Fraga

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Imperdível!

O nome do filme no Brasil é “Boa Sorte, Leo Grande”, mas o nome original e que é dito por Emma Thompson no filme é “Good Luck To You, Leo Grande”. É diferente. O nome original é infinitamente mais profundo, mais pessoal, mais íntimo e mais carinhoso. Aos 63 anos, essa maravilhosa atriz inglesa já deu ao cinema, porque do teatro estamos distantes, toda a genial contribuição que uma atriz excepcional pode oferecer. E continua ousando e acreditando no poder do cinema e das boas palavras, ou da boa dramaturgia para ser mais direto. “Good Luck…” é um filme/dois filmes. Um muito simples sobre uma senhora conservadora e bem madura, que contrata um garotão de programa para duas horas de alguma possível aventura sexual.

Neste filme, os diálogos são do mais alto nível, inteligentíssimos e plenos de ritmo e harmonia. Graça, humor, drama e ironia estão presentes como num bom filme inglês. E o outro filme deste mesmo filme é o que, nos pega pelo rabo e de quem ficamos reféns em suas quase duas horas de projeção. É o filme que passa o tempo todos pelos olhos de seus dois atores: Emma Thompson e Daryl McCormack. E é uma aula de cinema, porque nos ensina que o grande filme é aquele que acontece nos olhos, mais que nos ouvidos. Dos atores e do público. Roteiro (Katy Brand), direção (Sophie Hyde) e produção de mulheres, “Good Luck…” é uma felicidade. E mantém a porta da ousadia aberta, aquela que não deixa a caretice vencer e que com toda a sua beleza faz com que saiamos do cinema respirando mais profundamente. Grande filme, grandes atores, grande diretora! Ah! Está em cartaz no Cine Passeio em sessão às 17 horas. Edson Bueno

Imperdível! Também vi e achei um grande filme, grandes atores, grande diretora e muito divertido. Além, é claro, da ousadia de Emma Thompsom, que termina o filme com um belo nu frontal.  Solda

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União sem fundo

A posse do ministro do Turismo, Celso Sabino (PA), não garante ao governo todos os votos das bancadas do União Brasil na Câmara e no Senado. O recado foi dado à articulação política por Elmar Nascimento, um dos líderes do partido.

Isso porque uma ala da legenda sofre influência do seu presidente, Luciano Bivar, que, como mostrou o Bastidor, tem sido preterido nas negociações com o governo Lula.

Bivar tem repetido que, após a confirmação de Sabino, ainda faltam “alinhamento” e “acomodação” de mais quadros para que o apoio das bancadas ao governo aumente.

Além dos três ministérios – Turismo, Comunicações e Desenvolvimento Regional -, o partido reivindica a Embratur, os Correios e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde).

O União Brasil entrará na mira do governo neste segundo semestre: se o apoio do partido se mantiver no patamar de antes do recesso, os dirigentes serão chamados para uma conversa com Lula.

Nas conversas para tentar convencer o governo, Elmar usa os números de votos do União na reforma tributária, na volta do voto de qualidade do Carf e no novo arcabouço fiscal. Mas ignora as votações da MP dos ministérios, no marco do saneamento e no projeto de lei que definiu um “marco temporal” para a demarcação de terras indígenas.

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Piauí

Tem que arrochar o buriti!

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Newton Freire-Maia

Newton Freire-Maia (1918-2003) – Mineiro, de renome internacional, Freire-Maia é considerado ícone do estudo da genética no país, tendo criado o Departamento de Genética da UFPR. Deixou entre obras referenciais, títulos como Criação e Evolução – Deus, o Acaso e a Necessidade e Teoria da EvoluçãoDe Darwin à Teoria Sintética. Publicou cerca de 470 obras bibliográficas.

Dezenas de autores, todos já falecidos, não demonstraram interesse em participar da Academia Paranaense de Letras por diversos motivos: porque achavam que a entidade não os representava (por motivos estéticos, ideológicos ou por diferenças pessoais com acadêmicos), por proibição estatutária (caso da presença feminina), por viver longe do Paraná, por timidez do escritor ou por desinteresse da própria Academia em estimular possíveis candidaturas. Sem esquecer que o limite de 40 membros sempre se mostrou um permanente limitador. Entre esses, selecionamos dezenas de nomes que fizeram parte da vida científica e cultural do Paraná, sem passar pela nossa instituição. Exceto Júlia Wanderley, autora de artigos e textos diversos, mas sem obra em volume, os demais tiveram livros publicados. Outros nomes podem ser sugeridos

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Mural da História – 2004

Outubro|Charge Online

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Que país foi este?

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Tempo – 1991

Coordenação de Alberto Melo Viana, o Baiano. Fevereiro, 1991

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Portrait

© Vivian Maier

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Flagrantes da vida real

© Maringas Maciel

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Laura e Joice contra o vento

Dona Laura mudou-se de novo; saiu uma vez porque o apartamento era frio, ficou um tempo fora e não sossegou até comprar o apartamento quente aqui mesmo. Morar em Curitiba requer a sorte de cair no lado norte ou no lado sul; no primeiro a casa é quente, no outro é fria. Pior que o curitibano, como o brasileiro em geral, não se orienta pelos pontos cardeais, como a gente vê qualquer imbecil fazendo em filme americano. O norte e o sul são leros de corretor para empurrar imóveis – que, melhores que sejam, dia mais dia terão o espigão tirando-lhe o sol, pois Curitiba tem dono, os especuladores imobiliários e os donos dos ônibus que contratam prefeitos e vereadores para o serviço sujo. Dona Laura caiu nessa e veio para cá, saiu e voltou. Uma mulher, diziam, de mal com a vida, solitária, azeda, barraqueira; para mim um doce de pessoa, interessante e engraçada em estado de repouso e melhor ainda quando adotou o pincher, substituto da filha que se mandou para a Bélgica.

Venci a prevenção contra Guarapuava graças a dona Laura. No varejo, porque no atacado a prevenção vem da universidade com a turma de cascas grossas barulhentos do centro acadêmico. Dona Laura, casca grossa fascinante, conquistou-me no aparte durante a reunião do condomínio: “não se meta comigo que sou de Guarapuava; lá as mulheres mijam contra o vento e não molham as canelas”. Muitas vezes compartilhei o elevador com dona Laura. Um dia ela me peitou com a pergunta: “por que você fica olhando meus tornozelos”. Inventei uma desculpa, mentirosa como todas. Confesso que tenho medo de cascas grossas, saí assim de dentro de minha mãe, ao contrário do presidente Lula, que nasceu valente e destemido, cangaceiro, peixeira no punho petista que se abre nos acordos com o Centrão. Vim de Ponta Grossa, filho de mãe meiga. Em Ponta Grossa casca grossa como dona Laura só teve uma: Joice Hasselmann, que se meteu a mijar contra o vento e ficou ensopada.

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Tempo

Octavio Camargo lendo o Catatau, em casa, 1994. Foto de Gilson Camargo.

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Tempo – Debate

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O estupro causa repulsa, mas crime contra mulheres não é tratado com rigor

Um delito sexual contra a mulher, em uma escala gigantesca, tem sido tratado como deveria pela sociedade brasileira?

Foi profundamente chocante assistir ao vídeo de uma jovem caída na rua e carregada pelo homem que a violentou como se fosse algum objeto.

Para quem não soube do ocorrido, uma mulher de 22 anos se embriagou até ficar inconsciente durante um show do cantor Thiaguinho. Estava na companhia de um amigo, que chamou um motorista de aplicativo, que a levou sozinha por volta das 3h até sua casa.

O amigo teria compartilhado o trajeto do carro com o irmão da vítima. O motorista chegou ao endereço e tocou o interfone. O irmão tinha dormido e não ouviu o chamado —a família da vítima disse que ele havia tomado antialérgico naquele dia e estava sob efeito de remédios que provocam sono.

O motorista, após tentar chamar alguém dentro da residência algumas vezes, desistiu. Deixou a mulher desacordada na calçada e foi embora.

Cinco minutos após o motorista ter ido embora, um homem aparece e leva a mulher em seus ombros. Ele anda por horas até um campo de futebol, onde a jovem foi encontrada seminua. Levada ao hospital, foi constatada a violência sexual.

Uma sucessão de negligências com a mulher, que culminou em uma violência absurda, chocante, revoltante, mas mais comum do que esse país gostaria de admitir.

Digo isso pois nesse último mês de julho foi divulgada a 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, desenvolvida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

As conclusões desse material ano a ano expõem este Brasil como um lugar perigoso para todas as mulheres e letal para muitas.

Para quem pensava não ser possível piorar, essa última edição mostrou o aumento de todas as formas de violência contra a mulher em 2022, comparado a 2021. Olhando para o relatório, o que dizer sobre as quase 75 mil vítimas do crime de estupro em um único ano?

O número representa o total de 205 crimes por dia, um aumento de 8,2% comparado ao ano anterior. Outra forma de olhar para esses dados é dizer que são registrados um caso de estupro a cada sete minutos.

Mas, veja, o cenário é ainda muito pior, pois essa forma de violência é um crime, por si só, subnotificado. É uma minoria que chega até as autoridades policiais, com força suficiente para uma prisão e eventual condenação.

Considerando um cenário de subnotificação, pesquisa recente do Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, estima que são 822 casos por dia, o que representa dois estupros por minuto no país, ou ainda uma subnotificação latente representada nos 8,5% dos casos que chegam à polícia.

A pesquisa fez uma análise conjunta da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde (Sinan).

Fosse qualquer outra situação —uma doença, por exemplo—, seria uma pandemia, tratada com todo o rigor que deve e que nós conhecemos bem. Fosse a morte sistêmica de um segmento da população (o que não deixa de ser, tendo em vista as consequências danosas a curto, médio e longo prazo às mulheres), seria um genocídio, uma guerra.

Agora, sendo estupro de mulheres, será que, de fato, esse crime em escala gigantesca tem sido tratado como deveria pela sociedade brasileira?

Parece evidente que estupro causa repulsa na grande maioria das pessoas e casos como o de Belo Horizonte despertam a revolta para muitos. Mas a provocação que deixo a vocês aqui: não fosse esse caso, provavelmente, muitos dos homens que comentaram e julgaram o ocorrido estariam apenas comentando o resultado do futebol do último final de semana.

Em entrevista à Folha, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, denunciou a falta de investimento no enfrentamento à violência contra as mulheres nos últimos anos.

Programas multidisciplinares importantes de acolhimento de mulheres e seus filhos e filhas foram desmontados, em vez de ampliados, e a pasta que assumiu neste governo (um ministério recriado, diga-se) tem uma dura missão pela frente. Parafraseando Simone de Beauvoir, a de querer a mulher como essencial em um mundo que a vê como inessencial.

Tão grave é esse problema que o governo federal é parte responsável ao enfrentamento, mas é preciso um chamado a governos estaduais e municipais, à imprensa em geral, à sociedade civil, instituições do Estado, iniciativa privada e todas as pessoas que, neste Brasil, vivem em meio a um crime de guerra cometido contra mulheres e meninas, uma gravíssima violação de direitos humanos.

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