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Tempo
Tempo
Bolsonaro fica esperançoso com atraso de 30 anos na condenação de Collor
Collor perguntou se não poderia escolher por quais crimes poderia ser condenado, já que a lista é extensa, mas não foi atendido.
Depois de propor uma jetskiciata contra a condenação do aliado, Bolsonaro tentou ver o copo meio cheio: a demora de 30 anos entre a saída do palácio do Planalto e a cadeia é um bom sinal. Já Collor teria mandado um recado a Bolsonaro ao saber que ficaria em regime fechado: “Não me deixe só!”.
Um novo inquérito foi aberto para apurar se Collor estaria mandando reformar os jardins da Papuda usando verbas públicas. O ex-presidente também mandou congelar todas as suas economias para que a PF não possa sacá-las.
Publicado em Sensacionalista
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Ska
Pra ouvir de bermuda e chinelão.
Teatro-Minuto: 12×1
1. Liberdade
Prisão. Carcereiro abrindo a porta. Prisioneiro barbudo se despede do amigo de cela. Música. O prisioneiro sai da cela. Olha para os lados, respira fundo, abre os braços para a liberdade. Ouve-se uma explosão violenta, luzes piscam, fumaça. Prisioneiro cai morto. Silêncio. Sobe vinheta musical. Voz em off (de telejornal) sem afetação: — Dentro de instantes… Rússia bombardeia por engano uma cidade… Dez mortos! (Luz apaga)
2. Xixi
Uma estátua-viva no palco. Luz azul sobre ela. Música suave. Ela fica imóvel por 45 segundos. Entra um ator-cachorro, faz xixi no pedestal e sai. (Luz apaga)
3. Especialistas
Uma atriz (menina) aflita. Tem um objeto nas mãos. Ela faz mímica de bater numa porta. Fala: — Pai! Pai! Acorda! Pai… Roubaram o carro velho do teu toca-fitas novinho! (Luz apaga)
4. Cancan
Uma estátua-viva no palco. Luz azul. Alguém coloca uma moeda no pires. Ela faz mímica de agradecimento. Congela. Alguém coloca um punhado de moedas. Ela começa a dançar freneticamente o cancã. (Luz apaga)
5. Mercad’ouro
São dois atores, de terno e gravata. Um entra por um lado com um estandarte onde está escrito: Compro Ouro. Outro ator entra por outro lado com um estandarte onde está escrito: Vendo Ouro. Os dois se cruzam no meio do caminho, mal se olham, negociam e vão cada um para um lado. A cena se repete mais rápida, os dois correndo. Repete, repete. Os ternos de ambos vão se rasgando, sujando. Cada vez menos se olham ao se cruzarem. Se batem, se zangam. Até que eles entram, como se estivessem correndo em câmara lenta, sentam, perto um do outro, bem rotos e sujos. O estandarte de cada um está sem nada escrito do lado que se vê. O da esquerda vira o estandarte para a platéia. Lê-se: …O Fim.. O outro vira o estandarte, lê-se: Mi Fo… (Luz apaga)
6. Pobreza
Uma estátua-viva no palco. Luz azul. Ela fica parada por 50 segundos. Ao final, desce do pedestal, brava, e fala para a platéia: — Ô, pobreza! (Luz apaga)
7. A Vida é Sonho
Um ator num quarto. Ele está tirando o pijama e colocando calça, camisa, meias, sapatos. Ao terminar, toca o despertador. Ele desliga, se deita, apaga a luz e dorme.
8. Mosca
Estátua-viva no palco. Luz azul. Ouve-se zumbido de mosca, como se ela voasse em volta da estátua. A mosca pousa e logo voa. Volteia e volteia. Irritante. Até que a estátua-viva faz com a boca como se fosse um sapo e pega a mosca em pleno ar. Congela. (Luz apaga)
9. Homem-Bomba
Uma porta de banheiro. Uma porta de bar, com placa. Homem-bomba, de capa preta e touca que só deixa ver os olhos. Por baixo da capa, volumes suspeitos se delineiam. Ele entra no palco e vai abrir a porta do bar. Sente dor na barriga, olha para a porta do banheiro, corre para lá. Entra, fecha. Ouvem-se várias explosões. Silêncio. Ator sai do banheiro aliviado. Capa vestida normalmente, sem volumes por baixo. (Luz apaga)
10. Strip Tease
Uma estátua-viva no palco. Luz azul. Alguém põe uma moedinha no pires. Ela faz mímica agradecendo. Congela. Alguém põe um bolo de dinheiro. Música. Ela faz um strip-tease sensual. (Luz apaga)
11. Teatro Mudo
Um ator, no palco, de costas para o público, examina (mímica) uma vitrina (imaginária). Entra uma vendedora e vai até ele. Ela bate de leve no ombro do ator e mostra sua/dela camiseta, onde se lê bem grande: Posso ajudar? O ator se vira para o público e mostra a camiseta onde está escrito bem grande: Não! (Luz apaga)
12. Perdão
Entram no palco cinco soldados marchando, com carabinas. Comandante os faz ficar em posição de pelotão de fuzilamento — dois agachados e três em pé, atrás — apontando para a platéia. Comandante (grita, com tambores rufando junto): — Preparar, apontar!… Entra um soldado (grita): Parem!! (Silêncio. O soldado cochicha no ouvido do comandante. Em seguida, este se vira para a plateia): — Vocês foram perdoados por deixarem a televisão e virem ao teatro! (Luz apaga)
*Rui Werneck de Capistrano escapou da prisão perpétua
Publicado em rui werneck de capistrano
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La Petit Mélancolie
Publicado em La Petit Mélancolie
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O alvo é a Saúde
Segundo um deputado que acompanha as conversas de uma posição privilegiada, dificilmente Lula cederia um ministério tão grande, em orçamento e em capilaridade, como o Ministério da Saúde, a Lira. “O presidente criaria uma briga destruidora com o PT”.
Dentro do governo, a avaliação da ministra Nísia Trindade não é boa. Acham que lhe falta trato político e percepção das urgências nos projetos de interesse do governo. Nísia foi escolhida pro ser uma técnica de renome na área, em contraste com o general Pazuello de Bolsonaro.
A crítica de petistas é fogo-amigo de quem quer indicar alguém mais políticos para o lugar da ministra, que embora próxima da legenda, é técnica e não política. Mas, se houver alguma troca, que seja alguém do partido.
Por enquanto, o recado para o PP e Lira é se contentar com a Funasa (Fundação Nacional da Saúde), recriada pela MP que reorganizou o governo.
Publicado em O Bastidor
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As calcinhas de Toni Garcia
Ele passa pelos lugares, colhe a sujeira, armazena e depois espalha. O método, sempre o mesmo: apanha as vítimas, cegas pelos serviços providos e pelo poder de sedução do ex-deputado, que por rancor, desamor ou pressão pelo conjunto da sua obra, guarda e entrega seletivamente o material que diz possuir.
Garcia tem sido o homem dos dossiês, gravações e filmes, bombas que dão chabu. Com a desgraça auto infligida dos operadores da Lava Jato, Garcia abriu sua caixa de Pandora, onde há (haveria?) de tudo, desde bacanais de desembargadores do TRF 4 até espionagem sobre José Dirceu, incumbência recebida do juiz Sérgio Moro. Com tal material Toni Garcia derrubaria uma república europeia. Não a do Brasil, onde a roupa suja política funciona como as lavanderias a quilo: o custo da sujeira depende do peso da roupa; ou seja, tem sujeira que se lava à mão, como calcinha em chuveiro e tem a que transborda o cesto do banheiro. As sujeiras vendidas por Toni Garcia são como calcinhas: torcidas ali mesmo, secam na hora, mesmo no corpo. Diria Lula, o pensador: o que vem de Toni Garcia é só narrativa.
Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
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Elas
Em busca de Godard por Paris
Há quem vá a Paris pelos museus, outros pelos vinhos e ainda outros pelos escargots. Mas há um tipo de turista, talvez merecedor de cuidados psiquiátricos, capaz de ir a Paris em busca de Jean-Luc Godard, o cineasta da Nouvelle Vague que foi para nós, garotos dos anos 60, o que devem ter sido Rousseau no século 18 e Baudelaire no 19. Godard morreu em 2022, por suicídio assistido, aos 91 anos. Os milhões de Gauloises que fumou em vida devem tê-lo induzido à morte tão precoce.
Quando digo em busca de Godard, refiro-me às ruas de Paris que ele frequentou nos grandes tempos e onde filmou cenas de seus clássicos. Hoje, com os muitos livros sobre sua obra, isso já não é difícil. Godard morava, por exemplo, na rue Saint-Jacques, nº 17, perto da Sorbonne, num último andar com vista para o Sena. E todos sabem que as sequências de Jean Seberg em “Acossado” (1959), vendendo o Herald Tribune na rua e caminhando ao lado de Jean-Paul Belmondo, foram filmadas durante vários dias na avenida dos Champs Élysées. Mas onde nos Champs Élysées?
Na altura do nº 146, onde, no 2º andar, ficava a redação da revista Cahiers du Cinéma, da qual Godard era cria e colaborador. Quebrava-lhe bem o galho, já que, à noite, ele podia guardar nela suas câmeras e traquitanas. E que rua é aquela na sequência final do filme, em que Belmondo, baleado, corre cambaleando e morre ali mesmo no asfalto? É uma rua curtinha, a Campagne-Prémière, entre os bulevares Montparnasse e Raspail.
Por onde Anna Karina tanto caminha em “Uma Mulher é uma Mulher” (1961)? Pelos bulevares Saint-Martin e Saint-Dénis. E onde, na Paris de 1965, Godard encontrou aquele hotel futurista a que chega Eddie Constantine no começo de “Alphaville”? É o tradicional Grand Hotel, na rua Scribe, nº 2, que Godard disfarçou filmando à noite e com refletores especiais. E muito mais.
O turista merecedor de cuidados psiquiátricos sou eu.
Publicado em Rui Castro - Folha de São Paulo
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