E os pulsos, estão limpos?

MP e polícia invadiram a residência particular e a oficial de Dina Boluarte, presidente do Peru. Com autorização judicial procuravam suposta coleção de relógios Rolex da presidente, suspeita de enriquecimento ilícito. Ao que parece, Dina converte seu patrimônio em relógios da marca suiça, adereços que utiliza mas não teria declarado ao imposto de renda.

A Arábia Saudita está limpa desta vez, como quando deixou digitais nos relógios que presenteou Jair Bolsonaro, presidente do Brasil. Dina se defende dizendo que entrou e permanece no governo “com as mãos limpas”. Mas a questão é outra, a dos pulsos, onde os relógios são exibidos. Na foto, Dina e o Enrolex.

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Mural da História – Contestado

Para marcar os 100 anos da Guerra do Contestado (1912|2012), a Imprensa Oficial do Paraná e a RTVE lançaram o livro sobre o conflito, com imagens surpreendentes do fotógrafo Claro Jansson.  Que morou em Itararé, craro, cróvis. 

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Cinema é a pior diversão

Eduardo Affonso

A exemplo dos restaurantes, que têm áreas para fumantes e não fumantes, cinemas deveriam ter sessões separadas para falantes e não falantes.

É justo que os falantes tenham direito a quase todas as sessões, já que são eloquente maioria. Poderiam, inclusive, exigir os melhores horários, as maiores salas.

Os que vão para ver o filme em obsequioso silêncio ficariam relegados à meia-noite, ou, no máximo, a alguma sessão perdida nas tardes de terça, num cinema de bairro.

Os tagarelas é que mantêm viva a sétima arte: consomem baldes de refrigerante, tonéis de pipoca. Levam a namorada. Vão em bando para colocar a conversa em dia, e se divertem muito mais que aqueles que submergem na sala escura para se esquecer de si por hora e meia – e nesses noventa minutos viver outras vidas, viajar nos travelings, perder o fôlego em planos-sequência, e só voltar à tona nos créditos, assistidos com fervor até o final.

Já passou da hora de os cinemas se adaptarem ao público falante. Deviam eliminar as poltronas em linha, que dificultam a conversa com quem não está ao lado e atrapalham a saída nas inevitáveis idas ao banheiro por causa dos baldes de refrigerante.

Por que não colocar mesas, com cadeiras em volta? E o piso sem desníveis ou escadas mal projetadas, nas quais volta e meia se tropeça. Também seria bem-vinda mais luminosidade, para que a luz da telona não atrapalhe a da telinha do celular. E um bom sinal de uaifai. E tomadas para recarregar os aparelhos (uma hora e meia de uso ininterrupto consome muita bateria).

Poderia haver garçons servindo bebidas, música ambiente — uma banda de rock, uma dupla sertaneja — e, no lugar da tela branca e fria, uma decoração bacana, ou mesmo um janelão por onde se pudesse ver a paisagem lá fora.

Cinemas assim poupariam os espectadores da pior coisa de se ir ao cinema, que é aquela gente chata pedindo silêncio, mudando de lugar para tentar escapar da luzinha azul do celular da fila da frente, sempre com a desculpa esfarrapada de querer “ver o filme”.

Quer ver filme, fica em casa, ora! Não foi para isso que inventaram a tevê a cabo e a Netflix?

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Mural da História – Carnaval Curitibano 1981

Em 1981, a Fundação Cultural de Curitiba, sob a gestão de Sergio Mercer e Ernani Buchmann, convidou o ilustre cartunista que vos digita para realizar a decoração do carnaval curitibano daquele ano, juntamente com o arquiteto Fernando Popp. O tema era Etnias. Dante Mendonça, coordenador geral. O reinado de Momo fez muito sucesso, sem jogar confete em ninguém. Fotos de Alberto Mello Viana, o popular Baiano.

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Em Cuba, como os cubanos

Havana. © Beto Bruel

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Padilha escanteado

Padilha é visto como alguém que não resolve os problemas

Deputados da base governista escantearam de vez o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, no que diz respeito a emendas parlamentares e articulação política. Parlamentares, que vão do centrão a partidos de esquerda, não buscam mais o petista para destravar questões inerentes a sua própria pasta.

A insatisfação com Padilha remonta ao ano passado, mas houve em 2024 uma tentativa de reaproximação. Em vão. Segundo relatos feitos ao Bastidor, o ministro segue sem cumprir promessas e, em um ano eleitoral, pouco ou nada participa das articulações do PT nas principais cidades do país.

Há deputados que ainda têm emendas pendentes do fim do ano passado. Havia a promessa de recebimento, mas o dinheiro não caiu. Quem entrou em campo novamente foi o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que recentemente mandou uma mensagem direta para deputados anunciando que nos próximos dias eles seriam contemplados.

O pagamento das emendas atrasadas se deve às matérias aprovadas na Câmara em março. Lira voltou a repetir que o governo “não tem base concreta” e só terá sucesso em suas pautas – econômicas ou não – com os acordos cumpridos entre governo e deputados.

Com um ano e três meses de governo Lula, há parlamentar que sempre vota com o governo que nunca foi recebido por Padilha. A saída é recorrer a outros ministros em busca de soluções para problemas que deveriam ser resolvidos pelas relações institucionais ou a Lira. “Ele [Padilha] não tem mais o respeito nem dos ministros”, disse um deputado.

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1976

Desenho de Miran. Capa da Antologia Brasileira de Humor, Vol. 1, L&PM Editores.

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Playboy|1960

1965|Hedy Scott. Playboy Centerfold

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Gente de Itararé – 2019

Regina Tatit – cantora

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Catatau – 2016

Gilson Camargo, Guilherme Portela, Glerm Soares, Octávio Camargo, Beto Bruel, Chris Gomes, Claudete Pereira Jorge, Luiz Solda e Helena Pereira Jorge.  © Gilson Camargo

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28º Salão Internacional de Humor do Piauí – 2011

Quaresma, do grupo Validuaté, na Coordenadoria do Salão, esboçando sorrisos e desenhando. © Vera Solda

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O dia 31 de março precisa ser lembrado para não ser repetido

Wilson Gomes

Deixar passar em branco os 60 anos do golpe de Estado que tão duramente marcou a vida do país não faz sentido

A última ditadura a que a República brasileira foi submetida completa 60 anos no domingo. Não foi a primeira na nossa breve história republicana de baixas convicções democráticas. Meu pai, nascido em 1922, viveu sua primeira ditadura aos 15 anos, e a segunda, aos 42. Trinta anos, de 73, transcorridos sem democracia.

Eu nasci às vésperas da segunda ditadura do século passado. Nem havia completado um ano quando a democracia morreu da última vez no Brasil, esmagada pelas botas de generais, brigadeiros, almirantes e suas tropas. Até os 21, eu não tinha vivido um único dia neste país sob governo civil, Estado de Direito, eleições livres, direitos políticos amplamente reconhecidos, essas coisas que a gente dá por garantidas como luz do sol e oxigênio.

Além disso, constatei com assombro na semana passada que faltou muito pouco para que a efeméride do início da ditadura de 1964 fosse comemorada com uma ditadura novinha em folha. Em vez de liturgicamente repetir o nosso “ódio e nojo à ditadura”, segundo a fórmula lapidar de Ulysses Guimarães, estivemos bem perto de estar celebrando uma “nova revolução” para defender o Brasil do “comunismo” nesse “país que vai pra frente, de uma gente amiga e tão contente”, como aprendi na doutrinação ideológica do regime militar desde a alfabetização.

Não estou descrevendo tragicamente a história de uma república em que o regime democrático aparece e desaparece a cada duas, três gerações. Na tragédia, por definição, o destino arrasta inexoravelmente os eventos, ignorando rogos e prantos e o esforço de evitar o desfecho previsto. No drama brasileiro, em vez disso, a deliberação vai em sentido contrário às virtudes republicanas. Há sempre gente tramando, urdindo, projetando e tentando pôr em marcha algum projeto autoritário para tomar o poder sem ganhar eleições, para transformar a “res publica” em coisa particular, para governar sem desafiantes nem prestação de contas um povo sem direitos ou garantias, a não ser os que o governante lhe quiser conceder.

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Jamais presuma que em Brasilia há boas intenções

Parlamentares querem direito de bloquear investigação contra eles. Isso não é defesa de prerrogativa parlamentar, é defesa de privilégio

O deputado federal Gilson Marques (Novo-SC) pediu vista do processo que analisa a prisão preventiva de seu colega Chiquinho Brazão (Republicanos-RJ) – mandante, ao que tudo indica, do assassinato de Marielle Franco.

Minha primeira reação foi dizer que não parecia um gesto corporativista, mas apenas um interesse – legítimo – de se inteirar melhor do assunto. Brazão não deixaria a cadeia e Marques prometeu devolver rapidamente o processo à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Minha opinião está registrada no Papo Antagonista e é mais um motivo para que eu deixe definitivamente de expressar qualquer crença nas boas intenções dos políticos. Incrível que eu ainda não tenha aprendido, a esta altura do campeonato. Pode me chamar de palerma.

Ouço de gente em Brasília e leio em outros veículos que os deputados queriam de fato passar um recado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Foi Marques quem pediu vista, mas incentivado por outros. Os quais, por sua vez, sabiam que também interessava ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) ganhar tempo para interpelar o ministro Alexandre de Moraes, que tem o caso em seu gabinete.

Deputados e senadores têm uma lista de queixumes contra o que julgam ser avanços do STF contra suas imunidades parlamentares. Estou com eles na defesa da prerrogativa de dizerem o que pensam, por mais chocante que possa ser.

Discordo frontalmente quando pensam em aprovar uma PEC que condicionaria a realização de diligências de busca e apreensão contra eles a uma licença prévia da mesa diretora das respectivas casas. Como escrevi nesta semana a respeito desse assunto, os parlamentares querem ter o direito de bloquear uma investigação contra eles – inclusive de crimes comuns – logo nos primeiros passos. Isso não é defesa de uma prerrogativa parlamentar, é defesa de um privilégio.

Discordo de maneira ainda mais enfática ao saber que usam um caso escabroso como o de Chiquinho Brazão para resguardar a possibilidade de se porem à salvo da Justiça. A informação de que Brazão, ao lado de um de seus irmãos, é o provável mandante da morte de Marielle não chega como uma surpresa. É mais um caso a se juntar à pilha de indícios de que a família está metida com o crime organizado no Rio de Janeiro.

Os parlamentares deveriam escolher melhor suas batalhas. Este deveria ser um episódio para eles demonstrarem que suas mesquinhas vantagens corporativas não vêm antes de tudo. Que há limites que não podem ser cruzados.

Ou então, eles deveriam ter a coragem de votar publicamente contra a prisão preventiva do colega, manifestando seu desgosto com o fato de a Justiça ir atrás de um provável assassino que, vejam só, conquistou o direito de ser chamado de Excelência.

Em vez de agir às claras, os deputados usam subterfúgio e ganham tempo, para fazer pressão nos bastidores. Jamais presuma que em Brasilia há boas intenções.

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