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Itiban
Laerte autografa “Muchacha” para o arquiteto e estudioso de quadrinhos Key Imaguire Júnior. Foto de Misquici. |
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Todo dia é dia
não posso ante o mundo infinito que nasce de mim
nesta madrugada
aqui estou sozinho contra a noite
sosinho contra o mar
se eu imaginasse
não me entregaria como me entreguei
e agora as estrelas boiando
riscando o escuro do meu coração
e agora as estrelas boiando
riscando o escuro
do meu coração
paulo vitola
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É com você mesmo, anônimo!
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Hoje!
A Biblioteca de São Paulo tem a honra e convidar para a gravação de depoimento do projeto Sábados da Memória das Artes Gráficas. Dia 9 de outubro, sábado, às 14 horas. Com o arquiteto, cartunista, chargista e ilustrador Alcy Linares. Mediação de Marcelo Alencar.
Biblioteca de São Paulo, Parque da Juventude, Avenida Cruzeiro do Sul, 2630, Metrô Carandiru, São Paulo, SP. Telefone 11 2089 0800 Não deixe de prestigiar.
Um projeto inédito de resgate da memória dos artistas gráficos brasileiros. Todo sábado no auditório da Biblioteca de São Paulo, um renomado artista gráfico prestará um depoimento sobre sua vida, sua obra e sua técnica para o público presente. Este depoimento será gravado e transcrito, gerando cadernos biográficos que serão vendidos a preço de custo na Biblioteca, e disponível ao público em geral. Esta homenagem não para por aí, após a sessão de depoimento o homenageado deixará a marca de sua mão em uma lajota de concreto, que será aplicada num totem da fama dentro da Biblioteca. Em pouco tempo o Brasil terá um abrangente histórico dessa importante arte, que pouco foi preservada. Seus protagonistas serão os artistas e todos aqueles que de alguma forma colaboraram pro crescimento dessa arte no Brasil. Certamente Sábados da Memória das Artes Gráficas será um presente para a atual e futuras gerações. Contamos com a sua presença!
Poiesis – Organização Social de Cultura. Assessoria de Comunicação. Dirceu Rodrigues, Jaina Carvalho, Carla Nastari, Juliana Dias e Mariana Lima. Telefone (11) 3285-6986
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MCK
Poderia ser a notícia de jornal sobre o homem que foi matar a sede e morreu afogado. Alguns detalhes fornecidos pela notícia: o fato ocorreu no mato e no meio do mato havia samambaia, tamanduá, cachaça, bicicleta, diamante, cebola, peixe, ferradura, pedra, geada, repolho, goiaba, violão, urubu, mandioca, sabiá, barro, cipó, capim, papagaio, guaraná, carvão, onça, bandeira, chuva de verão, paçoca, mandioca, bambu, maria-mole, palmeira, reco-reco, pão com manteiga, chorão, óleo diesel, banana, arara, fonte, macadame, urtiga, aranha, cidade, tatu, bolacha maria, mandacaru, quero-quero, arame farpado, rio, avestruz, águia, burro, borboleta, cachorro, cabra, carneiro, camelo, cobra, coelho, elefante, cavalo, galo, gato, jacaré, leão, macaco, porco, pavão, peru, touro, tigre, urso, veado, vaca e pau-rosado.
Era o que havia no meio do mato. O sedento viajava a cavalo, carregava um mosquetão e usava botas. Antes de falar do afogamento do homem é preciso conhecer a sede do homem.
O homem, solitário, conversava com o cavalo:
— Vou morrer de sede. É tamanha sede que só pode ser sinal de morrer de sede.
— Mas num mato assim tem água — disse o cavalo.
O homem não respondeu. Sabia que naquele mato havia água. O medo de morrer de sede era coisa só dele.
— Tem uma fonte por perto — insistiu o cavalo, farejando, e com sede, mas sem medo de morrer de sede.
— Não me amole — gritou o homem.
O cavalo ficou quieto. A viagem continuou. Eles voltaram a conversar, mas coisa sem importância porque nenhum dos dois quis falar de novo de sede e fonte.
A sede chegou à fonte.
— Não vou mais morrer de sede — disse o homem para o cavalo, que preferiu ficar quieto e decidiu não beber água.
O sedento mergulhou na fonte e bebeu água. Afogou-se. Após o afogamento do homem, o cavalo disse em voz alta:
— A fonte que não mata a sede, ele encontrou a fonte que mata o sedento.
O cavalo enfiou os dentes na roupa do morto e saiu arrastando o corpo pelo mato, sem destino.
Do livro Fontes Murmurantes, da Trilogia Manoel Carlos Karam, lançada pela Kafka Edições. Coordenação Editorial de Paulo Sandrini e Luci Collin; projeto gráfico: Paulo Sandrini; capa e ilustração: Marco Sandrini (ilustração/intervenção sobre foto de Glória Flügel); revisão: Kátia Kertzman; produção cultural: Pier Arte e Cultura. 2010 (2ª edição). Impresso no Brasil.
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Na moldura
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Poluicéia Desvairada!
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