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Triste Michel
– Bomdiadia, Michel, o poilitchau disse Circe porque era murdo e súbito e não podia Dirceu.
– Como vai sua excelentíssima esponja, Michel, Dirce o politchau.
– Calabouço sobre esse assunto!
– Pensei que fossê você murdo e súbito e não pudesse Dirceu, disse o politchau.
– E o que é que eu vou fazer agora com todos os meus livros murdos e súbitos?, disse Michel, sacando rapidamente seu problema com um tiro certeiro.”
“Um Atrapalho no Trabalho”. Foi o título em português da compilação dos únicos dois livros de John Lennon: “In His Own Write” (1964) e “A Spaniard In The Works” (1965). O livro foi lançado pela editora Brasiliense em 1985, traduzido e adaptado por Paulo Leminski. Raríssimo.
Ruínas do Templo do Espírito
Depois que escoou o nosso riso, ao telefone, tal e qual um rio raso em mar profundo, senti que não dava mais pé e faltava ar. Barbara Black, PhD, from Cambridge, havia me desarmado com mãos de soldado treinado para desativar minas. E com humor digno de Groucho Marx. E isso me doía mais – humor dói. ‘Estão mentalmente enfermos os que, afetados por uma doença séria, não sentem dor.’ Por Hipócrates, era bom exemplo. Por exemplo, era bom Hipócrates. Quem amiga, aviso é. Meu cérebro era o coração. Levei The Stress of Life, de Hans Selye para a poltrona e o castiguei com duas horas de leitura ininterrupta. Nosso meio ambiente é apenas acúmulo de eras passadas, camadas sobre camadas, restos de dinossauros e pterodátilos. Caminhamos sobre antigos corações esmagados por amores findos. Seremos restos para seres do futuro. Escavarão minhas mágoas, meus sentimentos mal resolvidos. E só acharão jeans e tênis. E tampinhas de cervejas.
Não tive coragem de pegar ao telefone. Ele pesava mais de uma tonelada. E estava grampeado pelos fantasmas que infestam as relações humanas. Eles ouviam as conversas e riam a plenos lençóis. Por causa de uma deformação perceptiva congênita, não pude saber o que eles deduziram do meu sentimento em relação a Barbara Black, Ph.D. Fromm, sempre ele, me diz que amar não é fácil. O objeto desejável, a gente sempre acha que deve ser o melhor disponível no mercado. Tudo à base de troca. E, se possível, com lucro. Amar requer conhecimento e esforço. O lucro é o dispêndio de esforço para obtenção do conhecimento. Fall in love é cair em tentação. Ó, divagações em contrário, ajudai-me!
Toca o telefone. Meu coração para. Estarei morto? Ou apenas debaixo dos escombros, respirando fuligem? Não é Barbara, Ph.D., é apenas um engano dos mais enganadores. Telemarketing.
*Rui Werneck de Capistrarno é grande mas não é dois.
Publicado em rui werneck de capistrano
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Mural da História
Publicado em mural da história
Com a tag em algum lugar do passado, Partido dos Trabalhadores
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Já dizia o ditado, o homem é o Moro do homem
O enxadrista Sergio Moro voava alto. O juiz corajoso que jamais pedia escusas à corrupção tinha aura de super-herói.
As delações premiadas revelaram um amplo esquema de corrupção que levou até empreiteiros para a cadeia. Os embates com Lula lhe conferiam mais poder que a seu antagonista. A prisão de Lula, que liderava as pesquisas eleitorais, mudou o jogo político.
Mas já dizia o ditado, o homem é o Moro do homem.
Algumas pistas já apontavam a um caminho questionável, como a divulgação bombástica de um telefonema de Dilma para Lula. Fora a fama repentina de Bessias, a isonomia de Moro permanecia ereta.
Mas já dizia o ditado, o homem é o Moro do homem.
Eis que o incólume magistrado resolve se dedicar integralmente à política. Sergio Moro aceita o convite para ser superministro do candidato que venceu as eleições disputadas sem Lula, que foi preso por Sergio Moro. Fora a rejeição da esquerda, o superministro irrigou o coração de milhões de brasileiros com a redentora esperança. Agora, pensavam, o combate à corrupção chegaria à raiz do problema. Moro estava cotado para o STF.
Mas já dizia o ditado, o homem é o Moro do homem.
as reportagens publicadas pelo The Intercept Brasil levantaram suspeitas de que o juiz Sergio Moro tinha agido de forma parcial no julgamento de Lula. As reportagens, apelidadas de Vaza Jato, sugeriam que Moro passou informações privilegiadas, orientou, deu conselhos e serviu cafezinho aos antagonistas de Lula. O ex-juiz questionou a autenticidade das mensagens e garantiu a imagem ao trabalhar no pacote anticrime.
Mas já dizia o ditado, o homem é o Moro do homem.
Destratado por Jair Bolsonaro em reuniões, Sergio Moro foi perdendo espaço no governo. Mas convocou uma entrevista coletiva para fazer graves denúncias de interferência do presidente. Fora a antipatia da esquerda e dos bolsonaristas, milhões ainda pensavam que Moro não se curvaria a nenhum tipo de corrupção.
Mas já dizia o ditado, o homem é o Moro do homem.
Publicado em Renato Terra - Folha de São Paulo
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Quem é quem
Como escritor lançou dois romances “Procurando Monica” e “Tijucamérica”. Em Fevereiro de 2018 lançou “Os Beneditinos”. Agora em 2020, publica mais um romance: “Aqueles olhos verdes”.
Curiosidades da Academia Paranaense de Letras
Dezenas de autores, todos já falecidos, não demonstraram interesse em participar da Academia Paranaense de Letras, por diversos motivos: porque achavam que a entidade não os representava (por motivos estéticos, ideológicos ou por diferenças pessoais com acadêmicos), por proibição estatutária (caso da presença feminina), por viver longe do Paraná, por timidez do escritor ou por desinteresse da própria Academia em estimular possíveis candidaturas. Sem esquecer que o limite de 40 membros sempre se mostrou um permanente limitador. Entre esses, selecionamos dezenas de nomes que fizeram parte da vida científica e cultural do Paraná, sem passar pela nossa instituição. Exceto Júlia Wanderley, autora de artigos e textos diversos, mas sem obra em volume, os demais tiveram livros publicados.
Carlos Alberto Pessoa (Nego Pessoa) (1942-2017) – De Irati, onde nasceu, tornou-se um personagem de Curitiba. Foi cronista de jornais, revistas, rádios e TVs. Apaixonado por futebol, deixou diversas obras sobre o tema: era um apaixonado torcedor do Fluminense. Publicou também Modos & Modas e Travessas & Travessias, este último em parceria, sobre as ruas em que circulava a pé todos os dias.
Lindolpho Gomes Gaya (1921-1985) – Nascido em Itararé (SP), casado com a cantora curitibana Stelinha Egg, foi compositor e arranjador requisitado, decidindo já na maturidade radicar-se em Curitiba com a mulher. Na cidade, trabalhou com jingles e vinhetas para publicidade, além de produtor de discos. O casal doou seu acervo musical para o Museu da Imagem e do Som.
Marcos Prado (1961-1996) – Curitibano, aos 15 anos já acontecia na cena psychobilly local, ao fundir poesia com música, artes plásticas, teatro e cinema. Em 1996 saiu O Livro de Poemas de Marcos Prado, reunião de seus trabalhos (FFC/Iluminuras). Teve diversos poemas traduzidos para o inglês. Dez anos depois de sua morte, a Travessa dos Editores publicou Ultralyrics, com organização de Felipe Hirch, em 2006.
Nireu Teixeira (1929-2008) – Curitibano, jornalista e advogado, Nireu José Teixeira foi secretário de redação do Correio do Paraná, na época áurea dos jornais diários. Procurador municipal, exerceu os cargos de chefe de gabinete e secretário de governo de Jaime Lerner. Conhecido por sua habilidade musical com a caixinha de fósforos, deixou dois livros de crônicas: Espeto Corrido e Espeto Corrido II.
Amor, solta os velames
Ao furor do vento, Amor.
Vagos meneios, o uivo da tempestade.
Surdo o baque dos corpos n’água,
D’aqua a argêntea lacrima.
És a douda, a cabeça eriçada
De pêlos, os cabelos de alga e sal.
A urdida nos precipícios, Amor,
A egressa dos hospícios de Deus.
Em pleno mar antíquo, mar marinheiro
De onde emerjo, do fundo em pane, Amor,
Náufragos, eu e você, Amor,
A rasgar de nós o que restou :
Puídos vestidos, brins, anáguas,
Nossos rotos panos desolados.
Academia Onírica
fantoche do absurdo
cabeça vazia e peito cheio
sempre
em desacordo com o tempo
quase
ao alcance das constelações
No caminho não procuro
tabacaria alguma
tampouco finjo o que não pretendo
Palavras ecoam
e a melhor expressão
é a do silêncio
que mesmo verbo
não versa em nada
Não há flores neste asfalto
e a poesia em mim se cala.
Laís Romero|Revista AO|Academia Onírica
Publicado em Geral
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A solução Freixo
Em São Paulo há um acordo para o partido não lançar um nome próprio e apoiar Guilherme Boulos (PSOL). No Rio de Janeiro, o PT quer indicar o vice na chapa de Eduardo Paes (PSD), que tentará a reeleição.
O partido sugere o nome de Marcelo Freixo, presidente da Embratur, que na última eleição tentou se eleger governador, mas foi derrotado ainda no primeiro turno por Cláudio Castro (PL).
Freixo, no entanto, enfrenta resistências – não só do diretório do PT no Rio, como também de Paes, que prefere um vice com mais diálogo com o centro e com a direita.
O nome do atual presidente da Embratur surgiu como solução para evitar a disputa quase fratricida que se desenha entre os grupos do deputado federal Washington Quaquá e do atual secretário de Assuntos Federativos do governo federal, André Ceciliano.
Quaquá quer o seu filho, Diego Zeidan, como vice de Paes, enquanto Ceciliano faz campanha para ele próprio ser indicado para a posição. Outros nomes correm por fora.
Dirigentes petistas favoráveis a Freixo defendem que uma chapa com Paes tem capacidade de isolar a esquerda ligada ao PSOL e a direita bolsonarista, além de abrir caminho para uma aliança em 2026 na disputa pelo governo do estado.
A entrada de Freixo em uma pré-campanha em 2024 abriria também o tão sonhado espaço para o Centrão na Embratur, que hoje é comandada pelo ex-deputado.
Publicado em O Bastidor
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