Mural da História – 2016

ideli-e-sarneyNa Casa de Tolerância, Ideli Salvati se despedia diariamente da Múmia do Maranhão com um beijo de língua. 

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Ou nomeia ou será demitido

Um verbo usado por Lula na reunião ministerial desta quinta (15) chamou a atenção de integrantes do governo: intervir. O presidente afirmou que isso acontecerá caso os ministérios não atendam às demandas do Palácio do Planalto.

O recado foi claro. Quem não nomear indicados por aliados sofrerá reprimenda pública, o que politicamente é sinal de desprestígio, ou poderá ser demitido numa futura reforma ministerial.

Lula ficou muito incomodado em saber que há cerca de 400 nomes à espera de nomeações. Alguns deles esperam há três meses porque os ministros não avançaram com as demandas. Rui Costa, chefe da Casa Civil, tratou logo de avisar que não é seu ministério quem está travando a engrenagem.

Para ele, falta compreensão política por parte de alguns ministros, de que o governo precisa compor com o Congresso para garantir que os projetos de seus interesses avancem.

É a terceira reunião ministerial. E é a terceira vez que Lula pede a colaboração de seus ministros, seja para cobrar fidelidade de suas bancadas, seja para não travarem indicações.

O Bastidor informou recentemente que uma das campeãs de reclamação por parte dos parlamentares eram a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), ausente por causa de saúde, e Sonia Guajajara (Povos Indígenas).

No caso delas, porém, a culpa seria da Casa Civil.

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The Gang

The Gang of Four at Studio 54 (Liza Minnelli, Andy Warhol, Bianca Jagger, and Halston), 1978. © Christopher Makos

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Aforismos

 Isadora Duncan.

Está no Aurélio, vulgarmente conhecido por “pai dos burros”. Aforismo – do grego aphorismós e do latim aphorismu – é uma sentença moral breve e conceituosa. Também encontrada por aí pelo codinome de apotegma, máxima, esta forma de expressão literária é parente dos provérbios, ditados e sentenças, de cunho mordaz e quase sempre temperada com humor cáustico.

E tem parente pobre por aí, as “frases de para-choques de caminhões”. Como se vê, poucos resistem a um aforismo, mas como em tudo, poucos se dão bem na hora de fazê-lo.

Alguns aforismos são eternos; outros ficam fora de moda. Mas ninguém fala em aforismo sem falar em sujeitos como Karl Kraus que elevaram o status deste gênero.

E agora surge boa oportunidade. Está saindo Aforismos (Arquipélago, 208 páginas, capa dura, R$ 39,00). Vamos falar, antes, do sujeito. Kraus é considerado um dos maiores escritores satíricos em língua alemã.

Era de ascendência judaica, natural da Boêmia, região que hoje compreende a república Checa, mas que integrou o influente império Austro-Húngaro, esfacelado ao fim da primeira grande guerra mundial.

Durante quase 40 anos Kraus foi o único redator de uma revista satírica chamada A Tocha (Die Fackel), publicada em Viena, capital do dito império e depois da Áustria, para onde o escritor se mudou ainda na infância.

Havia uma edição brasileira dos aforismos de Kraus dos anos 80 (Ditos e Desditos, tradução de Márcio Suzuki e outros, Brasiliense, São Paulo, 1988). A mais recente é caprichada e completa – além de Ditos e Desditos (Contraditos nesta tradução) inclui também Pro Domo et Mundo, De Noite e glossário alfabético de nomes, lugares e expressões estrangeiras. Para quem gosta, prato cheio. A leitura do livro provoca reações diversas.

Kraus é reconhecido, mas alguns de seus aforismos parecem empoeirados – como os que abordam verbetes sobre mulheres e sexualidade. É uma cabeça do século 19 entrando no século 20.

No que se refere à mulher, às vezes parece um troglodita e não intelectual. A culpa não é tanto do cara, quanto de seu tempo em que a mulher não pegava pesado no batente externo como os homens, especialmente as de classe média e da nobreza. Eram fúteis. E belas.

Havia muito trololó e conversas de salão. Hoje não há tanto espaço para mulheres fúteis, embora sempre existam algumas por aí, hoje a mulher é tão produtiva quanto o homem.

Mas Kraus se divertiu escrevendo coisas como “na alegria e na tristeza, por fora e por dentro, em qualquer situação, a mulher precisa do espelho”. Um verbete que hoje em dia pode se aplicar tanto a mulher quanto a muitos homens.

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Flagrantes da vida real

viver é super difícil
o mais fundo
está sempre na superfície

Paulo Leminski

Curitiba – © Maringas Maciel

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Kinder Ovo da vida amorosa da mulher jovem é um Kinder Ogro

Escolher brinquedo para a filha é difícil, mas já aprendi a escolher namorado

Quem tem criança sabe que um ursinho fuleiro custa vintão na banca de jornal, mas a mesma pelúcia descartável, se estiver dentro de uma cápsula pink e embalada por um papel que diz “surpresa”, pode custar até R$ 289.

Acho que essa febre começou com o nosso Kinder Ovo, que na gringa é o Kinder Surprise. Pensando bem, começou muito antes, com as figurinhas. Paga-se pelo frisson de não saber pelo que se paga.

Lembro que, durante toda a minha infância, meu pai reclamava que figurinha não valia a pena porque era um troço caro demais para eu viver frustrada com as repetições. Ele não sabia que, 30 anos depois, teríamos o Rainbocorns Sweet Shake Surprise, o Little Live Pets Scruff Adotados Surpresa, o Lol Fucking the Life of Fathers Surprise e o Extremelly Fucking the Life of Mothers Candide Surprise. Em suma: uns bichos com glitter na cabeça e olhar cocainômano que seu filho quer que você compre pelo valor de sete cestas básicas só porque estão envoltos em mistério e plástico neon.

Sempre negocio gratificações quando minha filha toma uma vacina. Sei que depois vou ficar pelo menos 45 minutos parada no meio de uma Ri Happy tentando convencer que massinhas e jogos de tabuleiro são mais interessantes do que um ovo gigante de You Don’t Know hat Kind of Little Fucking Pony vai sair dessa enganação.

Sábado passado minha alma saiu do corpo e se sentou numa cadeira de Lego para me observar tentando vender para a Rita, com todas as forças do meu ser, um Divertirama da Estrela. Ao decifrar a razão que leva o cérebro alucinado de uma criança a se sentir atraído pela incógnita daqueles imensos ovos cor-de-rosa, toda a minha vida amorosa passou pela minha mente como se eu fosse morrer. E a gente sempre falece um pouco a cada tarde no shopping.

Quantas vezes meus olhos não percorreram toda sorte de rapazes expansivos e vulneráveis para estacarem curiosos naquele cara indecifrável e completamente sozinho na varanda de uma casa, encarando o horizonte com profundidade, numa cena sexy de me tirar o ar. Até a maturidade chegar e a gente descobrir que talvez o indivíduo enigmático da varanda só estivesse lá para peidar em paz, são décadas de fantasias em que você se imagina em Paris, de mãos dadas com o amante abstruso, que se comunica com você através de uma mistura de lacanês com dostoievskismo. Se o Xvideos levasse a sério o gosto feminino, as opções “macho esfinge”, “menino triste” e “senhor impenetrável” estariam pau a pau com as asiáticas, as MILFs e as amadoras do anal.

Acontece que o Kinder Ovo da vida amorosa de uma mulher jovem é na verdade um Kinder Ogro. Quantos desses rapazes eram de fato leitores de Hermann Hesse e quantos só não tinham nada a dizer, estavam bêbados demais para ser espontâneos, pagavam de obtusos apenas porque concentrados e a caminho de dar uma cagada no lavabo ou simplesmente não davam a mínima para a conexão humana?

De meu lado, também já sofri muito desabono por não fazer a gata misteriosa no jogo da sedução. Sou o tipo de gente que, em qualquer café rápido de trabalho, acaba contando detalhes bem específicos sobre os espíritos que eu via na infância ou sobre minhas protusões na escápula, e ainda listo para o semidesconhecido todos os meus parentes que têm condições psiquiátricas e revelo minhas dificuldades sexuais por não conseguir me manter cavalgando num bom ritmo em razão de um desgaste no quadrado lombar.

Comigo funciona assim: ou me conecto visceralmente no primeiro minuto ou jamais me conecto. Para cada cinco pessoas que me acham bizarra, uma me considera o maior e mais forte encontro que já teve na vida. E eu adoro essa vida.

Meu sonho é que as lojas de brinquedos um dia trabalhem com tamanho grau de sinceridade e transparência. Que, em vez de “magic surprise pelúcia do amor”, venha escrito algo como “ursinho minúsculo e mequetrefe de cinco reais feito mediante exploração de trabalho análogo à escravidão dentro de um invólucro de plástico que vai demorar 124 mil anos para deixar o planeta”, ou ainda “leve um Ludo que é melhor para a cognição do seu filho e não faz com que você se sinta um otário”. Mas esse não é o papel do capitalismo; é o papel das mães, esses seres exaustos e eternamente apontados como falhos por toda uma sociedade capitalista.

Comprei a bola surpresa do unicórnio Rainbocorns Fairycorn Surprise Shake Musical, que vem com a massinha surpresa Little Live Scruff. Mas aprendi a escolher namorado.

Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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E se já estivermos todos mortos?

É preciso amar as pessoas como se não houvesse wifi….

-… e se já estivermos todos mortos, já pensou nessa hipótese? Se tudo é um mero sonho – ou pesadelo – coletivo, adquirido, herdado? Estamos todos mortos e é por isso que nesse limbo levamos essa medíocre rotineira e chinfrim vidinha merreca, a terra mesmo só um geoide aterro sanitário em que estão depositados todos os vermes do espaço. A sociedade, no pântano da condição humana, e nós refletimos isso, assim, a escória social inumana, porque todos vivemos entre o sub e o sobre do escárnio, da impostura, da falsidade-modelo, e, talvez, mas só talvez, sobrevivermos de alguma forma é isso mesmo, comermos o capim pela raiz da mesmice, quando, aqui e ali emergirmos dessa alienação coletiva. Sim, caras pálidas, é isso. Estamos todos mortos de alguma maneira…

-… mortos desde que saímos do maravilhoso planeta barriga de nossa sagrada mãe reprodutora, para o estrume sócio-idiotizante desse inacessível chão… Mortos em nossa infância por termos um teatro de marionetes do absurdo nos representando o que deveríamos copiar, lição marota, como macacos com o rabo entre as pernas, mortos na juventude para parecermos que éramos o que não éramos, trabalhar, estudar, comer, marchar, cumprir a missão de sermos bonzinhos-jecas-coxinhas-daslu iguaizinhos uns aos outros, seguindo a manada, no redil das aparências, meros receptáculos com nossas cabeças penicos do modus operandi oferecido pela elite burguesa, de seguirmos cagando e andando na passeata de margens plácidas e barrancos fakes, feito uma massa de manobra, e acreditando em coisas bizarras que nos dopam tanto para que, afinal, rendidos, acreditemos, ou seja, também mortos no amor, na sensibilidade… na lucidez. Onde já se viu isso. Pois é… mortos de alguma maneira…

-… mortos culturalmente, para não parecermos radicais, anarquistas, extraviados, rebeldes sem calças, então acabamos manés, coiós, coxinhas-daslu, mortos na subjetividade, soamos o que não somos, parecemos que somos mas não somos, latindo no quintal para economizar cachorro, para, iludidos, seguimos falso-firmes  pelo próprio open-doping da mídia em que somos socioidiotizados, bebemos a grife, comemos a grife, fazemos gangues, turmas, antros, somos tribais com nossos novos cincerros, celulares, tabletes, acervos de achismos e roubismos, seguimos o modismo de nadas e ninguéns, repetimos o refrão que a amoral mídia suja dita, e vamo-nos imundos como se fôssemos humanos, modernos, inteligentes, superiores, mas estamos todos mortos… sentiu o cheio de fusível queimado?
Labirintite, estresse, hérnia, próstata, depressão…

-… mortos canibais, como zumbis, comendo carniça e arrotando espuma tóxica, mortos vampirizando pais, esposa, filhos, funcionários, subalternos, sugando o sangue do tipinho inferior, posando de donos da verdade, criticocozinhos pífios de ocasião de uma hora pra outra, comendo capim e arrotando caviar, com roupas de grife e cérebros vazios, pós-graduação em tecnologia inútil porque está na moda, amante porque o lar está ferrado, cocaína porque a seco o rojão pesa,  cuidado frágil, seres de latões, tipinhos caras de pau, acreditando piamente em falsos santos de pau oco, acreditando que fugindo para Miami Esgoto nos finais de semana limpamos a nossa consciência de isopor transgênico, viramos o rosto para o morador de rua, fechamos o vidro do carro importado com medo do flanelinha migrante, depois colocamos o patuá orgânico e vamos rezar repetências pedindo a um Deus tipo bizantino que nos guarde e nos salve em nosso bunker-casulo-máscara, em nosso condomínio de arame farpado, em nosso apartamento-cela, onde de quatro nos restamos prisioneiros de nós mesmos, com nossa cela epidérmica… nosso tubo-sanitário… Já pensou em que gaiola você sobrevive, e essa panca burra toda com aquela opinião deformada sobre tudo?

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Cruelritiba

© Lina Faria

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© Oslo – Hard Rock Cafe

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Millôr Fernandes – Poeminha última vontade

© Cássio Loredano

Enterrem meu corpo em qualquer lugar.
Que não seja, porém, um cemitério.
De preferência, mata;
Na Gávea, na Tijuca, em Jacarepaguá.
Na tumba, em letras fundas,
Que o tempo não destrua,
Meu nome gravado claramente.
De modo que, um dia,
Um casal desgarrado
Em busca de sossego
Ou de saciedade solitária,
Me descubra entre folhas,
Detritos vegetais,
Cheiros de bichos mortos.
(Como eu).
E, como uma longa árvore desgalhada
Levantou um pouco a lage do meu túmulo
Com a raiz poderosa,
Haja a vaga impressão
De que não estou na morada.

Não sairei, prometo.
Estarei fenecendo normalmente
Em meu canteiro final.
E o casal repetirá meu nome,
Sem saber quem eu fui,
E se irá embora,
Preso à angústia infinita
Do ser e do não ser.
Ficarei entre ratos, lagartos,
Sol e chuva ocasionais,
Este sim, imortais.
Até que, um dia, de mim caia a semente
De onde há de brotar a flor
Que eu peço que se chame
Papáverum Millôr.

(Do livro Papáverum Millôr, Círculo do Livro, 1974)

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Sofia Orlova. © Zishy

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Olha o breque!

Samba do Bob Dylan

Encontrei o Bob Dylan
No Bar Rei do Siri
Comendo uma casquinha
Tomando Bacardi
Cheguei e perguntei
Alô, my boy, você aqui?
Yes, me respondeu
“Gente boa”, estou aí
Pegou sua guitarra
E pôs-se a cantar
Like a Rolling Stone
Pirelli e Firestone
If Not For You
Florianópolis Camboriú
Gente boa eu vou chegar
Farewell, deixa pro beque
Amanhã I shall come back
No dia seguinte
O Bob apareceu
Com seu amigo Dico,
O Leminski e um judeu
Disse “Lurdes, venha cá”
Doze brahmas vou tomar
E a conta da patota
Você dá pro Monserrat
Raquel muito agitada
Previa confusão
Rogério deu no Dante
Tremendo bofetão
Bateu a dona justa
E levou Pedro Galvão
Que gritava Bob Dylan
Veja só que situação
(breque)
Eu cheguei de avião
E vou voltar de camburão

Sérgio Mercer, Solda, Ernani Buchmann e
Chico Branco (década de 1970)

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