Waltel Branco (1929-2018) – Parnanguara, dono de múltiplos talentos musicais, viveu no Rio de Janeiro, em Cuba, nos Estados Unidos e foi professor na Índia. Arranjador consagrado, tocou com Nat King Cole eDizzie Gillespie, e fez parte do time de Henry Mancini que compôs A Pantera Cor de Rosa. Elevado a doutor honoris causada UFPR em 2013
Dezenas de autores, todos já falecidos, não demonstraram interesse em participar daAcademia Paranaense de Letras por diversos motivos: porque achavam que a entidade não os representava (por motivos estéticos, ideológicos ou por diferenças pessoais com acadêmicos), por proibição estatutária (caso da presença feminina), por viver longe do Paraná, por timidez do escritor ou por desinteresse da própria Academia em estimular possíveis candidaturas. Sem esquecer que o limite de 40 membros sempre se mostrou um permanente limitador. Entre esses, selecionamos dezenas de nomes que fizeram parte da vida científica e cultural do Paraná, sem passar pela nossa instituição. Exceto Júlia Wanderley, autora de artigos e textos diversos, mas sem obra em volume, os demais tiveram livros publicados. Outros nomes podem ser sugeridos.
Na iminência de entrar na mira da CPI do 8 de Janeiro por conta do encontro com o hacker Walder Delgatti, Valdemar Costa Neto decidiu dobrar a aposta no bolsonarismo. Orientou a bancada do PL a não abandonar a deputada Carla Zambelli.
A posição é inversa à de Jair Bolsonaro, que não quer saber da deputada, a quem responsabiliza por sua derrota eleitoral. O dono do PL, porém, teme que a cassação de Zambelli seja só o início do que ele chamou de “caça às bruxas”.
Seu temor, segundo interlocutores, é que seu partido e ele próprio sejam os próximos alvos das investigações da Polícia Federal, no inquérito que investiga ataques à democracia, e da CPI. Num cenário extremo, ele teme ficar impedido de acessar os fundos do partido.
Contra Zambelli há duas representações na Câmara pedindo a sua cassação. Ela é investigada pela Polícia Federal por seu envolvimento com Delgatti, que diz ter recebido dela 40 mil reais para invadir o sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Responde também a um processo no Supremo Tribunal Federal por ter perseguido, de arma em punho, um homem em São Paulo.
A deputada Carla Zambelli está no bica de perder o mandato por sacar a pistola contra popular em plena luz do dia em rua movimentada de São Paulo. O futuro ainda fará justiça à deputada, pois seu gesto ajudou a derrotar Jair Bolsonaro – não o gesto em si, mas a pistola que o completava. Mas a desgraça da Zambelli começou antes, quatro anos exatamente, quando teve que devolver as roupas que tomara emprestadas da colega Joice Hasselmann, inservíveis em mais uma batalha da hoje influencer de bunda contra o peso. Com as roupas a balançar pelo corpo, Carla teria perseguido o popular exaltado com arsenal disfarçado na calcinha.
Mas basta um acontecimento mal resolvido para ela acordar
Caro leitor, imagino que, ao abrir o jornal nesta quarta (23) ou clicar no link que leva ao espaço que a Folha gentilmente me cede desde 2014, você esperasse ler sobre o inferno astral das Forças Armadas. Ou ainda sobre como o presidente Lula tem sido condescendente com o golpismo dos militares, ao recebê-los em pleno sábado na Alvorada para tratar de mais dinheiro para os batalhões.
Tudo isso também me interessa muito, mas ao ver a manchete sobre a pesquisa “Mulheres e jovens têm mais ansiedade que média da população”, infelizmente me reconheci na estatística. Segundo o Datafolha, um terço dos brasileiros relata ansiedade, problema de sono e de alimentação. Se fosse uma cartela de bingo, eu poderia gritar com a pontuação máxima, em mãos.
Apesar de o estigma ter diminuído, muito graças às redes sociais pelo compartilhamento de casos, de depoimentos, de gente famosa que saiu do armário das doenças mentais, a maioria ainda entende pouco sobre o que passa com alguém numa crise de ansiedade. Mesmo entre aqueles muito próximos é comum ouvir, “mas, assim, do nada?”
Sim, o episódio de pânico –é esse o sentimento quando a onda da ansiedade cresce como um tsunami, chega, assim, “do nada”. É impossível prever porque e quando ele se manifestará. Mas o que remexe as profundezas do indivíduo que sofre dessa doença mental não surge do “nada”. A minha experiência, veja, a minha experiência, mostra que por mais que se use todos os recursos, inclusive informação, a ansiedade dorme dentro de nós em banho-maria.
Mas basta um acontecimento mal resolvido –ou uma sequência deles— para que o mecanismo da panela de pressão seja acionado. O organismo começa a cozinhar sentimentos ignorados, mal digeridos. A consequência não é imediata, pode levar dias. Por isso, quase sempre é uma surpresa quando o apito indica o ponto de fervura, que nos desperta a sensação de morte.
O Sinpes recebeu informações sobre mudanças nos pagamentos das horas/aulas relativas à orientação de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba).
Assim que retornaram as aulas do segundo semestre os professores foram informados sobre nova mudança no tocante ao pagamento das orientações de TCCs. Desde o início do controle do UNICURITIBA pelo Grupo Ânima até o final do semestre terminado em junho os docentes recebiam uma hora/aula por semana para cada três alunos que orientavam.
Na reunião de volta às aulas que antecedeu o presente semestre letivo, na primeira semana de agosto, os docentes do Unicuritiba foram informados sobre a implantação de nova e absurda sistemática de pagamento: uma hora-aula semanal para cada grupo de 8 alunos orientados.
Antes recebiam uma hora-aula semanal para cada três alunos orientados. Agora serão oito alunos por hora-aula, o que diminui brutalmente (- 62,5%) a remuneração recebida.
UniBrasil
O UniBrasil foi outra instituição de ensino que implantou sucessivas reduções no pagamento das horas/aulas de orientação dos trabalhos de conclusão de curso. Lá, conforme informações repassadas ao Sinpes, atualmente a remuneração por aluno orientado nos cursos presenciais corresponde ao valor de 1/4 de hora-aula por semana ou 1,25 horas aulas por mês. Já no âmbito do ensino à distância, além dos professores não terem carteira anotada nem quaisquer direitos trabalhistas, ainda recebem para orientar um grupo de seis alunos uma hora-aula por semana no valor de R$ 27,00. Como consequência do não reconhecimento do vínculo de emprego para apuração da remuneração mensal esse valor mitigado de hora-aula é multiplicado por 4 e não por 4,5 para se chegar ao valor mensal.
Providências do Sinpes
O Sinpes chamará os responsáveis por ambas instituições de ensino para mesa redonda na Superintendência Regional do Trabalho para reverter essas situações.
Caso as negociações sejam infrutíferas ajuizará ação buscando diferenças salariais em face do pagamento a menor desse trabalho (já que o tempo gasto por aluno orientado é bem superior ao pago) e, no caso da Unibrasil o reconhecimento do vínculo de emprego e de isonomia entre o tratamento dado aos professores presenciais e os do ensino à distância. As ações também se fundamentarão no estabelecido pelo artigo 468 da CLT, que assim dispõe:
“Art. 468 – Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.”
O Sindicato entrou em contato com as assessorias de imprensa do Unibrasil e do Unicuritiba pedindo uma nota sobre as acusações trazidas neste texto. Mas até a publicação do mesmo as duas instituições não tinham se manifestado.
Um palhaço é um ser humano como outro qualquer, só que com muito mais frouxos de riso em volta. A vida do palhaço Risadescarninha não poderia ser diferente. Abandonado pelos pais aos 23 anos de idade, em plena Praça da República, ele descobriu que a vida estava ali, na sua frente, com um trinta-e-oito encostado na sua cabeça, fazia um frio danado e passava da meia-noite.
Depois de ter sido massagista de futebol, caixa de banco provador de suspensórios em Osasco e técnico da seleção, o humilde rapaz do interior acaba no picadeiro, quase pisoteado pelos elefantes mancos e cegos do circo.
“Qual é a graça?” conta a trajetória do cidadão Roque Esturjão, o palhaço Risadescarninha, desde o seu romance com a mulher barbada do circo Panis et Circenses até a última aparição pública, em 1950, no Maracanã, como centro- avante do time uruguaio na célebre decisão da Copa de 50. O palhaço é o estilo.
Millôr, duas sílabas fortes, desconcertantes e gentis, cuja rima pode ser flor e também dor. Os olhos eram de águia, mas, também de pintassilgo, colibri, sabiá. A expressão verbal adquiria nele a força do substantivo. Por isso a palavra lhe vinha sempre multidividida em punhais.
Desgarrado de toda e qualquer geração, flutuava acima daquela em que vivia, nessa terra-de-ninguém, onde é perigoso estar só e, mais perigoso ainda, acompanhado.
Seu ato de viver tinha todas as dúvidas certas. E era um ser mítico para nós que dificilmente e aparentemente lhe conhecíamos a essência. A quem o frequentava regateava o aplauso fácil porque sempre buscou, nos desvãos dessa não-troca, a verdade do gesto, da palavra e da finitude.
Esmiuçava os contrastes e aceitava combativamente as vacilações dos que abdicam.
Estoico diante da glória, “que não fica, não eleva, não honra nem consola”, resistiu sempre a toda e qualquer apoteose, embora, com toda justiça, a ambicionasse.
Como lembrança de uma dura infância de menino órfão, no seu medo, jamais se acovardou. Seu rosto guardava recordações que a memória lutava para não esquecer. Acreditava no perigo da ausência, por isso, sempre estava e nunca ficava. Sua opção era ainda estar vivo quando o ultimo respirasse. Não acreditava em Deus, mas, tinha com ele excessiva intimidade e nessa não-fé, transcendendo, conseguiu chegar aos conclusivos 88 ou 89 anos em pouquíssimos segundos, o que lamentamos, lamentamos, lamentamos.
Era visível que Millôr esteve sempre preparado para o Grande Dia. Algumas decisões tomadas: a de morrer, olhando o sol no horizonte. A de sempre brincar de Deus como uma criança. A de absolutamente só crer no destino. E no final, como um cigano ou um poeta, escutar para sempre o silencio na luz absoluta.
*Texto escrito em 2012, lido na inauguração do Largo do Millôr, entre o Arpoador e a praia do Diabo, no Rio.
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