Deixa pro Back!

Querido Solda, olhaí, tenho a imensa alegria de anunciar o lançamento do livro, “Guerra do Brasil”, a minha estreia na seara do conto, e que traz a assinatura da prestigiosa editora Topbooks, aqui, do Rio de Janeiro. São curtas estórias escritas ao longo dos últimos anos, fruto dos meus estudos e vivência realizando em 1987 o polêmico documentário com mesmo título, que tematiza a Guerra do Paraguai. Espero que goste de saber. Feliz Ano Novo pra todos nós! Abração, Sylvio Back

PS: Aguarde para março de 2011, o lançamento nacional em cinemas do novo filme, “O Contestado – Restos Mortais”. Imperdível!

Publicado em Geral | 2 comentários
Compartilhe Facebook Twitter

Poluicéia Desvairada!

Levei Meu calhambeque pro mecânico outro dia. Em alguma avenida da Zona Sul. Foto de Lee Swain

Publicado em Geral | 1 comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Escala do Olho & escala do Bolso

Não se esqueçam! Na Livraria do Solar do Rosário, uma sugestão esperta de presente, principalmente para moças: espelhos de bolso, ou bolsa, com fotografia no verso. São imagens que mostram o cotidiano urbano, tendo o espelho como suporte. Pode também colocar com ventosa em um vidro ou espelho, por pura estética. Vão lá ver de perto! Custa 15 “real”; Tá, é só um espelhinho de plástico, mas traz consigo o meu carinho pela cidade e isso não tem preço. Seu olho é grande – no bom sentido – mas seu bolso é pequeno? Você vai gostar! Lina Faria

Publicado em Geral | 1 comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O sonho acabou, mas ainda temos o Solda

“O sonho acabou. Mas ainda tem cuque”, Solda. Foto de Dico Kremer.

Solda é humorista em tempo integral. Em qualquer hora, qualquer circunstância, ele está a olhar o mundo de maneira enviesada, diferente, que desmonta qualquer lógica inspirada no senso comum. Ele nos faz rir, e como, porque mostra, pelo aves¬so, o desconserto do mundo, o desatino dos homens, a loucura das nações e, principalmente, a ridicularia de políticos em sua bufonaria cotidiana.

Hoje Solda tem um blog que bate recordes de visitação. Tornou-se uma referência do humor e da cultura neste país que muito precisa do humor crítico para desvelar constantemente suas mazelas. Em nossa cultura periférica e reflexa o humorista costuma ser tratado como intelectual menor, dedicado ao circunstancial e de maneira superficial. Pois, pois, é necessário rever esses conceitos correntes nesta área do planeta sempre que nos deparamos com a genialidade de humoristas como Millôr Fernandes, Jaguar e o nosso Solda.

Creio que foi Roland Barthes que escreveu que o que causa o riso é a repentina transformação de uma expectativa tensa em nada. Aquela incongruência subitamente introduzida na ordem habitual ou lógica dos fatos é a motivação do riso e do cômico. Solda é um mestre nesse ofício, que exige mais, muito mais, do que a simplória capacidade para a piada que alguns confundem indevidamente com humor.

A capacidade do Solda para se distanciar e enxergar de outro ponto de vista que nos leva ao estranhamento diante da obra dos homens. A essência do seu humor está no contraste entre o sentido e o desatino, no contraste das representações — surgidas dos deslocamentos de significados — e nos seus desdobramentos no desconcerto que leva à perplexidade.

Os humoristas do quilate do Solda, por olhar tudo com o senso crítico apurado, demonstram sua inadequação para estar no mundo. Um mundo que ainda produz misérias, guerras e poderosos que insistem em tornar a nossa vida mais difícil.

Solda viveu uma experiência radical durante quase uma década. Isolou-se do mundo, temeroso de suas armadilhas e receoso de repetir o final de amigos muito próximos que sucumbiram. Entre eles, o mais próximo foi o escritor Paulo Leminski, com quem Solda conviveu durante anos de bar e criatividade etílica.

Foi preciso que ele se internasse em uma clínica psiquiátrica antes de voltar a encarar o mundo com a coragem do humorista. Mesmo dentro do hospital, onde encontrou amigos artistas, Solda exercitou sua veia de  humor. É desta época uma de suas histórias impagáveis. Solda gostava de ficar nas grades do portão da clínica para falar com as pessoas que por ali andavam. A pergunta que fazia ao passante era surpreendente: “tem muito louco aí dentro?”

Primeiro o susto, depois o espasmo e a seguir o riso. Ora, pois, o que nos faz rir também nos provoca inquietações e nos convoca a sair da modorra, da mediania, da medíocre vida comum.

Solda é paulista de Itararé e, segundo ele, teria participado da batalha que não houve. Mas foi em Curitiba que despontou como um dos maiores craques do cartum brasileiro. A sua história inclui passagens pelos principais jornais do Paraná, colaborações em veículos como Pasquim e Bundas e prêmios em vários Salões pelo País.

Há um livro que faz jus ao seu talento. Intitulado simplesmente Solda (formato 25 x 25 cm, 144 páginas em papel de luxo, capa dura e sobrecapa), com prefácio de Jaguar, traz um resumo de sua carreira, com cartuns de várias épocas.

A “marca registrada” de Solda é o uso de letras e números nos desenhos. Ao mesmo tempo em que esse efeito compõe o quadro, torna-se parte integrante do trabalho gráfico. No livro há seis desenhos curiosos, que fogem um pouco a esse estilo, nos quais o cartunista mostra suas versões (bem distorcidas) de Mafalda, Alfred E. Neuman, Pato Donald, Snoopy, Capitão América e Superman.

Revista Ideias, número 110, Travessa dos Editores

Publicado em Geral | 2 comentários
Compartilhe Facebook Twitter

Soruda

Publicado em Geral | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

28

David Markson morreu dia 04 de junho deste ano. Estou preparando uma instalação sobre sua obra. Era uma espécie de Homem-Livro, foragido do último capítulo do distópico Fahrenheit 451 de Ray Bradbury (uma das minhas obsessões). Mas diferente do homem que, por exemplo, carrega pela vida a obra de Platão, Markson se dedicou à descontinuidade, à colagem, ao sampler, à aglutinação, às formas breves, provas e amostras. Costumava manter suas anotações em cartões dentro de caixas de sapato. Usava cola, fita crepe e tesoura para isso. Abaixo anotações sobre anotações de David Markson.

William Butler Yeats, já com 27 anos, não tinha beijado uma mulher ainda. Recentemente li a autobiografia de Yeats. Conheci Yeats com Marcos Prado, um dos meus guias, que morreu numa noite de ano novo aos míseros 36 anos de idade.

Aos sete anos, Freud urinou no chão do quarto de seus pais. Me disseram que W. H. Auden, repugnantemente, fazia na pia. A última obra de Alan Bennett chama O Hábito da Arte e conta o encontro fictício de Auden e Britten, enquanto o último criava a música de “Morte em Veneza” Britten e Visconti criaram filme e ópera mais ou menos simultâneamente. E um, não queria saber do desenvolvimento do trabalho do outro.

Existe a lenda de que, nove meses depois de sua morte, Dante apareceu para um de seus filhos, em um sonho, e disse onde encontrar os últimos 13 cantos, desconhecidos, do Paraíso. Adentrei a silenciosa e pequenina Santa Margherita em Firenze, como se pudesse testemunhar o encontro com Beatriz Portinari descrito em Vida Nova. “Desde o meu nascimento, nove vezes o céu de luz havia retornado ao mesmo ponto, em seu giro, quando aos meus olhos surgiu, pela primeira vez, Beatriz (…)”. Na mesma cidade persegui os passos de Michelangelo e Da Vinci. Dissecadores de cadáveres na Florença renascentista.

Raskolnikov tem 23 anos, para sempre. Li Crime e Castigo com 17, para sempre. De Dostoievski além de tudo, gosto de Uma Doce Criatura, novela curta e delicada, escrita em 1876, no poente da vida do autor.

Molly Bloom tem 33 e pensa sobre o tamanho e a potência do pênis de seu amante e do seu marido. Leopold Bloom concentra seus esforços e o fluxo de sua consciência enquanto defeca ou masturba-se pensando em Gertie. Joyce, por sua vez, “o pensamento do pensamento” chamou de Música de Câmara seu livro de poemas, baseado no som de sua urina em um penico.

Huckleberry Finn sempre terá 13 anos. Acabo de receber o primeiro volume! (760 páginas), lançamento da autobiografia do incrível Mark Twain. Não vejo a hora de dedicar meu verão a este livro. Minha preferida é “Meu Amor Platônico”: as anotações dos sonhos recorrentes, de Twain, com uma menina, ao longo de sua vida. Ela sempre com 15 anos. Ele envelhecendo. A história é baseada no amor do escritor por Laura, garota que conheceu numa viagem ao longo do rio Mississippi. O polêmico Huckleberry Finn tem sido alvo de críticas, como dizia Noel Coward “grandiosas”, sobre a utilização na linguagem de estereótipos raciais (lembra algo?). Sobre o assunto, sempre gosto de lembrar do discurso de Ray Bradbury: “Há mais de um jeito de queimar um livro. E o mundo está cheio de pessoas por aí com caixas de fósforos. Cada minoria acha que tem o direito ou o dever de dosar o querosene e acender o fogo. Começam rasgando uma página ou duas, depois disso, quando os livros estiverem esquecidos, as cabeças fechadas,  e a sociedade, numa suposta procura por justiça, suprimir a literatura num ato de auto-censura e esvaziamento, nesse momento o governo saberá tirar vantagem disso”.

Com essas anotações, minha cabeça roda com tantas idéias em corrente. Queimar livros me leva a Babel Platz e então me lembro de Fome, um dos meus livros preferidos, de Knut Hamsun, sim, o nazista arrependido que teve Hitler como a figura de seu pai por um tempo,

mas que foi capaz de traçar o livro mais fiel e amargo sobre o destino de um artista, ou de nós artistas, que já li. Só Antunes Filho poderia fazer isso.

Lendo os “cartões” de Markson soube que Le Bateau de Matisse foi pendurado de cabeça para baixo no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque e que ninguém notou. Soube que Billie Holiday cantou com Artie Shaw em um Hotel em 1938, e que não foi permitida a cruzar o restaurante do lugar mas só entrar e sair no palco, através da cozinha. Soube que há uma forte possibilidade de existir um manuscrito inédito de Isaac Babel nos arquivos do governo de Stalin. Um livro confiscado das mãos do autor quando ele foi executado, numa cela de prisão em Moscou. Soube que Chopin era chamado de porco judeu e me lembrei, nessa corrente, que Oscar Wilde disse que depois de ouvir Chopin, sentia-se como se tivesse chorado sobre os pecados que nunca havia cometido e lutado pelas tragédias que não foram as dele. Soube que Whistler, aquele que me fez chorar por ver a série de pinturas da região do Battersea, disse que Velázquez é o pintor dos pintores. E isso me levou às Meninas do Prado e às Pinturas Negras retiradas do reboco dos muros da casa de Goya.  Soube que Modigliani, sem nenhum tostão, como o Artista do livro Fome, como nós artistas, pintava três quadros por dia, mas só na sua cabeça. Por que estragaria uma tela se ninguém compraria ou realmente daria valor? Preferia ficar sentado, sob a chuva fina, no Jardim de Luxemburgo, recitando Verlaine para Anna.

Ser casado com um artista é uma vida muito dura, disse Nora Joyce.

Por fim, soube como Shakespeare começou sua carreira em Londres: guardando cavalos do lado de fora do teatro.

Felipe Hirsch (O Globo)

Publicado em Geral | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Soruda


Publicado em Geral | 1 comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Vai lá!

Publicado em Geral | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Gazeta do Povo

Publicado em Geral | 18 comentários
Compartilhe Facebook Twitter

Swain

Publicado em Geral | 2 comentários
Compartilhe Facebook Twitter

Encontro Anual dos Cartunistas

Será realizado no próximo dia 4 de dezembro o 6º Encontro Anual dos Cartunistas, no Sindicato do Chopp, Av. Atlântida, Rio de Janeiro.

Organizado pela Confraria Peru Sadio e capitaneado pelo cartunista Ferreth. a edição do evento desta ano estará fazendo homenagem aos cartunistas Aroeira e Ique.

E como diz o slogan do encontro, pro ano não morrer na praia haverá exposição de cartuns, charges e caricaturas de 50 cartunistas convidados: Adail, Adam, Afonso Carlos, Alecrim, Aliedo, André Brow, Amorim, Aviz, Beto, Cláudio, Cavalcante, Chico Caruso, César Guedes, Erick, Edra, Ediel, Fábio, Ferreth, Frata, Gecelmo, Glen, Guidacci, Gustavo, Jaguar, J.Bosco, Jorge Inácio, Léo Martins, Léo Valença, Liberati, Leonardo, luimar, Moura, Magon, Mattias, Mayrink, Mariano, Nani, Nei Lima, Paulo Caruso, Pedro Ferreira, Rosa Duval, Rê, Souza, Souto Maior, Ykenga, Vanes, Zé Dassilva e Ziraldo.

Publicado em Geral | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Último dia

Publicado em Geral | 6 comentários
Compartilhe Facebook Twitter

Gazeta do Povo

Publicado em Geral | 5 comentários
Compartilhe Facebook Twitter

Gasolina é altamente inflamável,

mas não tanto quanto

o sensacionalismo televisivo.

Publicado em Geral | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Milhares conhecem Adan Blok, mas ninguém sabe absolutamente nada sobre ele. Alguns tentaram disfarçar a ignorância escrevendo volumosos livros de ensaios sobre a obra dele. Outros se aventuraram em caudalosas biografias — completadas com fotos — falsas — do autor e citações — absurdas — de diversos estudiosos de seus escritos. O fato é que a figura enigmática de Adan Bok também povoou a imaginação dos leitores durante boas décadas. Vários deles foram atendidos em consultórios psicológicos e oficinas de tornearia mecânica.

A minha abordagem neste curto ensaio, portanto, deverá servir apenas para clarear, na sociedade de sua época e posterior, o papel de um escritor deste quilate. Para que meus argumentos fossem convincentes, recorri a uma biografia realizada vinte anos antes do nascimento de Adan Blok. Note-se, desta maneira, o poder profético do biógrafo que chegou a marcar a data do nascimento de Adan Blok para 23 de setembro de 1932 e deu como seus pais Adinor Blok e Helena Dramabruska Blok. Mesmo errando feio — Adan Blok nasceu em 30 de julho de 1880 e era filho de Roman Blok e Gioconda Anuska Blok — o biógrafo se deu conta de que havia criado uma técnica que se tornou comum pelos tempos afora — a da mentira deslavada.

Dos ensaios críticos extraí um conjunto de postulações que infelizmente diminuem demais o papel de Adan Blok na história da literatura mundial — ficou mais ou menos do tamanho de um selo de R$ 0,05. Para completar, fui atrás das obras completas dele. Encontrei-as a trinta milhas náuticas de Porto Príncipe numa arca. Logo nas primeiras páginas senti a influência — benéfica, positiva e sólida — de Tom Creek, nascido apenas cem anos depois. Essa influência é visível em todos os parágrafos que começam com letra maiúscula e terminam com ponto — acusando centenas de vírgulas no decorrer do período.

O que mais me chamou a atenção e me prendeu à leitura foi a sensação de que o autor me olhava de soslaio em casa página. Ele usava óculos escuros na boca e tinha bigodes atrás das orelhas. Além disso, a emoção e a razão lutavam com as palavras por um lugar ao sol. Cada uma usava todo um arsenal de obviedades metafóricas de doer a alma. Morreram todas!

Quase no final de Baudelaire Dançante — sua obra seminal — pressenti que devia me evadir do local imediatamente, pois cinco urubus de cabeça preta espreitavam a carniça. Escapando são e salvo, tenho a dizer que Adan Blok marcou lugar na corrente literária do Séc. XIV. Mais precisamente na obra de alguns autores de hoje — 2010 — que se movem ao longo do texto tal e qual um hipopótamo numa loja de 1,99.

Rui Werneck de Capistrano é sinuquista e artista prático.

Publicado em Geral | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter