2011

junho de 2011

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Fragmentos de crenças

São muitas as metáforas para a fragilidade de nosso conhecimento do Universo, seja ele o conhecimento científico ou o religioso.  Só temos acesso a fragmentos, e organizamos esses fragmentos de acordo com sistemas um tanto ou quanto arbitrários.  Vêm daí as metáforas tradicionais que ironizam as limitações do nosso saber.  Somos a traça que está devorando uma coleção da Enciclopédia Britânica. Somos a formiga que percorre o Louvre e tenta descrever o que está vendo. Somos a mosca do cinema que sai da platéia e vai pousar na tela, na esperança de entender melhor o filme. 

Em “Um cântico para Leibowitz” de Walter M. Miller Jr. (1960), uma guerra atômica no século 20 deixa o planeta em ruínas.  Dessas ruínas, penosamente, ergue-se uma nova civilização, não sem que antes o mundo passe por uma idade das trevas em que a ciência, o conhecimento e os livros eram considerados culpados pela desgraça que acontecera.  A ordem religiosa de São Leibowitz tenta preservar documentos importantes para que nem tudo da cultura humana seja destruído; mais ou menos como em “Fahrenheit 451” as pessoas decoram livros inteiros para evitar que seu texto se perca.  Muitos desses documentos são papéis que pertenceram ao fundador da Ordem, um engenheiro elétrico chamado Leibowitz, e vários trechos do livro mostram a discussão dessas relíquias conservadas através dos séculos.  Quando o texto das relíquias é reproduzido, vemos que são diagramas de instalações elétricas, listas de supermercado e outras coisas que nós, do século 21, facilmente identificamos, mas que não podem ser compreendidas nessa cultura do século 26, que é meio medieval e mística.

Os papéis de Leibowitz, que afinal não são mais importantes do que qualquer papel das gavetas de nossas escrivaninhas, são tratados com o cuidado que o mundo de hoje dá aos Manuscritos do Mar Morto ou ao Livro Sagrado dos Maias.  Quem os estuda acredita existir ali uma sabedoria oculta, mesmo que ninguém consiga chegar a um acordo sobre o seu significado.  Uns tentam interpretá-los cientificamente (mas à luz de uma ciência que já não é a mesma nossa) e outros os tratam como objetos sagrados, inspiradores. 

Miller parece sugerir que o nosso mal-entendido com relação aos nossos textos sagrados (Miller pertencia ao pequeno mas importante grupo de escritores católicos da FC norte-americana) talvez nos conduza ao erro pelo viés da Razão, mas pelo viés da Fé pode servir de inspiração para nos conseguir o acesso a verdades mais profundas.  O que importa não são as banalidades escritas nos papéis de Leibowitz, mas as coisas grandiosas que os religiosos do futuro imaginam decifrar neles.

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Grandes Atletas da História

Juvenildo – Jogador de futebol, Brasil, 1926. “Cotovelo de Ouro” era o apelido de Juvenildo Constâncio, criador do gol de cotovelada. Sua habilidade não se restringia ao braço esperto: era hábil e poderoso também nas cabeçadas e na dança do ventre. Apareceu no futebol quando foi escalado pelo técnico Artacherches Fonseca como centro-avante do Frontêra Bagual, no Rio Grande do Sul, em 1943, numa memorável partida em que o time gaúcho goleou o CTFC (Centro de Tradição do Futebol Catarinense) por 6×0, fazendo três gols de cotovelada e um com a barriga milagrosa que espantava a torcida. Nunca chegou à Seleção Brasileira, pois era adepto do “copo de cerveja fatal” que o afastava dos coletivos por intoxicação alimentar. Também era mulherengo e viciado em naftalina. Na derrota do Brasil para o Uruguai, em 1950, chorou copiosamente e morreu afogado nas próprias lágrimas, ao descobrir que a empregada havia limpado as gavetas e jogado fora todas as suas bolinhas de naftalina. Era ainda nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga.

Abbdul Jabar – Atirador de quibes, Brasil, 1947. Abbdul foi o maior atirador de quibes de todos os tempos, superando inclusive o campeão Mão Veloz, atirador de charutinhos de repolho, assassinado cruelmente por um palestino mal alimentado. Abbdul conseguia arremessar quibes a uma distância de mais de 20 metros, sem errar o alvo, geralmente o prato dos fregueses do restaurante, que aplaudiam freneticamente e dobravam a gorjeta.

Derek Mostello – Provador de supositórios, Itália, 1952. Mostello nasceu, literalmente, de cu pra Lua. Foi por isso que conseguiu quebrar a marca mundial de prova de supositório estabelecida por Mallavich Grevnik, búlgara que provou mais de 15 supositórios de menta e hortelã em dez minutos. Derek morreu pobre, no anonimato, como provador de Buscopan na veia, depois de uma carreira meteórica. Bundinha de Prata, como é conhecido até hoje, tem uma estátua de bronze na praça de sua cidade natal, Palermo, naturalmente, de bunda pra Lua.

Arnésio Darlene – Palitador de dentes, Brasil, 1968. Arnésio é considerado, por unanimidade, o maior palitador de dentes de todos os tempos. Não perdoava fiapos de manga, fibras de costela, pedacinhos de azeitona, barba de camarão-abraçadinho e não permitia que resíduos de espécie alguma fossem hóspedes de sua famosa arcada dentária, que ostentava seis poderosos e reluzentes dentes de ouro, acumulados durante sua curta e risonha carreira. Recebeu várias honras, diversos títulos mundiais nas mais variadas categorias, que incluíam mordida a curta distância, espirro sem abrir a boca e bochechos com folhas de malva. Suas 18 vitórias, em 20 competições – três vezes a Maratona de Santa Felicidade, duas vezes a Palitada da Mateus Leme e ainda 12 títulos na categoria Espeto Corrido – mostraram que Arnésio palitava os dentes sem pôr a mão na frente pra disfarçar. Continue lendo

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Pra Mim Chega

Nacos de verdade deixam um vazio amargo. De uma intensidade tal que, mesmo passado alguns anos desse tempo obscuro, são uma denúncia sempre que evocados. “Pra Mim Chega” é o último poema de Torquato Neto. Um poema holocausto. Um bilhete suicida. Depois desse bilhete, o ato. E Torquato o fez. Nosso respeito e nossa homenagem ao seu trabalho e seu humor fatal. No sul não se faz um humor risonho e franco. A mordaça é grande, a mordacidade, maior, não é Millôr?  Rettamozo

Desenhos de Tiago Recchia, Solda, Retta, Miran, Douglas Mayer e Dante. Capa, coordenação editorial e gráfica de Rettamozo. Editora Beija-Flor, 1979.

Quem procurar, acha!

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Essencialmente nazista

Livro mostra que adesão de Heidegger a Hitler foi bem mais profunda do que se pensava

Um autor pode ser moralmente problemático —”do mal”, se é lícito tomar emprestada a terminologia infantil— e produzir uma obra relevante? Vivemos em uma época que parece julgar antes de pensar, mas não é porque nossa época faz isso que somos obrigados a seguir-lhe os passos. E nenhum autor se presta melhor a provocar esse tipo de reflexão do que Martin Heidegger (1889-1976), o filósofo nazista.

“Heidegger in Ruins” (Heidegger em ruínas), de Richard Wolin, é uma obra devastadora. Wolin se debruça sobre os chamados “Cadernos Negros”, publicados a partir de 2014, uma espécie de diário em que Heidegger anotou seus pensamentos, e outros materiais só recentemente divulgados, como a correspondência com o irmão Fritz, e mostra que o nazismo e o antissemitismo são indissociáveis da obra do pensador alemão.

Se, até a década anterior, admiradores de Heidegger ainda podiam descrever seu envolvimento com o nazismo como oportunismo ou desvio de caráter, que não afetava os fundamentos de sua metafísica, fazê-lo agora tornou-se bem mais difícil. É o próprio Heidegger, afinal, quem anota que o desenraizamento (“Bodenlosigkeit”) do povo judeu o aproximava do não-ser, não havendo alternativa que não o seu aniquilamento (“Vernichtung”). Ele também sugere que o problema do nazismo foi não ter sido radical o bastante.

O livro de Wolin vai aos detalhes, a ponto de tornar-se repetitivo. O tom tem algo de inquisitorial. O resultado não é bom para Heidegger. Mas Wolin faz questão de dizer que seu objetivo não é cancelar o alemão, que pode e deve ser lido. Se ele ainda hoje influencia figuras detestáveis como Steve Bannon e Aleksandr Dugin, também foi importante para um séquito de autores como Sartre, Beauvoir, Foucault, Derrida, cujo pensamento tem alguma relevância. Wolin pode ser duro com o alemão, mas está fazendo o que na faculdade de filosofia chamávamos de história das ideias.

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janela-lina-faria© Lina Faria

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Frases dos Melhores Humoristas Judeus

 

Milton Berle (Mendel Berlinger|1908|2002)

– “Temos que agradecer a Thomas Edison; se não fosse ele, estaríamos assistindo TV à luz de velas”.

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Aparicio Torelly

Uma chácara pode progredir até chegar a estado de sítio.

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Chase Jenaro. © Zishy

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You’re Going to Lose That Girl

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© Jan Saudek

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Em casa

patrícia-basquiat© Patrícia Basquiat

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decade_05Britney Spears e Madonna. Splish Splash! © Tottaly Cool Pix

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Que país foi este?

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