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Hoje, quinta, 3 de agosto. Agora é torcer pelas colombianas e pela linda Linda Caicedo
A grande fogueira dos livros
Renato Feder não se contentou em ferrar com a educação do Paraná e de São Paulo. Para deixar sua marca em defintivo, achou que era o caso também de acabar com a indústria do livro no Brasil. E talvez tenha conseguido isso com uma única canetada – olha só a eficiência do homem.
Secretário de Educação do maior estado brasileiro, Feder, que nunca pisou numa sala de aula, achou que todos os livros autorizados pelo MEC são péssimos, um lixo. E decidiu que só os que ele e sua escreverão valem. Por isso, preferiu perder R$ 120 milhões e sair do PNLD. Os alunos paulistas terão de usar livros digitais. E quem não tiver computador ou Internet em casa? Ora, a resposta é a mesma que ele deu na pandemia: “Se virem!”
Quanto aos fim dos livros e à falta de pluralidade que isso trará, não há com que se preocupar, diz Feder. O que ele quer é um ensino “técnico”. Ou seja: nada de ensinar filho de pobre a pensar. É a grande fogueira dos livros no Brasil, só que de um jeito mais esperto: nem precisou acender o fogo.
Leia mais aqui.
Publicado em Plural
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Em um pequeno supermercado de uma cidade operária, um homem negro sorri para um menino branco de 10 anos. Esse gesto inocente provoca uma guerra implacável entre duas gangues.
Publicado em meu tipo inesquecível
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Diga não aos vibradores, eles viciam e são porta de entrada para outras drogas
Brinquedos sexuais ajudam o público feminino a abusar de outros perigos sociais, como autonomia e feminismo
O Dia Mundial do Orgasmo foi celebrado na última segunda. Assim como o Dia dos Pais, apenas um pequeno número de pessoas pôde comemorar. Estudos apontam que três em cada dez mulheres com vulva cisgênero atingem o orgasmo durante a prática do sexo.
As poucas sortudas que desfrutam de algum orgasmo ganharam um balde de água fria. Uma reportagem da Folha na data da comemoração diz que o uso constante de vibradores pode limitar a satisfação sexual.
O estímulo proporcionado pelo aparelho, segundo psiquiatras e sexólogos entrevistados, poderia fazer com que a pessoa perca o interesse por outras formas de prazer.
A notícia causou indignação. Muitos acusaram a Folha de censurar o prazer feminino.
Como usuária de vibradores, uso meu lugar de fala —ou de falo, com o perdão do trocadilho —para falar do assunto.
Sim, o vibrador pode limitar o prazer. Afinal, qual mulher vai querer algo que não seja um objeto de orgasmos intensos, rápidos, a qualquer hora?
Quem abriria mão de um brinquedo sexual que mexe em diferentes velocidades, movimentos, não perde a constância, não se cansa, não dorme depois de gozar e não se muda para sua casa para que você faça comida e lave a louça dele?
Pior, o vibrador é capaz de acabar com a magia de termos um parceiro na caça ao tesouro do clitóris que pode demorar horas, até anos. Isso quando há interesse em achá-lo.
Para quem nunca experimentou, explico: é como experimentar uma cerveja puro malte para, depois, voltar a tomar uma Skol latão que, mesmo sendo grande e roliça, só serve para dar dor de cabeça.
Algumas mulheres passam a querer usar seus brinquedos sexuais todos os dias. Pior, várias vezes ao dia. Em breve, elas vão consumir pornografia. Exigir uma categoria só para elas no XVideos. Se masturbar no banho. Até se apropriar da gíria masculina “banheta”. Onde já se viu?
O vibrador pode até ser a porta de entrada para outras drogas, como a autonomia e a luta contra o patriarcado. Imagine só perdemos nossas filhas para o feminismo? Isso seria uma grande tragédia.
O que nos alivia é que finalmente encontraram o real motivo da nossa dificuldade em atingir o orgasmo. Não, não é a pressão estética, a baixa autoestima, as 24 horas de trabalho, os salários mais baixos e a falta de dedicação dos homens. A culpa é do vibrador.
Publicado em Flávia Boggio - Folha de São Paulo
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Mural da História – 2010
Publicado em mural da história
Com a tag Charge Solda Palocci, Mural da História - 2010
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Flagrantes da vida real
Com a boca no trombone
Nove anos sem Rubem
É sempre bom e proveitoso lembrarmos os ensinamentos de Rubem, um mestre que morreu contrariado porque tinha um caso de amor com a vida.
Por exemplo, como educador, ele tinha a educação acima de tudo. Dizia que a educação era a paixão que queimava dentro dele. No entanto, olhava as escolas com desconfiança. Aliás, achava que as escolas, de um modo geral, não gostam dos alunos. Ou, por outra, são “burras”: “Computadores, satélites, parabólicas e televisões não substituem o cérebro. Panelas novas não transformam um cozinheiro ruim em cozinheiros bom”.
Achava, também, ser um equívoco pensar que (só) com mais verbas a educação ficará melhor, que os alunos aprenderão mais e os professores ficarão mais felizes: “Educação não se faz com dinheiro. Educação se faz com inteligência”. Até porque, no seu entender, “ser educado não significa ter diploma superior. Significa ter a capacidade de pensar”.
De um modo geral, o pensamento avançado de Rubem Alves desafiava o senso comum. Contava ele que uma vez sugeriu, em uma reunião de docentes da Unicamp, que cada estudante cursando um curso universitário ‘nobre’, “deveria, ao mesmo tempo, aprender um ofício que seria oferecido pela própria universidade: marceneiro, jardineiro, serralheiro, mecânico, pedreiro, pintor…” Acharam que era gozação dele. Não era.
Não por acaso, encontramos hoje engenheiros, advogados e professores, entre outros diplomados em cursos superiores, dirigindo úberes ou vendendo cachorro quente.
Rubem ficaria feliz se tivesse conhecido meu avô materno, Guilherme Lorenzen. Quando ele saiu de Berlim, na Alemanha, com menos de oito anos de idade, além de fazer o curso primário, já aprendia o ofício de marceneiro e a tocar harmônica de boca. Lá era obrigatório o ensino de um ofício e de um instrumento musical.
Mudando o foco da questão, o que diria hoje Rubem Alves da destruição da Amazônia e da Mata Atlântica? O que já disse um dia. Para ele, a Natureza sonha: “Montanhas, florestas, mares, ares, lagos, nuvens, cacheiras, animais, flores – todos sonham um mesmo sonho. Sonham que chegará um dia em que os seres humanos desaparecerão da face da terra. Quando isso acontecer, será a felicidade. A Natureza estará, finalmente, livre dos demônios que a destroem. A Natureza, então, tranquilamente, sem pressa, se curará das feridas que nós lhe causamos”.
Sabia Rubem que, em tempos passados, o cenário era outro: “Os campos eram matas verdes, onde corriam riachos de águas frescas, cheias de samambaias, avencas, orquídeas, bichos e aves de todo o tipo.” Justificava: “Onde há matas, há água. Onde há água, há vida. As matas foram cortadas por homens empreendedores, progressistas, amantes dos lucros e curtos de visão. Uma árvore em pé não vale nada. Uma árvore no chão vale dinheiro”.
Ah, quanta falta você nos faz, saudoso Rubem! Sobretudo neste mundo confuso e sem rumo em que vivemos.
Publicado em Célio Heitor Guimarães
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Reescrever os clássicos
Gosto de ver adaptações de obras literárias para o cinema, o teatro, a ópera, as histórias em quadrinhos, os videogames e assim por diante. Geralmente acho que o resultado das adaptações é ruim, mas isso não cancela a importância da tentativa. Temos inclusive livros com adaptações destinadas aos jovens, feitas por Paulo Mendes Campos, Orígenes Lessa, Monteiro Lobato, muita gente boa. Mas nessas edições sempre se fez uma ressalva, enfatizando termos com “adaptar”, “recontar”, “nas palavras de”, etc. Sempre que peguei um desses livros, sabia que não era o original. O perigo, creio, está em começar a publicar as obras de Machado de Assis sem a prosa de Machado de Assis, e atribuir o resultado a ele.
Machado é as-palavras-de-Machado, assim como Van Gogh é as-pinceladas-de-Van-Gogh. A arte de um escritor é feita de suas escolhas verbais, sua opção por palavras comuns ou extraordinárias, seu modo de organizar as frases, os termos específicos e bem pensados que ele emprega, sempre com intenção estética. Todas as pessoas que leem e entendem Machado de Assis viram algum dia essas palavras pela primeira vez, não entenderam, tentaram deduzir pelo contexto, e foram em frente. Ninguém entende uma palavra nova na primeira vez que a encontra. É preciso a repetição, em outros contextos. Se tirarem isso do leitor, que chance de aprender lhe restará?
Mexer nisso pode ter intenções didáticas, mas deve-se deixar claro ao leitor que aquilo é a adaptação de uma obra de Machado, não é o livro que Machado escreveu. Vai dar certo? Sei lá. Talvez estejam, com a melhor das intenções, formando uma geração de pessoas incapazes de ler Machado de Assis. Ler Machado é acessar o vocabulário de Machado, as figuras de linguagem de Machado, o tornear das frases que ele fazia como ninguém. E que é preciso tempo para assimilar, entender, ser capaz de saborear. Eu não gostaria de ver Capitu, a “cigana oblíqua e dissimulada”, ser transformada por um redator qualquer em “cigana indireta e fingida”. Porque quando uma coisa começa desse jeito, é desse jeito que acaba.
O Bandido Que Sabia Latim
Olá, Solda, tudo bem? Fiz uma ilustração para uma coluna aqui do jornal Alfarrábios e lembrei de você. Abraço, Fernandes.
Publicado em O Bandido Que Sabia Latim
Com a tag o bandido que sabia latim, paulo leminski
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