Saudade da velha Camboriú

Por deficiência de recursos (naquele tempo, muito mais do que hoje), Cleonice e eu passamos a nossa Lua-de-Mel em Balneário Camboriú, SC. Isso nos idos da década de 60. Era um local – praia, gente e arquitetura – maravilhoso. Praia larga, limpa, areia refinada, gente alegre, simpática a acolhedora.

Depois, voltamos lá várias vezes. Sempre no mesmo local – Hotel Miramar, um belo casarão, ainda de madeira, defronte para o mar. Diárias justas, excelentes refeições, tipo caseiras. Tudo muito simples e verdadeiro. Inesquecível.

Estou sabendo que Camboriú mudou muito. Cresceu, multiplicou várias vezes a população. Ficou chique. Alargou a faixa de areia, apinhou-se de prédios gigantescos, os maiores do Brasil, arranhando o céu e tirando o sol da praia. Quer ser a Dubai brasileira. Um lugar digno de Luciano Hang, Neymar Júnior e Jair Renan Bolsonaro, que, não por acaso, têm domicílio lá. “Outros tipos do mesmo naipe também”.

Por tudo isso, Balneário Camboriú perdeu o encanto. Deixou de ser a Pérola do Litoral Norte Catarinense. E passou a ser uma pobre menina rica. Tem até um canal exclusivo no YouTube, exibindo, 24 horas por dia, o seu trânsito caótico. Um belo “espanta-turista”.

Camboriú esteve também presente, no final de semana, no Painel do Leitor, da Folha de S. Paulo. Ranulfo Felix Júnior, de Piracicaba, SP, falou por todos nós: “Quitinete de 33 metros quadrados na ‘Dubai brasileira’ custa R$ 1,6 milhão. Daqui a 20 anos, será um cemitério de prédios encalhados. Praia minúscula, suja, ruas apertadas, sem sol. Nunca colocaria um centavo lá”.

Esqueceu de citar o aumento da violência, a ineficiência do sistema de esgoto e a inevitável falta de água nos próximos anos.

E tem gente que se jacta disso!

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Flagrantes da vida real

Fiat Lux!  © Maringas Maciel

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Bom dia, do Plural Curitiba

Hoje, quinta, 31 de agosto. Mais um mês vai terminando sem um ex-presidente preso. Coisas da vida…

A melhor (e é nossa!)

Hoje em dia, por trás de quase todo bom jornal há uma grande mulher. É impressionante: nessa onda nova de (bons veículos) que vem surgindo, a regra é as mulheres serem as donas do projeto, as chefes de redação, as CEOs. Vale para veículos exclusivamente femininos (Catarinas), para jornais especializados (Alma Preta, Sumaúma) e para veículos incríveis regionais, como o Plural.

É bonito ver. Eu comecei a carreira conhecendo a primeira jornalista mulher de Curitiba, dona Rosy. Ela contava que quando ela entrou numa redação, nem havia banheiro para mulheres, porque ninguém tinha previsto aquilo. Agora, elas mandam. E não é à toa que o jornalismo melhorou.

Agora, escolheram as melhores jornalistas do país. E de todas essas mulheres incríveis, a Rosiane Correia de Freitas, a inventora do Plural, ficou com o prêmio de melhor da Região Sul. Nós que trabalhamos como ela somos suspeitos, claro. Mas que belo reconhecimento!

A Rosiane não só é a coordenadora-geral desse nosso projeto como tem uma capacidade incrível de fazer belas reportagens, especialmente quando tem a ver com dados. Mas ela é muito mais que isso, e pelo jeito os leitores sabem muito bem. Por isso ela teve a votação que teve. Em nome dela e do Plural, essa newsletter só tem a dizer: obrigado e vamos em frente!

Caixa Zero: Metade da Copel é de donos ocultos

Vizinhança: E o cara acusado de bater no filho porque ele é preto?

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Dahlia. © IshotMyself

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Elzie. © Zishy

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Mais faceiro que mosca em tampa de xarope.

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Fraga

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Cristina e Tudor Ionescu, um casal na casa dos 30 anos de idade, levam uma vida completamente feliz. Ao lado de seus dois filhos, Maria, de 5, e Ilie, de 7, eles vivem em um apartamento confortável em uma cidade da Romênia. Mas a harmonia de todos terá um fim com o misterioso desaparecimento de Maria, a caçula, transformando a vida de todos para sempre. Pororoca (2h 32min). Direção de Constantin Popescu. Com Bogdan Dumitrache, Iulia Lumanare, Costin Dogioiu e Stefan Raus. Romênia, França, 2018.

Por mais que o título sugira o contrário, Pororoca não uma produção brasileira e muito menos uma reportagem do Globo Repórter sobre um dos maiores espetáculos naturais do planeta. Estamos falando de um longa romeno – país dono de uma escola cinematográfica repleta de grandes filmes – que se apropria desta palavra em tupi guarani que define o efeito reativo (e avassalador para seu entorno) que toma forma quando o Rio Amazonas encontra o mar. Aqui tal encontro é representado pelo desaparecimento de uma criança, enquanto as consequências se transformam nessa onda que destrói tudo que passa na sua frente.

A trama – escrita e dirigida por Constantin Popescu (Principles of Life) – acompanha um pai normal, chamado Tudor, que trabalha, convive relativamente bem com sua esposa e leva os filhos para brincar no parque todo final de semana. Essa vida tranquila desmorona quando sua filha desaparece, sob seus cuidados, sem deixar nenhuma pista. A polícia não consegue solucionar o caso, a família começa a se autodestruir e o desespero pode fazer o protagonista tomar medidas drásticas.

A questão é que o filme pode não ser exatamente o que parece: apesar das aparências expostas nessa e em qualquer sinopse encontrada na internet, Pororoca não tem nenhuma vontade de discutir o crime que coloca a narrativa em movimento. Popescu deixa isso explicito no seu texto, mas a direção faz questão de reforçar as escolhas temáticas da obra ao filmar o fatídico dia do desaparecimento com um distanciamento bem particular, dando total atenção ao pai e a uma briga aleatória (ou não) por causa de um cachorro. A câmera só abandona seus planos estáticos e abertos para se movimentar com fervor quando o objetivo é acompanhar de perto o desespero do protagonista, esclarecendo ainda mais que o foco do caso está apontado para ele.

Toda essa atenção faz com que o interprete do pai, Bogdan Dumitrache (Sieranevada), seja obrigado a roubar os holofotes e brilhar, carregando nos ombros toda a dor, culpa e sofrimento que cercam o desparecimento de sua pequena Maria. Da mesma forma que Em Pedaços precisava da figura de Diane Kruger, Pororoca também depende enormemente das reações de seu protagonista ao contexto com a diferença de que seus comportamentos tendem a ser muito mais sutis. Seu personagem internaliza a maior parte dos sentimentos, acumulando-os antes de liberar tudo em explosões emocionais de grande impacto.

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Pleonasmos

Gisere Hishida, jorunarista purofissionaro, né? (turiria sonora: Pink Furóid). © Kuraw Penas

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A vacina Daniela Teixeira

Aliados de Lula viram na escolha da advogada Daniela Teixeira para o Superior Tribunal de Justiça uma espécie de vacina para a sua futura escolha no lugar a ministra Rosa Weber, que se aposenta em outubro do Supremo Tribunal Federal.

O petista resiste à pressão, até de sua mulher, Janja da Silva, para que mantenha uma mulher no lugar de Weber. Também não quer se comprometer com a escolha de uma pessoa negra.

Dos nomes já aventados, os que circulam nas rodas políticas como favoritos são o ministro da Advocacia Geral da União, Jorge Messias, e o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.

Ao escolher Daniela Teixeira, segundo interlocutores do presidente, ele poderá responder às críticas de que não é verdade que mantém nos tribunais superiores apenas os mesmos de sempre: homens e brancos.

A advogada Daniela Teixeira tem 51 anos, é formada pela UnB, possuiu especialização em direito econômico e empresarial pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e é mestre em direito pelo IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público).

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O silêncio da memória

Ocultar-me, distrair-me, ausentar-me. Todo o silêncio que habita os subterrâneos da memória. Toda a palavra engasgada e partida. O medo percorre as linhas dos hemisférios, sopra bem suave na sua nuca, desvia o olhar quando é encarado.

E invade e nos atravessa e nos distrai de uma dor qualquer. A dor esquecida,talvez nunca sabida, a que não nos damos conta, que não se imagina e não se inventa, que se torna real, que invade a vida de forma aniquiladora e irreversível. O pensamento não chega neste lugar, muito menos os sonhos.

Fragmentos de lembranças, fotografias rasgadas e diluídas pelo tempo. Não lembro mais o contorno do seu rosto, o desenho das pálpebras, o sorriso enviesado, não lembro mais das paisagens febris quando chegava o verão, da secura das tardes caídas, do céu abissal que se abria sobre os pensamentos, dos oceânicos porquês sobre a origem do universo.

Reinvento esse tecido invisível. Para lembrar uma dor, para esquecer outra, para saber qual a cor refletida nas luzes, para acordar e sonhar novamente.

Monto esse quebra-cabeça como se fosse uma maneira de existir. Desenho um percurso tênue, frágil, perigoso na cartografia do impossível. Quando fecho os olhos percorro essa narrativa para não esquecer-me. Em cada palavra escolhida, em cada poema, em cada gesto invisível, em cada silêncio guardado nas frestas da memória.

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Nelson Rodrigues – o irmão do Maracanã

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