Apostas em Lira

O lobby das bets, como são chamados os sites de apostas esportivas, profetizam que terão o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Acreditam que ele, simpático ao setor de jogos, consiga reduzir a previsão de impostos sobre GGR.

Numa conversa ainda em abril, Lula e Lira acertaram que o relator da medida provisória seria o deputado Felipe Carreras (PSB-PE). Além de pertencer ao bloco partidário do presidente da Câmara, Carreras é de seu grupo político. A ver se será confirmado.

Um fator que pode mexer na negociação é a reforma ministerial que o presidente Lula deve promover nas próximas semanas. Isso porque, de acordo com a MP, 3% do que for arrecado será destinado ao Ministério dos Esportes, alvo de cobiça de partidos do Centrão.

Uma possibilidade é o deputado Silvio Costa Filho, do Republicanos, assumir a pasta. Sem os 3% previstos na MP, o ministério fica menos atraente.

Mas o lobby das bets espera derrubar justamente estes 3% previstos para o Ministério dos Esportes. Reclama que a medida provisória prevê que o repasse à pasta ocorrerá até julho de 2028, quando passará ao Tesouro Nacional, que poderá usar livremente o que arrecadar.

Além da MP, o tema das apostas será tratado em um projeto de lei, uma imposição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Além do embate com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a tramitação de medidas provisórias, Lira quer aumentar o protagonismo de deputados para negociar mais espaços no governo.

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Doutor, divago

Sou da safra de 1946, quando o planeta tinha mais chão do que se vê agora. Andei tanto de pé no chão que às vezes seguia meu próprio rastro só pra ver em que fase da minha vida ia parar. A infância dava voltas, e o eixo podia ser um cheiro no ar, um som curioso, uma bobagem sem origem nem objetivo.

Cigarras e vagalumes valiam por um zoológico. Alguns mistérios profundos se agitavam no varal das roupas íntimas. Meu lampião de Alexandria rendia um livro velho e uma nuvem de picumã a cada ¼ litro de querosene. Das tantas maneiras de um temporal se armar, me encharquei em todas e de algumas ainda estou úmido. Valos e valetas estavam no mapa, uma cartografia de sombras e profundidades inesquecíveis. As penugens pelo corpo, arrepios novos, sem nenhum sopro ao redor. Terrenos baldios convidativos e quintais fechados tentadores.

A gente corria; correrias por besteiras, por cachorro louco, por chamado de mãe, e correrias sem pressa, pra matar o tempo que tanto sobrava. Fiapo de grama na boca, mão no bolso, um crescendo na imaginação. Tamancos lá longe e a adivinhação da pessoa: homem, mulher, guria – guria! O azul do céu não saía do céu, a não ser que já fosse outra estação. O grude das pandorgas preteando nas mãos, e o garrão encardido por falta de banho.

Um teco-teco no ar e sua chuva de papelzinho, um alarido em meio ao mormaço. Poços fundos, sempre poços, nunca torneiras nas casas. E bicas de rua, secas e ardentes, resfolegantes. E tempo livre para relembrar o distante verão anterior, ou o inverno passado, ninguém nem lembrava deles direito, tanto tempo já passara. Galos cantavam, como cantavam os galos. O rio criava marolas ao redor dos jatos das nossas mijadas. Mamoneiros eram uma amazônia aqui e ali. Havia purgantes e piolhos, neocid pra uns, rícino pra outros.

Guirlandas de cascas de laranja-de-umbigo adornando o rés de muros… Sei, doutor, divago. Mas, pela primavera antecipada aí nas árvores da cidade, a natureza também.

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Roubo nas eleições

O ministro Alexandre de Moraes diz que em Roma sofreu mais agressões, uma delas, ainda não contabilizada, a de que “roubou as eleições”. E a gente aqui fazendo mau juízo de Sérgio Moro. Perdão, essa era a outra eleição, que o Mito venceu com ajuda de Moro, também xingado pelas esquinas. Desculpem, no Brasil sempre tem roubo nas eleições; são os punguistas, que só podem ser presos em flagrante. Os outros punguistas.

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Fuckyourselfie. © Myskiciewicz

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Flagrantes da vida real

nego-pessoaNego Pessoa (1942|2017), o grito. © Maringas Maciel

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Fraga

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Muito caroço na morte de Marielle

Houve pouco ou nenhum progresso para que as peças desse quebra-cabeça fossem encontradas

Quem mandou matar Marielle e Anderson? E por quê? Essas são as questões mais importantes sobre o assassinato da vereadora e de seu motorista, mas não são as únicas. Parte do roteiro da morte foi confirmado por meio da delação premiada feita pelo ex-PM Élcio Queiroz. Falta saber o começo dessa história e quem dificultou as investigações nos últimos anos e por quê.

Em março, o crime completou cinco anos e apesar de toda a repercussão, da atenção internacional, da quantidade de gente envolvida, levou 12 meses para que as primeiras prisões fossem efetuadas. E só.

Desde 2019 houve pouco ou nenhum progresso para que as peças desse quebra-cabeça fossem encontradas.

Neste tempo, vimos a tentativa de federalização da investigação pelo governo Bolsonaro, a troca das promotoras que estavam no caso, que entregaram os cargos por risco de interferência externa, meia dúzia de delegados assumiram as investigações. Tudo indica que há muito caroço em todo esse processo e isso precisa ser apurado, averiguado, escarafunchado.

A morte de Marielle e Anderson não é mais importante do que os 57.956 assassinatos registrados em 2018, mas virou um símbolo da falência do Estado na defesa de seus cidadãos. Se uma figura pública é morta dessa forma é porque há uma estrutura marginal que acredita piamente na impunidade. Pior, tem laços fortes dentro das instituições que garantem a continuidade de milhares de crimes sem solução.

Desvendar este crime não é apenas fazer justiça à Marielle e Anderson e levar um pouco de conforto às suas famílias, é a possibilidade de trazer à tona parte da podridão que tomou conta dos órgãos do governo do Rio de Janeiro. É mostrar como os tentáculos do crime organizado estão entrelaçados com a máquina estatal, é expor policiais, delegados, promotores, juízes, políticos. É uma chance de o Rio tentar se salvar da selvageria a que está condenado.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Com a tag | Deixar um comentário
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O sexo na década de 1970

Janeiro/1970 – Na Itália, uma prostituta explode após comer 163 pizzas. Três pessoas morrem e diversas ficam feridas. Nenhuma organização se responsabiliza pelo atentado.

Outubro/1970 – Turibius Hortência, de Córdoba, proprietário de uma modesta fábrica de cadarços para chuteiras, revoluciona o mercado de preservativos ao lançar a moda da camisa-de-vênus de crochê numa bacanal promovida pela Sociedade Protetora do Esperma Argentino. Aumenta no mundo a mania da preservativoteca.

Dezembro/1970 – Mirtes Radiculis, 32 anos, se torna famosa em todo o mundo ao revelar aos jornais ingleses que só consegue obter orgasmo se o parceiro lhe emprestar as meias sujas da sogra e lhe esfregar mostarda pelo corpo inteiro. O Parlamento permanece em silêncio.

Janeiro/1971 – Lady Richmouth, ao surpreender o marido se masturbando com uma travessa de polenta, ingere cinco litros de uma potente loção de barba.

Março/1971 – Termina o Terceiro Congresso Mundial de Sexo Oral. 100 prisões e quase 300 desmaios. O Presidente do Congresso denuncia a intervenção da CIA e a informação corre à boca pequena.

Agosto/1971 – A Organização dos Países Exportadores de Orgasmo anuncia o boicote à Grécia e ao Chipre, caso os grecocipriotas continuem a importar espirros suecos a preços fora da tabela. A Inglaterra relaxa e goza.

Novembro/1971 – Morre Lolita Cricket, deixando seus 50 maridos inconsoláveis. Crescem pelos nas mãos de todos eles, à exceção do maneta do grupo.

Fevereiro/1972 – Um joalheiro holandês casa-se com uma vaca e os dois partem em lua-de-mel para a Índia. À festa de despedida do casal, num conhecido curral de Amsterdã, comparece todo o jet-set internacional. A vaca é moda na Europa.

Agosto/1973 – Inventado o supositório de hortelã por um farmacêutico americano. A produção do supositório é suspensa em virtude da ausência de candidatos a provadores.

Dezembro/1973 – 8 terroristas curram uma chaleira no Paquistão. O terror se espalha pelas cozinhas do mundo.

Janeiro/1974 – Interrompida no México a discussão sobre o Sexo dos Anjos. a polícia cerca o local e obriga os participantes do encontro a se vestirem imediatamente.

Março/1974 – Começa no Chile o Movimento Nacionalista Pró-Clitóris. A direita entende o movimento como provocação e divulga um manifesto a favor do Baixo-Ventre. Os pelos pubianos continuam proibidos.

Maio/1974 – James Ho! Ho! Fucking, comandante da nave americana ASS II, é o primeiro homem a ejacular na Lua.

Julho/1974 – Proibido no Brasil o filme “Cadela Sangrenta”, por mostrar cachorradas imorais. Os cães ladram, mas o filme não passa.

Outubro/1974 – A Grã-Bretanha entra no Mercado Comum Europeu de calcinha e sutiã. Tumulto entre os presentes. A Liga das Senhoras Católicas protesta veementemente.

Dezembro/1974 – As prostitutas de Paris entram em greve. Os homens de Paris são vistos se esfregando freneticamente nos postes e abordando velhinhas nas esquinas com propostas obscenas. Paris é uma festa.

Fevereiro/1975 – Paris continua uma festa.

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Ângulo insólito

retta-rettamozo© Retta Rettamozo

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Elas

Nadine Labaki é atriz, roteirista e cineasta libanesa. Ganhou o Oscar 2019 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro por Capharnaüm. © Reuters

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Pobre com carro

Freud dizia que o dinheiro não traz felicidade porque não é um desejo de infância. Talvez seja por isto que a posse de um automóvel enche de lágrimas felizes os olhos de tantos brasileiros. Desde os primeiros cambaleios infantis esses pobres diabos são induzidos a puxar por um cordão uma traquitana qualquer com quatro rodas e a produzir onomatopéias tipo rom-rom-rom e pi-biiit. Para milhões desses desventurados, o carro torna-se o mais multifuncional dos símbolos. Ele é rito de passagem para o mundo adulto, é diploma de ascensão social, é triunfo tecnológico sobre o Espaçotempo, é alcova sobre rodas, é escafandro protetor contra os esbarrões da plebe, é talismã semiótico, é prótese locomotora em quatro dimensões… O verbo ser é um conceito abstrato, metafísico, mas ganha carne, osso e metal com este sinônimo reluzente: “ter um carro”.

Muitos amigos meus dizem que pagariam qualquer preço por um frasco de perfume com “cheiro de carro novo”, e só não mango porque eu, por exemplo, gosto de cheiro de livro velho (mas não, não compraria um frasco de perfume, compraria um livro velho, como se tivesse poucos). E assim não é difícil entender porque nossas cidades não funcionam, nosso transporte público é uma porcaria, nossos urbanistas fazem as pessoas se adaptarem ao trânsito e não o contrário. Diz-se mundo afora que “país rico não é aquele onde pobre tem carro, é aquele onde rico anda em transporte público”. Duvido que vejamos o Brasil ser assim um dia. O sonho dos governos brasileiros e da indústria brasileira é termos um dia 200 milhões de carros para 200 milhões de pessoas. E as cidades que se explodam.

O saite “Livable Streets” faz um apanhado de pequenas mudanças que poderiam ser implementadas em nossas ruas para expandir o espao humano e controlar melhor o espaço dos automóveis. Isto de nada adianta, contudo, se o país continuar se suicidando com o aumento da produção e venda de automóveis, sob o pretexto de geração de divisas e criação de empregos.

A psicose automobilística endivida milhões de famílias hipnotizadas pela fantasia de ascensão social e inviabiliza as cidades. Cidades deformadas e desfiguradas pela ideologia individualista do cada-um-por-si, onde usar transporte público ou é uma tortura (onde ele é entregue às baratas) ou é humilhante mesmo onde ele tem boa qualidade. Refugiar-se no carro é a derradeira ilusão da classe média. Ela imagina estar melhorando de vida e está apenas trocando a pobreza por uma engorda para abate, uma espécie de empobrecimento financiado que a leva a trabalhar e produzir cada vez mais para ficar com cada vez menos.

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Tanka – Hommage a Solda

tamkadoisObrigado, Wilson Bueno, onde quer que você esteja.

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Kari Pitinova. © Zishy

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