão de Ana Moser e a nomeação de Fufuca para o ministério do Esporte. Foi desrespeitoso com a atleta que ao aceitar ser ministra honrou-o com a credibilidade que um Lula fragilizado precisava após derrotar Jair Bolsonaro (a pequena diferença de votos e a não eleição de uma bancada ou coligação musculosa dizem muito). Com a cada vez mais cínica e fria falta de noção, não deixou barato para o novo ministro, retratado pelo presidente como mero peão no tabuleiro coalizão da picaretagem.

O mínimo que se pode dizer de mais este palpite infeliz de Lula é que o presidente supera-se na arrogância dos vaidosos que consideram seu sucesso um atestado liberatório para a ignorância, sua língua a resvalar no cacoete autossuficiente de ditador ditador cucaracha que revelou ao sugerir que as decisões do STF sejam secretas.  Ao sair, ofendida e humilhada, a ex-ministra mostrou superioridade e elegância ao nada dizer sobre o comportamento do presidente. A metamorfose ambulante transforma-se em barata maquiavélica.

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Divinas tetas

Intervenção sobre grafismo de Luiz Antonio Guinski.

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