O irritante guru do Méier

Dedico aos humoristas, meus companheiros de ofício, que vieram ao mundo para revelar a verdade da milanesa, artifício culinário para esconder um mau pedaço de carne.

De Aristófanes a Gregório de Matos, de Ian Neruda a João do Rio, de Karel Cäpek a Lima Barreto, de Robert Benchley a Antonio de Alcântara Machado, de Lewis Carrol a Monteiro Lobato, de Levine a Lan, de Joe Miller a Cornélio Pena, de Cervantes a Machado de Assis, de Will Rogers a Juó Bananere, de Daumier a Paulo e Chico Caruso, de Ogden Nash a Ascenso Ferreira, de Ionesco a João Bethencout, de Sholom Aleish a Leon Eliachar, dos do “Canard Enchainé” aos do “Pasquim”, de Ambrose Bierce a Agripino Grieco, de Petty a Péricles Maranhão, de André François a Cláudius, de Wilhelm Bush a Ziraldo, de Sterne a Fernando Veríssimo, de Popov a Piolim, de George Grosz a Loredano, de Ramón Gómes de La Serna a Don Rossé Cavaca, de Bocaccio a Oswald de Andrade, de Disney a Maurício de Souza, de Oski a Carlos Estevão, de Danny Kaye a Oscarito, de Zero Mostel a Jô Soares, de La Fontaine a Jésus Rocha, de Chaplin a Procópio, de Steinberg a Fortuna, de Edward Lear a Glauco Matoso, de Magrite a Juarez, de Bosh a Henfil, dos do “Lampoon” aos do “Chê”, de Jerry Lewis a Chico Anísio, de Grock a Olimecha, de Alfredo Jarry ao Jaguar, dos Irmãos Marx aos Trapalhões, de Damon Runyon a Sérgio Porto, de Fred Allen a Haroldo Barbosa, de Folon a Caulos, de Chamfort a Ivan Lessa, de Parke Cummings a Carlos Eduardo Novaes, de Crumb a If, de George McManus a Miguel Paiva, de Winsor McCay a Vasques, de Ring Lardner a Léo Jaime, de Chaval a Redi, de Eça a Jaab e a Fraga, Guidacci, Zélio, Hilde Weber, Adail, Reinaldo, Alcy, Mino, Borjalo, Cláudio Paiva, Lor, Miranda, Vilar, Santiago, Sílvio Abreu, Racsow, Hubert, Agner, Othelo Caçador, Bastos Tigre, Aldu, Dwayer, Nani, Mollica, Gê, Dirceu, Flávio Miliaccio, Demo, Canini, Moliére, Plautus, Mark Twain, Hummy Chummez, Peric.

E tantos outros, que foram chegando ou foram partindo, para os quais não faço comparações talvez por serem incomparáveis. Nilson, Albert Piauí, Mariza, Edgar Vasques, Nicolielo, Lapi, Redi, Mayrink, Hippertt, Liberati, Aliedo, Aroeira, Márcia Braga, Cavalcanti, Luscar, Angeli, Glauco, Adão, McAlicut ,Mariano, Ertha, Amorim, Cláudio Duarte, Cruz, Jota, Laylson, Clériston, Nildão, Hélio de La Peña, Mu Chebabi, Kassio, Cauh Gomes, Loredano, Quinho, Lelis, Laerte, Miran, Solda, Leonardo, Lula, Mario Valle, Dante, Fred, Fetter, Othelo Caçador, Carlos Eduardo Novaes, Aldyr Blanc, Tutty Vasques, José Simão, Alvim, Geandré, Willy, Marcelo, Mem de Sá, Michelle, Xalberto, Luiz Gê, Dálcio, Falcão, Cláudio Rodrigues, Planeta & António (Portugal), Cristina Sampaio (também), Vasco (idem), Ique, Baptistão, Ykenga, Sabat, Ralph Steadman, Art Spielgelman, Rubem Braga, Steve Martin, Roland Toppor, Trimano, Gerald Scarffe, Naranjo, Pancho, Plantu, Silverstein ,Vargas, Mordillo, Appe, Nássara, Carlos Estevão, Alceu Pena, Péricles Maranhão, Raul Solnado, Agildo Ribeiro, Zé de Vasconcelos, Juca Chaves, José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique… melhor parar por aqui. A decadência está se acentuando.

Publicado em Millôr Fernandes|1923|2012 | Com a tag , , , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Domingo no parque

Benjamin e Caio, netos no parquinho. © Sandra Solda

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

A tropa no choque

Convocação de Rui Costa fez governo levar a sério potenciais riscos da CPI do MST

O tratoraço do governo sobre a CPI do MST pareceu desperdício de munição, dado que a comissão vinha sendo vista no Palácio do Planalto como mero palco para bolsonaristas dançarem ao som de uma orquestra de lacrações em série, sem maiores chances de desdobramentos danosos.

Foi assim, mas deixou de ser quando a oposição conseguiu aprovar a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Aí o alerta foi aceso, tanto em decorrência dos questionamentos a ele sobre suas relações com os sem-terra enquanto governador da Bahia quanto a novas convocações que acentuassem a leniência dos petistas com ilegalidades do movimento.

Algo fatal para a reconstrução de relações com o agronegócio, mas não só. Havia também o receio de que a CPI enveredasse por quebras de sigilos indesejáveis (correu neste terreno o nome de João Pedro Stédile) e pudesse alcançar também supostos acordos de governadores do Nordeste —parte deles hoje ministros— para criar obstáculos ao cumprimento de ordens de reintegração de terras.
Se essa linha fosse adiante, poderia haver complicações legais para os que tivessem confrontado a

Justiça. Ante o risco, o governo preferiu não flertar com o perigo. Daí a convocação da tropa recentemente reforçada com a reforma ministerial em andamento.

O apelo foi prontamente atendido. Os partidos do centrão trocaram seus representantes na CPI por outros mais permeáveis aos interesses do Planalto a fim de marcar, com o gesto, a inauguração da nova fase e alterar de forma radical a correlação de forças na comissão.

A tropa atuou no choque, mas deixou claro que a fidelidade não inclui necessariamente as votações em plenário. Estas seguirão o acerto feito entre os presidentes da República e da Câmara: temas de interesse comum terão apoio; agenda que implique retrocessos não andará; e assuntos de natureza marcadamente ideológica serão disputados no voto.

Publicado em Geral | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Em cartaz

Jan Saudek. Czeski mistrz fotografii

Publicado em Jan Saudek | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Salão de Internacional de Humor de Piracicaba – 1974|1984

Desenho de Glauco (Jandaia do Sul, 10 de março de 1957, Osasco, 12 de março de 2010).

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Que país foi este?

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Bugigangas escolares

Eu sou do tempo em que os alunos matavam
as aulas, e não o contrário.

A melhor maneira de absorver noções de
anatomia é através de um bom atlas
científico, nunca por meio de facadas
ou balas perdidas.

A dor ensina a gemer, mas agora, com tantos
e feridos diariamente nas escolas, chegou-se
à pós-graduação.

De todas as armas que os jovens podem
levar para as salas de aula, a mais perigosa
de todas, fornecida pelos pais,
é a prepotência.

Uma coisa é um aluno “apanhar” de uma
matéria mais difícil para ele; outra bem
diferente é um professor apanhar
de um aluno.

Muros e grades e não impedem que
a violência entre na escola. Afinal, ela
já está matriculada lá, onde também
muitas vezes leciona.

Entre a Academia Brasileira de Letras
e as academias de artes marciais, o coração
do estudante não balança.

Segundo a sociedade, pôr alunos
de castigo contradiz os direitos humanos.
Segundo o Estado, aviltar os salários
dos professores não é nenhuma
contradição.

O autoritarismo prejudica o aprendizado.
A falta de autoridade faz mal ao ensino.

Se não fosse a merenda escolar diária,
a evasão seria maior; se não fossem
as invasões cotidianas, o pesadelo seria
menor.

Neste momento delicado, a pedagogia
e a didática podem e devem ser questionadas.
Claro, sem nenhuma lâmpada acesa
na cara delas ou um delegado
interrogando.

Claro que conhecimento e cultura não
salvam a pátria. Mas pelo menos fariam
menos vítimas que a ignorância e a falta
de educação.

Enquanto não se discutir as mazelas
da educação nacional, as discussões entre
o corpo docente e o corpo discente
vão ser sempre resolvidas no
corpo-a-corpo.

Etc.

Publicado em fraga | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Gente

Odelair Rodrigues (Curitiba, 1935 – 2003) atriz brasileira, pioneira da televisão paranaense.

Publicado em Geral | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

mellify_me_119mellify_me_119. © ShotMyself

Publicado em amigos do peito | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Comédia da vida privada | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Manoel Carlos Karam – 1947|2007

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O terno branco

Ele já não tinha nome.

Era conhecido pelos apelidos, que eram muitos, dependendo de onde estivesse, dos amigos a sua volta, se era madrugada e estava numa boate, se anoitecia e estava num boteco. Só não tinha um apelido para as manhãs, quando passava dormindo, roncando demasiado alto para seu corpo pequeno, produzindo um estardalhaço sonoro que parecia capaz de quebrar vidraças.

Acordava pontualmente às duas da tarde, a boca queimando, os olhos vermelhos, que dizia infestados por espinhos, não tem mesmo um espinho neste olho?, perguntava, abrindo as pálpebras com dois dedos em alicate. Saía da cama gemendo, ia ao banheiro, enfiava a cabeça debaixo da torneira e, num mesmo gesto, esticava a mão para apanhar a garrafa de conhaque que deixava no armário ao lado. Bebia no gargalo e estalava os beiços.

Sempre vestido de preto.

Uma calça e duas camisas pretas e puídas, que fediam a mil noites e muitas mulheres da vida. Só permitia que fossem lavadas às segundas-feiras, quando não acordava às duas horas da tarde e seguia roncando pelo resto do dia. Saía da cama quando já era noite. Pedia um café embora soubesse que ninguém o atenderia e, cruzando o corredor rumo à cozinha, declarava:

– Segunda-feira é mesmo um dia que não presta pra nada!

Tomava café frio, olhava com desinteresse para a televisão, diante da qual a mulher e a filha estavam plantadas como duas samambaias. Ia ao banheiro com algum estrondo, empestando os ares da casa, batia portas, deixava cair os sapatos quando tentava calçá-los, atrapalhava-se com a camisa do pijama, que enroscava nos braços. Depois desta encenação que repetia com uma precisão de relógio, dizia puta que o pariu que ninguém fala comigo nesta casa! e, parado no meio da sala, decretava, com ênfase:

– Segunda-feira é mesmo um dia que não presta pra nada!

E voltava para a cama, onde se punha a fazer cálculos na tentativa de descobrir há quantos anos ninguém o ouvia, há quantos séculos não tinha notícias da filha, que estava lá plantada no sofá, como era mesmo o nome da desinfeliz?, há quanto tempo não conversava com o filho, que cuspia para o lado quando cruzava com ele? E a mulher, quem era ela?

Depois, dormia aos solavancos até mergulhar num sonho onde havia uma mulher que lhe dizia: vem. Ele ia, sentava-se à mesa, contava casos, anedotas, pregava apelidos em quem estivesse por perto e fazia com que todos rissem muito e batessem nas suas costas dizendo que era mesmo um sujeito admirável, uma figura. Acordava na terça-feira, às duas horas da tarde, pontualmente. E recomeçava.

No mais, terminava certas noites emborcado numa calçada, acordava com dois policiais cutucando suas costelas com o coturno. Noutras, abria os olhos numa casa desconhecida, no meio da madrugada, diante de uma cortina de plástico que era um escandaloso campo coberto com flores vermelhas e amarelas. Ou era erguido por dois braços fortes e jogado na rua, onde quebrava um dente contra o meio-fio. Ia até a farmácia, passava mercúrio cromo na boca, nos braços, na testa, pregava alguns esparadrapos pelo corpo e entrava no primeiro boteco. Continue lendo

Publicado em Roberto Gomes | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Tempo – 2020

Solda, d’aprés Cláudio Paiva

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Nelson Piquet Bolsonaro, da Fórmula para Esconder Joias.

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Apreensão para Bolsonaro

Piora a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro após a prisão do seu ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques. As revelações do que Silvinei fez no dia da eleição de 2022 apontam para o uso do governo para prejudicar o então candidato Lula e ajudar Bolsonaro. Também investigado, em algum momento Bolsonaro terá de responder por isso.

Silvinei foi preso nesta quarta pela Polícia Federal, por ordem do Supremo Tribunal Federal. Há inúmeras provas de que ele comandou uma operação de bloqueios em estradas próximas a cidades do Nordeste para prejudicar o candidato Lula no segundo turno. Os dados mostram que os bloqueios foram feitos em locais onde a votação de Lula ficou acima de 75% dos votos no primeiro turno.

Silvinei contou com a ajuda do então ministro da Justiça, Anderson Torres. Sob as ordens de Torres, assessores do Ministério da Justiça fizeram levantamento das cidades. Silvinei usou os dados para planejar as operações da PRF, que causaram grandes transtornos a eleitores.

Se confrontado, Bolsonaro poderá repetir a postura de dizer que não sabia de nada, que a responsabilidade é dos dois, como faz com frequência. A questão é que a cada dia fica mais claro que seu governo trabalhava contra a democracia – fosse para tentar dificultar que eleitores conseguissem chegar às urnas para votar em Lula, fosse para dar “base jurídica” a um golpe de Estado.

Como chefe daquele governo, Bolsonaro terá de responder por isso. Inelegível, Bolsonaro considera que não será preso – e hoje não há indícios disso. Mas, à medida que a história do seu último ano de governo vai sendo reconstituída, o risco judicial aumenta.

Publicado em O Bastidor | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter