PL dá alteração

Foto sem crédito.

Outro dia fui pesquisar na Biblioteca Pública do Paraná, periódicos de Curitiba, ver se encontrava material da minha lavra que pudesse merecer registro nas memórias que venho escrevendo (e publicando nesta pocilga) com o titulo genérico de Folhetim. Contei com a ajuda do Mazzinha para folhear os almanaques por algumas horas. Entre outras coisas, encontramos uma entrevista que fiz com o poeta Paulo Leminski publicada no jornal Diário do Paraná, em 23 de maio de 1971 – e que ficou de fora da biografia O Bandido que sabia latim, de minha autoria. Lembro que foi a primeira entrevista do Paulo na volta a Curitiba depois de uma temporada de mais de um ano no Rio. Eu ainda atendia pela alcunha de Martins Vaz.

(O título foi idéia do editor Aroldo Murá: Paulo Leminski dá alteração.) Eis um trecho falando de uma obra em processo:

Martins Vaz – O que é o Catatau?
Paulo Leminski – O Catatau sou eu. Sou eu porque transformei toda minha experiência vital em texto. Essa experiência me fascinou exatamente pela sua regularidade. Eu não estou interessado em ser escritor de dez, vinte obras. A mim interessa ser escritor de uma obra só. Esta obra, então, forma uma equação perfeita com a minha existência, reunindo minhas preocupações, tensões, que estou passando para esta obra com uma radicalidade de linguagem satisfatória. E isso acontece exatamente porque ela apresenta o máximo de concentração.

MV – Existe o cinema da boca do lixo. O Catatau também é da boca do lixo?
PL – O Catatau é o próprio lixo… Ele representa uma totalização dessas inúmeras experiências culturais que atravessam o mundo, de lado a lado, levados pelos meios de massa. Então, eu me considero uma antena e uma cobaia. Eu sou um experimentador de todas as correntes que atravessam este planeta, esta humanidade conturbada, e procuro dar uma formulação e ter uma compreensão correta destes fenômenos. O atestado concreto da minha compreensão é exatamente a obra que estou escrevendo.

MV – Diante disso como fica o conceito de literatura?
PL – O conceito de literatura acabou porque a literatura também acabou. O que existe hoje é a linguagem, a fala – isso ninguém acaba. A literatura eu posso defini-la como “a liturgia de um Deus impossível”. Um Deus que não pode existir. A literatura sempre foi uma espécie de alienação da linguagem e na linguagem. Agora existe a necessidade de se criar uma nova arte. É algo que nós criadores devemos criar. Esta arte deve ser mais autêntica do que a literatura, porém feita de linguagem, texto, e aquilo que a gente chama de Código Central, a língua, o idioma (como aparece na teoria da informação).

Toninho Vaz, de Santa Teresa.
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Uebas!

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Quem não vai ao teatro, só fica por dentro do que está
por fora. Soruda san, no suco.
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Charge antiga

Publicada n’ O Estado do Paraná.
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Faça propaganda e não reclame

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Solda

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Puizé!

Foto de Anderson Tozato.
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Antenas da raça

Foto de Maurício Valadares.
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Será que eu estava lá?

Paulo Leminski, Solda e Rogério Dias. Foto forjada por Francisco Kava, década de 80.
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Heim? Heim?

Foto sem crédito.
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Quem não lê, só fica por dentro do está por fora.
Saboro Nossuco.
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Procurando cabelo em ovo

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Quem não lê, só fica por dentro do está por fora.
Saboro Nossuco.
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Sim, eu estive lá

Foto de Dico Kremer.

vai

meu amigo
desta vez
eu não vou contigo

a morte
é um vício
muito antigo
só que nunca
aconteceu
comigo

pode ir

que eu não ligo
eu fico por aqui
separando
o tijolo do trigo

solda (7/6/89)

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Antenas da raça

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