Rapidinhas de Humor Judaico

A Comunicação Entre o Casal Russo 

Depois de anos de espera um casal de judeus russos recebeu permissão para emigrar para Israel, mas a primeira autorização foi emitida somente para Sara. Antes da viagem, Rabinovich combinou um código com a esposa:

“Tudo o que eu te escrever em tinta preta é verdade, e com tinta vermelha é mentira”. Algum tempo depois Sara recebeu a primeira carta, toda em tinta preta: “A vida aqui na Rússia está cada vez melhor. As roupas melhoraram de qualidade e baixaram de preço. Não falta carvão para o aquecimento. O serviço de saúde está cada vez melhor. A situação para nós judeus é ótima, a carne é tão abundante que chega a ser difícil escolher o que comprar. Em compensação, sei que vai te parecer irrisório, mas em nenhum lugar se encontra tinta vermelha para caneta”.

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Dibujo

tomy© Tomi Ungerer

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Retícula sobre foto de Macaxeira

O que passou, passou?

Antigamente, se morria
1907, digamos, aquilo sim
é que era morrer.
Morria gente todo dia,
e morria com muito prazer,
já que todo mundo sabia
que o Juízo, afinal, viria,
e todo mundo ia renascer.
Morria-se praticamente de tudo.
De doença, de parto, de tosse.
E ainda se morria de amor,
como se amar morte fosse.
Pra morrer, bastava um susto,
um lenço no vento, um suspiro e pronto,
lá se ia nosso defunto
para a terra dos pés juntos.
Dia de anos, casamento, batizado,
morrer era um tipo de festa,
uma das coisas da vida,
como ser ou não ser convidado.
O escândalo era de praxe.
Mas os danos eram pequenos.
Descansou. Partiu. Deus o tenha.
Sempre alguém tinha uma frase
que deixava aquilo mais ou menos.
Tinha coisas que matavam na certa.

Pepino com leite, vento encanado,
praga de velha e amor mal curado.
Tinha coisas que têm que morrer,
tinha coisas que têm que matar.
A honra, a terra e o sangue
mandou muita gente praquele lugar.
Que mais podia um velho fazer,
nos idos de 1916,
a não ser pegar pneumonia,
deixar tudo para os filhos
e virar fotografia?
Ninguém vivia pra sempre.
Afinal, a vida é um upa.
Não deu pra ir mais além.
Mas ninguém tem culpa.
Quem mandou não ser devoto
de Santo Inácio de Acapulco,
Menino Jesus de Praga?
O diabo anda solto.
Aqui se faz, aqui se paga.
Almoçou e fez a barba,
tomou banho e foi no vento.
Não tem o que reclamar.
Agora, vamos ao testamento.
Hoje, a morte está difícil.
Tem recursos, tem asilos, tem remédios.
Agora, a morte tem limites.
E, em caso de necessidade,
a ciência da eternidade
inventou a criônica.
Hoje, sim, pessoal, a vida é crônica.

Paulo Leminski
“La Vie en Close”, Editora Brasiliense

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Piauí

Orlando Pedroso, nas escadas do coreto da Praça D. Pedro II, Teresina. Salão Internacional de Humor do Piauí, 2007.  @Vera Solda

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Flagrantes da vida real

Um cartunista, ostentando.  © Maringas Maciel

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À bangu

O governo Lula pretende comprar as armas vendidas à bangu durante o governo Bolsonaro. Problema nenhum, dizem os capangas do genocida, no próximo governo a gente recompra e devolve. Lula quer paz, daí não mandar apreender e derreter as pistolinhas. Mas lei é lei e foi a lei que liberou geral as armas, antes e agora um sagrado direito de propriedade, garantido pela Constituição e todos os tribunais. Se o genocida e seu general genocida da Saúde continuam soltos o que é a arma com o aprendiz de genocida? Pior que as armas é a definição do Google: ‘a locução adverbial de modo (à moda Bangu), cotidianamente presente na linguagem popular, e, em particular, relacionada ao futebol, expressa de certa forma a configuração do bairro arrabaldino: sem compromisso, amador ou de qualquer jeito. Isto é, “vamos fazer isso como se faz em Bangu”.’

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Militares bolsonaristas projetavam golpe desde a escola de comando do Exército

Oficiais-superiores do Exército estudaram subversão e queriam tomar STF

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou certa vez que bastariam um cabo e um soldado para fechar o Supremo. Disse tal coisa de modo fanfarrão e cafona, mas presciente – sabia com antecipação do que estava falando.

Em tom de quem pede para levar “umas brejas pro churras”, o coronel Jean Lawand pediu ao “irmão” tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que convencesse o presidente das trevas a dar o golpe, em dezembro do ano passado, em troca de mensagens revelada pela revista “Veja”. A conspiração golpista, porém, era maior e mais antiga.

Além de iletrado e vulgar, o apelo de Lawand parece pateta. Até mesmo Cid responde que Bolsonaro não daria o golpe por falta de confiança no Alto Comando do Exército.

Para quem lembra das quarteladas contra Juscelino Kubitschek (1955-1960), a história parece menos ridícula. Essas intentonas eram o resto do ressentimento pelo fracasso do golpe contra Getúlio Vargas, em 1954, e indícios do que viria em 1961 e 1964.

É um passado remoto? Então se pode lembrar do coronel Hugo Chávez. Caricato? Tudo bem. Então se leiam todos os documentos levantados pela Polícia Federal no celular de Cid.

Antes de ir aos textos, observe-se que Lawand e Cid estavam no caminho para o topo do generalato. Foram os melhores de suas turmas da Academia Militar das Agulhas Negras, o que dá preferência nas promoções iniciais, e tinham carreiras de destaque. Talvez estivessem no Alto Comando dos anos 2030 -em um país podre, talvez ainda cheguem lá. Cid também liderava uma quadrilha de militares falsários, a turma da vacina “fake”, e cuidou da muamba das joias das arábias. Um palerma e um trambiqueiro. Mas armados.

Nos textos do celular de Cid se nota que o golpe era assunto de estudos de pelo menos uma turma do Curso de Comando e Estado-Maior do Exército, de 2017, pós-graduação destinada a majores e tenentes-coronéis. A discussão parece continuar por anos, em textos de lógica capenga e de argumentos jurídicos torturados, com o objetivo de achar um fundamento da intervenção militar nos Poderes.

Existiria um caso, enfim concluem os luminares militares do direito, em que as Forças Armadas poderiam intervir sem a convocação dos Poderes. Provocado por uma espécie de arrazoado do presidente da República, o comando das Forças Armadas avaliaria a situação e poderia, por si, desencadear uma intervenção.

O debate culmina em 2022, com a redação de uma exposição presidencial de motivos para o estado de sítio e a intervenção militar. Entre tantas razões, o STF e o TSE teriam violado o “princípio constitucional da moralidade”, requisito da legalidade.

O material exige análise extensa, que não cabe aqui. Mas deixa claro o projeto de se encontrar doutrina e pretexto para golpes. Quantos estavam envolvidos nesse projeto?

Os generais Augusto Heleno e Braga Netto, braços direito e direito de Bolsonaro, eram admiradores de Augusto Pinochet, ditador, genocida, falsário e ladrão. Os generais Villas Boas, inspirador da nova onda golpista, e Hamilton Mourão, ex-vice-presidente e ora senador, admiravam Olavo de Carvalho (1947-2022), um índice de inteligência e de apreço pela democracia, por assim dizer. Mas quantos golpistas haveria na ativa?

Luiz Inácio Lula da Silva herdou essa encrenca mortal de Michel Temer e Bolsonaro, entre outras. É preciso que os militares voltem a uma caserna limpa de golpismo (e, aliás, que o STF volte ao Judiciário e os parlamentares, que querem governar, ao Legislativo).

Lula tem administrado a nova questão militar com habilidade, mas o buraco fica mais para baixo. Uma reforma institucional profunda é necessária. Politicamente minoritário e com problema de tanta espécie, vai ser muito difícil.

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Os ouvidos são as janelas da alma.

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Elas

A artista Uiara Bartira nasceu em Curitiba e formou-se em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). Estudou Gravura e Pintura com Fernando Calderari e depois concluiu uma especialização em Gravura de Metal e Desenho na The Art Students League e outra em Fotogravura no Bob Blackburn Workshop, em Nova Iorque. Pós-graduou-se em Fotografia e Processos de Construção de Imagens na Universidade Tuiuti do Paraná. Implantou e dirigiu o Museu da Gravura em Curitiba entre 1989 e 1992. Participa de diversas exposições individuais e coletivas e como professora dedica-se a diferentes cursos de teoria e práticas artísticas. Foto de Isabela Milita.

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Em 2018, o diretor sueco Ingmar Bergman, falecido em 2007, teria completado 100 anos. Este documentário resgata a obra monumental do cineasta, autor de filmes como O Sétimo Selo, Morangos Silvestres, Persona, Gritos e Sussurros, Luz de Inverno, O Ovo da Serpente e Fanny e Alexander. O foco é o ano de 1957, quando Bergman lança dois filmes, filma mais dois, dirige um telefilme e quatro peças de teatro.

Conversando com atores, colaboradores, críticos e historiadores, o filme traça o retrato de um homem obsessivo, instável, difícil de lidar, mas ao mesmo tempo um dos maiores artistas da história da Suécia, e também o único diretor a receber a “Palma das Palmas” no festival de Cannes.   

Documentário|Jane Magnusson|117 minutos|2018|Suécia Noruega| https://www.imdb.com/title/tt6109168/

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Wilson Bueno

© Alberto Melo Viana

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Marilyn Monroe. © Earl Moram

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El Maestro

Oswaldo Miran, o moço de Paranaguá, por Fernandes, o moço de Avaré. 

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No palco

© Glória Flüggel

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