Kare wa motte iru

Gisere Hishida, jorunarista, com seus bichinhos de perúcia. ©Toshiro Mifune

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Fraga

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Gente de Itararé

Elvira Pagã, Elvira Cozzolino|Itararé|1920|Rio de Janeiro|2003

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Colapso de uma ilusão – autoajuda

A reação depressiva imobiliza a pessoa. O desapontamento pode deixar a pessoa triste, mas não imobilizada. Não confunda estado de tristeza com depressão. Mas, a gente confunde tudo e acaba deprimido por causa disso. Ou muito, muito triste. O reconhecimento e a aceitação de um sentimento mudam a qualidade do estado emocional. Perceber, tomar conhecimento e aceitar um estado emocional dá asas novamente. Suprimir as emoções é a pior coisa a fazer. Isso amortece a luz da vida, rouba a energia da alma. Vamos buscar vitalidade pras nossas vidas. Vamos nos mover pra corpo e alma em perfeita sintonia. Ou, pelo menos, correndo na mesma direção.

Por aí, se vai fácil a um livro de 500 páginas com o pomposo título Colapso de uma ilusão. Evoca-se ambiente, companhias, solidão. Trazem-se à tona supressões, medos, negações, hostilidades, atitudes inconclusas. E as páginas se enchem de análises, conselhos, padrões de comportamento. E a vida mesmo está bem ali, depois da porta, antes da janela, no sofá, na cozinha, no quintal. Fisicamente presente, emocionalmente ausente ou vice-versa. E, aos trancos e barrancos, olha-se pra frente e tenta-se viver agora. Sem esquecer o ontem. Uma carga muito pesada pra quaisquer ombros, barrigas, mãos, cérebros. Juntos ou esquartejados.

*Rui Werneck de Capistrano é deprimido e não tem cura

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Ykenga

Ykenga (Bonifácio Rodrigues de Mattos) nasceu no Rio de Janeiro um dia após o Dia da Abolição da Escravatura, 14 de maio, só que no ano de 1952. Do signo de Touro com ascendência em Libra, Dragão no horóscopo chinês e filho de Xangô no candomblé. Inicou sua carreira nos anos 1970, no semanário O Pasquim. Trabalhou nos jornais Última Hora, Jornal do Commércio, O Fluminense, A Notícia, Jornal dos Sports, O Povo na Rua, Liberacion (Suécia), La Juventud (Uruguai). Tem desenhos incluídos no acervo da Casa do Humor e Sátira de Gabrovo, Bulgária.

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Rafaela na janela

© Ricardo Silva

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Casamento de prefeito com adolescente pode ser anulado, diz CNJ

Casamento não poderia ter sido celebrado por vice-prefeita, segundo o Conselho Nacional de Justiça, que abriu investigação sobre o caso

O casamento do prefeito Hissam Hussein (sem partido), de Araucária, com uma adolescente de 16 anos pode ser anulado. O motivo, no entanto, não é o fato de a noiva ser menor de idade, nem a diferença de 49 anos entre marido e mulher. O problema legal, de acordo com texto divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), é que a vice-prefeita, Hilda Lukalski Selma, não poderia ter celebrado o casamento.

Cartorária do município e irmã da primeira esposa de Hissam, Hilda não poderia acumular a função de cartorária com a de vice-prefeita. Em tese, ela está afastada das funções no tabelionato desde que tomou posse no cargo de vice no município, em primeiro de janeiro de 2021, e só poderia voltar à função depois de encerrar seu mandato na prefeitura.

O CNJ informou que a Corregedoria Nacional de Justiça abriu uma apuração sobre o caso e que, dependendo do que for apurado, a infração pode levar à anulação do casamento. A adolescente é a quinta esposa de Hissam Hussein, de 65 anos, um empresário rico de Araucária que está no segundo mandato à frente da Prefeitura.

Desde que o Plural revelou o matrimônio, na segunda-feira (24), Hissam já foi obrigado a se desfiliar do Cidadania, virou alvo de investigações no Ministério Público Estadual e precisou demitir a mãe e a tia da sua nova esposa de cargos comissionados na Prefeitura.

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Terapia ocupacional

Eu – acrílica sobre tela, 40x50cm, 1999. Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro. Livro Arte de Viver|Poesias e Pinturas, Janssen-Cilag, 2000.

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Tempo

O cartunista que vos digita e Nélida Kurtz, a Gorda, década de 1980. © Luiz Rettamozo

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Uma fábula, uma ilha

Cercada de escarpados promontórios cor âmbar, a ilha de Larsen não é, o que poderia parecer à primeira vista, uma ilha desabitada. Tendo como base de sua economia a lã extraída da intensa e numerosa pecuária ovina, praticada ali desde os primeiros colonizadores, espalham-se pela grande ilha os incalculáveis rebanhos. Não é tão complexo assim imaginar, pois, o que seja, de Larsen, a paisagem.

Nos extensos campos onde a gramínea viceja constantemente aparada por ovelhas de todas as linhagens e tamanhos – das minúsculas scherer, o equivalente ovino dos cães chihuahua, às gigantes zanzibar, com o tamanho, e a soberba, dos pôneis selvagens, os rebanhos de Larsen é que conferiram à ilha uma singularidade.

O último relatório sobre ela, datado de uns dez anos atrás, introduziu um elemento de crueldade na até então pacífica paisagem: a assustadora proliferação de lobos, em Larsen. De modo que desconhecemos o destino atual da ilha. Relatos de piratas caribenhos, quase sempre fantasiosos, mas que acabam se propagando pelos mais distantes mares e continentes, revelam, contudo, que em Larsen há muitos anos não se vê uma ovelha sequer.

As derradeiras matilhas de lobos famintos vagam a ilha tomada pelo mato e a erva daninha, depois de devorarem todos os pastores, à caça agora das últimas ovelhas, justamente as mais difíceis de ser devoradas – as zanzibar, gigantes e ariscas, ainda maiores porque nunca mais tosqueadas, a corcovear feito enormes cabras bravias, nas escarpas de quase inacessíveis montanhas.

Por pura necessidade de sobrevivência desenvolveram o comportamento dos caprinos e chegam até mesmo ao cume dos arriscados promontórios, na sempre progressiva fuga aos lobos.

Sem saber que estes, de seu lado, já iniciaram o processo de autoextinção, devorando-se, entre si, não por malévolos, ou porque sejam lobos, predadores históricos, mas simplesmente porque não há mais nada com que matar a fome na quase deserta Larsen.

Acrescem os piratas que passaram rente aos promontórios cor de âmbar – e nunca temos certeza de que tudo não vá além da exuberante fantasia desses salteadores dos mares – que as ovelhas zanzibar é que devoram, agora, os lobos – a deambular, esquálidos e cambaios, pelos vales e montanhas da ilha de Larsen.

31|5|2009

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Onibaba. Japão, século XIV. Enquanto Kichi está na guerra, sua mãe (Nobuko Otowa) e sua esposa (Jitsuko Yoshimura) sobrevivem matando guerreiros desorientados e vendendo seus pertences. Quando a nora se encanta com um desertor, a sogra assume uma assustadora identidade para evitar sua partida.

O plano, no entanto, reserva terríveis consequências para a família. Criterium Collection, 1h43m, preto e branco. Direção de Kaneto Shindô, Japão, 1964.

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Bife Sujo

Solda, esta é de setembro de 1984, no Bar Bife Sujo, no seu velho endereço. Carlitos Reis, Luizinho Stinghen e Paulão Porrat. © Alberto Melo Viana

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Na busca da loucura alheia, ele encontrou a dele

O terapeuta me conta que já não sabe mais qual delas é a psicótica

Duas senhoras da minha família, tia Ana e tia Marta, moram em casas vizinhas e não se desgrudam. Tia Marta, 65 anos, teve um surto psicótico após um divórcio e desde então toma remédios que tia Ana, 75 anos, lhe dá pessoalmente todas as manhãs.

Pelo tanto que se parecem na forma de andar e falar, as pessoas do bairro as tratam como irmãs. Mas sequer são consanguíneas: tia Ana é da família da minha mãe; tia Marta, da família do meu pai.

Passei os últimos anos tentando convencer tia Marta, que faz consulta online com o psiquiatra da família, a fazer terapia também. Em paralelo, eu argumentava com tia Ana para que me ajudasse a convencer tia Marta sobre o tratamento. Arrumei, inclusive, um ótimo analista, que iria até tia Marta caso ela não conseguisse sair.

Um dia, tia Marta —que, como expliquei, é psicótica– me ligou para dizer que estava cansada de cuidar da cabeça louca de tia Ana (que vivia, até então, bem tranquila com sua neurose). Disse que eu precisava arrumar um psicanalista para tia Ana ou ela teria um novo surto. E falou que, se precisasse, “ela iria junto”. Foi aí que tive a ideia.

Passei dias incitando tia Ana e o analista a fazerem uma espécie de teatro para tia Marta. Eles fingiriam que a louca era tia Ana, simulariam que estavam tratando tia Ana, quando, na verdade, a paciente seria tia Marta. Ficaram receosos e eufóricos. Toparam.

Na manhã da primeira consulta, as duas passaram tanto perfume que o analista ficou com o fígado atacado. Sei disso porque ele, que claramente não bate bem (não acredito em gente normal tratando maluco), me contou detalhes em um áudio, maravilhado com seu “début” no palco.

Lamentei não ter tempo de acompanhar o espetáculo de perto. E aqui não estou assumindo que sou uma mera voyeur de danos psíquicos (ainda que todos sejam). Estou apenas revelando minha infinita capacidade de amar qualquer grupinho de pessoas que tope fazer qualquer coisa diferente de tudo o que todos fazem todos os dias em todos os lugares.

O problema é que tia Ana gostou tanto da brincadeira que não conseguia mais parar de falar. Imagine uma senhora de 75 anos que nunca pôde dizer para a mãe, para o pai, para os irmãos, para o falecido marido e para o filho único (que foi morar em outro país com 19 anos e jamais retornou) como ela se sentia. Até porque ninguém nunca perguntou de verdade. Continue lendo

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Microcontos assustadores pra boi não dormir

A “vaca profana” da barbárie da civilização/Da sociedade hipócrita, pântano da condição humana/Planeta terra, vaca profana no aterro sanitário do espaço/Onde estão depositados todos os vermes/Vaca profana em palavras, atos, consumos e pertencimentos/Estátuas, cofres, palácios, igrejas, de um lado/miséria, fome, guetos, becos, cortiços, palafitas e miseráveis de outro lado/E a sagrada vaca profana do “lucro-fóssil” e do consumo-ração/Com o “medo-rabo” sociedade anônima/Que veio das cavernas e para as cavernas do futuro de infovias efêmeras/E singrará/Assim na terra como no céu de todas as vacas profanas/entre sóis, luas e agonias em verso e prosa. SCL, in, Feridos Venceremos, Berrar &ea cute; Humano.

Os textos diferenciados de Silas Corrêa Leite, professor premiado, blogueiro premiado, e escritor premiado em verso e prosa, agora de novo e sequencialmente apronta seu mais emergente rebento, um livro de dezenas de seus melhores microcontos assustadores, nanonarrativas insurgentes, pondo os cornos pra fora da manada, afinal, viver não é só abanar o rabo.

Vaca Profana, eis a obra. A Vaca Profana sai do brejo, diz Luiz Eduardo de Carvalho no prefácio (Escritor, contista, literato e produtor de conteúdo) elogiando o autor Silas Corrêa Leite, que já escreveu mais de trinta livros, oito romances, e ganhador de prêmios de renome, constando em antologias literárias até no exterior, e elogiado também por membros da ABL-Academia Brasileira de Letras.

Contos de assustar. Contos de iluminar. Contos bisonhos ou bizarros. Contos do arco-da-velha, contos maviosos, entre prosa poética e finais fora de série. Contos em que a morte dita o vinho-verbo e o ferver de uma civilização podre, entre amarguras customizadas e as impurezas dramáticas como derramas de malfeitos impunes, no caos social…

Vaca Profana evocando e reverberando Caetano Veloso (o autor se diz Caetanista), jogando luz em cenas rápidas, mini stories, deitando falatório em narrativas que sabem que as máscaras têm ofídios, nesses tempos tenebrosos do câncer neoliberal em sua necropolitica da nova desordem econômica mundial, com o escritor já anteriormente tachado de Neomaldito da Web por Antonio Abujamra que o entrevistou no programa Provocações da TV Cultura de SP, quando o autor de Vaca Profana disse que corta os pulsos com Poesia.

Prosa ágil e destemida feito ácid rock, as vezes rabugenta, feridas da dita sifilização, assim é o livro como um tijolo nos cérebros enfastiados pelas infovias efêmeras, casinhos como se alucilâminas em esquizofrêmitos e esquizocênicos. Continue lendo

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Ao encontro de Raquel

O mal de se viver muito tempo é ir-se perdendo no caminho parentes e amigos queridos. Ontem, perdemos Paulo Roberto Ferreira Motta, colega de profissão, colega de escrita, colega de Zé Beto, colega de ideais, amigo querido e uma das mais brilhantes inteligências que conheci.

Não o sabia doente, embora o maldito cigarro que ele tanto cultuava me preocupasse. Certamente, foi o impiedoso vício que o levou, aliado a outros desgostos que carregava, como o ainda recente falecimento de sua querida e inesquecível companheira Raquel.

Paulo era gaúcho de Porto, como dizem os gaúchos, torcedor fanático do Sport Club Internacional. Pensei que tinha recebido o nome como homenagem ao craque do Colorado. Mas o homenageado fora outro Paulo Roberto, o Paulo Vecchio, que também passara pelo Internacional e depois viria o compor o elenco do Coxa do Alto da Glória. Quando a família transferiu-se para Curitiba, Paulo Motta ingressou na Faculdade de Direito da UFPR e na Procuradoria Geral do Estado. Depois foi chefe de gabinete do secretário da Cultura René Dotti, professor da Unicuritiba e passou a colecionar amigos e admiradores.

Quando o mestre Zé Beto ofereceu-lhe espaço no seu blog, Paulo revelou-se um brilhante historiador de personagens e acontecimentos, em textos bem alinhados, com conteúdo e leitores fiéis. Juntos estivemos também no escritório de advocacia dos mestres Romeu Felipe Bacellar Filho e Renato Andrade.

Um dia, Paulo conheceu Raquel, uma bonita mineirinha de Uberaba, que participava em Curitiba de um congresso de Direito Administrativo, provavelmente organizado pelo professor Romeu. Encantaram-se um pelo outro, casaram e ganharam como filho Bruninho.

Quando Raquel prematuramente nos deixou, vítima de insidiosa e fatal moléstia, Paulo perdeu o rumo, mas ancorou-se no pequeno Bruno e nas várias homenagens acadêmicas recebidas por Raquel, que se seguiram. Esteve presente em todas, aqui e no Exterior. Agradeceu-as com coragem e muita saudade.

Na semana passada, correu o boato que Paulo Roberto não passava bem, que teria, possivelmente, de passar por uma cirurgia cardíaca. Confirmou-se a necessidade e Paulo, embora ainda relativamente jovem, não resistiu às consequências. Mudou de plano no início da noite de quarta-feira, entristecendo profundamente a todos os que o conheciam e queriam bem.

Restou-nos um consolo: ele foi, antes mesmo do que esperava, ao encontro de sua querida Raquel. Que Deus o tenha acolhido com um carinhoso abraço.

Publicado em Célio Heitor Guimarães | Deixar um comentário
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