Falar e obturar, só começar

Dentista tem algoritmo, como o Google e as ofertas da internet: você procura a cueca e passam a oferecer tudo, de meias a armários. Afinal, uma coisa leva a outra, na última essência do algoritmo.

Nos fugazes momentos que a gente pode falar, de lado, boca aberta, inclinado para cuspir na loucinha, o dentista enrosca em qualquer palavra acidental para desfiar trivialidades ao modo épico helênico. A extensão sempre me leva a imaginar o anteprojeto do rascunho do gênesis seguindo em ordem inalterável e ininterrupta até as notas de rodapé do apocalipse, versões aramaica, grega e latina. A mínima, inocente e acidental palavra do cliente ativa o estopim retórico do dentista. Tive essa tia dentista, que não me tratava, mas me destratava de tanto falar. Era perguntar “tudo bem, tia?”, ela contava, do começo ao fim, com detalhes desnecessários, redundantes e expletivos.

Minha tia, dentro e fora do ambulatório, não tolerava que me arvorasse em editor de blog, revisor da Seleções, instrutor do Twitter, podando o palavrório, desbastando os excessos cansativos que davam nós ao fio da meada. A tia nunca antecipou o final da narrativa emaranhada que se esvaía nos detalhes. Para ela a narrativa obedecia, cega e inflexível, à sequência direta de começo, meio e fim, como filme antigo. Quando fala, dentista obedece aos protocolos e ritos da arte, como na obturação. Não se interrompe, acelera ou exige ordem lógica e temporal ao discurso dentário, que, feito vinil antigo ou CD novo, quando enrosca no risco, a agulha volta ao início do repertório.

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Tiago Recchia. Plural

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Portfólio

homero-pgFotos de Gilson Camargo

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Yeraz Gebeshian. © Zishy

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Pensamentão

Os índios do Brasil, exterminados pela civilização branca, são homenageados em marcas comerciais, como Rádio Tupy, Rádio Tamoio, Rádio Guairacá, Rádio Tingui, e por aí a fora. E ainda nem comecei a falar dos Biscoitos Aymoré.

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Grandes esportistas do Século 20

Salamaleke Abebe – Atleta, Costa do Marfim, 1979. Salamaleke, um dos homens mais rápidos do mundo, é o pai da corrida de trás pra frente nos 100 e 200 metros. Venceu várias provas internacionais, entre elas a famosa Fuga n 18º, de Johann Sebastian Bach. Na prova de Dublin, em 1992, 450 metros, corrida de soslaio, foi atropelado por um americano parecido com Carl Lewis e quase perdeu as pernas num acidente lamentável. Salamaleke é recordista mundial do salto em distância com colher de xarope e está até hoje correndo atrás do prejuízo.

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Fraga

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Flagrantes da vida real

Harold Lloyd – 1950. © Philippe Halsman

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Woody Allen

Mais do que em qualquer outra época, a humanidade está numa encruzilhada. Um caminho leva ao desespero absoluto. O outro, à total extinção. Vamos rezar para que tenhamos a sabedoria de saber escolher.

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Lula e a urna marajoara

Se Cristiano Zanin defendeu Lula de graça, por que os brasileiros têm que pagar a dívida? Nem Bolsonaro nomeou seus dois ministros ao STF para pagar dívida, sim para corresponder – por incrível que pareça – à afinidade ideológica. Adhemar de Barros, governador de São Paulo e introdutor do lema “rouba mas faz”, foi processado por peculato, a apropriação de urna marajoara de museu paulista.

Foi defendido pelo grande criminalista da época, Oscar Pedroso Horta. O cliente agradeceu ao advogado, que rebateu: “Adhemar, depois que os fenícios inventaram a moeda acabou o problema de os amigos pagarem favores uns aos outros”. Era mais fácil Lula pagar. Aliás, estava pago depois que Zanin, mulher e sogro encheram o escritório de clientes durante o reinado de Lula.

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Jaguar

21jaguarVai lá!  Solda, by Jaguar, n’O Dia. Obrigado,  maestro!

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Frio

bem-vindo

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O Bandido Que Sabia Latim

Paulo Leminski (1944-1989) – Nascido em Curitiba, foi poeta (Não Fosse Isso e Era Menos, Caprichos e Relaxos), mas deixou obras em gêneros diversos, como a prosa revolucionária de Catatau, o romance Agora é que São Elas, e os ensaios de Anseios Crípticos. Mente privilegiada, era tradutor, professor, crítico, letrista e redator publicitário. A antologia Toda Poesia (2013), foi um dos maiores sucessos de vendas da década.

Dezenas de autores, todos já falecidos, não demonstraram interesse em participar da Academia Paranaense de Letras, por diversos motivos: porque achavam que a entidade não os representava (por motivos estéticos, ideológicos ou por diferenças pessoais com acadêmicos), por proibição estatutária (caso da presença feminina), por viver longe do Paraná, por timidez do escritor ou por desinteresse da própria Academia em estimular possíveis candidaturas. Sem esquecer que o limite de 40 membros sempre se mostrou um permanente limitador. Entre esses, selecionamos dezenas de nomes que fizeram parte da vida científica e cultural do Paraná, sem passar pela nossa instituição. Exceto Júlia Wanderley, autora de artigos e textos diversos, mas sem obra em volume, os demais tiveram livros publicados. Outros nomes podem ser sugeridos.

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