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Não sei por que ainda insisto…
Lendo Paul Valéry, no livro Variedades, encontro algum oxigênio. Respiro à vontade, embora ressabiado. E ainda me pergunto: o que os outros lêem nos meus textos? Já discuti mil anos sobre isso com Tom Capri. E agora mesmo estou admirado de não saber. Valéry tenta me iluminar. Na página 176 do livro encontro o último parágrafo do capítulo Acerca do Cemitério Marinho e me agarro nele.
Cemitério Marinho é um poema famoso dele. Valéry compareceu a uma palestra onde um ilustre estudioso destrinçou o poema para os ouvintes. O poeta refletiu sobre as descobertas do palestrante e escreveu o capítulo. Achou, resumindo, ‘singularmente precioso’ o trabalho: como o estudioso procurou as ‘intenções’ do poeta com ‘cuidado e método notáveis’. Sob ‘o olhar de um estranho’, Valéry diz uma coisa interessante: ele (poeta) escreve uma ‘partitura’ e só pode escutar quando é executada pela alma e pelo espírito de outra pessoa. O último parágrafo, vou reproduzir:
“Quanto à interpretação da letra, já me expliquei antes sobre esse ponto; mas nunca será demais insistir: não há sentido verdadeiro de um texto. Não há autoridade do autor. Seja o que for que tenha pretendido dizer, escreveu o que escreveu. Uma vez publicado, um texto é como uma máquina que qualquer um pode usar à vontade e de acordo com seus meios: não é evidente que o construtor use melhor que os outros. Além disso, se ele conhece bem o que quis fazer, esse conhecimento sempre perturba, nele, a perfeição daquilo que fez”.
Fico um pouco aliviado da carga de ser construtor. Mas, no fundo, como blogueiro, não entendo a indiferença do leitor.
*Rui Werneck de Capistrano ainda resiste
Publicado em rui werneck de capistrano
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Tempo
Zé Beto e seu filho Yuri, em algum lugar do passado. © José Eugenio de Souza
Bateu o desespero
No desespero, o governo consultou ontem integrantes do Supremo Tribunal Federal se poderia editar uma nova medida provisória para re-reestruturar o governo em caso de a Câmara recusar a MP que vence amanhã (1º).
Ouviu de ministros que, apesar de haver o entendimento de que não pode haver reedição de MPs rejeitadas dentro de uma mesma legislatura, o governo poderia alterar o texto. No limite da boa vontade, poderia haver o entendimento de que o objetivo da medida provisória seria diferente. Não era, porém, o ideal.
Naquele momento, Arthur Lira não havia pautado a votação, o que só ocorreu na enésima hora. Só às 23h30 de ontem é que o presidente na Câmara decidiu agendar para hoje (31) pela manhã a votação da medida provisória que reestrutura o governo.
Lira avisou a articulação de Lula, porém, que não vai derramar nada de suor para a sua aprovação. Recusada a MP, o cenário seria o pior dos mundos para o governo. Dependeria da boa vontade do Supremo e o risco de nova derrota no Congresso para manter o desenho da administração.
Apesar da pressão, a MP deve ser aprovada, ouviu o Bastidor de dois líderes da base de Lira. Gente do grupo político do presidente da Câmara seria prejudicada com a redução drástica do tamanho do Ministério de Lula e de sua reestruturação ao desenho de Jair Bolsonaro.
A ameaça de que pode não haver aprovação é para cobrar mais do governo e do próprio presidente. A redução de ministérios vai de encontro ao exigido.
Publicado em O Bastidor
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Maduro se encontra com Lula para finalmente transformar o Brasil em Venezuela
Lula se reuniu com o presidente da Venezuela e disse que o encontro foi histórico. Trata-se do primeiro passo para transformar o Brasil numa Venezuela.
Com a chegada de Maduro ao palácio, a cachorrinha Resistência se escondeu com medo de virar churrasco.
A partir de agora, as igrejas terão que trocar a Bíblia pelo Capital de Marx para permanecerem abertas. O dinheiro da aposentadoria será usado para financiar abortos, o STF será substituído pelo PCC, o MST vai poder fazer acampamentos na sala de quem votou em Bolsonaro e a criança vai decidir o próprio sexo no momento do nascimento.
E quem reclamar será mandado para Miami para viver as mazelas do capitalismo americano.
O Bourbon do ABC
Os útimos quatro reis da dinastia Bourbon governaram a França no período imediatamente anterior à Revolução Francesa e imediatamente sucessivo à queda de Bonaparte, que corrompeu a revolução.
Charles Maurice de Talleyrand Perigord, estadista modelo da Europa entre os séculos 18 e 19, servindo ora um, ora os outros e conspirando contra ambos, dizia ser o traço diferenciador dos Bourbon: “não esquecem nada e não aprendem nada“.
Lula é como os Bourbon. Viveu a glória e a desgraça, transitou do palácio à prisão. Voltou por cima. Mas continua sempre o mesmo, a repetir erros e insistir em tolices. Tem memória, nada esquece. Quanto a aprender, é o cego que teima em nada ver.
Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
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Cliques
Salvador Dali, Figueras, 1986. © Helmut Newton
Publicado em Helmut Newton
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Fraga
Quem confunde cachepô com panachê toma sopa em vaso.
Lula e Maduro, o amor é lindo
Narrativa é uma história que cada um conta como quer e cuja veracidade depende de quem a escuta
Entre as várias besteiras que tem cometido em vez de dedicar-se a reconstruir o país, Lula embarafustou-se por uma mixórdia verbal na segunda-feira (29) ao receber em palácio um convidado que entrou em surdina, quase que pelos fundos e sem limpar os pés: o ditador venezuelano Nicolás Maduro. Lula chamou de “narrativa” as acusações que pesam sobre Maduro e sua maneira de tratar os opositores —com prisões, sequestros, desaparecimentos, afogamentos, tortura, estupros e execuções, tudo isso possibilitado por asfixia da imprensa, degola do Poder Legislativo, pesada corrupção de militares e eleições de araque.
Esse é o violento diagnóstico contra Maduro pela Anistia Internacional, a Human Rights Watch, a Organização das Nações Unidas e o Tribunal Penal Internacional de Haia, entidades a que apelamos contra Bolsonaro por incitação a golpe de Estado, charlatanismo na pandemia e genocídio dos povos indígenas. Não por acaso, Bolsonaro também chamou a isso de “narrativa”.
Narrativa, como se vê, é uma história cuja veracidade depende de quem a conta —ou de quem a escuta. Lula instou Maduro a “construir sua narrativa, para que possa efetivamente fazer as pessoas mudarem de opinião”. Jurando por essa narrativa antes mesmo de ouvi-la, carimbou: “A sua narrativa vai ser infinitamente melhor do que a que eles têm contra você”. O amor é lindo, não?
E então vem a mixórdia verbal: “Está nas suas mãos construir a sua narrativa e virar esse jogo, para a Venezuela voltar a ser um país soberano, onde somente seu povo, por meio de votação livre, diga quem vai governar o país”.
Pois não é exatamente o que o mundo espera da Venezuela? Que volte a ser um país soberano, onde somente o povo, através de eleições livres, sem as mentiras, as gambiarras econômicas e o uso da máquina do Estado praticados por Bolsonaro, digo Maduro, escolha quem irá governá-lo.
Publicado em Rui Castro - Folha de São Paulo, Sem categoria
Com a tag Nicolás Maduro
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Flagrantes da vida real
© Maringas Maciel, sobre cartum do livro “Solda”.