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Mural da História – 1980
Publicado em mural da história
Com a tag Década de 1980, jornal correio de notícias
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Leminski, primeira memória
Anos 60, Edifício Garcez, Boca Maldita. Paulo Leminski professor de História, Literatura e Redação do Curso Abreu Pré-vestibular, saindo de um treino na Academia Kodokan, convida alguns alunos, amigos meus, para ir até a casa dele. Estou ali por acaso. Não sou seu aluno, nem o conheço, mas também sou convidado.
São mais ou menos três horas de uma daquelas tardes tediosas que costumam se arrastar sobre o fim de nossa adolescência em Curitiba, cidade chata, provinciana, acanhada.
O apartamento fica na Doutor Muricy, no Edifício São Bernardo, a meia quadra da Biblioteca Pública. Uma caminhada, alguns degraus e estamos na sala de estar, sentados no chão em torno de um toca-disco portátil.
Paulo acende um incenso e propõe uma audição de ópera chinesa. Antes de dar o play, faz uma breve introdução sobre o autor e a obra, que logo se revela bem mais interessante do que a peça que passamos a ouvir. A fumaça do incenso já nos envolve em densa nuvem e estamos todos compenetrados, procurando entender aquele som absolutamente estranho, quando toca a campainha. Nenhum de nós ousa sair do lugar.
Alguém abre a porta e a sala é invadida por dois homens carregando um colchão. Acompanhado por um indecifrável arranjo de tambores e instrumentos exóticos, o baixo chinês emite um longo gemido gutural. Incrédulos, os carregadores atravessam a sala sem desviar os olhos da cena. Depositam o colchão num canto e, ainda pasmos, vão saindo de costas para a porta. Mais um gemido do chinês e a porta se fecha rapidamente. O som da ópera é abafado pelo coro das nossas gargalhadas.
Começou aí e assim a amizade que me ligou a Paulo Leminski – Wyatt Earp & Doc Hollyday – por mais de 25 anos. Tudo rolou com tal intensidade que ainda hoje as histórias e personagens desse tempo formam uma selva espessa em minha memória. Um dia, quem sabe, eu respiro fundo e começo a contar.
Por enquanto, contentem-se com esta cena do primeiro encontro, emblemática da estranheza com que a cidade sempre contemplou a personalidade perigosamente fascinante do maior agitador cultural de minha geração. Certa vez, ele disse: “Ninguém pode ser muito melhor do que sua própria tribo.” Afirmação que, com o tempo, ele mesmo encarregou-se de desmentir.
Vamos falar de Venezuela?
Ainda que por caminhos tortuosos, foi bom a Venezuela voltar a ser debatida no Brasil. Afinal, somos vizinhos, temos uma fronteira de 2.199 km, os yanomamis vivem nos dois países, compartilhamos o Monte Roraima, uma atração internacional, e 280 mil pessoas pedem refúgio no Brasil, a maioria delas venezuelana. Isso sem falar na dimensão econômica, a energia da Usina Hidrelétrica de Guri, que abasteceu Roraima até 2019, o comércio intenso entre os dois países, o contrabando de gasolina na fronteira.
No passado, quando visitei Caracas, até a água mineral nos restaurantes vinha do Brasil. Eram tempos melhores. Mais tarde, vi dezenas de caminhões em Pacaraima, na fronteira, parados porque os venezuelanos não estavam mais pagando suas compras. Há ainda em aberto uma dívida pública com o Brasil.
Visitei inúmeras vezes a região da fronteira, para entrevistar refugiados que fugiam das terríveis condições econômicas. O relato que traziam era principalmente de dificuldades materiais – em alguns casos, de fome.
Para acompanhar a vida política na Venezuela, minha referência é o Tal Cual, um jornal fundado por Teodor Petkfoff, um ex-militante da esquerda que se tornou um importante nome na política do país. O jornal sofreu de tudo para manter sua independência: processos, multas, o próprio Petkoff, aos 82 anos, foi processado e alguns diretores tiveram seus passaportes apreendidos. Dentro dos limites, entretanto, Tal Cual nunca deixou de revelar as mazelas do regime chavista.
Mais tarde, a visita de Michelle Bachelet, alta comissária de direitos humanos da ONU, confirmou, parcialmente, o que se falava também no discurso oposicionista: milhares de execuções sumárias de resistentes políticos e delinquentes comuns.
Bachelet não criou uma narrativa sobre a Venezuela. Percorreu 12 Estados e fez um relatório isento. Sua posição moderada a levou a condenar as represálias econômicas à Venezuela, principalmente nos tempos difíceis da pandemia.
A moderação de Bachelet se mostrou em outro momento, quando elogiou o acordo entre a Venezuela e o Tribunal Penal Internacional. Ia ser aberto um processo contra as autoridades venezuelanas, mas o regime de Maduro se dispôs a levar adiante, por conta própria, as investigações. O tribunal decidiu, então, esperar o desfecho delas.
Publicado em Fernando Gabeira - O Globo
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Sono Dogmático
Os livros (*) têm sido meu destino, mistério e paixão desde a alfabetização aos 7 anos, do ingresso obrigatório no ensino fundamental. Iracema, de José de Alencar, o primeiro livro, lido até o fim, no qual aprendi a fugir do autor para sempre. Desde então vivo aventuras com livrarias, editoras, bibliotecas, sebos, encadernadores; namorei o Kindle sem consumar. Leituras na tela só o essencial, sites de compras e de notícias. Interessa o livro físico, seja como estiver, onde estiver. Tenho um pacto à Doutor Fausto: só morro quando ler o último livro. Pura ilusão, pois compro dois por semana. (* Na falta de outro voltarei ao tema desde parágrafo.)
Por exemplo, este Nietzsche Biografia de uma tragédia, do alemão Rüdiger Safranski, S. Paulo, 2019, tradução de Lya Luft. Excelente, mas complexo como tudo que os alemães escrevem. Tão bom que, para nada perder, estou na segunda leitura; no Brasil, dos mesmos autor, editora e tradutora, há biografia de Martin Heidegger e Schopenhauer. Em sua curta vida, produtiva, apesar de abreviada pela doença, Nietzsche era leitor compulsivo. Mas dificilmente lia os livros até o fim: parava quando atingia o ponto em que deles recebia o alumbramento necessário para prosseguir nas lucubrações.
O filósofo não tinha a compulsão de nós leitores, meninos obrigados a esvaziar o prato; nunca descartamos o livro maçante do autor confuso e partirmos para leituras melhores, formativas e edificantes. Nietzsche inspirou-me a descartar, sem culpa, o autor brasileiro, catedrático, filósofo, historiador, jornalista, especialista em negritude. Rendi-me exausto e decepcionado exato a 115 das 220 páginas de seu confuso e soporífero livro, coalhado de referências exibicionistas. O precipitador, quando declara que Marx acordara do “sono dogmático”. A imagem é de Kant, 60 anos antes de Marx, no prefácio da Crítica da Razão Pura. Entreguei o livro a seu destino, o catador de papeis.
Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
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Os sonhos de Doutor Luizinho
Ele conta, para conseguir a joia de orçamento bilionário do governo, com a proximidade com Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. É próximo também do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP.
Deputado federal de segundo mandato, ele chegou aos dois líderes nacionais da legenda depois de conquistar a confiança de uma importante liderança local, o presidente de honra do PP e quem comandava o partido no Rio de Janeiro, o ex-governador Francisco Dornelles.
Mesmo morando em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde era secretário municipal de Saúde, Doutor Luizinho passava todos os dias na casa de Dornelles, na Zona do Sul do Rio de Janeiro, para aferir-lhe a pressão. Dornelles, já idoso, comoveu-se com o gesto.
Foi pelas mãos do então vice-governador que o médico ascendeu à Secretaria de Saúde do governo de Luiz Fernando Pezão. Ficou no cargo por dois anos. Saiu para concorrer um mandato legislativo na Câmara dos Deputados.
No Rio, ele é bem relacionado. Entrou para a política pelas mãos da família Lavoura, dona de uma das maiores empresas de ônibus do estado e com forte influência na Fetranspor, sindicato dos donos de ônibus.
Nunca escondeu sua vontade de virar ministro da Saúde, segundo seus interlocutores frequentes. Não desistiu com o desprezo de Jair Bolsonaro. E insiste agora.
Se tiver a autorização do partido, sendo de Nova Iguaçu, pretende concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro. Sabe que dificilmente ganhará, mas pretende chegar a um público que não o conhece ou que jamais votaria nele. É como espera chegar, um dia, a governador.
Publicado em O Bastidor
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Sessão da meia-noite no Bacacheri
After Love|2020|Direção de Aleem Khan|Inglaterra|90 min|
Publicado em Sessão da meia-noite no Bacacheri
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Sabor morango
Você chega em casa depois do trabalho. Sua filha vem toda sorridente dizer pra cheirar os cabelos dela. É o novo xampu de morango, ela diz. E daí pede pra cheirar a blusinha nova. Cheiro forte de morango. Ela está muito feliz, mesmo. Não hesita em trazer o sapatinho novo que a mãe comprou. A sola cheira a morango. Sua filha menor descobre que você chegou e já vem correndo trazer a boneca que a vovó mandou pelo aniversário. Chama-se Moranguinho e cheira, naturalmente, a morango.
Seu nariz está repleto de cheiro de morango. O que será que ainda falta ter cheiro de morango? Você pensa enquanto procura o jornal do dia. Está sobre a cadeira, na sala. Você nota que a tinta de impressão agora é vermelha e “todo o jornal — explica o editorial — passa a recender a morango para acompanhar a nova política do Governo Federal e trazer endérmicos eflúvios para deleite dos leitores”. Você não entende, mas não liga porque nunca entendeu um só editorial do jornal. Deixa-o de lado pra apreciar o noticiário da tevê. No primeiro comercial uma bela mulher delicia-se, virando os olhos e gemendo, com o lançamento do iogurte de morango mais cobiçado da Europa. Um pouquinho do iogurte de morango fica nos lábios carnudos dela, mas logo é sensualmente sorvido por uma ágil língua úmida. Você é acordado do devaneio pela voz de sua mulher chamando pro jantar: é um belo frango ao molho de morangos. Receita da vizinha recém-chegada dos EUA. Você come enquanto as filhas vão trazendo o novo material escolar.
Na capa do caderno de desenhos, um morango enorme. Com cheiro. A borracha e o lápis têm adocicado cheiro de morango. Antes de se deitar, você encontra no banheiro a pasta dental sabor morango, pra adultos e crianças. Na borda do vaso está preso um desodorizante cor-de-rosa pálida. Claro que é de morango. Ao beijar suas filhas, na cama, você sente o cheiro de morango no travesseiro e na colcha. Bocejando, você entra no quarto, à meia-luz. Sua mulher diz pra você não olhar ainda. Ela fica de pé na cama, diz pra você se virar e abre o penhoar. Faz pose pra mostrar a nova calcinha que tem um belo morango estampado no púbis. Com cheiro e o convite impresso: eat me. Você come. Logo depois, sua mulher lembra que você esqueceu de dar o remédio pra tosse pra filha mais nova. Ela vai até o banheiro e traz o xarope. A criança, olhos fechados, engole o líquido pastoso da colherinha. Sabor morango, a criança nunca vai recusar, diz a bula. Voltando ao quarto, você encontra a mulher ligando a televisão porque vai passar Morangos silvestres, do Bergman.
No colo dela, uma tigela. Você avança a mão pra pegar o que ela contém enquanto pergunta o que é. São morangos, diz sua mulher. Você hesita um instante. Mas vê os morangos: vermelho vivo com gotículas límpidas de água. Sua mão continua e traz à boca uma frutinha firme ao toque dos dedos em pinça. Espremida entre os dedos ela solta um líquido gelado na língua. Sua cara se arreganha, a testa franze, a língua quer sair toda pra fora. Ugh! Que é isso, pergunta aflito pra mulher. Calma, meu bem, ela responde, é o novo moranguinho natural sabor limão bravo que eu comprei pra experimentar.
*Rui Werneck de Capistrano só chega em casa depois do trabalho