O Bandido Que Sabia Latim

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Fraga

© Orlando Pedroso

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Crianças

© Ricardo Silva

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Salles perde força

O desejo do deputado Ricardo Salles (PL-SP) de ser candidato a prefeito de São Paulo em 2024 ficou mais distante com o acordo feito entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Valdemar Costa Neto.

Como mostrou o Bastidor, será Bolsonaro quem baterá o martelo sobre o nome do PL que vai disputar a prefeitura do Rio de Janeiro. Sem Flávio Bolsonaro, dois militares são favoritos: Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e Casa Civil, e Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.

A prevalência da opinião de Bolsonaro no Rio, no entanto, não deve refletir na escolha do PL em São Paulo. O nome preferido do ex-presidente e dos bolsonaristas do partido é Salles. Mas o deputado não conta com a simpatia de Valdemar e do diretório municipal da legenda. Consideram o parlamentar de extrema-direita.

Essa ala do partido avalia que a candidatura de Salles tem potencial para chegar ao segundo turno, mas seria derrotada por Guilherme Boulos (PSOL). A tese é que o eleitor de centro da capital paulista normalmente pende para a esquerda em uma disputa direta com um candidato de direita.

As opções para o PL com a ausência de Salles são apoiar o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), considerado de centro, ou lançar um nome mais moderado, como o do senador astronauta Marcos Pontes.

Salles tem pedido tempo para se viabilizar. Relator da CPI do MST, o deputado considera a comissão o palco ideal para desgastar a imagem de Boulos e se cacifar como o principal adversário da esquerda em São Paulo. Ele ainda tenta convencer o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a apoiá-lo.

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Faça propaganda e não reclame

Criação de Eugênio Thomé e Solda. Umuarama Propaganda, década de 1990.  © J.R.Duran

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Quando a discórdia reina, reina sobre o quê?

Zapetrape, zapetrape, zapetrape, zapetrape… Lá vem o Hidrópota Esclarecido no seu passinho miúdo, direto para o mais aconchegante sofá deste mundo. O copo companheiro ele deposita bem ali na mesa de centro, que não está assim tão centralizada. Lúcido, conciso, coordenado, o Hidrópota Esclarecido mede tudo com água fria e transparente: a guerra no Iraque, o muro da Cisjordânia, a moral do vizinho, o preço do pão. Vaso de flor é um copo, sinceridade feminina são dois goles, alegria é um litro.

Remédio infalível para a tristeza, elixir curativo para filosofias orientais mal digeridas, elemento catalisador para pugnas matrimoniais… Bem ali, ao alcance da mão, o copo d’água espera. E o Hidrópota Esclarecido reina sobre todas as discórdias que, qual aliens perdidos em Nova York, se refugiam nos pubs, nos bares chiques, nos mais sujos botecos. E embebedam-se de uísque, cerveja e, tardiamente, de rum e gim.

Enquanto ele se refestela no sofá e dita regras, baixa éditos, explica o caos primeiro do Universo como tempestade em copo d’água. Ah, sabia que Vênus, a bela mulher que nasceu numa tela de Boticelli, era a deusa do Amor? Ah, e a deusa do casamento, sabe quem é? É Juno, uma víbora. E o copo no ar – um brinde aos fantasmas da mitologia.

Mulher deixa o marido para seguir o amante, marido foge da mulher para ficar sozinho, casais separam-se voluntariamente, mulher odeia, mas suporta marido por trinta anos, casais vivem Guerra dos Cem Anos sob o mesmo teto, mulher e marido vivem juntos como se o outro não existisse, marido dorme na sala, homem tem amante, mas vive bem com a mulher, mulher casa por interesse pecuniário, homem promete para a amante que vai se separar da mulher, mulher espera no escuro, com revólver, o marido que chega bêbado… Ah, uma pausa refrescante… Ahgua! Zapetrape, zapetrape, zapetrape… o périplo do Hidrópota Esclarecido do sofá à torneira, da torneira ao sofá. A volta ao mundo em torno da torneira.

Ah! Um homem publicou anúncio em busca de uma esposa. Recebeu 1.788 cartas de homens… que ofereciam as suas.

*Rui Werneck de Capistrano só bebe cerveja

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Sabático no casamento

Para o meu relacionamento dar certo eu faço planos de ter tempo comigo

Dormir em quartos separados, morar cada um em sua casa, abrir a relação, incorporar uma marmita de casal. O que não falta são opções para um relacionamento funcionar. Li sobre pessoas que decidiram levar para o ambiente doméstico uma prática disseminada no corporativo, o sabático. Sem perder a convivência ou o vínculo afetivo, é uma pausa do outro por tempo determinado.

Há anos, tomo meu sabático em pílulas. Meu marido viaja daqui a algumas horas. Sei que depois de uns dias terei saudade, a geladeira estará vazia, sobreviverei graças ao advento do delivery, mas neste momento eu já planejo mentalmente meus dias de férias de nós dois. De não ter que conjugar o pronome nós, de não pensar se ele quer isso ou aquilo. É tudo eu, é tudo pra mim, é tudo sobre mim. E se eu ainda amo meu conge, e lá se vão quase 11 anos, e se ainda adoro fazer tudo com ele quando estamos juntos, é porque tenho muitos momentos com a pessoa que me faz a criatura mais feliz de Copacabana: eu mesma.

Não faz tanto tempo que descobri que eu era a minha melhor companhia. E só consegui isso ao encarar o medo de ficar comigo mesma, ouvir no silêncio os traumas que me atormentavam e enfrentar o desconforto de ser quem eu sou, sem poder me esconder em abraços que não são meus. Tive que acolher os meus defeitos e minhas falhas e aprender a carregar o fardo de todas as escolhas que fiz, de um jeito que ele se acomodou e ficou mais leve. Às vezes, ainda me inquietam e, nessas horas, é quando eu mais preciso ficar só.

Fico sozinha também para reencontrar a mulher que eu aprendi a gostar tanto de ser e que às vezes se perde nas preferências divididas de uma vida a dois. Preciso do meu espaço, dos meus momentos, da minha entrega aos meus desejos, para poder transbordar nessa relação que me salvou de viver à base de Miojo e cerveja, que mantém a geladeira abastecida, a cama quentinha, meu coração tranquilo e que me arranca as minhas melhores risadas. Ele respeita meu tempo comigo mesma, que pode ser uma caminhada na praia, um almoço no meio da semana, uma viagem de dez dias. Eu fico só para ficar ainda melhor a dois.

E lá se vai meu conge, enquanto renovo meus votos comigo mesma. Quero cheirar meus livros, deitar atravessada na cama, acordar sem pressa, almoçar sozinha, abrir uma garrafa de vinho só para mim. Quero pedir um único sabor de pizza, maratonar uma série que ele jamais assistiria, para depois admitir que era ruim, mas que gostei mesmo assim. Encontro amigos que são só meus e pra quem ele não tem paciência, passo mais tempo na academia, perco horas numa farmácia, ouço meu Djavan, arrumos meus armários, vejo fotos antigas.

Tem gente que faz ménage, faz mais um filho, faz concessões. Para o meu relacionamento dar certo eu faço planos de ter tempo comigo. Quero cometer mais erros, me perder sozinha em ruas desconhecidas, ligar para ele do meio de uma plantação de girassóis e dizer que senti sua falta. Quero continuar com essa saudade de nós quando sou apenas eu.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Lira fabricou crise para manter governo como refém

Chefão da Câmara alegou “insatisfação generalizada” e ameaçou implodir ministérios de Lula

Já era noite de quarta-feira quando Arthur Lira desceu do carro oficial na chapelaria do Congresso. A sessão havia sido aberta antes das dez da manhã, mas os deputados dependiam da chegada do chefão da Câmara.

Cercado por microfones, ele informou que havia uma “insatisfação generalizada” com o Planalto. Em seguida, ameaçou não votar a Medida Provisória que reestruturou o governo. “Não é uma matéria de vida ou morte para o país”, desdenhou.

Se a MP não fosse aprovada até ontem, a equipe de Lula seria dissolvida. Dezessete ministérios desapareceriam da noite para o dia. A Esplanada voltaria ao formato deixado por Jair Bolsonaro, que perdeu a eleição.

Pastas como Cultura e Povos Indígenas, prometidas na campanha, simplesmente deixariam de existir. “Se der certo, parabéns”, ironizou Lira, antes de dar as costas aos repórteres e entrar no elevador privativo.

O pupilo de Eduardo Cunha levou o clima de chantagem até o limite. Forçou o presidente a pedir arrego e abrir os cofres para o Centrão. Só na terça, o Planalto liberou R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares. Mesmo assim, suou frio até o fim da votação, que invadiu a madrugada de quinta-feira. “Foi doído, foi doloroso”, admitiria o líder do governo, José Guimarães.

Lira sabe como criar dificuldades para vender facilidades. Transformou a reorganização dos ministérios, que sempre foi um direito de quem vence a eleição, em mercadoria negociada a peso de ouro. Para evitar uma derrota humilhante, o governo teve que ceder os anéis — e ainda pode ser obrigado a entregar os dedos.

Aliados do chefão da Câmara sussurram uma extensa lista de desejos. Ele quer retomar o controle sobre o Orçamento, trocar o ministro das Relações Institucionais e derrubar o titular dos Transportes, filho de seu maior desafeto na política de Alagoas. De lambuja, aceita o Ministério da Saúde, que já havia tentado abocanhar na transição.

Lira fabricou uma crise para mostrar que mantém o Planalto como refém. Depois da votação da MP, renovou o estoque de ameaças. “Daqui para a frente, o governo vai ter que andar com suas próprias pernas”, avisou. Mas ele estará sempre por perto para alugar uma muleta.

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Tempo

Reginaldo Faria e Regina Duarte, Lance Maior, 1968, de Sylvio Back.

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Criptodramaturgia

A composição do recorte textual para a dramaturgia de “CATATAU: a justa razão aqui delira” contou com um experimento de bases na linguística computacional para encontrar novas leituras que pudessem revelar contextos ocultos e estimular jogos experimentais em ressonância com o espírito inventor que tempera o estilo de sua prosa.

Utilizando-se de técnicas de “processamento de linguagem natural” utilizadas também por tradutores automatizados, corretores ortográficos e simuladores de estilo da escrita, produzimos algumas recombinações e índices derivados do texto original que serviram como base para a construção de bordões, ordenamentos e transições das falas.

Uma inspiração para a usina criativa do que batizamos CRIPTODRAMATURGIA: procedimento dramatúrgico inspirado na arte de estudar, cifrar e decifrar mensagens “criptografadas” – ou seja – mensagens ocultas em anagramas, trocadilhos ou formações truncadas pelo ordemento de frases e períodos do texto original.

Como material base compilamos 4 cadernos derivados neste processo: o “AlfaTaTal” – índice do léxico completo do Catatau em ordem alfabética, e três outros que listam sentenças curtas de exclamações, perguntas e afirmações do Catatau em ordem alfabética (“ExclamaTal”, “PerguntaTal” e “AfirmaTal” ).

Outros procedimentos foram inspirados no isolamento de contextos por palavras chave: a utilização de frases e vizinhanças com as palavras “Occam” (“Cânone de Occam”), “Tudo” (transformada no samba “Tudo e Tal”) e sentenças iniciadas com a afirmação do “Eu” (cena dos espelhos da “Eulália”). Estes jogos linguísticos deixaram ainda um caminho aberto para novas recombinações da obra e a construção de processos e textos derivados dos procedimentos de CRIPTODRAMATURGIA.

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La Pietá

Esta semana, quando saí de casa para caminhar no Parque Bariguí, a rua onde moro – no coração do Jardim Champagnat, em Curitiba – estava congestionada. Um corpo está estendido no chão. Ao lado dele, danificada, uma pequena moto, dessas humildes, de trabalho, para carregar encomendas. E, mais adiante, parado no meio-fio, o veículo que o atropelou, um carro importado. O motoqueiro está vivo, apesar do rosto inchado e de um pouco de sangue que escorre pelo nariz. Uma moça de uns 25 anos sentou-se no chão e colocou a cabeça dele no colo. A cena me emociona, lembra vagamente La Pietà de Michelangelo, a obra-prima da Renascença que representa o Cristo nos braços da Virgem.

Paro meu automóvel e, por uma fração de segundos, meus olhos cruzam com os do rapaz. Não sou bom intérprete das emoções que ocorrem nessas horas, sempre botamos nossas próprias coisas nos olhos dos outros, mas vejo que há medo, insegurança, no rosto daquele menino. Numa palavra, solidão. Para usar outra, abandono. Estirado numa avenida, atropelado por alguém importante o suficiente para ter um carro de luxo, ele está assustado – parece mais sozinho do que nunca esteve. A garota anônima, cheia de piedade, em estado de graça, passa a mão por seus cabelos. Ela não fala nada, está ali, generosa, quieta, com aquele motoqueiro ferido nos braços, à espera da ambulância.

Talvez com seu gesto tente corrigir uma sensação que dá em todo mundo. A de que é bem nesses momentos, os grandes momentos, que estamos sós, terrivelmente sós, apesar das pessoas e carros que passam aos montões pela frente da gente.

Publicado em Almir Feijó | Deixar um comentário
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O vampiro predador

O vampiro é um arquétipo múltiplo, que vai recebendo diferentes projeções conforme ressurge em cada época, em cada cultura.  Cada medo customiza o vampiro de que precisa. Se o medo, como dizem os psicólogos, é um desejo ao contrário, tem a mesma força do desejo, a mesma energia vital do desejo, a mesma dinâmica do desejo. Quando Bram Stoker publicou “Drácula” (1897), saiu catando fragmentos de folclore da Europa Oriental, da Irlanda, do Oriente. Havia precedentes literários importantes (Richard Francis Burton, John Polidori, Sheridan Le Fanu, etc.), mas há um certo consenso de que a obra de Stoker foi dentro do mito o que se chama de uma “mudança qualitativa”. O jogo inteiro foi zerado em função das novas premissas.

Numa palestra no evento “Noites com Vampiros” (Caixa Cultural, Rio), com Júlio França e Júlio César Jeha, discutimos algumas dessas máscaras qe o vampiro usa, ou melhor dizendo rostos, porque o vampiro, sendo um mito, não tem existência física a não ser no rosto que dele enxergamos. O mito é um feixe de estímulos potentes, contraditórios, imperiosos. A experiência do mito é sempre única, intransferível, porque é a soma do estímulo (um livro, um filme, uma imagem, etc.) com a nossa resposta a ele.

O vampiro criado por Stoker acabou se encarnando num aristocrata da Europa Oriental, um trecho sempre problemático do império britânico, aquele “onde o sol nunca se punha”. A Transilvânia parece um local onde o sol nunca nasce, pelo menos na severa iconografia que o livro de Stoker inspirou. É um lugar atrasado onde se acreditam em bruxas, maus-olhados e feiticeiros. Já a Inglaterra era a Inglaterra de Allain Quatermain, Sherlock Holmes, a Inglaterra hoje romantizada e até desmedulizada numa parte do Steampunk, que esquece o lado cruel daquele processo todo, um “Casa Grande & Senzala” muito mais brutal. A Inglaterra onde o Conde Drácula surge como um aristocrata cada vez (no cinema) mais sofisticado, mais byroniano, mais baronial, mais carismático e magnético, o nobre capaz de dar uma ordem com um simples olhar – a outro nobre.

É mais simples dizer que o poder de Drácula é o poder que a Europa já teve e com o qual sonha, com seu Impossível Retorno.  Mas numa sociedade cada vez menos aristocrática e mais propensa a mitologizar o aristocrático, Drácula tem o poder e o carisma do patrão cruel visto pelos olhos do escravo agradecido.  É a versão masculina da Ayesha de H. Rider Haggard: Aquela A Quem Devemos Obediência. O cavalheiro de olhar penetrante, o herói byroniano diante de quem todos se curvam, e se curvam com gratidão e maravilhamento.

Publicado em Braulio Tavares | Com a tag , | Deixar um comentário
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August Ames. ©Zishy

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A lira do delírio…

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