Salão Internacional de Humor do Piauí

Delite Fonseca e Creuza Martins, em algum lugar do passado. © Orlando Pedroso

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Salto

Espelho, vazio, salto
Nada mais longe
Nada mais perto

Meu mar sobre mim
A paisagem em dobras
A palavra árida
Gasta pelo tempo
Ressurge no seu pensamento

Viro a esquina
Descubro seus ângulos obscuros
Percorro as manhãs
Que me dizem que o vento
Sopra
Sempre

Publicado em Marianna Camargo | Com a tag | Deixar um comentário
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Escândalo com joias faz Exército trocar nome de Sucatão para Sacolão

Após escândalo com joias, militares planejam golpe civil

A Polícia Federal divulgou elementos das buscas em endereços do general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Barbosa Cid.

Entre o material foi encontrada uma foto usada para negociar a venda de esculturas recebidas pelo governo com um agravante: a imagem revelava o reflexo do general.

Cometer erros crassos é um talento conhecido entre os bolsonaristas, que acessam a rede de wifi da Câmara dos Deputados durante a invasão da Casa e tentam acessar emails desativados 99 vezes. Mas poucos esperavam que tamanha incompetência viria da alta patente do Exército.

Ganhar o posto de general não é uma tarefa fácil e leva-se em média 30 anos. Entre pintar meios-fios e ser puxa-saco de oficiais, os candidatos também estudam e cursam universidade.

Fica o questionamento do que o general Cid estudou nesse período. Leis da física, como reflexão de luz, não foi.

O oficial já havia tentado vender as joias no início de 2023. Não conseguiu, porque as joias seriam folheadas a ouro. Além de militar incompetente, Cid pai é um péssimo traficante de joias.

A falta de aptidão para o contrabando não é exclusividade da família Cid. Durante o governo Bolsonaro, joias e esculturas foram transportadas do Brasil aos Estados Unidos por aviões da FAB, passadas de coronel a almirante. É como o jogo “passa anel”, mas, no lugar de crianças, são oficiais de alta patente passando joias e esculturas milionárias. No final, ninguém assume quem ficou com o quê.

Se não fosse desmascarado, o Exército poderia mudar seu quartel-general para a rua 25 de Março. O avião da FAB, antes chamado de Sucatão, seria apelidado de Sacolão. Militares decretariam o “Golpe Civil”, pelo direito de contrabandear como qualquer cidadão comum, sem manchar a imagem da instituição.

Oficiais alegam que são poucos integrantes que foram corrompidos pelo presidente. Difícil acreditar que homens de alta patente tenham sido corrompidos por um capitão expulso. Se foram, é mais uma prova da total incompetência do Exército.

Tanto que muitos brasileiros começaram a temer pela segurança nacional. Com esses militares, qualquer um poderia invadir o país. O Paraguai poderia realizar sua vingança. A Bolívia poderia desistir do acesso ao Pacífico. Chegar ao oceano Atlântico é mais fácil. O que entristece é que, mesmo assim, ninguém quis.

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Todo mundo lá!

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Portfólio

Produção: Usina de Kyno. Patrocínio: O Boticário. Apoio: Bamerindus e Fundação Cultural de Curitiba. Programação gráfica, cartaz, folheto e poemas digitalizados: Solda. Direção: Sylvio Back. Fotografia de Sérgio Sade. Década de 1990.

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Quem é quem

José Pires, também conhecido como Jota, é jornalista, cartunista e artista gráfico. Como cartunista, foi premiado nos Salão de Piracicaba e no Salão de Humor do Piauí, tendo participado também de vários salões internacionais. Em 1980 foi premiado no Salão de Humor do Canadá. Jota já publicou na Folha de S. Paulo, onde fez parte do Folhetim e da Folha Ilustrada, suplementos modernizadores do jornalismo cultural brasileiro.

Publicou também em O Estado de S. Paulo, onde durante cerca de dois anos publicou uma coluna de humor no suplemento diário Caderno 2. Já publicou também na antiga Última Hora, de São Paulo, Correio Popular, de Campinas, Gazeta de Pinheiros, no semanário Primeira Mão, nas revistas Visão, Repórter Três, Tênis Esporte e no jornal paranaense Folha de Londrina.

Entre as décadas de 1970 e 1980, participou ativamente da imprensa alternativa brasileira, de oposição à ditadura militar. Foi da equipe do jornal Movimento, um dos mais importantes órgãos de imprensa durante o regime, de seu primeiro número, em 1975, até seu fechamento em 1981. Publicou também em O Pasquim e no jornal Ex e participou da revista Versus, além de outras publicações de oposição ao regime militar.

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Toledo

Solda, no verão de 1985 em Toledo, Espanha, flagrei um colega fazendo umas fotos para publicidade num beco bem afamado. Abraços, Dico Kremer

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O dia em que Romeu Bacellar Filho desobedeceu o seu mestre

Entre as várias qualidades do professor Romeu Felipe Bacellar Filho, de quem lhes falei na semana passada – impossíveis de serem arroladas em um único e diminuto artigo –, há uma não citada, que merece especial atenção: a coragem.

Prova disso é a história contada por ele próprio, no livro “Memórias de um Administrativista”, a propósito da sua primeira participação em um congresso internacional de Direito, realizado na cidade de Buenos Aires, na Argentina. O conferencista deveria ser o professor Manoel de Oliveira Franco Sobrinho. Impossibilitado de comparecer, o professor Manoel encarregou Romeu Felipe de substitui-lo. O veterano mestre deu-lhe uma carta de apresentação, a ser entregue ao professor Miguel Marienhoff, presidente da Associação Argentina de Direito Administrativo, e fez questão de alertá-lo sobre o modo fidalgo dos argentinos: “Vão te alojar no Hotel Alvear, o melhor e o mais caro de Buenos Aires! O tratamento será sem dúvida de primeira!”.

O congresso estava sendo realizado na pomposa sede da Aeronáutica Argentina e já havia iniciado quando Romeu chegou. Estava no intervalo para o almoço. Romeu divisou o professor Marienhoff numa roda de autoridades, pediu licença e entregou ao argentino a carta do professor Oliveira Franco.

“De colete, com os dedos nos bolsilhos” – conta Romeu –, [ele] “me olhou atentamente, demorou para abrir a carta e exclamou: ‘Como? No viene Franquito? Vas a hablar vos? Qué chico!’”.

Nenhuma atenção mais lhe foi conferida. Não tinha sido convidado para o almoço, de modo que ficou no recinto do congresso, com uma pequena mala nas mãos, aguardando a sua participação, se é que ela, diante da recepção que teve, lhe seria dada.

“Nervoso, com fome e com alguma raiva” – confessa Romeu –, “fiquei aguardando o horário de minha participação conforme o programa previa”.

“Quando anunciaram a reabertura dos trabalhos” –, continua – “convocaram para a mesa primeiro os dois outros professores e, por último, ‘el professor brasileño que va a reemplazar Manoel de Oliveira Franco Sobrinho’. Não se dignaram a perguntar o meu nome para o prévio anúncio”.

A irritação tomou conta do proceder de Romeu. Enquanto ouvia as explanações de seus antecessores, “todas alinhadas num repetitivo e ultrapassado entendimento no sentido de que a figura do contrato era típica do Direito Civil e emprestada ao Direito Administrativo, onde tinha que se conformar às exigências do Direito Público e receber em seu teor as chamadas cláusulas exorbitantes”, lembrou-se dos conselhos do professor Manoel: “Quando de sua participação no evento, cuide de tomar todas as cautelas. Não se meta a rabequista! Conheço bem a sua mania de querer mudar o tradicional. Faça isso e eles vão te fritar!”.

Não obedeceu ao querido mestre. “Talvez em função da fome, da irritação e dos maus-tratos” – conta –, “comecei a minha exposição dizendo em alto e bom som o meu nome, relatei a lamentável situação que estava enfrentando por, desavisadamente, aceitar substituir o grande Professor Manoel e que, de qualquer modo, pelo que tinha ouvido até então, era enorme a minha decepção!”. Prosseguiu: “As considerações feitas soavam como um insulto a tudo o que eu vinha estudando e defendendo…” E discorreu sobre as “desastradas consequências” de tais afirmações.

Dando – reconhece – “extremado alarde” aos seus argumentos, demonstrou tanto com base no Código Civil brasileiro quanto no Código Civil argentino as inúmeras passagens em que os ditos cadernos legais valiam-se de preceitos do Direito Administrativo. E concluiu repisando a unicidade do Direito e oferecendo uma resposta crítica aos que pensavam em contrário.

Foi surpreendido com os aplausos que recebeu ao final da fala e com a imensa fila formada para cumprimentá-lo, incluindo diversos professores presentes, entre os quais o professor Juan Carlos Cassagne, na época auxiliar de Marienhoff na organização do congresso. Ganhou, então, as credenciais e um voucher para a estada durante a realização do evento em um hotel nas proximidades.

A partir de então, Romeu jamais deixou de ser convidado para os grandes eventos que aconteceram na Argentina. Quer dizer: aquele “menino” imaturo e cheio de ideias tresloucadas, que desobedecera a orientação do mestre Manoel de Oliveira Sobrinho, não envergonhara a doutrina brasileira!

Publicado em Célio Heitor Guimarães | Deixar um comentário
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Meu nome é Ébano

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A velha história

Está em curso em Brasília uma operação para salvar Jair Bolsonaro na história das joias sauditas. Seu advogado, Frederick Wassef, tenta convencer que comprou – por livre e espontânea vontade – o relógio Rolex que Bolsonaro ganhou e depois foi vendido pelo ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.

A história é velha e tem chances remotas de convencer autoridades que investigam o caso. Não só é velha, como já foi usada por outro presidente em apuros.

Em 1992, Cláudio Vieira, secretário particular de Fernando Collor de Mello, surgiu com a história que havia tomado um empréstimo de 3,75 milhões de dólares no Uruguai para a campanha eleitoral de 1989. Havia até barras de ouro e um doleiro no caminho. Era uma forma de justificar os gastos de Collor e evitar o que todos sabiam, que o então presidente recebia dinheiro de seu ex-tesoureiro, Paulo César Farias. Collor era investigado por uma CPI e sofria um processo de impeachment.

A Operação Uruguai, como ficou conhecida, foi montada às pressas, com documentos duvidosos, e não convenceu ninguém. Wassef tenta convencer a todos com uma versão contemporânea, uma Operação Miami.

Segundo ela, ele foi aos Estados Unidos por outro motivo aleatório e decidiu comprar o relógio por livre e espontânea vontade, com o próprio dinheiro – 49 mil dólares – para entregar ao Tribunal de Contas da União (TCU), que reclamava a devolução dos presentes sumidos.

Wassef tenta, com isso, dizer que o dinheiro usado para a recompra não era de Bolsonaro – pois isso confirmaria que o valor da venda foi entregue em espécie ao ex-presidente, como indicam diálogos captados pela PF.

Como a Operação Uruguai, a Operação Miami também foi montada às pressas. Como fez Cláudio Faria em 1992, Wassef tem de assumir a responsabilidade por algo para salvar o chefe. Wassef teve de desmentir a si mesmo: antes havia dito que nunca havia visto o tal relógio; agora diz que não só o viu, como o recomprou.

Diferente de 1992, quando havia menos tecnologia, desta vez a Polícia Federal sabe por trocas de mensagens que, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou a devolução dos bens que Bolsonaro levou e Cid vendeu nos Estados Unidos, assessores de Bolsonaro correram a recomprá-los.

A Operação Uruguai não convenceu ninguém – tanto que Collor renunciou e foi cassado. A Operação Miami de Wassef tem poucas chances de convencer também. Bolsonaro já não é mais presidente, não pode ser cassado – mas pode ser preso. Coincidência histórica, em maio seu colega Fernando Collor foi condenado pelo Supremo a uma pena de oito anos por corrupção e pode ser preso em breve.

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Soy loco por Parnaíba!

Porto das Barcas.  © Joyce Vieira

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Arte de Viver

Eu – acrílica sobre tela|40 x 50 cm|1999|Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro. Do livro “Arte de Viver” – Poesias e Pinturas|Janssen-Cilag

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Flagrantes da vida real – 2013

Maringas Maciel, autorretrato, de molho.

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Millôr Fernandes – 1923|2023

100 anos de Millôr Fernandes.

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