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Vendem-se rins e rebentos
Javier Milei ganhou os holofotes no cenário latino-americano. Um tanto pela façanha de ter surpreendido nas prévias da eleição argentina, outro tanto por seu perfil histriônico, meticulosamente emoldurado num cabelo despenteado. Mas qual é a novidade de um político que se vende anarquista, mas odeia as mulheres? A novidade é que ele se vende como o liberal que abraça todos os direitos individuais. Quase todos.
“Minha primeira propriedade é meu corpo. Por que não posso me livrar do meu corpo?”, questionou Milei ao defender o comércio de órgãos humanos. O mesmo raciocínio foi usado no começo da campanha sobre a venda dos filhos. Sim, dos filhos. Por seu entendimento, crianças são propriedades dos pais, que teriam o direito de fazer uma grana com os rebentos. Foi uma gritaria, o assunto morreu.
O anarquista argentino seria um clichê ambulante para quem já viveu a era Bolsonaro: quer Estado mínimo, é a favor da liberação de armas, é contra programas sociais, não acredita em mudança climática. Ao menos em público não defende a ditadura sanguinária em seu país.
Milei se diferencia de Bolsonaros e Trumps em alguns assuntos, mas seus argumentos passam longe da racionalidade ou da empatia. Ele defende a legalização das drogas (“se quer se suicidar, não vejo problema”) com a mesma premissa que usa ao não se opor a relações homossexuais ou a questões ligadas à identidade de gênero: “Você acha que é uma onça-parda? Faça isso, não importa. Desde que não me faça pagar a conta”.
O mesmo Milei que defende o corpo como “propriedade privada” é contra o aborto. Nenhuma novidade, não é? O “liberal” disse que, eleito, pretende realizar um referendo para tentar reverter a legalização da prática, aprovada em 2020. Comprar armas, usar drogas, vender o rim ou uma criança parida, OK. A mulher decidir se quer levar uma gravidez de até 12 semanas adiante, aí já é demais.
Quando Curitiba viveu uma guerra por causa de um pente
Nem o militar, que oficialmente invocou o seu direito de contribuinte, nem o comerciante. que se recusou a emitir a nota, poderiam imaginar o que aconteceria em seguida. Os dois discutiram. Antonio argumentou que pedir a nota não era apenas uma questão de dinheiro, mas sim de princípios. O comerciante alegou que a legislação dispensava a emissão de nota fiscal de valor irrisório. Estava criada a encrenca.
Seguiu-se uma briga no interior da loja, com socos e pontapés para todos os lados. Foi quando o comerciante decidiu botar o comprador para fora do bazar. Para isso, contou com a ajuda de quatro empregados. Jogado na calçada, o subtenente teve uma perna fraturada. Diz a lenda que, na confusão, o pente quebrou.
Três dezenas de pessoas viram a cena e tomaram o partido do militar. Não deu outra: em poucos minutos o Bazar Centenário foi praticamente destruído e o estoque jogado na calçada. A revolta se espalhou para a praça e ruas próximas. As 30 pessoas rapidamente viraram 200. A Praça Tiradentes tinha virado um palco de guerra – a famosa Guerra do Pente.
Enquanto lojas eram saqueadas, queimadas e destruídas, o comerciante foi conduzido a uma delegacia de polícia; o militar, levado a um hospital.
O número de revoltosos aumentou com a chegada das pessoas que saiam do trabalho. A polícia cercou a praça, mas confusão continuou noite a dentro. Um balanço no início da madrugada do dia 9 contabilizou 30 presos e dez feridos, oito dos quais eram policiais. Ou guarda civis, como se dizia naquele tempo. Não houve trégua.
A guerra continuou no dia 9. O quebra-quebra generalizou-se, contando agora com as pessoas que vinham dos bairros para o centro. O povo não se intimidou. Nem mesmo os tiros disparados para o alto pelo comerciante Salim Mattar, dono da Casa Três Irmãos, foram capazes de assustar os revoltosos. Embora tanques do Exército tivesse ocupado a Praça Tiradentes, os distúrbios continuaram. Os ânimos estavam exaltados. O comércio e os comerciantes, principalmente os de origem estrangeira, eram alvo dos chamados “desordeiros”, segundo a polícia.
Apesar do reforço policial, do Corpo de Bombeiros e das tropas do Exército, no dia 10 de dezembro ainda foram registrados ataques a lojas e bancas de jornais e revistas. O centro de Curitiba foi isolado pelas autoridades e antes mesmo de um possível toque de recolher, marcado para as 20 horas, a revolta parou. Até porque, no fim daquele dia, uma garoinha, típica de Curitiba, encobriu a cidade.
No total, mais de 120 lojas foram depredadas – algumas inteiramente destruídas – em vários pontos do centro. Prédios públicos também foram atacados. Cerca de 30 mil pessoas foram às ruas participar da “guerra”.
Por alguns dias, pelotões de soldados tomaram conta do centro. Os bares foram obrigados a fechar às 20 horas. A Rádio-Patrulha aumentou as rondas pelas ruas e praças centrais.
A revista semanal O Cruzeiro, dona da maior circulação no Brasil naqueles tempos, publicou ampla reportagem sobre a guerra. E o título não poderia ter sido mais sugestivo: “Pente faz Curitiba perder a cabeça”.
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Mural da História – 1984
A vida como ela é
Contwitters de alguém que nem pia
% E se o ser humano for o tal aborto da natureza? % O sexo pode estar lá embaixo. O problema é que, quando sobe, bate na cabeça. % O homem, às vezes, possui a mulher que tem o homem quando bem quer. % Solidão se vê é no casamento — dois juntos fazem a mais completa. % Numa sociedade de cordeirinhos — uive. % Adoro cult movies — principalmente porque não preciso contar o enredo pra ninguém. % Depois do cinema 3D teremos o cinema holográfico e, por fim, os atores virão pessoalmente em nossa casa pra representar.
% Os filmes, hoje, são rigorosamente proibidos pra maiores de 30 anos. % Quem diz que tem uma filosofia de vida — ou não sabe o que é vida ou nunca leu um livro de filosofia. % Um milhão de dólares continua sendo um milhão de dólares — só barateou a qualidade de quem pode ter. % No futuro, adeus, pertences!
*Rui Werneck de Capistrano não é bobo nem nada
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Com a tag rui werneck de capistrano, Rui Werneck de capistrano não é bobo nem nada
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Tudo isso junto
Flagrantes da vida real
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Publicado em Jan Saudek
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O nosso Patrimônio da Humanidade
Rettamozo é uma singularidade. Curitiba não sabe que vive e torno dele como os tibetanos à sombra do Himalaia. Alguém que saiba filmar e esteja à procura de um tema urgente e eletrizante precisa sair correndo da sua inércia e fazer o melhor e mais importante documentário de sua vida: comece hoje a filmar o Rettamozo e o que ele produziu aos borbotões durante muitos e muitos bilhões de minutos. Terá assunto para se ocupar por mais de um século, se quiser. Rettamozo, tenho orgulho de pertencer à sua espécie e de ter vivido o seu tempo. Sou imensamente grato às conjunções caóticas que nos fizeram conviver nas mesmas oficinas – gênios coletivos em tempo integral.
Publicado em Geral
Com a tag antena da raça, Luiz Rettamozo, meu tipo inesquecível, Patrimônio da Humanidade, paulo vitola
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