Escritor Toninho Vaz aciona editora Record por lançamento
à sua revelia. Foto de Fernando Angulo/SP)
Na segunda-feira, o jornalista e escritor Toninho Vaz obteve na Justiça vitória contra a editora Record. Pelo menos por enquanto, conseguiu impedir, através de liminar, que seja comercializada, à sua revelia, uma versão que ele considera “tosca” de seu livro sobre o Solar da Fossa, pensão da zona sul do Rio que abrigou artistas entre os anos 60 e 70.
É o início de uma briga feia entre o autor e aquele que se anuncia como o maior grupo editorial da América Latina. “Esta é a minha tragédia”, diz Vaz, que publicou três livros na casa. O relacionamento, ele conta, sempre foi “tumultuado”. Atingiu seu pior momento durante a feitura do livro sobre o Solar da Fossa.
Segundo Vaz, o contrato, assinado em 2006, venceu no dia 18 de janeiro passado. Uma primeira versão fora entregue à editora um ano antes (a previsão era que estivesse nas livrarias em 2008, por ocasião dos 40 anos de Maio de 68).São esses originais, inacabados, de acordo com o escritor, que agora estão sendo lançados pela Record – sem as fotos reunidas por ele, 20 páginas que acrescentou de lá para cá e o prefácio assinado pelo jornalista e escritor Ruy Castro, que o ajudou na pesquisa.
“Eles reconheceram o desleixo deles. O contrato venceu e eles não tinham lido os originais, que me foram devolvidos. Mas ficaram com uma cópia. Agora soube, por meio de um amigo que trabalha na editora, que estão correndo para lançar 3 mil exemplares de uma edição tosca, sem a minha autorização e com outro título. Eles só mentem pra mim”, desabafa Vaz, que sonha lançar Solar da Fossa – A República dos Magros em outra editora (já teria proposta de duas, mas não revela quais são).
Na mesma segunda-feira em que sofreu um revés na Justiça, a Record começou a divulgar o lançamento de Solar da Fossa – Histórias e Canções de Um Templo da Contracultura.
Ontem, a Record enviou uma nota à imprensa informando que “considera cumprido” o contrato com Vaz, de quem publica “Solar da Fossa com o mesmo cuidado e profissionalismo com que tratamos todos os nossos livros, inclusive os anteriores dele”.
“Contratualmente, a última parcela do adiantamento só seria paga mediante entrega do original. O original foi entregue pelo autor, tanto que o pagamento ocorreu, somando uma quantia considerável para os padrões do mercado brasileiro. Confiamos estar levando ao leitor uma obra importante que retrata um período marcante da história cultural do Rio de Janeiro e do País”, diz ainda a nota.
A editora não explica o fato de o original em questão não ser o definitivo, e sim uma versão melhorada pelo autor depois de entregue. Demais esclarecimentos serão dados à Justiça.
Uma audiência de conciliação foi marcada para o dia 20 de maio. A Justiça definiu que a Record terá de pagar multa única de R$ 20 mil, caso insista em vender o livro até lá.
Ontem, a reportagem telefonou para três grandes livrarias do Rio, que informaram que o receberiam entre sexta e segunda-feira que vem.
Roberta Pennafort, Rio/Estadão.