(Depois do Murphy, do Millôr e de mim
mesmo)

Quanto mais absorvente é um filme, mais

chances haverá de um celular tocar durante
a sessão. Se o filme for do nosso maior interesse,
o celular tocará mais perto da gente.

Se achamos que os nossos filhos andam

em má companhia, provavelmente os pais
dos amigos dos nossos filhos acham
a mesma coisa.

Numa casa cheia de adolescentes,
a louça suja empilha na pia na razão direta
do cansaço da mãe ao chegar tarde
do trabalho.

O desemprego de um chefe de família
tende a se estender de acordo
com a fertilidade da sua mulher.

A proibição prolongada para uma filha
não fazer tatuagens ou piercings será o fator
mais decisivo para ela vir a namorar
o tatuador.

Muita coisa que é nociva às crianças na tv
passaria despercebida se os pais
não as alarmassem tanto diante da coisa.

Casais jovens não conseguem
romper relacionamentos
Enquanto uma gravidez não acontece.

A pirataria de CDs passa temporadas
sem ser ameaçada, até que você topa
o convite de um cunhado para um

negocinho aí.

Mais cedo ou mais tarde,
os assaltantes mais nervosos e os assaltados
mais reativos se cruzam.

Todo carro relutantemente emprestado
ao filho tem no porta-luvas um seguro
vencido no dia anterior.

O game que os pais compram de surpresa
para um filho é sempre uma ou duas gerações
atrasadas e do gênero que ele menos gosta.

Etc.

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Vós que me ledes, caros leitores, deveis saber que um sujeito na minha posição recebe uma quantidade enorme de poemas. São livros, revistas, emails, o escambau. Uma tendência que tenho observado nos poetas de hoje é o uso dos pronomes “tu” e “vós”, geralmente de maneira equivocada. A segunda pessoal do plural é uma área pronominal em franco desuso e decadência, só chamada a intervir quando se trata de discursos parlamentares, ofícios burocráticos ou romances históricos. Aí pergunto: por que motivo, caros colegas, insistis em usar esses pronomes, quando torna-se evidente que não tendes a menor familiaridade com eles?

Acho que a principal razão para que lanceis mão de um tratamento tão obsoleto é o afã de conferir ao vosso discurso um tom de nobreza, de pompa, um vocativo formal e hierático capaz de evocar ao leitor um tempo ido, um mundo passado onde as fórmulas de respeito não eram mero clichê retórico. Procurais assemelhar-vos (mesmo que estilisticamente) aos protagonistas dessa era remota, porque percebeis (e repelis) o tom escrachado e frívolo dos tratamentos de hoje, com sua galhofa impudente, sua fingida intimidade entre interlocutores. Entendo e aceito, mas advirto: examinai bem vossas Gramáticas empoeiradas, recorrei ao Google quando necessário, insisti junto aos mestres, mas tende piedade dos leitores mais sensíveis.

Dias atrás li um poema que dizia assim: “Ide, poeta! Consintais que a vida te procure!” Meu caro e anônimo autor! Estás tão dividido e dilacerado quanto aquela dupla de irmãos siameses indo ao Fla-Flu no Maracanã. Ou bem te diriges ao poeta com a intimidade propiciada pelo “tu”, ou com o distanciamento e respeito implícito no “vós”. E olha que ainda estamos apenas no plano da intenção inicial, porque a forma usada no teu verbo, “consintais”, salta da frase como o bigode da Mona Lisa de Marcel Duchamp. Estuda! Treina os verbos mais traiçoeiros. Inventa para ti próprio um exerciciozinho como este, destinado a flexionar teus neurônios gramaticais. Tu os tens, e não são poucos. Precisam apenas de algo que só tu lhes podes fornecer: exercício. Mas não vás adiante de ti mesmo. Usa apenas o que sabes usar. O poema não é o território adequado para tentares pela primeira vez um tipo de elocução ao qual não te acostumaste. Consola-te pensando que todo mundo erra, eu primeiro que todos.

Vou mais além. Vós todos, Brasil afora, que vos acostumastes à estreita gama de tratamentos da linguagem coloquial da indústria-de-massas, devíeis freqüentar de quando em vez um “spa” com o nome de “Seminário de Português Aplicado”, do qual só sairíeis quando soubésseis conjugar, na ponta da língua, os verbos mais abstrusos. Mas se achais (como bem podeis) que tudo isto não vale a pena, basta continuardes empregando o feijão-com-arroz do você e do vocês. Não são anti-poéticos. Qualquer coisa pode ser poética, se souberdes usá-la com beleza, propriedade, criatividade, e, acima de tudo, bom-senso.

Braulio Tavares

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Playboy – 1970

Avis Miller. Foto sem crédito.
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Hoje, Luiz Gê

HQMIX Livraria. Praça Roosevelt, 142, Centro, São Paulo, fone 11 3328 7740. Dani e Gual esperam por todos vocês. Mandem bala!

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Poluicéia desvairada!

Cão Zarrão I.
Feras da Vila Madalena, SP.

Foto de Lee Swain.
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Ibrahim Suelda

O paulista Soruda san e o ítalo-argentino Roberto Grimaldi, ontem, na exposição de Amely, de Pryscila Vieira, no Centro de Criatividade. Foto de Ana Carolina.
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Tempo, tempo, tempo

Billy, The Kid.
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Cruelritiba: Trio Ornamental

Foto de Lina Faria.
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Gênio

Rio de Janeiro, 28 de maio de 1913,
13 de julho de 1973.
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Acepipe iluminado – 34

— As estrelas estão todas aí há muito tempo,
né, Mestre?
— Não sei, acabei de chegar.

Saboro Nossuco, do livro Koan Do Como Onde, Bernúncia Editora, que será lançado nos dias 29, 30 e 31 de maio no Original Beto Batata. Imperdível!

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Uebas!

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Um que eu tenho

Derrick Harriott. Vale a pena conferir.
Não é, Julio Covello?
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Charge antiga

Publicada n’ O Estado do Paraná.
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Rá!

PhotoBucket.
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Herr Doktor

Amigos, na sexta, dia 29 de maio, às 21:30h, no Full Jazz Bar (Rua Silveira Peixoto, 1297, Batel) outra performance do “Doktor Schaufe Experience”, com Celso Loch e Orlando Comandulli, com o melhor NuJazz da cidade. Façam suas reservas pelo telefone 41 3312 7000.”Recycle the World”, “NuJazz makes Jazz fun again”. Abraços musicais. Celso Piratta Loch.
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