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Poluicéia Desvairada!
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Hoje!
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Histórias heterogêneas, mas ligadas, de alguma forma, pela constante presença de Curitiba. Uma cidade aqui repleta de mistério e estranheza. Personagem e cenário, ela revela, nos contos de MINDA-AU, lembranças e anseios de Marcio Renato dos Santos. Estréia na ficção do jornalista curitibano, o livro possui grande carga autobiográfica. “Minda-Au, contam o meu pai Luiz e a minha mãe Júlia, foi a primeira, talvez a segunda, no máximo a terceira palavra que falei. A tradução que encontrei para um dromedário de um quadro de minha avó”, revela o autor.
O livro abre com Sub, história de Edward, morador de rua. Por alguma razão não especificada, ele perde trabalho e família, e faz das ruas da cidade sua nova casa. Já A guitarra de Jerez trata de um violão feito na cidade homônima, sul da Espanha, e que, supostamente, carrega consigo uma maldição: todos os que tocam o instrumento, acabam morrendo. Em O espírito da floresta, Marisa é influenciada pela existência de certo espírito pertencente a um tempo em que tudo era apenas mata.
No conto De teletransporte nº 2, o narrador descreve um sonho, onde passa de uma situação a outra sem a menor lógica aparente. Em Os homens sem alma, é a vez do narrador dar um tratamento poético ao conto, estruturado exclusivamente em parágrafos curtos. Pra quem busca uma nova vida fala de um homem de Curitiba, que tenta a vida em Porto Alegre. Mas após cinco meses, retorna à sua cidade natal, pois não conseguiu nenhum emprego, nem nenhum amigo. O último conto do livro é Ali, agora e fala de um rapaz em formação, e de sua relação com seu mestre, que acaba morrendo, vitimado por câncer.
Marcio aqui cria um universo feito a partir da linguagem, onde o importante é a expressão. Forte e contemporâneo, MINDA-AU reúne textos que retratam a realidade do Brasil de hoje, onde a miséria, o desemprego e o desespero diante da falta de perspectivas se misturam com a esperança por um futuro melhor e a alegria de amar
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Meus arquivos da Ditadura
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Cesar Marchesini
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Autorretrato
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Em Algum Lugar, o novo filme de Sofia Coppola, é uma história íntima, tão íntima que a audiência precisa percebê-la por dentro.
Lá, delicadamente, estarão os traços da personalidade dessa artista, o humor irônico, quase exagerado, em contraponto com uma melancolia febril. A Tóquio do brilhante Lost In Translation agora é a Los Angeles de Somewhere. Numa cena aparentemente simples, Johnny Marco (personagem de Stephen Dorff) observa a imensa área da cidade do alto da sacada do Hotel Chateau Marmont. Johnny sofre dos sintomas mais vulgares que atingem a vida das celebridades. A partir do meio do filme, sua filha de 11 anos (a bela Elle Fanning) passa a conviver com aquele ambiente solipsista, insône, servil. Os hotéis se repetem desde o Park Hyatt em Shinjuko, no Japão, até agora na belíssima cena da piscina do Chateau Marmont em Somewhere, passando brevemente, em divertidas cenas, pelo Principe Di Savoia em Milão. Repete também Sofia, (e eu amo artistas, com personalidade, que se repetem), mas desenvolvendo sua sensível observação do mundo privilegiado e distante dessas personagens. Sofia conquista por sua delicadeza, crença, ironia, capacidade de observação íntima, como disse, e pede, de novo, delicadamente, para que a audiência perceba isso em algum lugar. Me conquistou, para sempre, não com seu primeiro filme, o ótimo As Virgens Suicídas. Fez isso com Lost In Translation.
Confesso que este talvez tenha sido o filme, dos feitos na década passada, que mais revi. A história do entediado Bob Harris, ator, representante da campanha do uísque Suntory. Sua mulher Lynda, conhecemos pelo telefone (que toca Fantaisie Impromptu de Chopin), da mesma forma como conhecemos a ex-mulher de Johnny Marco, em Somewhere. Charlotte, 25 anos, surge no hotel e na sua vida. Todos espectros da vida da artista Sofia Coppola. Pai (Francis filmou com Akira Kurosawa um comercial de uísque), namorado (Spike Jonze), amante, celebridades. De novo, aqui, Tóquio é vista à distância, dos últimos andares, a cidade e seus heliportos, aqui não as montanhas e planícies de L.A. e sim a imensa verticalidade da metrópole e sempre a mesma inaptidão das personagens.
O mesmo retrato íntimo, insône (A Doce Vida na Televisão), vozes em corredores silenciosos, serviços de quarto, piscinas tratadas e lâmpadas fotoelétricas. Em Lost in Translation, o filme se estende até a quietude espiritual dos templos de Kyoto e até as cenas do Karaoke-Kan em Shibuya, regadas à Brass In Pocket do The Pretenders e (What`s So Funny `Bout) Peace, Love and Understanding? de Nick Lowe e Elvis Costello. Mas é na composição das cenas livres rodadas em Shibuya, sob sol ou chuva, e nas aventuras noturnas pelas ruas de Tóquio, super iluminadas por neon e backlights, que me apaixonei. É que o roteiro parece obedecer à uma ordem de improvisação, ou melhor, ao instinto sensível de Sofia, impactado pela cidade.
Lá Los Angeles, aqui Tóquio. Tudo flui como se nada fosse roterizado, valorizando a idéia de se perder (até na linguagem), de conhecer, pela primeira vez, e reconhecer ambientes íntimos, com os sentidos expostos. Perdidos na imensidão , solitários, todo o encontro, no balcão de um bar de hotel ou numa rua da cidade, sugere uma identificação amorosa. Assim acontece com as personagens de Sofia Coppola. Assim acontece com a sua audiência e seus filmes. Todos desejam pequenos incêndios românticos. Uma despedida rápida, em um lugar distante, sem muitas palavras, murmuradas um pouco antes do beijo fraterno e espontâneo. Levar de volta pra casa a sugestão da paixão. No final de Lost In Translation, Bill Murray, a caminho do aeroporto, observa nostalgicamente as ruas de Tóquio. No final de Somewhere, Stephen Dorff se despede do Chateau Marmont.
Scarlett Johansson não queria se deixar filmar, deitada de lingerie, rosa clara e transparente e cashmere cinza azulado, na primeira cena, o primeiro enquadramento clássico, do filme. Sofia se vestiu assim e mostrou como fazer. O mesmo tipo de filmagem, nas camas dos hotéis, se repete nos dois filmes. Em Somewhere, testemunhar a menina Elle Fanning dormindo de lado, nos remete a Scarlett. Não há sexo. Apenas a sensualidade contida na intimidade do universo feminino. O oposto das mulheres de Fellini que metralhavam Snàporaz (Marcello Mastroianni), flutuando no balão na forma da personagem feminista Donatella (uma espécie de Virgem Maria), na representação crítica e trágica da absolvição de Fausto pelo Universo Feminino, no último ato da segunda parte da obra de Goethe. Aqui, em Tóquio, de novo, as mulheres esperam. Ainda não é a sabedoria, ainda não é fácil. É só como Sofia Coppola, a menina brilhante, gosta de pensá-las: Descobrindo, em silêncio, as linhas dos Ikebanas. A formas dos caules, ramos, folhas e flores. A terra, o céu e a humanidade. A tolerância com as diferenças.
No fim, sob a música atmosférica do gênio Kevin Shields, sob a batida, soando Velvet, Shangri-Las e Phil Spector, do então baterista Bobby Gillespie (Primal Scream), sob as vozes de Jim e William Reid dizendo “I`ll be your plastic toy for you”, frase de “Just Like Honey”, a primeira faixa do clássico Psychocandy do The Jesus and Mary Chain, enfim, sob os ruídos de som e luz de Tóquio, Bob murmura no ouvido de Charlotte: “Eu não vou te ver até o próximo Suntory. Vá até aquele homem e diga a ele a verdade, ok?”. Você não ouviu isso no cinema. Só Bill Murray, Scarlett Johansson e Sofia Coppola sabiam disso.
Felipe Hirsch (O Globo)
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Adélia Lopes – 60 anos
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Poluicéia Desvairada!
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Entre eles
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Rá!
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