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Trizes

Riscos colaterais, perigos transversais, ameaças circunstanciais, sustos perimetrais. Pra continuar ileso na vida, só escapando por um mícron, um fóton, um elétron. Como os trizes estão em toda parte, os escapes variam.

Você é um bebê lá no útero materno, sem saber de onde vai sair. Vai que a mãe da vez seja uma vaca? Mas, peraí, isto aqui não é um curral, é uma maternidade, e você não é um terneiro. Escapou por uma matriz.

Você é um concursado em algum alto escalão, acumulou tempo suficiente para uma aposentadoria integral com todos os bônus e benefícios. Se aposenta num dia, no outro uma lei revoga todas essas mamatas. Escapou por uma diretriz.

Você é um criador em crise, nunca desanimou assim. Rabisca uns bilhetes suicidas, que amassa. De repente, apanha as bolinhas, relê e descobre que têm humor. E escreve uma peça inspirada. Escapou por uma força motriz.

Você é um desempregado, o caderno de classificados não oferece nada, nada, nada.Você vai completar um ano no estaleiro. Mas, olha ali, no cantinho da página, querem alguém pra britar pedreira. Escapou por uma perfuratriz.

Você é um estudante, se ralou em vários vestibulares e tenta outro. Prova a prova, vence o desafio. A última é matemática, você resolve todas as questões, até um problema clássico, conhecidíssimo. Escapou por uma bissetriz.

Você é cliente da zona anos a fio, conhece todas as mulheres. O problema é que a AIDS acaba de chegar à rua. A sorte é que o sexo agora está mais caro. Para não ser explorado, você desiste da zona. Escapou por uma meretriz. Etc…

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A CPMI do outro Arthur

Apesar de a base governista aguar de vontade para convocar Jair Bolsonaro, seus auxiliares e até a sua mulher, Michelle Bolsonaro, com as mais variadas justificativas, dificilmente terão sucesso em tudo na presidência de Arthur Maia (União Brasil-BA).

Assim como diz que não permitirá teses estapafúrdias sobre a participação de membros do governo no quebra-quebra no Congresso, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto, Maia não está disposto a colaborar com ataques a Bolsonaro.

A ordem de Arthur Lira, a quem Maia é ligado, é evitar incêndios. Mas, como diz um conhecedor dos métodos do presidente da Câmara, o andamento vai depender das relações com o governo e das eventuais mensagens que lhe queira enviar.

Diz um interlocutor de Lira: ele terá mais controle sobre a CPMI que o presidente do Congresso, o senador Rodrigo Pacheco. Não só porque exerce ascendência sobre o presidente da comissão, mas porque 15 dos 32 integrantes lhe são leais. Lula sabe. Mas disse a aliados que não tem o que fazer.

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Hoje!

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© Orlando Pedroso

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‘Cadê os defensores dos burros?’, diz cidadão sobre fala de Magno Malta

Causou revolta e indignação (menos em alguns comediantes de stand-up) a fala do senador Magno Malta sobre o novo episódio de racismo vivido por Vini Jr. na Espanha. Malta questionou por que os defensores de animais não saíram em defesa do macaco, mas nas redes sociais os brasileiros não deixaram barato: “Cadê os defensores dos burros e das antas?”, protestou um cidadão após a fala estúpida de Magno Malta.

O caso de Vini Jr. segue repercutindo pelo mundo. Um dos torcedores presos se defendeu alegando que estava exercendo sua liberdade de expressão e se manifestando culturalmente já que a Espanha tem mais de 500 anos de tradição em racismo.

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La Petite Mélancolie

Carmen Tórtola Valencia at home c.1926 © 2016. Centro de Documentación y Museo de las Artes Escénicas.

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As novelhas, ontem

A Farsa – 19h50 – Demóstenes recusa a pizza e é mal interpretado por Olívia, que se retira do velório. Olegário chega em casa e não encontra ninguém. Mora sozinho. O mistério aumenta quando descobre um bilhete em cima da cômoda. Não há cômoda na casa. As prostitutas que haviam sequestrado Libório devolvem o corpo, mas sem a parte de baixo, atrapalhando as investigações.

Jô Soares se desvencilha de um regime e é visto engordando numa churrascaria do Alto da Glória. Dias Gomes e Glória Magadan passeiam pelo Parque Barigui. Dalton Trevisan os observa. Ronnie Cord é abatido a sorvetadas pelo fã-clube de Orlando Alvarado. A policia é obrigada a intervir. Veruska entrega o ouro para os bandidos. É ouro falso. Os bandidos são falsos. Veruska é falsa. A farsa prossegue. Costinha assiste a tudo, de longe.

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© Jan Saudek

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Flagrantes da vida real

Requiescat in pace. Maringas Maciel, em silêncio.  © Giselle Hishida

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O que resta do Tatuapé?

Meu sonho é encher um ônibus com meus amigos e parentes e invadir o Fasano Boa Vista

O Garoto (é assim que ele assina o e-mail) me escreve porque quer saber “o que resta do Tatuapé” na minha “rotina e costumes” de “jovem senhora morando em bairro nobre”.

Me lembrei de quando um escritor de meia-idade, que também é jornalista, veio até minha casa fazer meu perfil para uma revista masculina. Eu tinha acabado de lançar um livro que, além de ter ficado entre os cinco mais vendidos do país, estava em disputa por duas grandes produtoras para ser adaptado para o cinema. Eu também já era colunista deste jornal, e minhas crônicas já naquela época ficavam entre as mais lidas e compartilhadas. Somados, os roteiros de comédias que eu havia escrito tinham levado mais de 5 milhões de pessoas às salas de cinema.

Mas por que falar sobre o sucesso de uma mulher, não é mesmo? Ainda mais uma mulher que tinha a mesma profissão daquele escritor jornalista de meia-idade, que era uns quinze anos mais velho do que eu e nunca havia conseguido chamar muita atenção para o seu trabalho.

Fosse a década de 90, ou mesmo os anos 2000, talvez o perfil começasse com a descrição dos meus seios e quadris. Mas estávamos em 2015, e o jornalista/escritor/agitador cultural de sarau de desaplaudidos sabia que não poderia cometer esse “autoaniquilamento” de carreira. Então começou a matéria dizendo que eu tinha passado a entrevista inteira disfarçando um “atraente sotaque de periferia” e “querendo forçar alguma elegância”. O machismo sempre dá seus jeitos de perpetuar a espécie.

Meu amigo (e aqui me refiro ao Garoto, e não ao jornalista/escritor/performer de alcoólatra que me entrevistou), se tem algo de que não faço questão nesta vida é falar, andar, comer e fitar o pôr do sol imitando a aristocracia decadente que sobrou na zona oeste depois de três gerações torrando a fortuna do bisavô escravagista. Vejam: eu adoro pousada, hotel, restaurante e loja de rico, porém não suporto nenhum rico dentro desses lugares. Meu sonho é encher um ônibus com meus amigos e parentes e invadir o Fasano Boa Vista. Não suporto o sotaque dos ricos, a malemolência daquela língua afrescalhada com cifrões nos perdigotos, a faca na mão direita para cortar um fake prime rib −sempre a favor das fibras−, a postura eretíssima da coluna, porque se curvar, mesmo com cinco hérnias, é coisa de pobre. Não suporto, não quero parecer, não quero imitar e, sobretudo, jamais quero votar como a maioria deles. Mas tenho muita inveja de herança. Muita. Da minha família eu só herdei dor crônica e doença autoimune.

Por exemplo, esse repórter/escritor/jornalista/DJ de meia-idade. Ele se considerava de elite. Só que, na época, alugava um imóvel que pertencia a um casal de amigos meus, e eles me contaram que o senhor não só não pagava o aluguel havia mais de um ano como sempre que os encontrava dizia “não pago mesmo, sou artista maldito”. Se tem uma coisa que eu não suporto, bicho, é artista maldito. Não é tão difícil largar uma cadeira de boteco por uma cadeira de escritório. Mas, se para você for impossível, daí é sua obrigação escrever um “Pornopopeia”. Se você for tão brilhante quanto o Reinaldo Moraes, eu até pago o seu aluguel. Em qualquer outro caso, apenas odeio os artistas malditos de meia-idade cagando regras e poesias ruins em mesinhas brancas de plástico.

Talvez essa raiva também seja algo que me “resta do Tatuapé”. Desde que me mudei para Higienópolis, percebo que a raiva saiu de moda. Em Perdizes ainda tinha muita bile escorrendo nos papinhos de elevador, mas aqui todo mundo parece ter saído de uma longa sessão de ioga. Finérrimos. Dei uma festa na qual se ouvia Anitta a quinze quadras da minha janela (odeio barulho, nunca faço, só que quando faço é pra valer) e ninguém (NINGUÉM!!!) do meu prédio reclamou ou brigou ou me olhou feio. Apenas fui obrigada a pagar uma multa de quase 3 mil reais no dia seguinte. Finérrimos. Elegantes. Nunca senti tanta saudade de uma boa senhora italiana me esculhambando com braços gordos e molengos às quatro da manhã. É muito melhor ser ofendida por alguém que passa nervoso, passa mal, passa do ponto e pede desculpa (pessoas reais) do que aturar sorrisos equilibrados e ter de pagar três paus. Rico não se desgasta. Eles têm advogados e funcionários para isso. Continue lendo

Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Minha casa, minha vida

© Caetano Solda

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Entra por um ouvido e não sai pelo outro.

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Já foi na Academia hoje?

Roque Sponholz –  © Fernandes

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Bozonazismo!

 

© Cau Gomez

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