Questão de grau

O presidente defende os políticos: “se tem uma profissão honesta, é a do político“. Se não estava sóbrio ou era a boquirrotice em acentuada evolução, só Janja sabe. Mas Zenão de Eleia revolveu-se na cova helênica e bradou: “Logo, quem não é político é desonesto, até ladrão”.

O político que afirma isso não é honesto, ainda que tenha ficha limpa. Nenhum político pode ser honesto na extensão e na acepção da palavra. Porque para sobreviver o político submete-se a interesses contrários e contraditórios e isso não concilia a noção de honestidade. Quando o presidente atual diz que os políticos são honestos está atribuindo a virtude ao presidente que o antecedeu, um desonesto patológico. Os políticos são como as piadas, que no geral sobrevivem graças aos recém-nascidos, virgens delas e deles.

Os políticos são honestos para os pobres de espírito, os inocentes, os crédulos e para seus cúmplices, deles políticos. Assim, continue a rir das piadas velhas como gentileza aos que as repetem. E acredite na honestidade dos políticos como homenagem a si mesmo, mesmo na honestidade do presidente que é 90% menos desonesto que o presidente anterior, ainda que saibamos que ele faz piada ao defender sua classe. Porque não é a honestidade que conta nos políticos, sim o grau de sua desonestidade.

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Aparício Torelly

“Quando pobre come frango, um dos dois está doente”

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Na década de 90, quando o diretor de redação me cobrava o deadline da charge e eu a entregava com algum atraso, dizia a ele “antes charge do que nunca!” Mestre Solda gostava deste meu brocardo e o usava com frequência, com bela arte tipológica, em seus blogs, sempre citando a autoria: “copirraite Tiago Recchia”.

Eu tinha plano de editar um livro com um punhado de charges minhas com este título. Daí um cartunista do norte do país, assíduo nas páginas do Solda, publicou um livro de coletânea de charges com o título “Antes charge do que nunca”. Solda me mostrou, dizendo algo como “putz”. E eu respondi “culpa sua”. Isso tem mais de uma década. Desisti, claro, deste título para meu livro – até hoje aguardando edição.  Então, fuçando agora em salões de humor gráfico, vi que o Salão Internacional de Humor de Piracicaba usou meu aforismo trocadilhesco. Conclusão: a gracinha “antes charge do que nunca” que criei na década de 1990 não é minha, é de todos, está aí no ar pra ser usada.

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Elas

Fernanda Montenegro.  © Gal Oppido

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Cabbages and Kings

República das bananas é um termo pejorativo para um país, normalmente latino-americano, politicamente instável, submisso a um país rico e frequentemente com um governante corrompido e opressor. Sua economia é, em grande parte, dependente da exportação de um único produto, tais como bananas.

Normalmente, tem classes sociais estratificadas, incluindo uma grande e empobrecida classe trabalhadora e uma plutocracia que compreende as elites de negócios, política e militares (embora o nível de desigualdade social da América Latina seja, atualmente, menor do que em alguns países desenvolvidos). Esta oligarquia político-econômica controla as produções do setor primário e, assim, explora a economia do país.

O termo foi criado por O. Henry, um humorista e cronista estadunidense. Originalmente, o termo referia-se a Honduras e foi apresentado no livro de contos curtos Cabbages and Kings, de 1904, ambientados na América Central. “República”, nessa época, era também um eufemismo de “ditadura”.

Wikipedia

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Sossélla

Sérgio Rubens Sosséla (1942-2003) – Juiz de Direito, foi poeta, crítico, ficcionista, jurista e, quase sempre, editor de seus próprios livros. Entre dezenas de títulos que publicou a partir de 1962, estão Auto(cine)biografia, A Linguagem Prometida, Rosa Maria rosa, O enterro do sol, Da aparência da situação jurídica, A Nova Holanda. Sua obra segue sendo objeto de análise por estudiosos e acadêmicos.

Dezenas de autores, todos já falecidos, não demonstraram interesse em participar da Academia Paranaense de Letras, por diversos motivos: porque achavam que a entidade não os representava (por motivos estéticos, ideológicos ou por diferenças pessoais com acadêmicos), por proibição estatutária (caso da presença feminina), por viver longe do Paraná, por timidez do escritor ou por desinteresse da própria Academia em estimular possíveis candidaturas. Sem esquecer que o limite de 40 membros sempre se mostrou um permanente limitador. Entre esses, selecionamos dezenas de nomes que fizeram parte da vida científica e cultural do Paraná, sem passar pela nossa instituição. Exceto Júlia Wanderley, autora de artigos e textos diversos, mas sem obra em volume, os demais tiveram livros publicados. Outros nomes podem ser sugeridos.

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Culpa no cartório

Bolsonaro pode acabar enredado pelas tramas que tece cheias de vaivéns

Os advogados de Jair Bolsonaro são por vezes injustiçados na avaliação de colegas de profissão pela ginástica que são obrigados a fazer para adaptar as falas do “paciente” às necessidades jurídicas dele.

O defeito não está nos defensores. Está no defendido, que durante quatro anos ateou fogo às próprias vestes e, por isso, tornou-se indefensável. Para ilustrar nem vamos ao conjunto completo da obra; bastam os casos das joias sauditas e do post “acidental” sobre fraude nas eleições.

Os sofridos causídicos ainda têm uma estrada longa e acidentada (e ponham acidentada nisso) pela frente tal a quantidade de enroscos judiciais a serem enfrentados em nome do cliente.

Não faço a mais pálida ideia de como farão para convencer o Tribunal Superior Eleitoral de que o então candidato à reeleição não abusou do poder na campanha de 2022. Vão precisar de sorte e da ajuda divina.

Auxílio assaz indispensável a uma banca obrigada a recorrer a argumentos pouco críveis. Sobre a postagem, restou alegar que o ex-presidente estava fora de si ao acusar tramoia no pleito 48 horas depois da tentativa de golpe sob a mesma alegação. Na primeira manifestação a respeito não se falou em medicação, só em inépcia digital.

Ao se perceber a difícil digestão da tese, os remédios entraram na cena. Se é verdade, por que não foi dito isso logo? E outra: não consta que o presidente estava sob efeito de morfina nas inúmeras vezes em que difamou a lisura das urnas eletrônicas.

No episódio das preciosas das arábias, além das nebulosas justificativas diante de fatos muito claros, surgiu a versão de que um dos kits de maravilhas ficou dois dias esquecido na cozinha do Alvorada, tal o desconhecimento sobre o conteúdo por parte dos ocupantes do Palácio do Planalto.

São tramas cheias de vaivéns cujo autor tece uma teia em vários capítulos e, no epílogo, termina enredado por ela.

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Inventar um avô

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Fraga

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MiniDicionário da Língua Brasileira, por Mestre Werneck

Abecedário – conjunto de sinais gráfico que, às vezes, se encontram para formar palavras inteligíveis – escritas ou proferidas.
Ditongo – pessoa duas vezes tonga.
Conversa – palavras provindas do abecedário (ver acima) que se misturam no ar, em diversas alturas de som, depois de sair da boca de uma ou mais pessoas, se desencontrando nos ouvidos mais próximos.
Conversa 2 – troca de palavras que escondem os pensamentos.
Discussão – mesmas palavras da conversa (ver acima), só que mais misturadas ainda e sem nenhuma intenção de inteligibilidade ou transmissão de pensamento.
Discurso – reencarnação de palavras mortas e enterradas. Ex.: Vossa Senhoria, Excelentíssimo Sr., Nobre Deputado, Caríssimos colegas, etc.
Escrita – tentativa de registro dos raros pensamentos, geralmente enevoados, inconclusos e entrevados.
Analfabeto – confundido com ágrafo.
Ágrafo – confundido com ágrafo.
Dicionário – o mesmo que cemitério, museu, mausoléu, tumba.
Minidicionário – o mesmo que dicionário, só que retiram dele o que não se precisa mesmo saber. Ou o que acham que a gente já sabe.
Abreviatura – todo e qualquer modo de escrita que reduza o tempo de comunicação e dificulte o entendimento.
Palavrão – linguagem do povo, pelo povo e para o povo.
Língua – parte do corpo humano que serve para degustar Big Mac.
Palavra – conjunto de letras, geralmente com alguma forma de aleijão, que pode ser escrita ou falada.
Acentuação – sinal que fica muito bem na linguagem falada. Na escrita é apenas enfeite que não encontra lugar.
Tritongo – pessoa três vezes tonga.
Sussurro – conversa de telenovela. Na vida real não existe.
Vocabulário – conjunto de palavras (vide acima) que está em extinção.
Vocabulário pessoal – conjunto mínimo de palavras usadas para expressar tudo todo o tempo.
Papo – dificuldade de entendimento oral entre duas ou mais pessoas, causada, geralmente, por uso de expressões idiomáticas de baixo calão.
Sinônimo – elemento lingüístico em fase de extinção.
Antônimo – ver Sinônimo.
Frase – desconjuntado de palavras que se atropelam para atravessar o brejo das idéias. Geralmente, afunda.
Crase – sinal gráfico mais chato que existe. Pior que sinal vermelho do semáforo à noite: só serve pra ser furado.
Pontuação – sinais gráficos que não funcionam na linguagem escrita e na falada só servem para puxar fôlego.
Gramática – conjunto de leis da linguagem que caiu em desuso no século 19.
Gramática (2) – lugar perigoso, habitado por animais de nomes estranhos: apócope, sinédoque, silepse, cacófato, etc. Continue lendo

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Meu tipo inesquecível

Linda Susan Boreman ( Nova York, 10 de janeiro de 1949 — Denver, 22 de Abril de 2002), Linda Lovelace, tornou-se conhecida pelo famoso Deep Throat (Garganta Profunda), cult do cinema pornô do diretor Gerard Damiano, 1972.  © Getty Images

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Kris Eknard. © Zishy

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Baragoléticos!

De repente uma explosão de furúnculos baragoléticos! Especimezinha que brotoeja esotérica na alinhavada esfinge halitosa de sacco & vanzetti, última dor do inácio, aquele magrela, comunista entrega pizzas na Academia Paranaense de Letraset, comedor de quejandos entocado na cavernosa idiotice, cantando mantras, só lamente uma vez, bigodites, cavanhaquices sisudas misturam ditados de poetas philósophos pelados descendo o Nhundiaquara de bóia-fria, à margem esquerda de quem sai e espera o barreado frígido locopaca, embutido no insepulto que já fede. Urubus vomitam. Ninguém é prefeito.

O protofônico que tem medo de Virginia Wolff não quer esperar a perícia montada, de como ser vaiado pela gargantula da républica curitibana: essa é mais uma tarifa para o supra comunista, amoscanhento regrudado no teto do aeroaperto do alfa rábius oculto entre teias de homens-aranha, o parecer do banco central detona relatórios hediondos e condena reles comunista a ler catataus e livros dos contrários por toda eternidade, para afugentar os corvos monossilábicos, parte do guruato lhe atira pedras, pratos de sopapos embotam o cérebro fétido: já não cogita, ergo, o caralhaquatro, o caralho aquático.

A mão que afoga é a mesma que desenha e afaga o garçom, habeas-corpus moles, nesse espaço de tempo mostra a bunda reluzente de necrófilo estapafúrdio, fanzines de carteirinhas abrem as bocálidas e respiram mau-hálito resplandescente, barata com caspa, assim excitou o daltônico trevisético emparelhado com o comunista na subida de sísifo, comendo o fígado de prometeu acorrentado, tratando os algozes com respeitinho de adolescente, intumescido, vade retro, comunista, quem te viu na mtv? Toda família curitibana tem um comunista trancado no porão, macaqueando hipérboles antagônicas sobre eras trevisânicas, moléculas que andam de biciclétula.

O protomedicato decidiu fechar as boticas, evitando tumulto barbalho defronte ao paulanque da Maurechal. 

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Dodó

Os especialistas em plantas artificiais são nômades por não darem a mínima pra esse negócio de fincar raízes. 

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